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Sonho de verão

Quando Abramovich comprou o Chelsea em 2003, a ideia era que ele fizesse um investimento pesado no começo e, depois de 10 anos, que o clube conseguisse caminhar com as próprias pernas.

Até pouco tempo atrás, parecia que o plano estava caminhando. Afinal, depois de um absurdo investimento em jogadores famosos no começo da década, Abramovich vinha tirando o pé do mercado de transferências, passando a contratar jogadores mais jovens, menos renomados e mais baratos. Mas apenas parecia.

No começo da semana, o magnata russo resolveu mostrar que o gigante soviético não está tão estático quanto parecia. No último dia da janela, talvez por experiência depois da fracassada tentativa de contratar o Robinho, enfiou o pé na jaca e contratou ninguém menos do que um dos atacantes mais valorizados do planeta e um dos zagueiros mais promissores do Brasil, pela singela bagatela de 76 milhões de libras. Como efeito cascata, o Liverpool contratou Carroll e Suárez por valores não lá muito condizentes com a atual situação econômica inglesa.

Entender os gastos do Liverpool é relativamente fácil. Afinal, é a primeira janela de verdade que o clube encara sob o comando do New England Sports Ventures, que precisa mostrar serviço para a torcida e não considera os pouco mais de 30 milhões libras gastos na contratação do Carroll como grande coisa, já que os valores envolvidos com o Boston Red Sox (equipe de baseball, dirigida pelo mesmo grupo) são normalmente bastante superiores.

Entender os gastos do Abramovich também não é muito complicado. Depois do investimento inicial, o elenco do Chelsea envelheceu e grandes estrelas contratadas, como Shevchenko, Ballack e Deco já abandonaram o time. O plano era formar as próprias estrelas sem gastar muito pra isso. Como não deu muito certo e o time começou a dar sinais de desgaste, o negócio é gastar e comprar talento pronto de fora. Daí, portanto, Torres e David Luiz. Por enquanto. Aparentemente, no verão europeu mais coisa vem por aí.

O que vai ser interessante entender é a postura da UEFA nos próximos meses. Com a intensificação gradual do controle de gastos dos clubes, ela já soltou um manifesto demonstrando preocupação sobre os altos valores de transferências pagos no último dia da janela. Por enquanto, ela não pode fazer nada, já que ela trabalha com o balanço do ano fiscal dos clubes, que fecha só na metade do ano. Até lá, clubes podem gastar quanto quiserem, desde que pra isso também ganhem o suficiente para cobrir a despesa.

Mais interessante que isso, porém, vai ser se o Chelsea resolver peitar a Uefa e não respeitar o licenciamento europeu. Ela terá moral para barrar um ataque formado por Drogba e Torres da Liga dos Campeões? Será Platini mais forte que Abramovich?

O verão irá revelar.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br