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Lie to me

A tradução do título desta coluna, livre e adaptada a esse momento peculiar por que passa o Ministério do Esporte, poderia ser “Me engana que eu gosto”.

Os milhões de reais investidos pela pasta federal não têm tido muito êxito no que se refere a preparar o país para beneficiar e ser beneficiado pelo potencial de transformação social que o esporte proporciona.

Menos ainda diante do fato de que, ao contrário de outros setores da Administração Pública, que preferem seguir linha autônoma e realizar concursos públicos para formar seus quadros, o Ministério do Esporte preferiu “terceirizar” a gestão de projetos para ONGs.

ONGs no mais das vezes pouco sérias. É bem verdade que há muitas de histórico incólume e com legitimidade absoluta de causa.

Não à toa que, conversando com pessoas que, atuando por clubes de futebol profissional, percebe-se a imensa dificuldade de captação de recursos junto à iniciativa privada, embora não tenham tido dificuldade para aprovar e enquadrar os projetos na Lei de Incentivo ao Esporte.

Por isso que, imagino, não seja coincidência que as maiores doadoras sejam estatais – mais sujeitas a intervenções políticas, não a análises técnico-mercadológicas.

As grandes empresas privadas sempre desconfiam quando vão doar dinheiro e associar a sua marca a alguém. Com isso, o balcão de negócios pode existir – corrupção existe em qualquer lado -, mas a vigilância é muito maior.

O Brasil está cansado de tanta corrupção. Não há mais margem para agentes públicos, do quilate de um ministro, afirmarem que não sabiam de nada.

Se na sua casa, some um vidro de perfume por ano, pode até parecer normal e se relevar. Agora, se somem 10 vidros em um ano, você vai dizer que não sabia de nada? E não vai encontrar o culpado?

Comecei a assistir a uma série de TV cujo argumento é sensacional.

Tim Roth interpreta o Dr. Cal Lightman, psicólogo e antropólogo que chefia sua equipe numa empresa contratada para detectar mentiras e extrair a verdade.

O cientista passou anos realizando pesquisas com povos ancestrais do homem moderno e, através da linguagem corporal e de pequenas expressões faciais, sabe exatamente qual é a emoção indicada pela pessoa investigada.

Com isso dirige a investigação ao melhor resultado. Ele faz perguntas diretas e constrangedoras para que, sim, o investigado minta a ele sucessivamente, até que não haja nada além da verdade.
 


 

Poderíamos colocar frente a frente com o Dr. Lightman o Ministro Orlando Silva, Blatter, o PM da ONG de Kung-Fu, Ricardo Teixeira e até o ex-presidente Lula.

Meu receio é que as verdades – obtidas como depuração de muita mentira – serão demasiadamente inconvenientes.

Mas o povo brasileiro pagaria menos impostos e teria mais qualidade de vida.

Sem nenhuma ONG mal-intencionada no meio do caminho pra cumprir o papel do Estado.

Ou Esporte não é tão sério assim que não deve ser política de Estado?

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

 

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Tipos de jogos na prática: das atividades técnicas às contextuais

Na coluna “Os tipos de jogos: o técnico, o conceitual, o específico e o contextual”, apresentei as definições, conceitos e implicações dos diferentes tipos de jogos utilizados no treinamento e na pedagogia do futebol.

Nesta semana, vou transportar esses conteúdos para o campo e apresentar atividades práticas que ilustram os jogos técnicos, os jogos conceituais, os jogos específicos e os jogos contextuais.

Os exemplos práticos serão apresentados a fim de trazer luz às diferenças e similaridades de cada um desses jogos.

Então, vamos lá!
 

 

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Comecemos com os jogos técnicos:

Jogo Técnico

O jogo técnico abaixo tem por objetivo desenvolver o cruzamento e a finalização (com os pés e com a cabeça) dos jogadores em situação de jogo.

Descrição
– Atividade de 4 + Goleiro X 4 + Goleiro + 2 Coringas, em que o objetivo maior das equipes é realizar o gol; contudo, as regras orientarão os jogadores quanto à utilização dos cruzamentos e do tipo de finalização que será utilizado.

Regras e Pontuação
– Equipe marca 1 ponto quando fizer o gol.
– Equipe marca 2 pontos quando fizer o gol originado de um cruzamento.
– Equipe marca 3 pontos se fizer o gol de cabeça originado de um cruzamento.
– Os coringas auxiliarão a equipe que estiver com a posse de bola e poderão fazer gol.
– Será considerado cruzamento toda a bola alçada dentro da área a partir dos corredores demarcados. Qualquer jogador pode entrar nessa área e realizar o cruzamento.

 


 

Jogo Conceitual

O jogo conceitual abaixo tem por objetivo desenvolver o conceito de retirar a bola da zona de pressão na transição ofensiva e pressionar a bola imediatamente após a sua perda na transição defensiva.

Descrição

– Atividade de 4 + Coringa X 4 + Coringa, em que o objetivo da equipe que recupera a bola é retirar imediatamente a mesma da zona de pressão fazendo um passe para seu coringa, já a equipe que perde a posse de bola deve pressionar a bola e evitar que a mesma seja retirada da zona de pressão.

Regras e Pontuação

– Quando a equipe fizer um passe para seu coringa imediatamente à recuperação da posse de bola marca 1 ponto.
– Quando a equipe trocar cinco passes em seu campo marca 1 ponto.
– Os coringas só jogam em posse de bola.

 


 

Na figura, o coringa roxo auxilia a equipe azul e o coringa amarelo auxilia a equipe amarelo/preto. Para marcar ponto, a equipe amarela deve fazer um passe para seu coringa e/ou trocar cinco passes no meio campo da direita (metade do campo onde está o coringa amarelo) e equipe azul deve fazer um passe para o coringa roxo e/ou trocar cinco passes em sua metade do campo (metade direita onde os jogadores estão dispostos).

Jogo Específico

O jogo específico abaixo tem por objetivo desenvolver a progressão individual e coletiva e a recuperação da posse de bola em regiões específicas do campo.

Descrição

Atividade de 11×11, em que o objetivo da equipe que está com a posse de bola é progredir no campo de jogo até a região demarcada e finalizar a jogada; já a equipe sem a posse de bola deve direcionar o adversário para as laterais para tentar recuperar a posse de bola.

Regras e Pontuação

– Equipe marca 3 pontos se fizer o gol.
– Equipe marca 1 ponto se ultrapassar a linha tracejada com a bola dominada (linhas tracejadas vermelhas).
– Equipe marca 1 ponto se recuperar a bola nos corredores laterais do campo (demarcados pelas linhas tracejadas amarelas).

 


 

Jogo Contextual

O jogo contextual abaixo tem por objetivo desenvolver a criação de apoios entre as linhas de marcação do adversário (que a equipe hipoteticamente enfrentará no final de semana), que joga no 1-4-4-2 em linha e deixa espaços entre a defesa e o meio.

Descrição

– Atividade de 11 X 11, em que a “equipe B” jogará conforme o adversário do fim de semana, em um 1-4-4-2 em linha. Como foi detectado que as linhas de marcação desta equipe não jogam muito agrupadas na defesa, o objetivo é potencializar a utilização desses espaços pela “equipe A” para manter a posse de bola e progredir no campo de jogo.

Regras e Pontuação

– Equipe marca 3 pontos quando fizer o gol.
– Equipe A marca 1 ponto quando um jogador receber um passe entre as linhas de marcação do adversário.
– Equipe B marca 1 ponto quando recuperar a bola antes dela chegar entre suas duas linhas de marcação (linha de defesa e meio).

 


 

Na situação acima, se o jogador número 2 da equipe amarela que está com a posse de bola fizer um passe certo para o jogador número 9, sua equipe marca 1 ponto; já se os jogadores número 5 ou 10 da equipe azul interceptarem o passe, quem marca o ponto é a equipe azul.

Espero ter ajudado na prática. Agora, é com vocês…

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br 

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Título do Brasileirão 2011: a missão

O aproveitamento do Corinthians nas últimas oito rodadas do Campeonato Brasileiro foi de 45,8%, com três vitórias, dois empates e três derrotas. O técnico Tite utilizou 22 jogadores nestes jogos, sendo que Júlio César, Alex, William e Danilo atuaram em todos, Leandro Castán, Paulinho, Alessandro, Jorge Henrique e Paulo André atuaram em sete, Ralf em seis, Fábio Santos e Edenílson, cinco, Liedson e Weldon em quatro, Ramón, Emerson, Wallace e Ramirez em três, Moradei, Chicão e Adriano em duas partidas, e Morais apenas em uma.

A manutenção desse desempenho nas oito rodadas restantes não fará com que o título da competição nacional seja da equipe do Parque São Jorge, portanto, nas próximas semanas, as vitórias necessariamente deverão acontecer em maior número. Segundo cálculos feitos pela própria comissão técnica da equipe alvinegra, cinco vitórias e dois empates, ou seja, 17 pontos e 70,8% de aproveitamento dos 24 pontos a serem disputados, são suficientes para a conquista da competição.

Neste período, somente a 35ª rodada acontecerá numa quarta-feira, o que possibilitará sete semanas completas de treinamento com ocorrência de jogos somente aos sábados ou domingos. Semanas “cheias” de treinamento significam um maior período de recuperação entre jogos e maior disponibilidade para a atuação do treinador nos denominados treinos aquisitivos.

Mais do que o desenvolvimento isolado de qualquer vertente do jogo de futebol nos jogadores e na equipe, as próximas semanas devem ser de total preocupação sistêmica com o Modelo de Jogo, seus pontos fracos, seus pontos fortes e as intervenções estratégicas de acordo com cada adversário.

Então, considerando as oito rodadas anteriores da equipe corintiana, o que esperar da mesma nas oito rodadas finais do Campeonato Brasileiro 2011?

Estruturado preferencialmente em 1-4-2-3-1, a espinha dorsal do Corinthians será composta por Júlio César, Alessandro, Paulo André, Leandro Castán, Ralf, Paulinho, Alex, William. As quatro vagas restantes, serão definidas semana a semana pelo técnico Tite que, entre outras decisões, deverá gerenciar as lesões de alguns jogadores e até a pressão da imprensa e torcida por Adriano.

Optar por Emerson e Liedson, que provavelmente perderão muitos treinos aquisitivos por tratarem suas respectivas lesões, ou então por Danilo ou Jorge Henrique, que causam alterações funcionais no sistema corintiano, são alguns dos questionamentos que o treinador terá que fazer.

Na organização defensiva, o comportamento padrão tem sido uma marcação com referências zonais a partir da linha 3, que pode ser adiantada de acordo com o placar do jogo ou atuação como mandante. Nesta fase do jogo, Paulo André e Leandro Castán dão muita segurança à primeira linha defensiva, com ótima proteção do alvo. Ambos, dificilmente caem às faixas e são muito eficientes no jogo aéreo. Com o suporte da linha de volantes, atacar o Corinthians pelo corredor central com passes curtos tem sido muito difícil.

Uma das limitações nesta fase do jogo passa por dar melhor posicionamento a William e Jorge Henrique que, por vezes, assumem referência individual de marcação percorrendo espaços desnecessários (e cansando). Outro ponto que merece atenção, devido à ausência de Fábio Santos, é o desequilíbrio setorial que pode ocorrer caso a função seja feita pelos jovens Weldon ou Ramón.

Em bolas paradas, Júlio César precisa de maior qualidade de antecipação da ação para saídas do gol, e os demais jogadores necessitam maior ataque à bola.

Quando a marcação se inicia na linha 3, a compactação eficaz entre linhas é frequentemente observada. Se, por necessidade ou situação do jogo, a equipe sobe o bloco, surgem espaços (e problemas), principalmente de transição defensiva que serão mencionados adiante.

Ao recuperar a posse, a transição ofensiva é feita predominantemente com retirada vertical. Com orientação operacional de progressão ao alvo, dificilmente circulam a bola. Neste momento do jogo, a partir da recuperação de Júlio César, as reposições são principalmente em bolas longas, o que resulta em maiores perdas de posse do que manutenções. Quando a recuperação é feita pela linha defensiva, falta melhor linha de passe/desmarcação/mobilidade dos volantes para permitir tempo de deslocamento e progressão dos meias abertos que, muitas vezes, estão recebendo a bola distantes do alvo. Apesar destas limitações, dos últimos oito gols marcados, quatro foram feitos a partir de transição ofensiva (Vasco (2), Atlético-GO e Cruzeiro).

Na fase ofensiva, como já foi mencionado, a progressão é o comportamento padrão. Com exceção do tiro de meta, preferencialmente saem jogando com os centrais; com Alessandro, o jogo fica simples e eficiente pela lateral; Paulinho procura um passe curto e ultrapassagens pela faixa central para criar condições de finalização; Alex e Danilo são os que têm condições (estrutura motriz) de fazer o passe final; William é o melhor do elenco no 1×1 e o pequeno Liedson é um gigante em posicionamento na zona de risco.

Como fatores limitantes para o processo ofensivo, observam-se a menor contribuição de Alex e Danilo quando atuam pelas faixas, a falta de amplitude dos meias abertos quando a equipe adversária bloqueia o corredor central e a recorrente falta de profundidade (e não de um centroavante) para aproximar a equipe da zona de risco e abrir espaço entre linhas das defesas adversárias. Em bolas paradas, Alex é quem pode marcar; em escanteios, Paulo André é a referência da finalização; já em situações de jogo, além de Paulinho e Alex com finalizações frontais, William pode marcar após driblar; Liedson, a partir de assistência/cruzamento e Danilo numa jogada aérea.

Já na transição defensiva, o comportamento observado é o de ataque à bola dos jogadores mais próximos, com simultânea recomposição dos demais em virtude de um posicionamento com ao menos nove atletas atrás da linha da bola. Falhas no balanço e coberturas defensivas resultaram em 37,5% dos gols sofridos nas últimas rodadas. Um comportamento que, sem dúvida, precisa ser melhorado.

Em pouco mais de um mês, o Campeão Brasileiro de 2011 será conhecido. Gosto de parabenizar os campeões, já o fiz com o Oscár Tabarez da seleção uruguaia e Ney Franco, da seleção brasileira sub-20. Desta vez, adianto os parabéns ao técnico Tite, que há um ano no cargo (muito para o futebol brasileiro) suportou a pressão após o péssimo início de ano na Libertadores e na queda de rendimento no Nacional. Parabenizo (mesmo que não seja campeão) não pela ideia de jogo que simplifiquei acima, mas pelas declarações, entrevistas, atitudes e liderança, inspiradoras para um técnico iniciante.

Abaixo, um pouco do Corinthians nos últimos oito jogos.
 


 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Maracanicídio

Então a seleção pentacampeã só entrará no palco mundial de fato e de direito do futebol brasileiro se Neymar e boa companhia nos levarem até a final? Quer dizer que Fortaleza, inegavelmente das mais apaixonadas (e apaixonantes) cidades do futebol pode assistir a dois jogos da seleção anfitriã, e o Rio de Janeiro só terá o privilégio de abrir as portas e os braços do Redentor numa decisão, com todo o peso atômico, histórico e histérico do Maracanazo de 1950?

De fato, e mais que nunca agora, tenho a certeza absoluta: foram os cartolas brasileiros que fizeram a tabela. Só eles para não pensarem no absurdo de não levar a seleção ao menos uma vez para o Rio. Ou é a profana prepotência brasuca quando se trata de futebol (nunca é o Brasil que é derrotado, é a seleção que perde.), ou é mesmo a santa burrice que impera em nossa administração imperial – para usar o termo mais ameno que veio à cabeça.

Fazer política e média é esporte nacional e internacional. Mas não levar ao menos um jogo do país-sede para o estádio principal só aconteceu em 1974. Deu Alemanha, então, no Olímpico de Munique, só visitado na decisão. Que a história se repita como festa – para os brasileiros.

Em todas as demais Copas, pelo menos uma vez o país-sede jogou no palco da final. Em 1930, o time do Uruguai foi campeão no Centenário de Montevidéu ganhando da Argentina por 4 a 2. Em 1934, a Itália venceu a Copa na prorrogação, batendo a Tchecoslováquia por 2 a 1 no Nazionale PNF de Roma. Em 1938, a França atuou no Colombes, de Paris, onde a Itália foi bi mundial.

Em 1950, o Brasil só não jogou no Maracanã a segunda partida da Copa – empatou por 2 a 2 com a Suíça, no Pacaembu. Na final, contra o Uruguai.

Em 1954, a Suíça atuou no Wankdorf de Berna, onde a Alemanha estragou a festa húngara, na decisão. Em 1958, a Suécia perdeu a Copa para o Brasil no Rasunda de Estocolmo. Em 1962, o Chile atuou só uma vez fora do Nacional de Santiago, onde o Brasil foi bi. Em 1966, a Inglaterra jogou todas em Wembley, em Londres, até ganhar na prorrogação da Alemanha, por 4 a 2.

Em 1970, o México foi eliminado na capital federal, no Azteca, palco do tri brasileiro.

Só em 1974 a Alemanha não atuou no palco da decisão. Até 2014, foi a única vez que o anfitrião não conheceu anteriormente o local da volta olímpica.

Em 1978, a Argentina foi campeã vencendo a Holanda, na prorrogação, por 3 a 1, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Onde só não jogou mais vezes porque ficou em segundo lugar no grupo. Em 1982, na segunda fase, a Espanha foi eliminada pelos alemães no Santiago Bernabéu, em Madri, palco da vitória italiana. Em 1986, o México não chegou até a decisão no Azteca, mas lá atuou. A Argentina ganhou a Copa no primeiro estádio a receber duas finais – o Maracanã será o segundo.

Em 1990, a Itália foi eliminada na semifinal, em Napoli. Mas sua casa era o Olímpico de Roma, onde a Alemanha foi tri mundial. Em 1994, os EUA jogaram no Rose Bowl, palco do nosso tetra. Em 1998, a França fez a festa no Stade de France, em Saint Denis, ganhando do Brasil por 3 a 0.

Em 2002, o Japão atuou no estádio de Yokohama, onde o Brasil foi penta. Em 2010, a Alemanha jogou ainda na primeira fase no Olímpico de Berlim, onde a Itália foi tetra. Em 2010, a África do Sul estreou no Soccer City de Johanesburgo, palco da conquista espanhola.

No frigir das bolas, o anfitrião ganhou em 1930, 1934, 1966, 1974, 1978 e 1998. E ainda foi finalista em 1950 e 1958. Em 19 copas, 8 vezes o dono da festa participou da mesma. Não é muito. Pode não ser nada.

Em 2014, se tudo estiver pronto, ainda que custando os olhos da cara-de-pau das autoridades, só veremos o Brasil no Maracanã se Deus quiser. Porque os diabinhos.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

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A música não para na dança dos treinadores no Brasileirão 2011

Demitido no último domingo após derrota para o Atlético-GO, Adilson Batista foi a uma vítima na “dança dos técnicos” no Brasileirão 2011.

Só neste campeonato, o próprio Adilson Batista já dançou no Atlético-PR e, além dele, outros nomes como Antônio Lopes, Carpegiani, Cuca, Dorival Júnior, Falcão, Joel Santana, Mauro Fernandes, Renato Gaúcho, Renê Simões, Silas e Vagner Mancini também já dançaram.

Não podemos esquecer que até mesmo os atualmente bem sucedidos Caio Jr. e Tite já estiveram ameaçados ao longo da competição.

E a música está longe de parar.

Disputas pelo título, contra o rebaixamento, para conquistar vaga na Sul-Americana ou na Libertadores ainda poderão fazer mais vítimas.

Mas, a oito rodadas do término da competição, a mudança de treinador pode ser efetiva para melhora do desempenho de uma equipe? Estudo realizado na Alemanha e publicado recentemente diz que não (Heuer et. al., 2011).

Seguindo um teorema matemático que determina o desempenho pelo número de gols marcados na temporada, o grupo do Prof. B Strauss verificou o aspecto qualitativo do desempenho, pois mesmo que 1 a 0 ganhe três pontos da mesma forma que 5 a 0, não há dúvidas de que quem fez cinco gols foi melhor do que quem fez um e que quem tomou cinco foi bem pior do que quem tomou um.

Por esse motivo, os autores preferiram analisar a quantidade de gols marcados para medir o desempenho, ao invés de verificarem a pontuação dos campeonatos.

Com essa metodologia, os autores analisaram o desempenho de equipes que tiveram seus treinadores demitidos durante a temporada ou entre uma temporada e outra.

Após conferirem 14.018 jogos da Bundesliga (primeira divisão do Campeonato Alemão) desde 1963, verificaram que demitir o treinador tanto durante a temporada, quanto intertemporadas, não tem nenhum efeito sobre o desempenho subsequente de uma equipe.

Naturalmente, o principal motivo de demissão foi um desempenho insatisfatório, sendo que os dois últimos jogos com resultados ruins parecem anteceder o momento da demissão.

Os autores sugerem com esses dados que nos últimos 40 anos analisados a qualidade dos treinadores alemães pareceu ser semelhante ou irrelevante para o desempenho. Essa conclusão é baseada na informação de que o treinador demitido por mau resultado inicia outro ciclo em uma nova equipe, porém o desempenho de nenhuma das equipes é alterado. Assim, pode-se especular que além da parte técnico-tática, aspectos motivacionais, de relacionamento e de coletividade podem fazer diferença, contudo são mais difíceis de serem mensurados.

Pelo visto, na Alemanha a mudança do treinador per si não surte efeitos positivos no desempenho das equipes, pelo menos em longo prazo. No Brasil, não encontramos nenhum estudo que se propôs a fazer tal análise, contudo, sabemos que nenhum treinador que atue no futebol brasileiro tenha condições de bater a marca de Fred Everiss, que ficou 46 anos (1902-1948) à frente do West Bromwich Albion do Reino Unido sem qualquer interrupção.

Além disso, um estudo deste tipo seria bem difícil em nosso país, pelo fato de a mudança de treinador geralmente resultar em outras mudanças como, por exemplo, elenco, comissão técnica, ambiente do clube, condições de trabalho, relacionamento com a imprensa e investimento. Com isso, é complicado saber se as mudanças de desempenho (se é que elas acontecem) ocorrem exclusivamente pela troca de treinador ou pela alteração dos outros fatores intervenientes.

De qualquer forma, esse dado precisa ser levado em consideração quando um clube pretende contratar um treinador, pois no final das contas, a prática mostra que o grande diferencial entre equipes vencedoras e perdedoras normalmente é o aspecto econômico.

As equipes com maior poder financeiro, quando bem administradas, terão sempre mais chance de ter os melhores jogadores que, no fundo, serão os principais responsáveis em fazer o resultado acontecer.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Para saber mais

Heuer A, Müller C, Rubner O, Hagemann N, Strauss B. Usefulness of dismissing and changing the coach in professional soccer. PLoS One. 2011 Mar 22;6(3):e17664.

Balduck AL, Buelens M, Philippaerts R. Short-term effects of midseason coach turnover on team performance in soccer. Res Q Exerc Sport. 2010 Sep;81(3):379-83.

Chow GM, Murray KE, Feltz DL. Individual, team, and coach predictors of players’ likelihood to aggress in youth soccer. J Sport Exerc Psychol. 2009 Aug;31(4):425-43.

Alvarez MS, Balaguer I, Castillo I, Duda JL. Coach autonomy support and quality of sport engagement in young soccer players. Span J Psychol. 2009 May;12(1):138-48.

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Lei Geral da Copa

A Lei Geral da Copa (LGC), visando estabelecer regras e/ou facilidades na organização da Copa do Mundo de 2014, tem gerado um debate acalorado por diversos entes da nossa sociedade, uma vez que a mesma deve impactar não só a questão do futebol, como também outras áreas de nossa sociedade.

Em primeiro lugar, é bom frisar que a Copa do Mundo é um evento privado, de uma entidade supranacional, a Fifa, e o Brasil se candidatou voluntariamente ao pleito, conhecendo antecipadamente as regras e o ônus de trazer um dos maiores eventos do mundo para o seu território. A retórica é importante para lembrar que a entidade máxima do futebol não é uma mera “organização que impõe regras contra a soberania das nações” e que o Brasil não é obrigado a organizar a Copa. Foi ele quem quis.

Depois, que a discussão sobre a LGC pode ser muito boa para o Brasil para, talvez, enfim, colocar um ponto final em alguns discursos político-demagógicos de algumas “minorias”, que se travestem de “coitados” para receber migalhas do poder público, sem que este tire efetivamente verba do seu próprio bolso e transfira esta responsabilidade aos entes privados.

O Emerson Gonçalves, no blog “Olhar Crônico Esportivo”, expressa muito bem parte de meus sentimentos em relação ao assunto no texto “Meia entrada e ‘Soberania Nacional'”.

Essa transferência de responsabilidade (e de conta) para as entidades esportivas (ou o teatro, o cinema, as artes, etc.) do governo é um tanto quanto desproporcional para uma atividade econômica que tem autonomia garantida na constituição e que mesmo assim deve abrir mão de parte de suas receitas para atender a apelos político-eleitoreiros de poucos.

Assim, as referidas “minorias” que mencionei anteriormente “brigam” e “lutam” por migalhas. Estudantes preferem discutir a meia-entrada no futebol (?) a reivindicar educação pública de qualidade. Idosos, ao invés de se organizarem e trabalharem pelo respeito em áreas básicas como saúde, acessibilidade e dignidade após servirem o país com sua força de trabalho, contentam-se com pequenos descontos, quando deveriam ganhar proventos dignos para terem o direito ao lazer como bem entender.

No fim das contas, quem pagará a diferença delas será o trabalhador de nível intermediário, ou seja, aquele que produz, trabalha e gera riquezas ao país, seja pelo seu próprio bolso ou pela arrecadação do governo. E isso é evidenciado por algumas reportagens recentes:

– Portal 2014: “Meia-entrada pode levar Fifa a aumentar preço de ingresso da Copa” (http://migre.me/5WptR), de 17-out-2011.

– Jornal Valor Econômico: “Governo quer Copa com ingressos populares”, p. A4, de 10-out-2011.

Outra questão é a da venda de bebida alcoólica em estádios. Outra demagogia barata. O argumento é sustentado por um discurso vazio de quem não entende que o torcedor que briga no estádio faz o mesmo fora dele. O cidadão que vai a uma arena esportiva e causa confusão é o mesmo que irá à noite para uma festa ou um bar com os amigos e provocará alguma arruaça ou confusão.

Esse erro comum de tentar diferenciar o cidadão comum do torcedor que tem sido o grande problema da violência em estádios de futebol. Se adotássemos a lógica aplicada no futebol, deveríamos ver nas “baladas” policiais armados dentro das pistas de dança no lugar dos seguranças das casas.

Se o consumo de bebida alcoólica está tão associado à violência no futebol, é verdade que a mesma bebida deveria ser proibida em quaisquer estabelecimentos comerciais, de shows de rock a quermesses – isto aqui é culpa da bebida ou da educação?

Por fim, penso que a LGC deve servir, sim, para um debate profundo sobre o tratamento que damos a alguns conceitos erroneamente tidos como “conquistas sociais”. Estudante precisa de recursos para “estudar”, tendo acesso a eventos educacionais, compra de livros, revistas científicas ou assinatura a banco de dados. Idosos precisam que a sociedade entregue a eles uma vida “digna” em termos de saúde e qualidade de vida.

Devemos entender que as entidades esportivas, por sua soberania, é quem pagam a conta no fim de tudo ao abrir mão de receita integral na venda de ingressos ou na comercialização de bebidas, causando desequilíbrio econômico com outras atividades semelhantes de nossa sociedade.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Os tipos de jogos: o técnico, o conceitual, o específico e o contextual

Há algum tempo venho defendendo a utilização dos jogos como ferramenta para o desenvolvimento integral de atletas. Tenho destacado também que não basta criar vários jogos a esmo: o fundamental é que elaboremos um processo adequado em que cada jogo terá ligação com os demais.

Nesta coluna vamos discutir quatro tipos básicos de jogos para o desenvolvimento do jogar dos atletas: os técnicos, os conceituais, os específicos e os contextuais. Existem outras classificações de jogos, como os jogos gerais, os jogos pré-desportivos, jogos lúdicos, jogos populares, jogos cooperativos, que de certa forma contribuem para o desenvolvimento dos atletas, mas não serão foco de nossa discussão.

Dentro das quatro classes de jogos que iremos discutir, cada um tem seu objetivo específico e organização própria.

Comecemos pelos jogos técnicos.

Os jogos técnicos, como o próprio nome já apresenta, tem como objetivo o desenvolvimento técnico dos jogadores em ambiente de jogo. Nessa classe, os jogos geralmente são estruturados quanto a suas dimensões, número de jogadores, equipes, tempo, local do campo, em função do fundamento em questão.

Por exemplo, se quero desenvolver a finalização de curta distância, posso criar um jogo de 2×2 dentro da área. Já se quero desenvolver o passe, posso criar um jogo de 6×6 em meio campo, no qual a equipe marca ponto se trocar 10 passes.

Além disso, é preciso pensar sobre como gerar sobrecarga no processo de seleção da informação, tomada de decisão e ação do jogador, pois para gerar um ambiente de aprendizagem é preciso trazer um problema condizente com a zona de desenvolvimento proximal do atleta.

Nos jogos conceituais, o que se preconiza é o desenvolvimento de conceitos de jogo que se aplicam em diferentes situações. Nesses jogos, os atletas são submetidos a estímulos que visam desenvolver o entendimento individual e coletivo de alguns conteúdos gerais e específicos do jogo.

Por exemplo, imaginemos uma situação hipotética em que preciso modificar o tipo de marcação de minha equipe, da marcação mista para a zona. Para que esse processo seja realizado de forma adequada, os jogadores precisam entender o conceito de marcação por zona em jogos conceituais, no qual o espaço geralmente é menor e as situações problemas ficam mais evidentes.

Sendo assim, ele tomará consciência das premissas, dos conceitos e implicações desse novo conteúdo em questão e a transição do tipo de marcação acontecerá de forma adequada.

Nos jogos conceituais, os campos, o número de jogadores e suas dinâmicas são variadas e se adequam, agora, aos conceitos que precisam ser desenvolvidos.

Os jogos específicos: nesse tipo, os conceitos são abordados em ambiente específicos. Isso significa que os conceitos desenvolvidos nas atividades conceituais são transportados para situações mais próximas às realidades específicas do jogo formal.

Por exemplo, após o desenvolvimento do conceito da marcação por zona, em que o jogador entenderá que sua movimentação precisa ser realizada em função da posição da bola, dos espaços e de seus companheiros, ele será submetido a situações específicas no campo de jogo. Nele, o tipo de marcação se somará ao esquema tático, as regras de ação e ocupação de espaço da equipe.

Nessas atividades, as regras do jogo em si são respeitadas, enquanto que nas atividades conceituais pode haver gols próximos um dos outros ou campos com dimensões bem reduzidas, fato que não ocorre nesse tipo de jogo. O campo pode ser reduzido, mas não descaracterizado, ou seja, não pode haver um gol dentro do círculo central do campo, por exemplo.

Nos jogos contextuais, o objetivo é preparar a equipe para o jogo do fim de semana. Nesse tipo de jogo, as características do adversário são levados em conta e as atividades são construídas a fim de que minha equipe se prepare para resolver os problemas impostos pelo adversário e/ou manipulá-los contra o mesmo.

Esses jogos acontecem geralmente em ambiente específico e são amplamente utilizados em equipes profissionais.

Cada jogo possui suas características particulares que se integram dentro de um processo de formação de equipes. Cada um tem sua importância e funcionalidade ao longo do planejamento, mas é preciso cuidado para organizá-los ao longo dos anos, meses, semanas e dias…

Não basta saber criar um jogo, mas é preciso saber quando, onde, para quê, por que…

Na próxima coluna apresento exemplos de cada um desses jogos.

Até a próxima.

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br 
 

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Irresponsáveis

Os presidentes de São Paulo e Corinthians falam demais. O do Palmeiras, de menos.

Juvenal e Andrés podem manter sua discussão de boteco nos urinódromos de bares, mas não devem trazer seus ressentimentos pessoais, suas picuinhas profissionais e seus negócios para a mídia e para o torcedor sem modos e meios. Mantenham fora do foco e do fogo os estultos que cobram de reservas dos reservas pelo mau futebol e pelos problemas do Palmeiras, por exemplo.

Cada palavra envenada e com querosene dos presidentes de Corinthians e São Paulo pode incendiar torcidas e pavios curtos. Andrés, ao menos, admite normalmente quando erra e quando detona pólvora. Juvenal, soberbo e jactante, encastelado em seu feudo, evidentemente não se mistura. E não admite que suas preconceituosas declarações não enriquecem o debate, não corrigem injustiças, e não trazem nada de positivo ao futebol – a não ser fios desencapados e audiência para a imprensa.

A irresponsabilidade de Juvenal e Andrés é proporcional ao silêncio e omissão da gente que tenta administrar o Palmeiras e não consegue. Não apenas pelos problemas que o próprio clube cria. Mas pela falta de um pulso mais firme, de uma língua mais dura para enquadrar quem se perde com a bola, com as boladas, com a língua, com a torcida, com as comissões, com tudo.

Andrés tem razão em exigir mais dos cartolas e atletas quando jogador é agredido apenas por ser um jogador de um time em má fase crônica. Mas é o mesmo dirigente que pouco fez quando o próprio clube foi atacado depois da derrota para o Tolima e outras atitudes tão absurdas quanto a que sofreu João Vítor – ainda que também ele aparentemente não tenha sido apenas vítima. É o mesmo cartola que cita salários e luvas de um atacante de um co-irmão que poderia ir para outro co-irmão. Dirigente que, como fundador da Pavilhão 9, deveria conhecer o poder que as torcidas profissionais têm.

Se comentarista fosse, e seria dos bons, porque entende de futebol, negócios e muitas coisas, Andrés poderia falar. Mas Andrés só é ouvido por ser presidente do Corinthians. Precisa pensar e se portar como tal. Como também deveria fazer o mesmo o Juvenal que atira a torto e sem o menor direito, achando-se superior aos pares, e acima das questões, inclusive as legítimas e legais.

Tirone entraria no balaio de ferro do trio se estivesse há mais tempo na jogada. Ou se minimamente se manifestasse. O que não faz nem no mínimo. Nem no máximo. Nem na média. Ou apenas na média.

Claro que a encrenca com João Vítor não tem a ver com o que costumam brigar presidentes de São Paulo e Corinthians, e com o que não costuma lutar o presidente do Palmeiras. O que falei no “Jogo Aberto” da Band (e que gente que não quer raciocionar troca as bolas com a mesma facilidade com que jogador troca de clube) é que muito da intolerância entre eles acaba levando ao absurdo que se vê em campo, nos CTs e, agora, também nas ruas.

Defender o seu sem atacar o do outro é atitude cada vez mais rara na vida e no futebol. As gratuitas (porém caríssimas) agressões virulentas, verbais, vernaculares e verorissímeis entre presidentes servem para quê?

Estão todos errados. Uns mais, outros menos. Mais ou menos como Felipão e Kleber, no Palmeiras. O treinador palmeirense não tem sido o que foi. Kleber, desde o enrosco com o Flamengo, ainda menos. Mas, ao menos, um sempre quis ficar no Palmeiras. Outro, que sempre quis retornar ao clube, parece jamais ter se contentado em voltar. Ou ficar.

Não é preciso dizer quem o Palmeiras deve escolher. E, quem permanecer, que deve ser Felipão, precisa também mudar. Melhorar. Para não perder o pouco de elenco que tem a favor. O que não é problema incontornável. Telê Santana, multicampeão pelo São Paulo, entre 1991 e 1994, sempre teve parte do elenco contra. Alguns que estarão na homenagem a ele a ser feita em 10 de dezembro, na reinuaguração do estádio do Ibirapuera, não gostavam do treinador que hoje idolatram.

A bola resolveu as questões. Problema que o atual elenco do Palmeiras parece distante de conseguir. Ainda mais porque também tem gente de chuteira virada em relação a Kleber dentro do elenco. Outro que, do nada, em pouco tempo, conseguiu perder um jogo que ganhava de goleada.

Administrar grupos é assim mesmo. Tem gente que trabalha comigo e não gostaria de estar ao meu lado. Como tem gente com quem eu não faço questão de trabalhar ao lado. E, mesmo assim, estamos todos juntos. É assim a vida.

Só não pode ser a morte que irresponsáveis alimentam e aumentam quando pensam com os cotovelos e fígados. Se pensam.

(Ah, sim, e o termo “pensar” não faz referência ao português mal tratado por Andrés, que é inculto, mas muito inteligente; e também não pode ser usado em deferência a Juvenal, culto e inteligente, mas que usa o cérebro como a imprensa usa as declarações dele: sempre para o pior lado).

E, sim: Andrés e Juvenal estão entre os maiores presidentes da história dos clubes que bem dirigem. E até nisso eles usam algumas vezes para o pior lado.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

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Banco de jogos – jogo 1

Caros leitores,

em cinco colunas, abordei o tema currículo de formação do atleta de futebol. Nestes materiais, estão inseridos os conteúdos que um grupo de profissionais de um clube formador do estado de SP aplica em todas as suas categorias, visando à formação de atletas de alto nível, tanto para o departamento profissional, como para negociação com outros clubes.

Em colunas futuras, alguns temas e sub-temas serão aprofundados propondo uma discussão em relação à importância de trabalhá-los para melhorar o desempenho das equipes. E, também, como será feito na presente semana, diversos jogos (conceituais ou conceituais em ambiente específico) serão descritos com o intuito de ilustrar o currículo e de auxiliá-los numa possível intervenção prática no aperfeiçoamento de determinado(s) momento(s) do jogo.

O jogo que será descrito abaixo, como vocês já devem saber, não é pra ser utilizado como receita, desvinculado do contexto da equipe e com a simples e insensata aplicação das regras que serão expostas.

A reflexão que esta coluna propõe consiste na interpretação dos elementos do jogo que permitem que esta atividade seja, de fato, de compactação e flutuação. Mais do que o desejo do treinador para que ambas ocorram, deverá ganhar este jogo (e todos os demais que eu venha apresentar) a equipe que melhor cumprir sua lógica. E, dentre as ações que serão necessárias para cumprir a lógica deste jogo, encontram-se a compactação e flutuação.

 

Jogo conceitual em ambiente específico de compactação e flutuação

 

– Campo dividido entre áreas em seis faixas verticais e oito faixas horizontais;

– Com isso, ocorrerá a formação de retângulos com aproximadamente 8,5m de cumprimento x 11,5m de largura;

– Tempo de atividade (incluindo esforço e pausa) a critério da comissão técnica, em função dos objetivos (fiscos, técnicos, táticos, emocionais) desejados;

Plataforma de jogo – equipes A e B – 1-4-2-3-1

Regras do jogo

Ultrapassar pelo menos uma faixa horizontal através da condução ou de um passe, entre as linhas 4 e 3 do campo, sem que a equipe que defende tenha três linhas de jogadores (centrais e laterais – volantes e meias abertos – meia centralizado e atacante) nos setores (retângulos) horizontais e verticais consecutivos em relação à posição da bola = 1 ponto.

Veja os exemplos:

   

Após fazer um passe que ultrapassou uma faixa horizontal, 1 ponto para a equipe A (Azul), pois a equipe B (Verde) não tem o posicionamento das três linhas de jogadores em setores horizontais e verticais consecutivos.

 

 

Após fazer um passe que ultrapassou uma faixa horizontal, não há ponto para a equipe A (Azul), pois a equipe B (Verde) tem o posicionamento das três linhas de jogadores em setores horizontais e verticais consecutivos.

 

 

Após fazer um passe que ultrapassou duas faixas horizontais, 1 ponto para a equipe A (Azul), pois a equipe B (Verde) não tem o posicionamento das três linhas de jogadores em setores horizontais e verticais consecutivos.

 

Após fazer um passe que ultrapassou duas faixas horizontais, não há ponto para a equipe A (Azul), pois a equipe B (Verde) tem o posicionamento das três linhas de jogadores em setores horizontais e verticais consecutivos.

Ultrapassar pelo menos uma faixa horizontal através da condução ou de um passe, à frente da linha 3 do campo, sem que a equipe que defende tenha duas linhas de jogadores (centrais e laterais – volantes e meias abertos) nos setores (retângulos) horizontais e verticais consecutivos em relação à posição da bola = 2 pontos.

Veja os exemplos:

 

 

Após conduzir a bola e ultrapassar uma faixa horizontal, 2 pontos para equipe A (Azul), pois a equipe B (Verde) não tem o posicionamento das duas linhas de jogadores em setores horizontais e verticais consecutivos.

 

Após conduzir a bola e ultrapassar uma faixa horizontal, não há ponto para equipe A (Azul), pois a equipe B (Verde) tem o posicionamento das duas linhas de jogadores em setores horizontais e verticais consecutivos.

Fazer o gol e a equipe que sofreu ter pelo menos nove jogadores à frente da linha 2 do campo = 10 pontos;

Fazer o gol e a equipe que sofreu ter menos do que nove jogadores à frente da linha 2 do campo = 15 pontos.

Veja os exemplos:

 

  

Nesta primeira imagem, o gol da Equipe A (Azul) vale 10 pontos e, na segunda imagem, 15 pontos.

Estou aberto para dúvidas, sugestões, comentários e críticas através do e-mail. Quem achou que o jogo tem muitos detalhes ou muitas regras, não esqueçam o princípio da progressão complexa. Este jogo pode começar a ser construído do mais fácil para o mais difícil, por exemplo, somente com faixas horizontais, ou com faixas verticais e até mesmo com retângulos (setores) maiores do que 8,5m x 11,5m.

Quem ainda não leu a Entrevista Tática, aproveite a última semana para contribuições e envie suas perguntas.

Abraços, bons treinos e até a próxima semana!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Como você se relaciona com seus concorrentes?

Saudações a todos!

No mundo empresarial, este assunto já foi um grande tabu: o concorrente de qualquer empresa era seu maior inimigo, portanto, todas as informações tramitadas na empresa, mesmo as mais básicas, eram trancadas a sete chaves e não poderiam chegar às mãos do concorrente (inimigo) de forma alguma.

Hoje isso ainda ocorre em alguns segmentos de mercado, onde existe de fato uma guerra entre empresas, mas são poucos os casos. Na grande maioria das empresas, com exceção de informações estratégicas do negócio, todos os processos são conversados abertamente com os concorrentes.

As empresas concorrentes têm grupos formais de discussões em todos os níveis – analistas, gerentes, diretores, presidentes – e para todas as áreas, onde constantemente são trocadas informações sobre salários, benefícios, forma de atrair, selecionar e reter pessoas, estratégias de gestão, sistemas utilizados, estrutura de produção, etc.

As empresas adotaram essa postura, pois perceberam que com essa troca de informações os benefícios são inúmeros para todos, os processos ganham maior qualidade e agilidade (pois o que é bom para uma e está dando certo, na maioria dos casos, pode funcionar para as demais), e em várias situações, por ser um grupo e consequentemente terem maior poder de barganha, acabam tendo melhores negociações com os fornecedores em comum.

Vejo que no esporte, principalmente fora do Brasil, esta prática também é comum. Temos bons exemplos no basquete americano, na Fórmula 1, nos grandes clubes de futebol da Europa e mesmo no nosso vôlei. Em todos esses exemplos, o fato em comum é o grande sucesso, os resultados expressivos. Coincidência? Com certeza não!

Resolvi escrever sobre esse tema nesta semana, pois no futebol vejo um exemplo e um anti-exemplo que evidenciam ainda mais o quanto é importante a troca de informações entre os concorrentes.

Na década passada, o futebol paulista dominava o cenário nacional. Quase metade dos clubes que compunham a Série A era de São Paulo. Os clubes desse Estado ganhavam a maioria dos títulos, tinham o melhor elenco, os destaques das competições, etc., enquanto isso, os clubes do Rio de Janeiro ficavam em segundo plano, constantemente lutando para não cair, com times poucos expressivos e resultados pífios.

Percebendo que a solução era a união, o futebol do Rio de Janeiro criou o G4 – Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco passaram a trocar informações, efetivaram a formação de um grupo de fato e com isso conseguiram maior visibilidade, novos e maiores contratos, formaram grandes elencos e consequentemente colheram vários resultados. Os últimos dois campeões brasileiros são do Rio de Janeiro, e neste ano há grande chance de um carioca faturar a competição novamente (os quatro clubes têm chances reais de título). Além disso, o Vasco é o atual campeão da Copa do Brasil.

Esse é o bom exemplo, e não preciso dizer mais nada, né?

O anti-exemplo está aqui em São Paulo. São Paulo também tem seu G4 (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), mas ao contrário do que ocorreu no Rio de Janeiro, o órgão paulista não efetivou a formação de um grupo de fato.

Corinthians e São Paulo – que deveriam ser as locomotivas da união – se tratam como inimigos mortais, trocam farpas a todo instante, o relacionamento entre os dois presidentes, e que a mídia mostra a toda hora, chega a dar inveja a “filme pastelão” de quinta categoria.

No momento em que mais deveriam se unir, mais deveriam trocar informação para proveito de todos, pois a Copa do Mundo está aí, e quem aproveitar tal chance criará um grande legado. O G4 paulista está cada vez mais para Z4. O Rio de Janeiro agradece hoje e por mais alguns anos.

Esses são bons exemplos para serem avaliados nas empresas onde vocês atuam. Já participam de grupos de discussões internos e externos ou nas redes sociais, trocam informações com seus parceiros, chefes e subordinados? Procuram saber como são feitos os processos em empresas do mesmo segmento? Se sim, ótimo!

Vocês seguem o exemplo do Rio de Janeiro e colherão bons resultados hoje e pelos próximos anos; se estão mais para o exemplo de São Paulo, correm um sério risco de ficarem no ostracismo durante um bom tempo.

É isso, pessoal. Reflitam e vejam a melhor opção a seguir!

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br