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Filosofia

Normalmente, não costumamos ser explícitos na revelação de nossas fontes de inspiração para escrever uma dada coluna.

Porém, quebro o protocolo e digo que a vontade de falar sobre filosofia e futebol veio após assistir ao jogo entre Internacional e Barcelona, pela Copa Audi, disputada na Alemanha.

E, segundo minha limitação a respeito do tema, nem sei qual preposição deveria utilizar ao levar adiante o texto: filosofia do futebol, filosofia no futebol, filosofia de futebol.

Sei, sim, que Platão e Aristóteles, via Wikipédia, alentaram minha busca pela razão ao escolher o assunto.

Diz Platão: “A admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a filosofia”.

Aristóteles ratifica: “Os homens começam e sempre começaram a filosofar movidos pela admiração”.

O FC Barcelona destes tempos recentes me deixa admirado. Percebe-se que também a equipe incorporou o lema Mais que um clube.

Isso se reflete dentro de campo, pois o time reserva foi campeão do torneio, enquanto o Internacional, sôfrego, tentava equilibrar o jogo com o time titular.

E este time de reservas era composto, em sua maioria, de jogadores formados e revelados pelo Barça. Ou seja, todos os valores filosóficos da instituição – que faz questão de exaltá-los – estão incorporados no DNA desde a base.

O reflexo acaba sendo a coesão da equipe dentro de campo, pois fora dele também existe uma cultura corporativa bem gerida.

No Brasil, tentamos melhorar a “treinabilidade” das equipes com Tite. Ou “implantar a filosofia” com Luxemburgo.

Confesso que ainda não aprendi os dois conceitos. E não consigo ver, no horizonte próximo, algo parecido com os grandes clubes europeus, cujo peso institucional forma equipes históricas, tal qual o Barça, Real Madrid, Manchester, Liverpool, Milan, Bayern.

Em minha sanha de conhecimento, tropeço na resenha do livro Filosofia do Futebol, do ilustre Prof. Manuel Sergio, bem aqui, ao meu lado, no maior portal do conhecimento sobre futebol, a Universidade do Futebol.

Prega a sabedoria em não tentar melhorar aquilo que já é perfeito, quando se reconhece a perfeição. Por isso, transcrevo o texto, nos excertos pertinentes à minha inquietude:

Após uma breve apresentação e o prefácio, Manuel Sérgio começa respondendo a primeira grande questão: Para quê [serve] a filosofia? Ao destacar a importância da reflexão para a filosofia, lamenta que “nos dias em que vivemos refletir parece-nos algo de perfeitamente inútil”. Logo adiante, ao justificar um programa para uma disciplina de Filosofia do Futebol afirma: “A filosofia não dialoga apenas com o saber das ciências, mas com todas as formas de conhecimento e de pensamento e de práticas. Daí, a filosofia do futebol.”

De forma provocativa chega a questionar a necessidade de um “preparador físico” tradicional na comissão técnica de uma equipe, na medida em que entende não ser possível preparar o “físico” de nenhum atleta de forma isolada, separado das demais dimensões humanas (psicológicas, sociais, culturais) e aspectos do treinamento (técnicos, táticos, emocionais).

Numa de suas mais contundentes considerações o mestre-filósofo afirma que a principal interrogação que o treinador deve fazer a si mesmo é “Que tipo de homem quero eu que nasça do treino, ou da competição, que vou dirigir?”. Sem dúvida uma questão fundamentalmente filosófica!

O capítulo seguinte é dedicado a um tema que tem sido caro dentro de suas proposições de mudanças paradigmáticas no esporte e procura justificar que “para saber de futebol é preciso saber mais do que futebol“.

Arrisco-me: “Papai” Joel Santana deve ser o melhor técnico do Brasil. Ele sabe “tratar o jogador com carinho” e com sabedoria, ser humano que é.

E como sabe mais do que futebol, poderia treinar o Barça, mais que um clube.

Leitor, não leve a sério minhas conclusões lógico-filosóficas. Minhas premissas podem não ser as mais apropriadas.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br