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Meios e métodos para o treinamento de força no futebol

Sabendo que a força é uma importante capacidade motora para a prática do futebol, qual o melhor método para seu desenvolvimento?

Embora as leis da física definam a força como sendo o produto da massa pela aceleração (F=m.a), na teoria do treinamento muitos a entendem apenas como a carga que alguém consegue deslocar sem, no entanto, considerar a velocidade com que essa carga é deslocada.
Nesse sentido, a teoria do treinamento desportivo divide a força em alguns parâmetros, os quais são melhorados conforme as tipologias de treinos que são aplicadas.

Quando o sujeito desloca a máxima carga externa possível em uma única execução, por exemplo, essa capacidade é chamada de força máxima. Tradicionalmente esse tipo de treino possibilita maior ativação das unidades motoras e maior adaptação central do que muscular e geralmente é realizado por aqueles que desejam ganhar força, porém não desejam ganhar peso (como é o caso de algumas lutas onde as categorias são definidas pelo peso corporal).

Para treinar essa capacidade, o atleta deverá realizar poucas séries (1 a 3), poucas repetições (1 a 5) e cargas muito elevadas (95 a 100%). Como a adaptação neural é um ponto forte desse tipo de treino, também é recomendado que os intervalos entre as séries sejam longos (3 a 5min) para permitir recuperação metabólica completa. Apesar de extremamente vantajoso, o cuidado com esse tipo de trabalho é não deixar o sistema nervoso do atleta se acostumar com movimentos lentos.

Já para aqueles que desejam aumentar os níveis de força pelo ganho de massa muscular, devemos trabalhar a chamada resistência de força. O objetivo desse treino é permitir que o sujeito tenha hipertrofia e para isso ele deve executar séries duradouras (3 a 6), com maior número de repetições (8 a 12) e cargas moderadas/altas (>80% de 1RM). Vale lembrar que, para hipertrofia, o ideal é que a recuperação entre as séries não sejam completas e, para isso, intervalos entre 45 e 90s são suficientes.

Outra possibilidade de se treinar força é pelo trabalho de resistência muscular localizada. Embora este tipo de força seja importante como capacidade motora geral, no futebol ele é praticado como parte de um treino regenerativo ou por aqueles que necessitam melhorar o condicionamento físico ou estão em processo de reabilitação e precisam melhorar a musculatura antes de voltar para o trabalho de hipertrofia ou potência.

Esse tipo de força é treinado com altas repetições (>15), carga leve (<60% de 1 RM) e geralmente feito em circuito com alternância de grupos musculares. Nesse caso não há necessidade de intervalos entre as séries.

Quando a força é produzida na menor unidade de tempo possível, estamos nos referindo a força rápida ou força explosiva. Nesse tipo de treino a potência é o principal objetivo, sendo o número de séries e de repetições relativamente curtos. Já os intervalos entre as séries precisam ser bastante longos, pois como essa potência geralmente está associada com a técnica específica do gesto, ela deve ser realizada sem nenhuma fadiga prévia para não prejudicar a qualidade do movimento.

Agora que já definimos os tipos de força e as cargas onde cada uma pode ser treinada, podemos pensar na especificidade dos gestos para o futebol. Para muitos, a especificidade do treino está na semelhança do movimento treinado com o executado no esporte. Contudo, se pensarmos na extensão de joelhos, por exemplo, poderíamos dizer que a cadeira extensora é um treino específico para o chute, já que ambos necessitam de extensão do joelho?

Obviamente que não, pois mesmo o movimento sendo parecido (extensão de joelho) do ponto de vista neural, ele é totalmente diferente. Além disso, se a cadeira extensora for realizada para hipertrofia, se não houver transferência do aumento da massa muscular (hipertrofia) para o gesto técnico do chute (coordenação), esse tipo de trabalho pode até piorar o desempenho.

Além disso, sabendo que talvez o maior objetivo o futebol seja potência e velocidade, o treino de hipertrofia, embora permita acumular mais massa muscular e seja importantíssimo, principalmente no período de formação do atleta, caso ele não seja “transferido” para um treino de potência, o atleta até poderá ficar extremamente musculoso, porém poderá reduzir sua velocidade. Por esta razão, no passado, muitos treinadores aboliam o treino de força para os atletas, pois percebiam que ao praticarem treino de hipertrofia os jogadores ficavam mais lentos ou “duros”.

Para que isso não aconteça, duas estratégias podem ser adotadas e serão descritas a seguir:

i)pedir para o atleta executar os movimentos sempre na máxima velocidade possível, independente do tipo de treino de força que ele está realizando;

ii) exercitar sua capacidade de restituição de energia elástica acumulada durante as ações excêntricas da musculatura esquelética.

No segundo caso, estamos nos referindo ao treinamento pliométrico, o qual tem ganhado cada vez mais destaque no futebol e será nosso assunto da próxima semana.

Até lá!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

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Antes, durante e depois

A campanha atrelada ao lançamento de novos produtos da Gatorade no ano passado, com o nome “Evolved”, lançando a ideia de que os praticantes de esporte devem consumir diferentes produtos da marca antes da atividade, durante e depois, para repor as energias gastas, merece um destaque para refletirmos a atitude dos clubes no seu relacionamento com os torcedores.
 


 

Ainda sobre o Gatorade, que antes era percebido apenas com uma bebida de reposição, lança a percepção de consumo em todos os momentos da prática do esporte, ampliando naturalmente a relação dos esportistas com a marca e reforçando seu valor para a melhoria da performance esportiva. Se antes o consumidor comprava “apenas” um Gatorade, hoje sente a necessidade de três…

E qual a associação desta lógica com a dos clubes? Potencializar recursos apenas no domingo (dia de jogo) ou passar a ficar presente na vida do seu torcedor cotidianamente, ou seja, “evolved”?
 


 

O “antes” pode estar no canal de TV do clube, em uma plataforma de mídia digital eficiente, na loja de produtos licenciados, no acesso facilitado a ingressos, no memorial do clube e por aí vai. O “durante” pode ser naturalmente o jogo, de preferência em um estádio confortável, seguro e com bom acesso. O “depois” pode ser novamente a TV e a internet, e também o bar temático ou o ponto de encontro dos torcedores.

Enfim, a ideia passa por entender o comportamento dos consumidores, os seus anseios e assim poder lançar produtos e serviços inovadores, saindo sobretudo do lugar comum que é a simples repetição de ações antiquadas.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Paradoxo Facebook

Nunca foi tão fácil se relacionar com outras pessoas ou empresas como hoje em dia.

A resposta geral é um tanto óbvia: internet.

A resposta específica, diria, é o Facebook – antes conhecida como Orkut, ou Twitter, ou…

Bom, o reinado do Facebook, nas redes sociais, deverá ser mais longevo do que seus antecessores. E talvez venha algum sucessor em breve.

Entretanto, tenho notado que quem faz uso das redes sociais, como fim em si mesmo da comunicação e do relacionamento, estará a um passo da frustração.

Rede social é o meio, atualmente mais eficaz, de criar, expandir e consolidar seu relacionamento.

Desde que o conteúdo seja relevante, como sempre foi necessário.

Por outro lado, paradoxalmente, tudo aquilo que as pessoas vêem e degustam em pequenas doses ou porções, aguça a curiosidade para satisfazer o contato de modo pleno.

Não adianta, simplesmente, expor-se de modo virtual. Bons relacionamentos são forjados no olho-no-olho, no tetê-à-tête.

Ou você acha que as pessoas/empresários estão viajando menos, seja para curtir férias ou fechar negócios?

Ao contrário.

E toda mobilização de pessoas e corporações, incluindo os atores da indústria do futebol, aumentou, uma vez que fica bem mais fácil afastar o medo do desconhecido.

Portanto, ainda são valiosas as iniciativas de relacionamento pessoal, como a recém criada Associação dos Executivos de Futebol, idealizada por Rodrigo Caetano, que ocupa função de destaque no Vasco.

Ou, ainda, o programa de fidelidade Club One, da Tramontina, empresa gaúcha que trouxe executivos de 30 países onde realiza negócios para expandir e consolidar parcerias comerciais.

Também se destaca o AC Milan, com seu workshop anual dedicado aos patrocinadores, fornecedores e mídia, em que o clube relata as realizações da temporada anterior e projeta o calendário seguinte – funcionando até como prestação de contas aos stakeholders.

A LIDE, idealizada por João Doria Jr., é um excelente exemplo de união de lideranças em torno de um fórum de discussões propositivas na comunidade empresarial e política do Brasil.

E acabo de saber também do grupo chamado The Elders (“Decanos”). Criado em 2007, por Nelson Mandela, é um “grupo de líderes globais independentes trabalhando juntos pela paz e por direitos humanos”. FHC, Jimmy Carter, Kofi Annan e Desmond Tutu estão entre eles.

Sem contar as atividades desenvolvidas pelos grupos de ex-alunos de universidades americanas e européias (Alumni) que, no caso do futebol, destaco a Universidade de Liverpool e os egressos do curso de Indústria do Futebol – a Universidade do Futebol já foi agraciada com colunistas de tal quilate.

Para a novíssima geração – acho que está na Z, e daqui a pouco vira o alfabeto e volta pra A – diria que as funcionalidades “curtir”, “compartilhar”, “publicar”, “comentar” e, principalmente, “adicionar amigo”, são muito mais valiosas com conteúdo relevante e praticadas no cotidiano de maneira real e direta.

Li uma vez que o mais importante no networking é o seguinte: não quem você conhece, mas quem conhece você.

O slogan do Orkut, portanto, prenunciava a derrocada do site.

E a primazia do cafezinho para conversar com alguém, por qualquer que seja o motivo ou causa, ainda vai durar muito tempo.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Estudo de caso: a análise do próximo adversário

“O que possibilita ao soberano inteligente e seu comandante conquistar o inimigo e realizar façanhas fora do comum é a previsão, conhecimento que só pode ser adquirido através de homens que estejam a par de toda a movimentação do inimigo”
(Sun Tzu)
 

A leitura que você está fazendo neste momento sucede a primeira partida da semifinal do Campeonato Paulista de Futebol sub-20, entre São Paulo FC e Paulínia FC, no CFA Laudo Natel, em Cotia. Para saber o resultado do jogo (se já for segunda feira, 07/11, a partir das 14h00) clique aqui. Porém, para entender o contexto que antecedeu o confronto, além do provável comportamento de jogo do São Paulo FC, acompanhe as próximas linhas.

O Paulínia FC joga pelo empate na combinação das duas partidas. O treinador, Élio Sizenando, tem a missão de armar a equipe sem quatro jogadores titulares (um atleta recém-negociado, dois suspensos e um machucado). Destes, alguns já não atuaram nas quartas de final. Para se adequar às ausências, foram necessárias substituições com atletas do mesmo nível (algo possível quando a maioria do elenco tem ao menos cinco anos de clube) e variações estruturais do sistema para otimizar as características dos jogadores. Em 18 jogos, o desempenho do Paulínia FC foi de 75,9% com 12 vitórias, cinco empates e somente uma derrota.

O adversário, com desempenho de 66,7%, em 20 jogos venceu 12 vezes, empatou quatro e perdeu quatro. Comandados pelo técnico Sérgio Baresi, a equipe do São Paulo teve o seu último confronto analisado qualitativamente, registrado com fotos e, para complementar a análise da equipe, foi feita também a busca de vídeos de gols feitos e sofridos a fim de que se ampliem os dados obtidos.

Após as análises feitas, foi criado um relatório para a comissão técnica da equipe sub-20 do Paulínia FC que, com ele em mãos, organizou o microciclo de treinamento.

A partir de todos os dados coletados, a “previsão” (vide novamente a frase de Sun Tzu) que pode acarretar uma ocorrência fora do comum, ou seja, um time pequeno derrubar um grande em seu próprio território é a seguinte:

Planilha de Cartões e atletas em condição de jogo:


 

Como pode ser observado, todos os atletas do SPFC estão em condições disciplinares de jogo. Oito atletas estão pendurados, dos quais seis têm sido titulares com regularidade. Clinicamente, o goleiro titular Leonardo Navacchio pode não ter condições de jogo, pois foi substituído no intervalo da partida contra o Corinthians, segundo informações, lesionado.

Plataforma de jogo 1-4-4-2 (losango) e equipe:

 

Características individuais:

Richard – Protege bem o alvo, tem uma boa saída do gol e faz reposições predominantemente com as mãos. Pelas observações, não saiu jogando em tiros de meta.

Leonardo – Demonstrou menor leitura de jogo para interceptações de bolas aéreas. Quando exigido, fez boas defesas. Tentou sair jogando em tiros de meta, algumas vezes sem sucesso.

Lucas Mendes – Não jogou contra o Corinthians. Pelas imagens e informações conseguidas, apoia constantemente com cruzamentos perfeitos, porém, demora para ocupar seu setor defensivamente.

Marcelo – Fecha bem o corredor central, tenta sair jogando, mas não participa da manutenção da posse da equipe. Destaque para antecipação da ação e interceptações.

Luiz Paulo – O capitão da equipe. Destaque para o posicionamento e vantagem no 1×1 e, assim como seu companheiro, não faz parte da manutenção da posse.

Cleiton – Tem bom passe. Chega em profundidade pelas faixas laterais prioritariamente por passe e movimentação. Não conduz em velocidade. Ótima relação com a bola ofensiva.

Marcel – Defensivamente, tem função primordial na proteção da faixa central. No jogo em que foi observado, apoiou pouco o ataque, principalmente no segundo tempo. Muito eficiente no mecanismo desarme-passe.

João Felipe – O organizador ofensivo do São Paulo. Sempre de cabeça erguida, pensa o jogo para o melhor momento da assistência. Usa muito bem sua perna esquerda para os fundamentos ofensivos. Posiciona bem na fase defensiva da equipe.

Dener Gomes – Vindo do Depto. Profissional, jogou os últimos dois jogos. Com movimentações constantes, é um jogador difícil de ser neutralizado. Não cadencia o jogo, priorizando ações verticais. Finaliza muito bem de fora da área.

Régis – É o nono jogador a passar a linha da bola no momento defensivo e sai muito rapidamente na transição ofensiva. Canhoto e driblador, é quem desacelera o ataque da equipe. Por vezes, se não executou o passe-gol, aparece em diagonais para finalizar. Nas faixas laterais foi improdutivo.

Alfredo – É o artilheiro da competição com 16 gols. Há bastante tempo no São Paulo, e na função de atacante, lê muito bem o momento da penetração. Contra o Corinthians, teve três chances claras de gol (a partir desta ação tática) e falhou na definição. Muito bom em diagonais curtas e finalizações de primeira.

Bruno Cantanhede – Jogador de menor mobilidade da equipe do São Paulo. Ocupou a faixa lateral esquerda a maior parte do jogo. Em algumas situações apareceu bem posicionado na grande área em diagonais para finalização. Habilidoso, prende a bola excessivamente.

Síntese das características coletivas (somente do jogo contra o Corinthians):

Organização Defensiva – Demonstrou um comportamento predominante de recuperação da posse de bola orientado por uma marcação por setor e também individual por setor. A marcação se iniciava a partir da Linha 1 no primeiro tempo e a partir da Linha 3 no segundo tempo. Preferencialmente, tiveram nove jogadores atrás da linha da bola, com um rápido movimento de recomposição.

Devido ao bom posicionamento dos volantes e centrais, foi muito difícil atacá-los com toques curtos pelo meio. Destaque para as coberturas defensivas constantes (com exceção do goleiro) e distância entre linha de defensores e de meias. Como pontos vulneráveis da organização defensiva, o mau equilíbrio do lateral-esquerdo quando oposto à bola e o bloco defensivo distante quando a equipe adianta a marcação.

Plataforma de jogo e forma de marcação

Posicionamento no tiro de meta adversário

Distância entre linhas ao adiantar marcação

Transição Ofensiva – Com uma ocupação de espaço que gerava uma saída muito rápida do campo de defesa no primeiro tempo, tanto a partir de retirada vertical, como horizontal do setor de recuperação, este momento do jogo foi muito assertivo, principalmente por passes curtos. No segundo tempo, com uma postura mais defensiva e menos jogadores se posicionando à frente da linha da bola, a alternativa mais utilizada e não assertiva, foi o passe longo. Predominantemente, o balanço ofensivo foi feito co
m dois jogadores.


Balanço Ofensivo

Organização Ofensiva – O comportamento operacional predominante demonstrado pelo SPFC foi o de progressão ao gol, com alguns jogadores mantendo estruturas fixas (5, 6, 9 e 10) e outros, móveis (7 e 8).

Num ataque rápido combinaram movimentações, desmarcações e tabelas até regiões intermediárias, de onde partia um passe em profundidade para o número 9. Destaque para o alto número de situações de finalização e para a qualidade da troca de passes curtos. Como não mantêm a posse de bola, podem ter dificuldades ofensivas se tiverem as ações de penetração (9 e 10) e finalização (8, 9 e 11) bloqueadas.

O bloco ofensivo foi muito bem feito no primeiro tempo, com a equipe posicionada quase toda à frente do meio-campo, laterais em amplitude e frequentemente cinco jogadores à frente da linha da bola. No segundo tempo, com a já mencionada postura mais recuada, o bloco ofensivo distribuído organizadamente no campo de jogo praticamente não ocorreu, o que facilitava a distribuição de quatro jogadores no balanço ofensivo do oponente.
 

Predominância de campo efetivo de jogo no 2º tempo

Transição Defensiva – Para este momento do jogo, os comportamentos mais observados foram o de ataque à bola. Por vezes, o tempo para mudança de atitude ofensiva/transição defensiva de alguns jogadores era relativamente alto, o que facilitava a transição ofensiva do adversário. Os atletas que mais demoraram em cumprir estas ações foram Bruno (11) e Dener (8). Com o adversário em organização ofensiva, a ação de recomposição da equipe foi eficiente. Ainda sobre o ataque à bola, o mecanismo predominante foi individual e grupal, não coletivo.

Bolas Paradas Ofensivas – Em escanteios, as cobranças foram feitas abertas e a disposição da equipe do São Paulo está indicada na foto abaixo:

Primeira trave: nº 9
Segunda trave: nº 3
Meio da área: nº 11, 8 e 7
Rebote: 10

É importante mencionar que em jogos anteriores, os vídeos obtidos constatam cobranças fechadas.

Nas cobranças feitas não foram percebidas trocas de posições/jogadas ensaiadas e, em duas situações, o número 10 movimentou-se para uma jogada curta.

Em faltas laterais, alternância de cobranças abertas e fechadas com a mesma disposição numérica na grande área. Faltas frontais cobradas pelos jogadores Gabriel (2) e João Felipe (7).

Bolas Paradas Defensivas – A marcação da equipe são-paulina era feita de forma individual, com referências zonais na primeira trave conforme pode ser observado a seguir:

 

Forma de marcação em bolas paradas

Não dá para afirmar se o adversário tem todas estas informações a respeito do Paulínia FC, ou até mesmo, além destas. É fato que uma análise ainda mais completa poderia ser feita se o Paulínia FC dispusesse de mais jogos do São Paulo, ou então, se tivesse acompanhado mais jogos in loco. E ainda, um scout quantitativo também poderia ser feito para comprovar o Modelo de Jogo do SPFC juntamente com a análise qualitativa.

Enquanto encerro esta coluna, não tenho ideia de qual será o placar do embate. No entanto, na somatória de variáveis inter-relacionadas que compõem o sistema “jogo São Paulo x Paulínia” tenho certeza de que informações importantíssimas para o confronto foram adquiridas.

Que a vitória seja de quem melhor cumprir a Lógica do Jogo de futebol. Para cumpri-la, neutralizar diagonais e dribles de Régis, passes de João Felipe, penetrações e finalizações de Alfredo será indispensável. Indispensável também será tornar eficiente os pontos fortes da equipe perante o “delay” de transição defensiva do São Paulo, os espaços entre linhas quando adiantam a marcação e o mau equilíbrio defensivo em setores opostos à bola.

Para quem quiser observar os melhores momentos do último jogo do São Paulo, veja o vídeo abaixo:
 


 

Até a próxima semana.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Direito Desportivo, muito prazer!

A partir de hoje, com muita satisfação e alegria, terei o prazer de discorrer, semanalmente, na Universidade do Futebol, acerca de temas relacionados ao Direito Desportivo.

O mercado do esporte movimenta bilhões de dólares e neste cenário existem diversos interesses envolvidos: torcedores, mídia, publicidade, transportes, hospedagens, materiais esportivos e um grande número de empregos diretos e indiretos.

Dessa forma, o esporte deixou de ser mera atividade lúdica, secundária e profissionalizou-se. Muitos dirigentes e empresários passaram a se dedicar integralmente ao atendimento das necessidades de uma indústria em franca expansão.

Ora, a cada dois anos o mundo se mobiliza para acompanhar dois grandiosos eventos esportivos, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos de Verão.

Existem, ainda, os diversos campeonatos mundiais de cada modalidade e especialidade esportiva, bem como eventos periódicos de imensa repercussão na mídia mundial, como os campeonatos nacionais e continentais de futebol, com destaque para a Uefa Champions League (Europeu de Clubes de Futebol), a Copa do Mundo de Rúgbi e o “Super Bowl”, nos EUA, a final do campeonato de futebol americano.

Para a realização destes eventos, há a necessidade de se buscar conhecimento, organização e regulamentação a fim de que o desporto possa acompanhar sua evolução profissional e atender às necessidades do mercado.

Percebe-se, por exemplo, que as relações trabalhistas dos jogadores de futebol, modificando-se bastante, a ponto de, em alguns casos, o atleta ser mais bem remunerado em direitos de imagem que em salários.

Ademais, há décadas existem os Tribunais de Justiça Desportiva que, com os clubes cada vez mais competitivos, têm assumido papel de extrema relevância no cotidiano do desporto, o que abre um atraente mercado para advogados especializados em Direito Desportivo.

Além disso, o Brasil organizará os dois eventos de maior visibilidade no mundo, quais sejam, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016.

Neste contexto, a presente coluna terá por objetivo sempre abordar temas atuais e polêmicos do Direito Desportivo, objetivando acompanhar as mudanças ocorridas nos paradigmas de organização e profissionalização dos eventos esportivos de modo ampliar os debates sobre o tema. Vamos nessa?

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Problemas conceituais do treinamento de força

Quem nunca observou, parou para pensar ou ouviu comentários de que determinado jogador só conseguiria continuar jogando futebol se ganhasse mais massa e força musculares?

Se esse raciocínio fosse correto, talvez levantadores de peso resolvessem o problema de muitos times no mundo, não?

Como não vemos nenhum levantador de peso jogando futebol (pelo menos eu nunca vi), talvez seja porque tal pensamento esteja mesmo errado.

Grande parte dos problemas encontrados no treino de força para o futebol envolve conceitos básicos. Por esse motivo, antes de falarmos da força aplicada ao futebol, primeiramente necessitamos recordar alguns conceitos elementares da Física.

Peço sua paciência neste momento se eu for cansar muito seus neurônios, mas se o assunto estiver muito estafante, por favor, pule os três próximos parágrafos. Acho que não haverá problema. Vamos lá!

A força é dividida basicamente em quatro tipos (gravitacional, eletromagnética e nucleares – forte ou fraca) e sua definição pode ser descrita da seguinte forma: é uma grandeza vetorial que caracteriza a ação de um corpo sobre outro e que tem como efeito a deformação ou a alteração da velocidade do corpo (movimento) sobre o qual ela está sendo aplicada”.

Além disso, a primeira lei de Newton diz: “todo corpo tende a manter seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme, a menos que forças externas provoquem variação na sua velocidade” e nos remete a pensar que para haver deformação, movimento, alteração de direção, velocidade ou sentido de um corpo, uma força precisa ser aplicada.

Em geral, a força mecânica pode ser expressa pela equação F= m . a. onde: F= Força; m = massa (kg); e a = aceleração (m/s2).

Então, quando pensamos em algum jogador produzindo força, o que seria mais vantajoso para ele: deslocar uma massa de 100kg a uma aceleração de 10m/s2 ou deslocar 10kg a uma aceleração de 100m/s2?

Se fizermos as contas, obviamente que o valor da força será igual em ambas as situações (1000 N). Porém, como normalmente as ações dos jogadores são produzidas em corpos que possuem massas relativamente baixas (próprio peso corporal ou a bola), talvez a segunda situação fosse mais vantajosa, já que a velocidade da bola, por exemplo, poderia ser muito maior.

Sendo assim, quando colocamos cargas altas nos treinamentos acreditando que estamos melhorando a força de nossos atletas, na verdade estamos colocando-os mais próximos da primeira situação (massa de 100kg a uma aceleração de 10m/s2) e na verdade, mesmo que eles aumentem a força, estariam piorando o desempenho, já que a aceleração estaria diminuída. Isso quer dizer que se o implemento fosse uma bola, ele a chutaria com menor velocidade; se fosse o chão, o “empurraria” com menor aceleração e diminuiria sua velocidade.

Devido às leis da Física, não há como treinar força sem pensar em aceleração e em velocidade, mesmo que a teoria do treinamento e a fisiologia separem essas grandezas físicas e as classifiquem como capacidades físicas.

Na prática, o desafio do treino de força para o jogador de futebol será sempre determinar a carga externa ótima a qual permita ao jogador aplicar o maior grau de força na maior velocidade possível.

Portanto, todo treino de força específico para o futebol, seja ele realizado de forma tradicional (com pesos, elásticos, pneus, etc.) ou mais contemporânea (com integração física-técnico-tática-emocional), deverá ter foco na potência e no desempenho, não mais na força de forma isolada.

Para finalizar, me despeço desejando “força” para aqueles que terão que aprimorar conceitos e quebrar paradigmas na tentativa de implementar novos modelos de treinamento e suprir as necessidades do futebol moderno que, por ironia, também é chamado de “futebol-força”.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

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Green Goal

Em publicação recente no site “Portal 2014”, há a apresentação de um breve manual descritivo daquilo que os construtores devem levar em conta para os projetos de estádios “Padrão Fifa”, enumerando alguns pontos de enfoque:

a)Estacionamento: com a segmentação de vagas entre torcedores, VIPs, imprensa, TV etc.

b)Áreas de Hospitalidade: para a recepção especial de convidados e patrocinadores.

c)Mídia: com sete diferentes instalações, adaptando-se aos distintos veículos de comunicação.

d)Conforto do Público: formato dos assentos, cobertura e normas de
visibilidade.

e)Orientação do Campo: que define o posicionamento ideal do gramado para que não haja prejuízo de imagem nas transmissões da TV ou que influencie negativamente o espetáculo.

f)Área de Jogo: destacando o tamanho do campo e a qualidade do gramado.

g)Vestiários e Acesso: pensando na comodidade, segurança e acessibilidade da equipe de arbitragem, jogadores e comissões técnicas.

h)Segurança: com a definição sobre os equipamentos de segurança necessários e a vigilância completa da instalação.

i)Green Goal: relacionado com a sustentabilidade.

O texto, que merece leitura atenta e detalhada, reflete a preocupação da entidade máxima do futebol em proteger seu produto e todas as nuances relacionados ao espetáculo do jogo, respeitando a necessidade de cada pessoa que o consome.

Destaco então o Green Goal, que é o item preocupado com a contribuição do futebol em termos de sustentabilidade, acompanhando sobretudo as latentes discussões mundiais sobre o tema.

Neste programa, a Fifa propôs quatro ações-base em que o futebol pode afetar negativamente no meio-ambiente, procurando a partir destas ações neutralizá-las e, enfim, contribuir para a redução das emissões de CO2 em seus eventos*:


 

*Fonte: http://www.portal2014.org.br/noticias/1110/MANUAL+DE+ESTADIOS+GREEN+GOAL+SUSTENTABILIDADE.html

São estes pequenos detalhes que por vezes passam despercebidos a “olho nu”. Mas são fundamentais não só para a contribuir com o meio-ambiente, mas sobretudo para alertar que cada indivíduo pode fazer sua parte, por menor que ela seja e, por fim, reforçar o posicionamento de marca e de mercado em favor do futebol.

Assim, ao contrário do que muitas entidades do futebol (e do esporte, em geral) fazem, que é fechar os olhos para os acontecimentos, as inovações e as discussões latentes ao seu redor, reagindo apenas tardiamente ou passivamente, a Fifa, pela proposição do Green Goal (serve apenas como simbologia neste texto) e de tantas outras ações inovadoras realizadas no passado, levanta a bandeira de uma organização dinâmica e, não à toa, a maior organização transnacional em número de filiados do mundo.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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O senso comum do futebol no Pan

Olá, pessoal!

Os Jogos Pan-Americanos se encerraram no último fim de semana. Para nós, do futebol, ficou o sentimento de orgulho choroso pela prata das meninas e a frustação indignada pela eliminação precoce no masculino.

Só que o nós a que me refiro não pode ser aplicado à porção de nosso ser que atua profissionalmente com o esporte, pois assim estaríamos entrando num senso comum.

O profissional do esporte deve, sem dúvida nenhuma, ponderar as situações. É lógico que, como torcedor, a frase de que qualquer time de várzea jamais seria eliminado, tal como foi a seleção masculina de futebol, faria sentido e ganharia eco. Ou ainda reflexões politicamente bonitas que surgem de quatro em quatro anos de que as meninas brasileiras foram brilhantes e precisam de apoio, que é um absurdo a falta de incentivo e que está na hora de um basta. A esses argumentos surgem ainda outros tantos que questionam a preparação, a falta de planejamento, etc.

Só que isso não pode ser incorporado por quem atua profissionalmente no meio: é preciso discernimento, bom senso e competência para analisar; sobretudo, não entender que o resultado em termos de placar é o único que justifica qualquer coisa.

Como sabemos, o Pan-Americano tem funções distintas para diferentes modalidades, enquanto para algumas garante classificações para competições mais significativas. Para outras são trampolim ou parte do processo de formação de seus atletas. Costumava brincar em conversa com amigos que as os atletas nível A do Brasil, competem com os nível B de Cuba, com os nível C do Canadá e os nível D dos EUA, numa alusão das forças e capacidade que as delegações levam.

Essa analise é importante, porque como profissionais precisamos levar em conta alguns critérios, que listo ainda que de forma superficial, apenas para elucidar a questão.

a competição é classificatória para outra mais significativa?

O período em que ocorre atrapalha a preparação para eventos mais importantes?

A faixa etária permitida é compatível com o calendário ou formação de uma equipe de representação de alto nível?

É interessante levar equipe principal ou utilizar para preparação de novos valores?

Enfim, poderíamos levantar outros aspectos, e quem trabalha no meio deve abrir a mente para diferentes possibilidades. Será que a utilização de jovens valores num evento internacional, colocando-os como protagonistas, mesmo que o resultado de campo não venha, não seria um aprendizado interessante? Se pararmos para pensar que a seleção que foi levada era sub-20, ainda que a categoria tenha sido campeã mundial, a modificação e utilização de outros atletas não pode ser encarada como uma preparação futura?

Não pretendo apontar resposta, tampouco assumir minhas ideias como verdade, mas é importante que não fiquemos no senso comum.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br