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Respeito ao futebol, um patrimônio nacional

Eventualmente me pergunto sobre quando teremos respeito e decência no meio do futebol brasileiro. Aliás, me pergunto quando haverá um genuíno relacionamento profissional dentro dos clubes de futebol e das instituições relacionadas ao esporte.

Mas, pensando bem, me parece que tudo que presenciamos no futebol nada mais é do que um reflexo da nossa própria sociedade, repleta de impunidades e de desrespeito.

O futebol é um dos patrimônios do Brasil, um país carente de heróis e que deposita sua esperança em seres humanos muitas vezes despreparados para assumir tal responsabilidade de super-herói. Os atletas de uma forma geral, não tem o adequado desenvolvimento intelectual para perceber o papel que exercem na sociedade.

E não penso ser culpa dos atletas este cenário, mas credito uma boa parte sim àqueles que dirigem o futebol de uma maneira geral, sem a necessidade de citar casos específicos. Qualquer pessoa que acompanhe o nosso futebol há pelo menos uns cinco anos consegue relatar algum fato inusitado de irregularidade e impunidade em alguma situação envolvendo o esporte. Há algumas situações mais antigas inclusive, que se não fossem trágicas para o nosso futebol, seriam cômicas.

Aqui, me permito, mais uma vez, abordar a questão da liderança no futebol, principalmente dos executivos; estes que por serem muitas vezes grandes apaixonados tomam decisões baseadas em pura emoção, mas sem qualquer razão e ignoram parcial ou completamente os impactos de suas decisões para a entidade esportiva; outros que muitas vezes acreditam que o futebol seja uma mina de ouro pensando apenas em tirar algum proveito financeiro particular, por atuar de maneira executiva dentro de alguma instituição esportiva ligada ao futebol.

E os agentes de atletas ou mais comumente conhecidos como empresários? Esses também são líderes pelo simples fato de formarem opinião dos atletas, mas também negligenciam a congruência de sua liderança e muitas vezes querem inclusive se comportar como se fossem os atletas, utilizando até a mesma forma de vestir dos jogadores.

Pobre futebol, que apesar de tudo e de todos, ainda continua a encantar (na medida do possível) milhares de torcedores, de qualquer idade e sexo com suas partidas improváveis e seus jogos memoráveis. Jogos estes que muitas vezes ficam eternizados na memória destes desconhecidos ilustres, chamados torcedores.

Então, aqui cabe a pergunta: quando nós como profissionais do esporte e formadores de opinião, seja pela nossa atuação direta ou indireta no futebol, iremos passar a respeita-lo com a dignidade e decência que ele merece?!

Vou além: até quando nós enquanto líderes na sociedade iremos jogar o jogo do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço"?

Por vir, está uma geração de jovens que não aceitam mais o discurso sem congruência e desconexo da visão convergente entre atitudes e promessas. Você. amigo leitor, acredita sinceramente que tanto os executivos de qualidade profissional duvidosa (que merecem ser chamados ainda de cartolas, no sentido pejorativo da palavra como se ela por si só já pudesse desqualifica-los frente a nossa safra de gestores que esperamos aparecer no futebol brasileiro) quanto os agentes igualmente despreparados ou gananciosos, estejam preparados para assumirem posições executivas em outro mercado de trabalho que não fosse o futebol?! Penso que não!

E mais: imagino que sua postura e comportamentos em sua vida pessoal possuam semelhanças com o que vemos em suas posturas no futebol. Ou seja, talvez eventualmente também se deixem levar pela vicissitude da facilidade financeira em prol da sua própria prosperidade, exatamente como eventualmente fazem ao deixar de cuidar genuinamente dos interesses das instituições esportivas e consequentemente do nosso querido futebol.

E não precisamos ir longe para vermos inúmeros exemplos de comportamentos ruins na própria sociedade, ou são raras no cotidiano situações como pagar uma propina para estacionar em local proibido ou estacionar em vaga exclusiva para deficientes ou até um simples avançar de sinal de trânsito; isso referindo-nos apenas ao comportamento quanto condutores de veículos.

Sabemos que existem outras situações de comportamentos equivocados, tais como a relação com o imposto de renda e por aí vai. E aí, quem pratica essas pequenas irregularidades no dia a dia estão agindo com honestidade, respeito e congruência?

Amigo leitor, se chegou a este parágrafo desta coluna peço que reflita: cabe a nós promovermos esta mudança no futebol. E como poderemos fazer isso?

Ah, a resposta parece simples e está estampada em todos os MBA’s de Gestão Esportiva da atualidade: buscando se desenvolver através de uma nova capacitação, adquirindo novas habilidades de gestão no esporte, desenvolvendo novas competências de liderança, realizando intercambio em grandes clubes da Europa, etc. Mas, sinceramente, acho que falta mais uma coisa a fazer: fomentar a mudança de atitude!

Não sejamos vencidos pelo paradigma de que "no futebol tudo sempre foi assim", é momento de sermos cada vez mais profissionais dentro do esporte, encará-lo como um mercado de trabalho e respeitá-lo com uma atuação profissional, honesta e transparente.

Finalmente, cabe a nós iniciarmos o processo de alívio de peso dos ombros do nosso futebol e desta forma sim contribuir para que ele possa se recuperar para voltar a ser, um dia quem sabe, saudável e sem as doenças causadas pelos parasitas que por muito tempo lhe habitaram o organismo.

E você, concorda?!