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Lie to me

A tradução do título desta coluna, livre e adaptada a esse momento peculiar por que passa o Ministério do Esporte, poderia ser “Me engana que eu gosto”.

Os milhões de reais investidos pela pasta federal não têm tido muito êxito no que se refere a preparar o país para beneficiar e ser beneficiado pelo potencial de transformação social que o esporte proporciona.

Menos ainda diante do fato de que, ao contrário de outros setores da Administração Pública, que preferem seguir linha autônoma e realizar concursos públicos para formar seus quadros, o Ministério do Esporte preferiu “terceirizar” a gestão de projetos para ONGs.

ONGs no mais das vezes pouco sérias. É bem verdade que há muitas de histórico incólume e com legitimidade absoluta de causa.

Não à toa que, conversando com pessoas que, atuando por clubes de futebol profissional, percebe-se a imensa dificuldade de captação de recursos junto à iniciativa privada, embora não tenham tido dificuldade para aprovar e enquadrar os projetos na Lei de Incentivo ao Esporte.

Por isso que, imagino, não seja coincidência que as maiores doadoras sejam estatais – mais sujeitas a intervenções políticas, não a análises técnico-mercadológicas.

As grandes empresas privadas sempre desconfiam quando vão doar dinheiro e associar a sua marca a alguém. Com isso, o balcão de negócios pode existir – corrupção existe em qualquer lado -, mas a vigilância é muito maior.

O Brasil está cansado de tanta corrupção. Não há mais margem para agentes públicos, do quilate de um ministro, afirmarem que não sabiam de nada.

Se na sua casa, some um vidro de perfume por ano, pode até parecer normal e se relevar. Agora, se somem 10 vidros em um ano, você vai dizer que não sabia de nada? E não vai encontrar o culpado?

Comecei a assistir a uma série de TV cujo argumento é sensacional.

Tim Roth interpreta o Dr. Cal Lightman, psicólogo e antropólogo que chefia sua equipe numa empresa contratada para detectar mentiras e extrair a verdade.

O cientista passou anos realizando pesquisas com povos ancestrais do homem moderno e, através da linguagem corporal e de pequenas expressões faciais, sabe exatamente qual é a emoção indicada pela pessoa investigada.

Com isso dirige a investigação ao melhor resultado. Ele faz perguntas diretas e constrangedoras para que, sim, o investigado minta a ele sucessivamente, até que não haja nada além da verdade.
 


 

Poderíamos colocar frente a frente com o Dr. Lightman o Ministro Orlando Silva, Blatter, o PM da ONG de Kung-Fu, Ricardo Teixeira e até o ex-presidente Lula.

Meu receio é que as verdades – obtidas como depuração de muita mentira – serão demasiadamente inconvenientes.

Mas o povo brasileiro pagaria menos impostos e teria mais qualidade de vida.

Sem nenhuma ONG mal-intencionada no meio do caminho pra cumprir o papel do Estado.

Ou Esporte não é tão sério assim que não deve ser política de Estado?

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br