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Chelsea em Battersea

Há cerca de dois meses, o Chelsea publicou que poderia mudar sua casa para a antiga usina termoelétrica de Bettersea. Trata-se da maior construção de tijolos da Europa e, para que pudesse ser um novo estádio para o clube inglês, deveria ter uma grande gama de especialistas para o projeto.

A ideia é difícil de sair, pois alguns torcedores têm direitos financeiros sobre o Stamford Bridge, além disso, a construção é complicada.

Além disso, há cerca de três semanas, a Ernst & Young, empresa que gerencia o prédio, informou que um consórcio malaio venceu a concorrência e terá direito a comprar a construção.

Segundo comunicado público divulgado, as empresas compatriotas Setia e Sime uniram-se e fizeram uma proposta de 400 milhões de libras (pouco menos de R$ 1,3 bilhão) para assumir o controle da antiga fábrica. O consórcio pretende usar o local da usina e terrenos próximos para erguer um enorme complexo comercial e residencial.

No entanto, deixando a viabilidade de lado, explicarei, baseado na minha experiência com restauro, como seria o processo de projeto desse novo estádio com capacidade de 60.000 torcedores (contra 40.000 do atual).



Acima, Stamford Bridge, casa atual do Chelsea

Para a concretização deste projeto, a equipe deveria ser formada por dois grupos: o de projeto de estádios (especializado) e o grupo de restauro (composto por arquitetos especializados em restauro, historiadores, restauradores para fazer prospecções e topógrafos).

Para início, deveria ser feito o levantamento detalhado, do que existe hoje, suas patologias e também prospecções para descobrir materiais e cores originais. Junto à equipe de projeto, decidiria-se o que deveria ser preservado, então. Independente do quê, tudo deveria ser registrado em desenhos e em fotografias.

A partir daí, cada equipe desenvolveria o seu projeto, conversando entre si para compatibilização das ideias e interferências estruturais. A parte de restauro iria identificar todos os serviços a serem feitos (limpezas, lavagens, trocas de materiais, consertos, impermeabilizações, restauro de elementos, etc.) e definiria as novas intervenções, com especificações de materiais e cores que se destaquem na construção salientando a nova intervenção.
 

“Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo em um estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento.”

Viollet LeDuc, restaurador renomado

 

A intenção para o novo estádio do Chelsea seria usar a imagem icônica da construção para marcar o estádio. Para isso, as torres seriam mantidas e lavadas. No entanto, o perigo é se tornar o antigo Wembley, com uma arquitetura pesada e que foi perdida na renovação mais recente. Pode funcionar como ícone, mas não necessariamente de beleza.

A descaracterização da construção é necessária para a construção do estádio e, eu, como profissional da área, acredito que não seja um benefício nem para o Chelsea, nem para a história da Usina de Battersea.

Para quem não conhece, a usina já foi capa do álbum do Pink Floyd, “Animals”, e também de gravação de vídeo dos Beatles (Help!). É um edifício muito grande, muito famoso, com história importante e com suas peculiaridades.

É também protegida em Londres, o que dificultaria ainda mais a intervenção drástica que uma arena exigiria. Teria que ser muito modificado para conseguir ser transformado em estádio.

Vale mais a pena se manter em casa, Chelsea!

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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Do “Diablo” para o “Devil”

Não precisa aparecer na camisa para se aproveitar o potencial da marca de um clube. É sob esta perspectiva que iniciamos esta coluna para falar de um case específico, o do Casillero del Diablo ao patrocinar o Manchester United, cujo acordo teve início em agosto de 2010.

Uma das maiores vinícolas do mundo, a chilena Concha y Toro, utiliza a marca de um de seus vinhos, o Casillero del Diablo, facilmente associado aos “Red Devils”, ou “Diabos Vermelhos”, como é conhecido o clube de Manchester.

A parceria prevê, além do uso da marca de ambos para ações de marketing das marcas, o fornecimento de produtos, ou seja, o Casillero del Diablo é o vinho oficial vendido em jogos em Old Trafford, apenas para citar um exemplo.

A Concha y Toro, por sua vez, utiliza o emblema do Manchester United para agregar valor a seus produtos e criar produtos licenciados com a merca do clube.

Entre outras ações de marketing, temos alguns vídeos que demonstram a busca de sinergia entre as duas marcas e a utilização da imagem de ídolos do clube para a promoção do Casillero del Diablo.
 


 


 

O breve relato serve para reforçar o conceito de valores que um patrocínio esportivo possui, que vai muito além da visibilidade na camisa de jogo, conforme já abordado aqui na Universidade do Futebol em outras colunas.

“Manchar” a camisa continua não parecendo a atitude mais inteligente, tanto para os patrocinadores quanto para os patrocinados.

Permanecemos tendo um mar de oportunidades dentro do escopo de patrocínio a clubes de futebol. As marcas dos clubes são muito fortes, basta usar um pouco de criatividade para atingir a gama de torcedores que os mesmos possuem.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Internet e local para fixar filmadoras: base para implementar tecnologia

No texto desta semana, trago alguns pontos sobre infraestrutura básica para a implantação de recursos de tecnologia nos clubes de futebol.

Discutimos por inúmeras vezes que os clubes devem incorporar processos tecnológicos na sua gestão, envolvendo desde os departamentos administrativos até o departamento de futebol, centro de inteligência de jogo, etc. Sabemos que a atualização e capacitação profissional são imprescindíveis para isso.

Citamos por diversas vezes ainda a necessidade de se quebrar preconceitos e paradigmas a respeito do uso dos equipamentos. Numa outra oportunidade, discutimos a questão de se investir em projetos para captação e desenvolvimento de inovações.

Porém, muitas vezes as empresas que hoje dominam o setor tecnológico nos mais diferentes segmentos encontram uma dificuldade ao tentar entrar no mercado futebol que é mais simples do que se imagina, mas um grande entrave quando falamos de sua implementação no campo prático.

Apenas para o leitor acompanhar o raciocínio, a tecnologia no futebol tem alguns focos que devem ser analisados:

– a atualização do profissional;

– a integração do profissional do esporte com o de tecnologia para desenvolver recursos e soluções;

– aceitação dos gestores;

– controle, acompanhamento e utilização dos recursos propriamente dito;

– a infraestrutura necessária para a utilização dos recursos.

As barreiras são muitas, mas já vem sendo enfrentadas e superadas por quem atua nesse segmento; ainda esbarramos, entretanto, em questões de simples resolução que acabam emperrando a evolução da tecnologia a serviço do futebol.

Hoje, os sistemas são baseados em internet e em câmeras de vídeo, sem entrar no mérito da utilização de outros recursos de rastreabilidade e tecnologias de comunicação, equipamentos laboratoriais, etc.

E muitas vezes após muitas reuniões, esclarecimentos, capacitações e desenvolvimento de um projeto que só vem agregar valor ao clube, há a barreira da burocracia ou a dificuldade de convencimento de investir em aspectos básicos para o funcionamento de toda a solução desejada pelo clube.

E quando falo em aspectos básicos, refiro-me a três importantes e simples pontos que poderia até apostar com o amigo leitor que atua no meio que já passou ou ouviu similar dificuldade.

Trata-se da estrutura de internet do estádio e centro de treinamento, postes e locais para instalação de câmeras filmadoras para controle de treino e jogo e sinal de rede de telecomunicação de uma forma geral.

Dentre tantas barreiras que a tecnologia enfrenta no futebol, temos que superar as mais básicas para que todo o resto possa se alocar e contribuir como de fato pode fazer.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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A conquista da América

Está aberta a temporada de excursões e jogos amistosos, dos grandes clubes europeus, para a América do Norte.

Mais precisamente para os Estados Unidos.

Essa prática vem sendo repetida nos últimos anos e tem provocado benefícios tanto para o futebol europeu quanto para o desenvolvimento do mercado americano.

O interesse em acompanhar de perto clubes como Milan, Real Madrid, Barcelona, Chelsea e Manchester United movimenta o contexto desse esporte no país, ao atrair canais de TV – que irão transmitir os jogos e torneios para todo o mundo –, estádios lotados para ver grandes ídolos de perto, bem como oportunidades de intercâmbio de negócios.

Naturalmente, ao se associar a inteligência norte-americana na formatação e gestão de eventos esportivos, com a necessidade de conquista de novos mercados e consequente geração de receitas, o que se vê é um movimento de internacionalização do futebol, como atividade econômica, cada vez maior.

Em torno das disputas dentro de campo também existe uma avidez junto à exploração plena de oportunidades comerciais: venda de merchandising oficial; ingressos para treinos; ingressos para os jogos; venda dos direitos de TV; negociação de patrocínios locais; clínicas para crianças; observação de talentos locais e/ou transferência de jogadores consagrados, mas em final de carreira, para os EUA.

Um grande exemplo: o Real Madrid cobrará pouco mais de 300 euros para quem quiser acompanhar um treino do clube, com direito a sessão especial de autógrafos com Casillas e Sergio Ramos. Os mais baratos estão cotados a quase 70 euros.

Já para os jogos amistosos, cobram-se 448 euros para ver o clube enfrentar o Los Angeles Galaxy com Beckham em campo.

Ainda há outro fator de geração de receita que é a cota mínima que os clubes cobram para que uma determinada empresa adquira os direitos de exploração comercial (licenciamento) oriundos dos jogos/excursão.

Até mesmo clubes tidos como pequenos, como é o caso do Celtic, da Escócia, vão aproveitar a pré-temporada para expandir sua marca e gerar novas e valiosas receitas.

Já há algum tempo que se esboça uma discussão maior, aqui no Brasil, para adequar o calendário nacional – maior entrave alegado pelos clubes – ao europeu, o que permitiria, dentre outras coisas, a realização de jogos amistosos e a participação de torneios lá fora.

Algo ainda mais evidente em tempos de estrelas do porte de Seedorf e Forlán – ícones internacionais que, associados a clubes de êxito recente dentro e fora de campo, como Corinthians, Santos, Inter, São Paulo, podem despertar o interesse da audiência e dos mercados estrangeiros.

Também gostaria de ousar pensar que o Brasil poderia receber estas excursões dos clubes europeus aqui dentro de casa.

Ou não estamos na América?

Diferentemente do que ocorreu na história do continente, não vejo como algo predatório, extrativista.

Vejo como sinal de evolução da nossa indústria do futebol e, sobretudo, que também o Velho Mundo quer conhecer de perto o Novo Mundo.

E ensinar bastante coisa para nós.

Deixariam mais do que levariam na bagagem de volta.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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Recuperação da posse de bola: atividades práticas

Dentro do modelo de jogo, temos várias referências que orientam a ação coletiva dos atletas, e podemos destacar os princípios operacionais, que inclusive já abordei bastante em colunas anteriores. Esses princípios orientam a ação dos atletas nos diferentes momentos do jogo. Sendo assim temos os princípios de ataque, os de defesa e os de transição (defensiva e ofensiva).

Na coluna desta semana, vamos focar nos defensivos.

No momento defensivo, segundo Bayer (1994), temos três princípios operacionais:

– Proteção efetiva da meta defendida
– Impedir progressão da equipe e da bola em direção à meta defendida
– Recuperação da posse de bola

Dentro de uma partida, geralmente as equipes possuem um princípio predominante que rege a ação dos atletas.

Será que é possível uma equipe ter mais de um princípio predominante?

Sendo assim (ou não), vamos nos focar no princípio da “recuperação da posse de bola”, que ultimamente está na moda.

Quando a equipe possui esse princípio como predominante, os atletas buscam constantemente uma ação direta de recuperação da posse de bola. Isso leva a uma tendência de aumento no número de desarmes (informação para análise de jogo).

Vale destacar que esse princípio pode ser realizado a partir de qualquer linha de marcação (1, 2, 3, 4 ou 5, nada garante que uma equipe que está “marcando” na linha 2 está buscando recuperar a posse de bola, etc.) e em qualquer faixa do campo (lateral ou central, existem equipes que impedem progressão na região central do campo e buscam a recuperação da posse de bola nas laterais, etc.)

Pois bem: após a definição do princípio e das resalvas, vamos para o campo.

Para que esse princípio se manifeste como um comportamento da equipe, é preciso…treinar de uma maneira sistematizada e processual!
 


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Vamos às atividades:

Atividade 1

Descrição
– Atividade de 3 x 1: o objetivo é estimular a pressão sobre o portador da bola mesmo com inferioridade numérica. Neste jogo é trabalhada a ação do desarme em situação de jogo. Cabe ao treinador estimular a pressão constante sobre a bola.

Regras e Pontuação
– A cada 30 minutos, inverte o jogador que está no centro
– Toda vez que o jogador que está no centro recuperar a bola marca um ponto.Vence o jogo quem marcar o maior número de pontos no tempo determinado.

Atividade 2

Descrição
– Atividade de 4 x 4 + 4 coringas, em que o objetivo das equipes é realizar 10 passes. Equipes se enfrentam dentro do espaço delimitado; fora deste espaço, há quatro coringas que auxiliam equipe com posse de bola. Equipe que está sem a posse de bola deve realiza a pressão sobre a bola e pode inclusive roubar a bola dos coringas fora do espaço delimitado. Nesta atividade é trabalhada a recuperação da posse de bola, o desarme, a estruturação do espaço e as interações entre os jogadores na pressão.

Regras e Pontuação
-Equipe pontua quando trocar oito passes.

Atividade 3

Descrição
– Atividade de 6+G x 7, em que o objetivo das equipes é recuperar a bola o mais rápido possível e evitar a pontuação do adversário. Nesta atividade, os atletas são estimulados em um ambiente específico à recuperação da posse de bola de uma forma organizada no campo de ataque.

Regras e Pontuação

Equipe de ataque
– Marca ponto quando passar a linha do meio. Os pontos são determinados pela quantidade de passes realizados antes de ultrapassar a linha do meio. Por exemplo, equipe fez 10 passes consecutivos e ultrapassou a linha do meio, marca 10 pontos.

– Marca 1 ponto quando tirar a bola da região onde ela foi recuperada (veja a transição sendo trabalhada)

Equipe de defesa
– Marca 1 ponto quando recuperar a bola na região onde ela foi perdida.
– Marca 5 pontos quando fizer o gol.

Atividade 4

Descrição
– Atividade de 11 X 11, em que o objetivo das equipes é recuperar a bola o mais rápido possível e fazer o gol. Nesta atividade específica os atletas são estimulados a buscar a recuperação da posse de bola o mais rápido possível.

Regras e Pontuação
– A cada cinco passes, equipe com posse de bola marca 1 ponto.
– Gol vale 5 pontos.

Vejam, são atividades com poucas regras que contemplam muito bem os objetivos propostos.

Ficar gritando para a equipe recuperar a bola deve ser sistematizado no treino; no jogo, deixe os atletas jogarem e oriente no que for preciso.

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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O futebol suplica: parem de rasgar dinheiro!

Dois mil e quinhentos atletas do estado de São Paulo correm o risco de ficar sem clube nos próximos dias! A grande maioria, ainda em formação, verá seu sonho de se tornar jogador de futebol profissional ficar mais distante após a dispensa originada pela desclassificação.

O cálculo estimado foi feito com base no término da primeira fase do Campeonato Paulista da Segunda Divisão e do Campeonato Paulista sub-15 e 17, considerando vinte e cinco jogadores por equipe. Foram desclassificadas dezessete equipes profissionais e cerca de 80 equipes (ao considerarmos as duas categorias) de base.

Pergunto, então, a cada um dos gestores dos clubes eliminados: quais serão os procedimentos tomados?

Temo em ouvir a resposta!

A boa gestão, organizada, planejada, com adequada alocação de recursos e ciente de seu posicionamento frente ao mercado do futebol é pré-requisito para o sucesso do negócio. Muitos dirigentes do futebol brasileiro parecem ignorar estes conceitos.

Sei que os clubes aos quais a coluna se refere compreendem uma parcela econômica insignificante do mercado da modalidade. É justamente por esse motivo que os dirigentes e gestores dos clubes pequenos e médios não podem errar!

Os campeonatos que estes clubes disputam devem ser encarados como parte importante da exposição do seu produto; porém, a sua disputa (na busca do acesso ou título) não pode (ou não deve) ser o único indicador considerado para o desenvolvimento do trabalho. Independente da competição, o clube (a empresa) deve continuar em atividade.

É lamentável afirmar, porém, que os equívocos são tremendos. Para exemplificar, treinador vende o carro para pagar salário de jogadores; equipes à beira da desclassificação alimentam mal seus atletas; dirigentes fazem contratações de reforços quando as necessidades não são reais; equipes inteiras são desmontadas sem uma análise detalhada do trabalho.

Administrativamente, como podemos classificar estas atitudes?

“Planejamento invertido”: em que primeiro os dirigentes e investidores esperam o retorno financeiro para depois realizarem o investimento? Se este é o objetivo, esqueçam!

Não significa que investir por investir, contratar por contratar será sinônimo de bons resultados. Segundo conversas do futebol, uma das folhas salariais mais altas da 2ª Divisão Paulista não conseguiu passar de fase.

Aqui cabe a pergunta: com 50% da folha de pagamento utilizada, será que não seria possível formar um elenco competitivo para a divisão que, ao invés de trabalhar durante os seis primeiros meses do ano, independentemente do resultado, trabalhasse o ano todo? Afinal, não será necessária uma nova equipe para o ano seguinte?

Este procedimento estabelecido para o departamento profissional pode ser igualmente aplicado nas categorias de base.

Qual deve ter sido o custo operacional mensal de muitas equipes espalhadas pelo estado que alojam mais de 50% (algumas o valor é próximo de 100%) dos seus atletas?

Muitas regiões do estado de São Paulo são autossuficientes de potenciais atletas. Os clubes localizados nestas regiões deveriam desenvolver um trabalho preciso de captação e formação para não perderem nenhum jogador e deixarem as vagas do alojamento somente para as moscas brancas (se bem que elas não existem mais!).

Férias permanentes destes milhares de atletas até ao final do ano, se os clubes pretendem se manter em atividade no ano que vem, significará um retrabalho. Retrabalho no ambiente gerencial significa aumento de custo. A contramão do processo produtivo de jogador de futebol.

Claro que uns e outros atletas amadores ou profissionais conseguirão se empregar em outros estados, mais uma vez para uma das competições remanescentes e não para uma sequência de trabalho de médio-longo prazo. Será a vez dos outros clubes, dirigentes e investidores se equivocarem.

A resposta ideal de um gestor para a pergunta do início da coluna “quais serão os procedimentos a serem tomados?” poderia ser:

“O trabalho irá continuar, faremos algumas dispensas em função do estreitamento natural da pirâmide, ou então, devido a não adaptação de determinado atleta a filosofia do clube. Os atletas das categorias de base ainda têm muitos conteúdos a serem aprendidos até chegarem ao profissional e esses seis meses de trabalho são importantes para termos atletas de alto nível no ano seguinte.”

Respeito a opinião de muitos dirigentes que dirão que estou louco. Lembro-os, no entanto, que ao menos não estou rasgando dinheiro!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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Barcelona 1992, Rio 2016 e o legado olímpico

No final do mês de julho irão se iniciar os Jogos Olímpicos de Londres. O mundo vai se reunir em torno da áurea positiva que envolve o esporte. Além disso, o povo inglês, especialmente o londrino, prepara-se para viver dias de sonho.

Muito mais que um megaevento esportivo e um negócio, a realização dos Jogos Olímpicos pode promover uma verdadeira revolulção na cidade organizadora.

Nos intervalos das aulas do mestrado em Direito Desportivo no Instituto de Educação Física da Catalunha, tenho visitado alguns pontos turísticos de Barcelona, especialmente o complexo olímpico, onde está situado o INEFC.

Vinte anos depois se percebe o orgulho do barcelonista pelos Jogos. Todos os guias e pontos turísticos ressaltam que a cidade modificou-se após as Olimpiadas de 1992.

Barcelona cresceu de costas para o mar mediterrâneo de forma que quanto mais longe do mar, mais nobre o bairro. Para os Jogos de 1992 foi recuperada a área portuária e oceânica outrora degradada para a construção da vila olímpica e dos comércios.

No século passado, Barcelona era a capital industrial da Espanha, mas decaiu. Com a democracia, no limiar dos anos 70 e 80, tornou-se uma metrópole desindustrializada com um porto decadente, desemprego alto, gangues, elevados indicadores de violência etc. Atualmente, vinte anos depois, é o pulmão logístico do Mediterrâneo, uma das capitais culturais da Europa e um dos principais pólos turísticos do mundo.

Desde os Jogos, o número de passageiros recebidos pelo aeroporto de Barcelona triplicou, chegando a 29 milhões por ano em 2010. Os hotéis da cidade somam 60.000 quartos, o dobro de 1992. Barcelona, assim, se tornou, de cidade esquecida, no terceiro destino de visitantes internacionais na Europa, configurando um grande exemplo de sucesso em transformação de uma cidade.

Além disso, o complexo olímpico conta com instalações utilizadas pela população e para várias competições. Agora mesmo está sendo disputado no Estádio Olímpico o Mundial Juvenil de atletismo. Quando não sedia atividades esportivas, o Estádio Olímpico de Montjuic atrai eventos corporativos ou grandes espetáculos musicais.

Todas essas constatações nos enchem de expectativa para a oportunidade que o Rio de Janeiro tem para recuperar, reurbanizar suas áreas degradadas e tormar ainda mais maravilhosa esta cidade.

Para tanto, os poderes públicos Federal, Estadual e Municipal precisam direcionar e racionalizar os investimentos e criar meios legais para que a cidade tenha, de fato um legado, como acontece em Barcelona onde, bastam poucos minutos para perceber que existia uma cidade antes das Olimpiadas de 1992 e agora há outra.

 

Muito embora a realização dos Jogos Olímpicos não tenha garantido a transformação de Barcelona, observando-se a cidade antes e depois do evento, percebe-se o impacto das mudanças. Para o Rio de Janeiro, que sediará a Olimpíada em 2016, imprescindível atentar-se que a magia dos Jogos não garante, por si só, um legado, mas pode ser a propulsora de uma nova realidade para a cidade.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Cidade-sede: Rio de Janeiro

Um dos estádios que apresenta menos detalhes, menos informações e mais confusões quanto pode mostrar é o estádio Mário Filho, mais conhecido como nosso Maracanã. Ícone mundial pela grandiosidade e pela Copa de 1950, o ideal é que o estádio fosse adequado hoje conforme a tecnologia permite e conforme as necessidades atuais do futebol e da Fifa sem descaracterizar o estádio – o que é bastante difícil.

 

Dentre as reformas do Maracanã, considerada um “retrofit”, foi feito o ajuste das arquibancadas, objetivando um pouco mais de visibilidade e proximidade do campo – o que é bastante importante pela distância atrás dos gols, resultado de seu formato oval.

A cobertura ganha uma nova parte, somada à original. O novo trecho é dividido em dois materiais: o PTFE, em maior parte, e o policarbonato na parte mais interna da cobertura, permitindo insolação. Apesar de o material não ser o mais adequado, é um dos mais baratos, e pode colaborar com a insolação no gramado, embora não haja qualquer desenho na cobertura que auxilie a insolação conforme o horário do dia e orientação do sol. Um dos grandes problemas do policarbonato é a durabilidade e o amarelamento com o tempo.

Ainda em relação à cobertura, entra em questão uma nova polêmica. Quando a cidade se candidatava, sondavam a ideia de que o Maracanã fosse capaz de gerar energia e um estudo apresentava inviabilidade no custo dessa energia.

Apesar de ser uma explicação difícil de se entender, hoje, parecem ignorar esse estudo, pois a cobertura do estádio também terá células fotovoltaicas capazes de sustentar cerca de 200 residências.

A drenagem do estádio é outro impasse. Mas não é somente o Rio de Janeiro que sofre com essa questão. A exigência de drenagem a vácuo é complicada financeiramente e um tanto injustificável para ausência de chuvas tão intensas no Brasil, ainda mais no período da Copa do Mundo – o mês de julho.

Além disso, no caso do Maracanã, o espaço sob o gramado não comporta os equipamentos por conta de um lençol freático muito próximo. A proposta da cidade é proporcionar o dobro da drenagem convencional a fim de compensar a não adoção deste sistema.

As arquibancadas tiveram recentemente definidas as cores dos assentos: amarelo, azul e branco, separados por anel de arquibancada se afastando, nessa ordem, do gramado. A decisão provavelmente é ligada às cores da bandeira, considerando o gramado verde como parte da simbologia à bandeira.

No entanto, poderia ser trabalhado algum desenho para maior identidade ao estádio – tem suma importância construir uma unicidade, características personalizadas como mais uma arma para marcar a imagem do equipamento.

A parte externa do estádio não foi descaracterizada, como podemos ver na imagem abaixo.

O entorno começa a ter desenhos de trabalho urbano, como desenho de calçadas e arborização. Passarelas o ligarão com o metrô, embora este, hoje, já seja um transtorno na saída de grandes eventos.

A sensação na passarela atual é bastante complicada, com camelôs, empurra-empurra, restrição de acesso para evitar superlotação dos vagões, entre outros desconfortos. Para uma melhor solução, muitos outros meios de acesso devem ser trabalhados. Há propostas, mas ainda complicado. O desativado Museu do Índio, onde hoje ficam alguns índios vendendo artesanatos e trajados tipicamente, pode ser ameaçado pelo estacionamento, uma atrocidade novamente à nossa cultura.

O estádio é um pouco problemático em termos de localização e facilidades viárias, mas, com a reforma, não deve ser descaracterizado, somente atualizado. Vamos esperar por mais detalhes, pois, em termos de projeto, é um dos mais ocultos perante a mídia.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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O que é o Fair Play?

Na última sexta-feira, um lance polêmico no final do jogo entre Ceará e Criciúma, disputado no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza-CE, válido pela Série B do Campeonato Brasileiro, ensejou uma ampla discussão sobre o tal do “Fair Play”.

O cerne do fato foi que, após o goleiro do Criciúma jogar a bola para a lateral do campo para que um companheiro de equipe fosse atendido pela equipe médica, o Ceará supostamente deveria, pelas regras do “Fair Play”, devolver a posse da mesma para o Criciúma. Os jogadores do Ceará obedeceram a uma ordem de seu treinador, não devolvendo a bola e, por fim, finalizando ao gol, resultando no tento de empate da equipe cearense.

Naturalmente que a atitude gerou revolta por parte de toda a equipe e Comissão Técnica do Criciúma, ensejando um tumulto no final da partida que resultou na expulsão de dois jogadores e do treinador de ambas equipes.

Se olharmos para o lance apenas, de fato, a atitude do Ceará é condenável em face das recomendações amplamente pautadas pelo respeito ao adversário. No entanto, quando vemos o jogo como um todo, percebemos que o time do Criciúma passa praticamente todo o segundo tempo da partida fazendo a famosa “cera”, praticando o famigerado “cai-cai”. Este tipo de atitude também não indica falta de “Fair Play”?

É o típico caso de quem quer se beneficiar da própria torpeza: primeiro, “mata tempo” para prejudicar o adversário e praticar o anti-jogo, típico em situações de equipes que estão na frente do marcador; depois, reclama que a equipe adversária não devolve a bola após uma clara atitude visando ganhar mais tempo para segurar o resultado.

Assim, deixo no ar para que tenhamos uma reflexão mais profunda do que é de fato o “Fair Play”. Não estou defendendo a atitude do Ceará, mas também não a condeno por completo. Sou contra, sim, qualquer ação que deixe o jogo feio e contraproducente – e isso também é falta de ética e de noção sobre o “jogo limpo”.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Fábula exuberante

O futebol brasileiro viveu, nesta semana, dias de euforia.

Seedorf contratado pelo Botafogo e com recepção apoteótica. Absolutamente digna para um jogador do seu quilate, com currículo que inclui Ajax, Milan, Real Madrid e seleção da Holanda, enfileirando títulos de toda natureza.

Não menos importante, mas mais modesta a cerimônia, foi a chegada de Diego Forlán ao Internacional. Também um jogador de classe mundial, o melhor da Copa 2010, com DNA do futebol herdado do seu pai e com experiência de sobra em grandes clubes e competições. O uruguaio se soma à República Argentina formada no clube por D’Alessandro, Dátolo, Guiñazu e Bolatti.

São grandes vetores do desenvolvimento da indústria do futebol no país. Em particular, porque os dois são ícones globais, além de serem importantes sob o ponto de vista técnico e das estratégias de marketing.

Marketing que, aliás, vai ser o mais importante aliado para bancar os altos salários das estrelas.

A grande movimentação financeira em torno destas contratações vai, obrigatoriamente, qualificar a gestão global do clube – e que passa pelo departamento de marketing – pois o dinheiro que, durante muito tempo foi malversado e corrompido nestas instituições, agora cobra a conta.

Paradoxalmente, com mais dinheiro.

Dinheiro destinado às contratações, que necessita de dinheiro dos patrocinadores e parceiros comerciais, que também vem da assiduidade do relacionamento dos torcedores convertidos em sócios e seus planos anuais, bem como da venda das camisas oficiais com o nome dos novos ídolos nas costas.

Que são vendidas on-line ou nas redes de lojas franqueadas, bem administradas por grupos empresariais que sabem cuidar de toda cadeia logística para que os produtos licenciados cheguem, e bem, ao consumidor.

É uma fantástica oportunidade para se tomar como ponto da virada em direção a um cenário de clubes bem geridos, com processos e boas práticas institucionalizados e independentes do grupo político do momento.

Que servem como legado para os anos que se somam.

Esse ciclo também depende da existência de bons profissionais em cada segmento do clube, pois as ações de marketing são cada vez mais integradas com departamento de futebol, do relacionamento com sócios, dentre outros.

Um belo exemplo de interação entre os elos da cadeia da indústria do futebol globalizado é o do AC Milan, que agradece aos 10 milhões de fãs no Facebook, envolve todo o elenco e valoriza o fornecedor Adidas e o patrocinador Fly Emirates:
 


 

Trabalhar ordenadamente para que não seja algo fugaz.

Para que a exuberância possa persistir por muito tempo no clube.

Trabalho de formiga, não de cigarra, como ensinava Esopo:

“Tendo a cigarra cantado durante o verão,

Apavorou-se com o frio do inverno

Sem mosca ou verme para se alimentar,

Com fome, foi ver a formiga, sua vizinha,

pedindo-lhe alguns grãos para agüentar

Até vir uma época mais quentinha!

– ‘Eu lhe pagarei’, disse ela,

– ‘Antes do verão, palavra de animal,

Os juros e também o capital.’

A formiga não gosta de emprestar,

É esse um de seus defeitos.

‘O que você fazia no calor de outrora?’

Perguntou-lhe ela com certa esperteza.

– ‘Noite e dia, eu cantava no meu posto,

Sem querer dar-lhe desgosto.’

– ‘Você cantava? Que beleza!

Pois, então, dance agora!’.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br