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Caminhando para uma Teoria da Tecnologia Esportiva

 

Olá amigos. No último texto falando sobre a análise do técnico, voltamos a tocar no ponto da tecnologia a serviço do futebol.

Sabemos que muitos pontos devem ser observados à luz desse tema. Existe uma lacuna de estudos que pode servir de subsídio para uma Teoria da Tecnologia Esportiva.

E antes que alguns se apeguem ao termo “teoria”, explico que seu uso vem da necessidade de um conhecimento consolidado, aplicado ao futebol, que seja capaz de determinar os limites, usos e atribuições da tecnologia. Uma teoria no sentido de desmistificar e evitar que se tome o gato pela lebre.

No futebol, e não exclusivamente nele, quando surgem mudanças, elas não acontecem em bela e harmoniosa calmaria. Surgem em meio a tempestades e trovoadas. São mudanças de paradigmas. E, a cada mudança, a zona de conforto de quem está envolvido com o meio é afetada, e, em conseqüência disso, vêm as polêmicas e crises seguidas de adaptações e evolução.

Por meio de alguns e-mails recebidos ao longo da última semana, estabelecemos, junto a alguns amigos, um debate sobre o papel da tecnologia no futebol. Em síntese, dois focos:

1.    A tecnologia é entendida como aspecto importante e necessário ao futebol atual

2.    Existe uma série de aspectos que devem ser considerados no futebol que determinam o resultado e a tecnologia não pode ser o aspecto central

Acredito que ambas são opiniões que se complementam e caracterizam um ponto de compreensão para a tecnologia a serviço do futebol.

Um dos amigos, Ronald de Carvalho, tratou desses dois aspetos de uma forma que resume essa sincronia existente entre eles. Defendendo a qualidade e a importância que podem adquirir no papel do técnico, aponta como ressalva que o técnico  de qualidade “é aquele que sabe treinar uma equipe. Que escolhe bem seus jogadores dentro do elenco. Que retira de cada um deles, somente aquilo que eles realmente podem dar. Nem mais, nem menos. Que potencializa as qualidades de cada jogador, minimizando seus defeitos na organização coletiva de sua equipe. Que vê as falhas da sua equipe durante um jogo e tenta corrigi-las no seu desenrolar”.

Quando defendo a ciência e a tecnologia, estou ciente que ambas, por si só, não resolverão, assim como creio que a resistência que o futebol coloca sobre elas, sob a justificativa de sua imprevisibilidade ou de outras variáveis, são errôneas.

Concordo que saber montar um elenco, saber conduzi-lo sobre todos os aspectos é uma virtude que deve ser destacada. O que defendo e acredito é que todo detalhe pode fazer diferença em busca do resultado. E a ciência, seja ela exata ou não, porque em seu seio ela é por si mesmo falha, a ciência é uma verdade em busca de ser falseada.

Nessa teia complexa de fatores que influenciam o resultado do jogo, o menosprezo de boa parte dos envolvidos com o futebol é que incomoda. Porém, também vejo  culpa naqueles que defendem e pintam a ciência como salvadora do futebol. Afinal, o futebol não depende da ciência, e esse pensamento acaba corroborando para aumentar ainda mais o preconceito, seja por criar expectativa exagerada do que ela realmente é capaz ou por gerar desconfiança. Mas, a ciência e a tecnologia podem contribuir e muito com o futebol, desde que entendidas sobre suas reais atribuições.

Com base nesses dois pontos tentarei desenvolver uma sequência de textos nas próximas colunas que abordem um pouco essa questão, caminhando para uma Teoria da Tecnologia Esportiva, pensando muito mais em levantar aspectos de debates a luz de algumas experiências e observações, compartilhando com todos a postura frente à tecnologia que acredito necessária ao profissional moderno. Buscando identificar quais competências e habilidades devem ser desenvolvidas sobre a questão da tecnologia.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br