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Não dê bola à bola

Todo início de campeonato é a mesma história. Volta das férias, o jogador ainda tentando se readaptar ao ritmo acordar, treinar, almoçar, treinar. Do outro lado, a imprensa segue algo mais ou menos parecido. Uma volta à rotina de treinos, de entrevistas pós-atividade, de matéria muito mais fácil do que no tenebroso período das férias.

E é exatamente nessa hora que nós percebemos o quanto os jornalistas não se preparam para entrevistar os jogadores nesse período de ressaca do pós-férias e do pré-temporada. Quando a bola rola, o noticiário é pautado pelo resultado dentro de campo. Mas, antes disso, as perguntas sempre giram em torno dos mesmos assuntos.

“Como é chegar ao novo clube?”; “Qual a expectativa de jogar com o fulaninho?”; e a fatídica “O que você achou da nova bola?”.

Oras, quem dá bola para a nova bola?

Sinceramente essa é a pergunta que sempre é feita antes do início da temporada. Antes, com os estaduais no primeiro semestre e o Brasileirão no segundo, o questionamento era feito duas vezes ao ano. Mas, atualmente, a bola no Nacional rola na semana seguinte às decisões estaduais, e com isso a pergunta sobre a bola é esquecida.

Mas qual a utilidade de saber se o jogador gostou da nova bola?

Sinceramente, quando era criança, até achava que essa opinião fazia diferença. Depois, porém, comecei a achar que bola é bola, o que importa é que ela exista. Seja uma lata de refrigerante amassada ou uma redonda de couro, o que precisamos fazer é chutá-la. Ok, no nível profissional até que pode ter diferença, mas realmente não dá para confiar em quem responde as suas impressões sobre a nova bola.

O primeiro argumento lógico é o seguinte: o cara está voltando de férias, ainda pegando o ritmo e não se acostumou com chutar (ou defender) a redonda. É, mais ou menos, como o aluno que volta à aula numa sala nova. Ele sempre vai dizer que preferia a antiga.

Mas vamos pensar também sob a ótica do marketing nessa resposta. No caso do Campeonato Paulista, por exemplo, a bola é fabricada pela Topper. No futebol, a empresa patrocina três jogadores: Jorge Wagner, do São Paulo, Ibson, do Flamengo, e recentemente fechou com Marcos, do Palmeiras.

Todos os outros atletas ou tem contrato com alguma outra marca, ou estão em busca de um. Conclusão: como ele ficaria dando bola para a bola de um fabricante concorrente daquele que o ajuda a pagar as contas no final do mês? Ou para quê o atleta falaria bem da bola da Topper se a marca não o patrocina?

A falta de assunto de volta de temporada sempre gera uma tola discussão sobre a bola do campeonato. E todos que reclamam depois entram em campo e fazem gols ou defesas espetaculares. E qual é a da bola numa hora dessas?

O melhor é parar de dar tanta bola para a bola e deixá-la rolar em paz…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br