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Mudança de paradigmas

Eu ia escrever um artigo sobre os 20 anos da tragédia de Hillsborough. Imagino até que você estivesse esperando que eu escrevesse sobre isso.

Eu juro que eu ia. Tava tudo na cabeça. Mas deixei pra escrever de noite. E tudo mudou.

Acho que Hillsborough pode esperar. A história não irá mudar. Tem assunto mais interessante para se discutir.

Participei, ontem, de um debate sobre a Copa de 2014, promovido pelo Jornal Gazeta do Povo, aqui de Curitiba. No meio do debate, me veio à cabeça que talvez estejamos enxergando tudo pelo lado errado da coisa. Foi conversado muito sobre a infra-estrutura da Copa. Aliás, todos falam muito sobre as condições estruturais para a Copa. Esse, porém, é o menor dos desafios para o Brasil.

Muito mais complicado do que resolver os gargalos urbanos brasileiros, está em mudar a atitude dos serviços prestados no Brasil. Eu fiquei com isso na cabeça durante o debate. Quando estava assistindo o Jornal da Globo, em casa, tudo ficou mais evidente.

A reportagem sobre o tratamento ofertado pelos seguranças do sistema de trens do Rio de Janeiro foi exemplar. Mostra exatamente como muitos serviços no Brasil não estão preparados para tratar as pessoas com civilidade. E não é só no trem, tampouco apenas no futebol. É generalizado. E isso não é uma coisa que muda de um dia para o outro.

Mais difícil do que construir metrô do centro das cidades até o aeroporto será fazer com que a cultura dos serviços públicos e, por que não, privados, no Brasil, se transforme.

Podemos ter os melhores estádios do mundo. O trânsito pode ser excelente. Mas pode ter certeza de que, se algum torcedor estrangeiro for chicoteado para caber no metrô, todo o investimento feito pela Copa será jogado no lixo.

Ficaremos parecendo uma nação de selvagens. Resta saber se isso será uma mentira.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br