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Gerindo a energia dos atletas

Você sabia que é possível gerir a energia do atleta de futebol? Aliás, é possível para qualquer pessoa. Isso mesmo, podemos gerir nossa própria energia e com isso melhorar nosso desempenho profissional e pessoal.

Mas para isso precisamos antes compreender uma questão chamada de envolvimento total, a qual se trata de todo poder que se pode ter para desenvolver o melhor de seu desempenho esportivo ou em qualquer outra atividade profissional. Isto se refere a adotarmos um novo paradigma de engajamento e envolvimento, conforme nos instrumenta Jim Loher e Tony Schwartz, autores do livro Envolvimento total gerenciando energia e não o tempo.

Percebemos que temos um envolvimento total em nossa vida quando se é capaz de mergulhar na missão na qual se está investindo, o que implica numa mudança decisiva na forma de se viver a vida. Este envolvimento exige o equilíbrio de quatro dimensões da energia:

• Energia física
• Energia emocional
• Energia mental
• Energia espiritual.

Todas as quatro dinâmicas são críticas, nenhuma delas basta por si mesma e cada uma têm o poder de influenciar as outras.

Mas quero compartilhar aqui de maneira geral, conforme os autores acima citados, a dinâmica da energia, que na prática gera vários impactos em todo ser humano, conforme a seguinte matriz composta pelos quadrantes de Energia Alta e Negativa, Energia Baixa e Negativa, Energia Alta e Positiva e Energia Baixa e Positiva.

Para se movimentar de um quadrante de baixa energia negativa para chegar e se manter no quadrante da alta energia positiva, o atleta necessita passar por um processo de mudança duradoura e este consiste em três etapas sugeridas que podemos identificar como Propósito – Verdade – Ação.

Na prática, para se efetuar esta mudança deve-se então:

• Definir claramente um propósito;
• Encarar a realidade, reconhecendo exatamente seu estado atual;
• Entrar em ação.

Podemos supor que o atleta para atingir o alto desempenho necessita estar com energia alta e positiva, mas no fundo podemos arriscar que para que este seja inspirado a chegar neste quadrante ele precisará ter um enorme prazer no que está fazendo, ou seja, todo esforço e energia envolvidos devem fazer sentido para ele. Podemos pensar que para atletas que ainda buscam realizar conquistas em sua carreira talvez seja mais fácil encontrar um propósito que o inspire a chegar lá, mas e para aqueles que já realizaram grandes conquistas no futebol, como inspirá-los após concretizarem várias conquistas em alto nível?

A resposta para estes casos pode estar em leva-los a um nível tão alto de desempenho no qual ele perceba que toda sua energia investida está gerando grande satisfação profissional e pessoal, pois tem total relação com suas maiores expectativas e sonhos, ainda, que estejam relacionadas a conquistas acima de qualquer media estabelecida pelos padrões atuais de resultados e que deixarão legados valiosos para sua carreira e para o clube em que estejam atuando profissionalmente.

Com isso fica valiosa dica sobre a gestão de energia, que pode ser muito importante para todo e qualquer atleta de futebol, dos mais jovens até os mais vitoriosos. Que tal pensar nisso para a próxima temporada que se aproxima?

Até a próxima.

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Quem gerencia a reputação dos clubes?

Aquela velha máxima “falem mal mas falem de mim” parece não servir mais para as organizações do mundo contemporâneo. Anos atrás era possível controlar minimamente eventuais ruídos negativos sobre as marcas, uma vez que a capacidade de proliferação e acesso a uma gama enorme de pessoas era pequena. Atualmente, em função do amplo acesso a informações por muitas pessoas, o cuidado com a reputação criada por terceiros vem ganhando atenção cada vez maior.

Em palestra recente na Fundação Getúlio Vargas, a Profa. Raquel Goulart falou sobre Place Branding e da necessidade de que “lugares devem gerenciar sua reputação, seus recursos e sua imagem” para melhor se posicionar perante a sociedade.

Nas empresas a premissa é evidente em muitos casos. Esse sinal já é visto também em alguns movimentos de patrocinadores esportivos, que antes preferiam ignorar alguns desmandos da indústria do esporte, pois, acreditavam que fatos pontuais não afetavam diretamente sua imagem corporativa. Agora, todo o cuidado é pouco, uma vez que estar associado a questões negativas de parceiros comerciais tende a gerar reações de igual dimensão contra todos os envolvidos.

Se o termo “reputação” conquistou uma grande quantidade de atenção por parte de cidades, países, lugares e empresas, o mesmo parece não acontecer, pelo menos em proporção, com os clubes de futebol no Brasil.

É, a bem da verdade, assustadora a forma como se negligencia o controle sobre a comunicação nos clubes. A falta de um trabalho mais eficiente neste campo é o que gera, principalmente, a enxurrada de comentários e de atributos negativos sobre as entidades esportivas todos os dias, nos principais meios de comunicação.

O controle do conteúdo também passa por isso. Como alguém irá falar da minha marca, é sempre preferível que este “alguém” seja a própria marca e não terceiros.

Projetos de comunicação e de formação de reputação de marcas passam por inúmeros processos, que vão desde a compreensão do que é a marca até um trabalho estruturado de branding, que poderá se dedicar a narrativa mais coerente para cada caso.

Este tipo de trabalho leva tempo para ser construído até a sua plena consolidação. Que os clubes percebam esta lacuna e possam eles passar a contar suas próprias histórias em um futuro breve!!! 

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Nunca ex. Sempre Alex

Não vamos perder Alex neste primeiro domingo de dezembro quando ele encerra no Alto da Glórias os 19 anos de futebol, com 400 gols em 1000 jogos. No Coxa do coração, o Cabeção vai pendurar as chuteiras como todo ano penduramos meias para Papai Noel pedindo um presente.

Eu adoraria pedir de Natal o passado sempre atual de Alex.

Craque que merecia a Copa de 2002 no currículo. Caráter que a vida brasileira precisa ter em todos os campos. Campeão de quase tudo por muitos.

Mais dele já escrevi em outro texto, nesta sexta-feira exibido no Fox Sports. E ainda é nada. Ainda mais se comparado ao livro que vem aí, biografia escrita por um Alex das letras – Marcos Eduardo Neves.

Aqui só quero contar mais uma historinha de família. Aquilo que tanto preza Alex.

Foi em de março de 2002. Morumbi. Meu caçula Gabriel não tinha seis meses. O Luca tinha três. O São Paulo era favorito naquela noite de quarta. Vinha de vitórias de quatro pelo Rio-São Paulo. O Palmeiras não vinha mal. Mas não jogava tanto até fazer dois gols em menos de meia hora.

Até fazer o gol de todas as horas.

Eu iria tentar aqui descrever o gol. Eu poderia transcrever o que falou o José Silvério na Bandeirantes na narração que rendeu placa ao autor do gol e ao locutor que, como craque que é, viu e relatou antes da conclusão a obra prima palestrina.

Quando Alex chapelou primeiro o zagueiro Emerson, já era demais.

Quando Alex chapelou o número 1 Rogério Ceni, foi além de tudo.

Quando ele teve a humildade de encher o pé de sem pulo para não encher o saco de ninguém, meus olhos já eram água.

Liguei pro Luca. Pedi para a mãe dele chamá-lo. Falei que era gol do Palmeiras e ele fez aquele “eeee” infantil.

Mas criança era eu na cabine da TV Record.

Eu não estava comentando o jogo. Ainda bem. Não havia o que falar. Ainda não há o que descrever. Reveja no YouTube. Ou nem precisa. Está na memória de muita gente. Verde ou não. Não precisa esperar cinco segundos para pular o comercial. Não deu isso de tempo para Alex fazer um gol para todos os tempos.

Foi 4 a 2. Desde então o Palmeiras não venceu o Tricolor no Morumbi. Cairia no final do ano de 2002. Pode cair de novo este ano.

Isso não é Palmeiras. Aquele gol de Alex vale por 100 anos de clube.

Esse é o Alex: o abraço que ele me deu no dia do Amém final a São Marcos em dezembro de 2012 valeu por meus 46 anos.

O Palmeiras tinha acabado de cair no BR-12. Meu pai tinha morrido duas semanas antes. Alex chegou na concentração da festa, me abraçou e falou algumas palavras.

Assim como não consigo descrever o que foi aquele gol de 2002 que me fez chorar, não consigo repetir o que ele me disse.

Fiquei tão emocionado com o carinho e respeito pelo meu Babbo que também chorei logo depois. Não na hora, que a gente fica sem palavras. E todas as minhas palavras, naquela hora, eram para que Alex pudesse voltar ao Palmeiras e ser o camisa 10 no centenário.

Homem de palavra e de família, Alex já era do Coritiba. Sempre foi.

Como sempre será dos times que honrou. Como sempre será dos torcedores que sabem o quanto ele jogou.

Cabeção com inteligência e caráter do tamanho do coração, Alex me fez chorar ao telefone com meu filho em 2002. Me fez chorar no banheiro de um hotel pelo meu pai em 2012.

Neste domingo ele se despede.

Em todos os dias eu me despeço e jamais dispenso um cara como ele.

Alex, obrigado pelos 4 a 2 em São Januário, pelo 4 a 2 na Copa do Brasil em 1999, pelos 3 a 0 no River, pelas quartas da Libertadores de 1999 e pela semifinal de 2000.

Pelos chapéus de 2002, pelo abraço em 2012.

Se puder, claro, também por uma ajudinha que estamos precisando em 2014, contra o Bahia.

Mas mesmo se não tivesse tudo isso, mesmo se você não jogasse tudo isso, obrigado só por ter Bom Senso e coragem.

Por ser o cara que você é.
O craque que você é.

Nunca ex. Sempre Alex.
 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

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A última rodada

Ainda falta uma rodada para o término do Campeonato Brasileiro de 2014, mas os dez jogos do próximo fim de semana servirão apenas para definir os dois últimos rebaixados (Botafogo e Criciúma já caíram). Com muito drama e pouca coisa a ser resolvida, a principal questão do fim de semana derradeiro da principal competição do futebol nacional é como distribuir emoção entre partidas que valem pouco ou nada.

A questão é inerente ao formato do campeonato, que é disputado em sistema de pontos corridos. Existe a possibilidade de esse tipo de certame ser decidido com antecedência, e isso escancara o maior desafio do modelo: contar histórias que não sejam limitadas às conquistas.

O Cruzeiro assegurou o título com duas rodadas de antecedência. No último fim de semana, a um jogo do término, o São Paulo garantiu o segundo posto. Além disso, Internacional e Corinthians preencheram as vagas brasileiras para a próxima edição da Copa Libertadores. Os únicos times realmente interessados na última rodada são Bahia, Palmeiras e Vitória – entre eles, apenas um vai evitar o descenso.

Bahia, Palmeiras e Vitória são as histórias óbvias da última rodada. Mas será que só os três farão jogos interessantes? Aliás, o Bahia fará uma partida com outro elemento relevante: será a despedida do meia Alex, do Coritiba, que vai encerrar a carreira após o término do Brasileirão.

Em menor escala, há uma briga interessante entre Internacional e Corinthians. Os dois times estão empatados em pontos e ainda postulam o terceiro lugar. A diferença entre isso e a quarta posição é a classificação direta para a fase de grupos da Libertadores – entre os dois, um será obrigado a disputar a etapa preliminar do torneio sul-americano.

A questão é: como promover os outros jogos? Por exemplo: como atribuir interesse ao duelo entre o rebaixado Botafogo e o Atlético-MG, campeão da Copa do Brasil e atual sexto colocado? Como valorizar o confronto entre Grêmio e Flamengo, dois clubes relegados ao meio da tabela?

Cada time que disputa a liga profissional de basquete dos Estados Unidos (NBA) faz mais de 80 partidas antes dos playoffs. Na segunda metade da temporada, muitos desses jogos são absolutamente desinteressantes para classificação. Ainda assim, os ginásios seguem cheios e barulhentos.

O primeiro ponto aqui é o formato de venda. Times da NBA vendem carnês para toda a temporada, coisa que ainda é pouco comum no Brasil, a despeito do crescimento dos planos de sócios.

A grande vantagem de vender carnês é assegurar renda de bilheteria por um longo período. O desafio, em contrapartida, é que o longo prazo não faz parte da cultura padrão de nenhum torcedor. Desenvolver esse tipo de coisa demanda um trabalho de convencimento – as pessoas precisam entender por que é importante que elas comprem ingressos para todas as partidas da temporada. Esse convencimento pode ser feito com comunicação incisiva ou com benefícios.

No Brasil, o que acontece é o contrário. O exemplo mais recente aconteceu na decisão da Copa do Brasil – Atlético-MG e Cruzeiro praticaram preços exorbitantes para os dois jogos do duelo vencido pela equipe alvinegra. A principal vantagem de vender ingressos pensando apenas no curto prazo é sobretaxar essas entradas nos momentos mais relevantes da temporada. Em vez de uma receita equilibrada durante todo o ano, as partidas mais importantes acabam pagando pelas que dão menos dinheiro.

Parece besteira, mas o modelo de venda praticado no Brasil é parte de um enorme problema. O país tem um campeonato de futebol disputado em pontos corridos, mas não pensa nas implicações disso ao se comunicar com o torcedor. Nós ainda falamos sobre “a chance de o time ser campeão” ou “a luta para evitar o rebaixamento” como se essas decisões fossem as únicas coisas relevantes na competição.

Falta no Brasil uma comunicação adequada ao formato de temporada do futebol. Falta algo que seja mais focado nas histórias e menos nas conquistas. A última rodada de um campeonato com quase tudo definido podia ser uma excelente oportunidade para isso.