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Copa São Paulo de Futebol Júnior: bom jogador surge do nada?

Olá, amigos!

No fim do ano passado o mundo (além daqueles que trabalham seriamente e que já tinham noção) se assombrou e discutiu a formação de atletas no próprio clube vendo o sucesso do Barcelona, time sensação e referência global que tem colhido frutos de um sistema de formação eficiente e que contou, além da competência, com a sorte de uma geração brilhante que hoje faz parte do elenco principal.

Muitos colegas e eu inclusive já discutimos alguns pontos sobre o processo de detecção de talento, acompanhamento, sistema de formação e também sobre o funcionamento das categorias de base do time catalão

Pois bem, estamos chegando nesta semana nos jogos decisivos da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Muitos esperam seu término para ver quais serão os destaques e a futura geração do futebol brasileiro.

O que preocupa é que dentre esses muitos, encontramos os profissionais do futebol, representado muitas vezes por dirigentes e técnicos que se manifestam com palavras e imagens se vangloriando de estar atentos à “Copinha”, esperando o surgimento de um ou dois atletas para compor o elenco profissional dependendo do desempenho na competição.

Está certo isso?

Muitas vezes numa competição o atleta pode ter seu momento de destaque e acaba se consolidando para integrar as equipes principais de qualquer time do país. Mas aceitar que um clube, principalmente os ditos grandes, esperem que dois ou três jogadores “brotem” do nada é o mesmo que certificar-se e evidenciar a incompetência na gestão das categorias de base do futebol brasileiro.

Hoje temos estrutura e tecnologia suficientes para conseguirmos acompanhar os atletas do próprio clube e mesmo os de outros através de gerenciamento de dados e informações das competições das diversas categorias, para mapear e investigar destaques e evolução dos atletas de diferentes gerações. Assim, um clube deveria se programar para subir dois ou três atletas com base num acervo de dados compilados durante um período de tempo maior, trabalhando as carências da equipe principal junto às comissões técnicas das demais categorias – aliás, essas comissões deveriam fazer parte da principal, como complemento de funções.

Mas o que acontece é que o clube muitas vezes quer ganhar o sub-13, conquista o título, e sem se importar que o atleta com 15 anos mantenha-se em alto nível dentre os pares da mesma geração: o importante muitas vezes para o técnico da categoria é conseguir no ano seguinte ser bicampeão do sub-13, e no outro ser tricampeão.

O titulo dá respaldo, sim, mas aí que temos a diferença: quantos atletas do sub-13 têm chegado ao principal dali cinco a oito anos? O número não vai ser alto, justificariam alguns, mas não precisa ser insignificante.

E mesmo que não seja um aproveitamento gigante, tal como os nove titulares do Barcelona que compõe o time base, podemos ter um resultado melhor.

Agora, enquanto os clubes não investirem em tecnologia, conhecimento, e estrutura para realmente formar atletas, e não só com o único e exclusivo objetivo de vendê-los antes de chegar ao profissional (que se tem tornado comum), com certeza novos softwares, novos recursos e novos profissionais irão se encontrar no meio; e, sobretudo, novos e mais atletas não dependerão de uma grande explosão na Copa São Paulo de Futebol Júnior para tentar a chance da vida.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br