O professor de Educação Física da Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa”, Eduardo Ribeiro, concluiu recentemente o curso de capacitação “Educar pelo futebol: meu time é nota 10”, realizado pela Universidade do Futebol e o Fundo das Nações Unidas para Infância – UNICEF, com o apoio da Fundação Barcelona.
Este programa de capacitação tem como objetivo transformar o futebol, um dos maiores símbolos da cultura brasileira, em instrumento para o desenvolvimento e proteção de crianças e jovens de todo país, que buscam a profissionalização no esporte. A metodologia oferece a possibilidade de compreensão e discussão sobre os riscos e as oportunidades presentes no dia-dia de meninos e meninas dentro das dependências dos clubes, escolinhas e projetos sociais.
Confira o texto na íntegra clicando aqui.
Mês: dezembro 2014
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Lições do exterior – Parte 2
Na continuação do Curso de Esporte nos EUA, realizado pela UNISUL, realizamos uma sequência muito positiva de jogos e visitas técnicas a arenas e estádios esportivos de Atlanta.
Na primeira parada, visitamos a Philips Arena, onde conhecemos suas estruturas e instalações antes do jogo da NBA entre Atlanta Hawks e Orlando Magic, na última sexta-feira (12). Conhecer o equipamento permitiu atestar toda a sua versatilidade e multifuncionalidade. Quanto ao jogo em si, tecnicamente, não pareceu dos melhores (apesar do meu parco conhecimento sobre basquete). Mas o espetáculo em torno de um “mero” jogo é realmente incrível. Sons, luzes, música, dança, animação… tudo é feito para que sempre aconteça algo em termos de entretenimento para o público presente.
Já no domingo (14) o dia foi dedicado ao futebol americano, no jogo entre Atlanta Falcons e Pittsburgh Steelers. Novamente, o espetáculo foi incrível. A qualidade da entrega é marcante. Antes do jogo existe um evento que é chamado de Tailgate, organizado pela própria franquia (no caso, o Falcons). Uma área fora do estádio é ocupada por patrocinadores (que oferecem inúmeras opções de entretenimento – desde autógrafo com ídolos do passado a pequenos jogos e música que dão direito a prêmios) e pelos próprios torcedores, que podem alugar um espaço para fazer a sua própria confraternização. O clima positivo do jogo já começa muito antes de ele iniciar de fato.
Segunda (15) e terça-feira (16) foram dias de visitas técnicas ao Georgia Dome (arena do Atlanta Falcons, onde vimos o jogo no dia anterior), Parque Olímpico e Turner Field. Este último foi o Estádio Olímpico nos Jogos de 1996 e desde então é a casa do Atlanta Braves, equipe profissional de beisebol.
Em suma, o que se percebeu destas experiências práticas é a criação de inúmeras atividades de entretenimento em torno do esporte, de modo a atender os diferentes públicos. Existem alternativas para tudo: das crianças, que podem se relacionar com os mascotes e as brincadeiras que são promovidas a cada instante; aos adultos, com música, inúmeras possibilidades de consumo em bares, lojas e restaurantes e espetáculos visuais.
Ainda estamos muito longe de uma entrega de melhor qualidade sobre a perspectiva do entretenimento. Por mais que a gente fale no Brasil sobre esse assunto, a distância é absurda. Um pouco por questões econômicas sim (não dá para repetir com tanta facilidade as entregas mais tecnológicas, por exemplo, que vemos nos mercados mais desenvolvidos). Mas muito por falta de investimento e de falta de compreensão sobre o potencial de retorno que ações e projetos mais consistentes neste campo podem resultar para as entidades esportivas…
(Continua…)
O dia 11 de dezembro ficou marcado por duas notícias antagônicas envolvendo duas das modalidades mais populares do esporte brasileiro. Nessa data, a liga profissional de basquete dos Estados Unidos (NBA) anunciou uma parceria comercial com a Liga Nacional de Basquete (LNB), que organiza o NBB. Além disso, o Banco do Brasil interrompeu o repasse de verba para a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) por causa de irregularidades na gestão da entidade. E o futebol, alheio a tudo isso, tem muito o que aprender com os dois exemplos.
O acordo entre NBA e LNB envolve gestão comercial, marketing e licenciamento. A liga dos Estados Unidos será responsável por toda a operação do NBB, principal torneio de basquete do Brasil – anteriormente, esse trabalho era desenvolvido pela TV Globo.
A troca diz muito sobre as estratégias de NBA e LNB. A Globo não era apenas uma parceira de mídia do basquete nacional; em vez disso, tinha status de sócia. Esse modelo era alicerçado no potencial de repercussão que a TV oferecia ao esporte, mas submetia a modalidade aos interesses da emissora.
Em outras palavras: ter a Globo como parceira comercial era interessante para o basquete porque oferecia a popularidade da TV ao esporte e às marcas que se associavam a ele. Em contrapartida, isso submetia a modalidade aos interesses da mídia. O exemplo mais claro disso sempre foi a exibição de partidas em rede aberta. Para estar ao vivo no principal canal do país, o NBB adotou horários complicados para o torcedor que vai ao ginásio e adaptou toda a operação de evento às necessidades da televisão.
Com a NBA, a LNB perde um pouco de penetração no mercado nacional e muda o foco de sua atuação comercial. A expertise da principal liga do planeta é indiscutível e tem um perfil distinto do que é desenvolvido pela Globo em qualquer seara.
“Na área de licenciamento, podemos ajudar bastante. Vamos trabalhar, por exemplo, o Jogo das Estrelas, que é importantíssimo nos Estados Unidos. Queremos que tenha um peso importante aqui”, exemplificou Arnon de Mello, chefe do escritório da NBA no Brasil, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”.
O fato de a NBA ter decidido se envolver na gestão comercial do basquete brasileiro também tem de ser analisado com cuidado. Isso tem tudo a ver com o potencial de mercado do país, que vivenciou uma ascensão econômica recentemente, inseriu mais gente no mercado consumidor e tem ampliado a relação com a cultura norte-americana.
A NBA enxerga o Brasil como um mercado com enorme potencial para consumir basquete dos Estados Unidos. Criar mais fãs da modalidade é um passo importante para que eles passem a acompanhar a principal liga do planeta, que é a norte-americana.
Outro ponto fundamental aqui é que a NBA entende a gestão comercial de outras ligas como uma unidade de negócio. Não é uma competição que se limita a faturar com patrocínios, placas ou venda de direitos de mídia. Em vez disso, eles vasculham o globo em busca de oportunidades de ganhar mais.
Agora faça um corte para o futebol brasileiro: como o futebol brasileiro ganha dinheiro? O que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) faz para ampliar a receita do Campeonato Brasileiro e levar o torneio a mais mercados? Qual é o plano estratégico para aproveitar o potencial da maior competição do país que tem mais títulos mundiais?
Essa é uma discussão sobre gestão, mas ela passa fundamentalmente pela estratégia de comunicação. O futebol brasileiro prescinde de um olhar estratégico para outros mercados, mas também negligencia um trabalho sobre a própria imagem. A NBA mostrou eficiência nas duas coisas ao fechar com o basquete brasileiro.
No Brasil, infelizmente, a gestão é mais CBV do que NBA. O voleibol brasileiro está afundado em escândalos desde a publicação de uma série de reportagens da “ESPN Brasil” sobre a má gestão da entidade que comanda a modalidade no país. Na quinta-feira, depois de as denúncias terem sido confirmadas por um relatório da CGU (Controladoria Geral da União), o Banco do Brasil interrompeu pagamento de patrocínio à instituição.
O relatório do CGU levantou suspeitas sobre pelo menos 13 contratos assinados pela CBV. O processo de apuração envolve de forma ampla a gestão da entidade – há indícios de desvio até de parte da premiação dos atletas nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, por exemplo.
Na sexta-feira (12) e no sábado (13), jogadores de vôlei que disputam a Superliga entraram em quadra com narizes de palhaço para protestar. Também houve uma série de protestos em redes sociais por causa das denúncias.
Os problemas da CBV são extremamente graves e devem ser tratados assim, mas a reação às denúncias tem sido amplificada pela condução da comunicação da entidade. Não há um processo eficiente de gestão de crise – em vez disso, há silêncio e manifestações efusivas de atletas, técnicos e todos os principais porta-vozes do esporte.
O episódio do vôlei mostra a necessidade de uma comunicação interna eficiente, que envolva na gestão todas as pessoas que participam do dia a dia. E também escancara a relevância de uma ação pró-ativa para conter crises.
A CBV precisa reagir. A CBV precisa abrir efetivamente a caixa-preta da entidade, mostrar o tamanho dos problemas e defenestrar os responsáveis. A credibilidade do voleibol depende disso.
No último fim de semana, em entrevista ao “UOL Esporte”, o ponteiro Murilo demonstrou exatamente essa preocupação. O jogador da seleção brasileira disse torcer para que o escândalo não abale a credibilidade do voleibol nacional.
Aqui entra uma comparação importante com a CBF: quando ainda presidia a CBF, Ricardo Teixeira deu uma célebre entrevista à revista “Piauí”. Disse que podia fazer “maldades” e mostrou absoluto desprezo sobre a opinião pública.
A condução da gestão da CBF tem tudo a ver com isso. A entidade sempre se baseou num amor inato que a população brasileira tem pelo futebol. Não há um trabalho para conquistar novos públicos ou sequer para burilar a imagem da instituição.
O futebol brasileiro tem potencial para ser mundialmente o que a NBA é para o basquete. Infelizmente, porém, os dirigentes preferem ser referência apenas quando o assunto é escândalo.
Num artigo publicado recentemente, um grupo de autores (Silva et al., 2014) avaliou o impacto da relação numérica nos comportamentos adaptativos em esportes coletivos, especificamente o futebol, entre os elementos da própria equipe, entre as equipes e dentro da própria equipe.
No estudo foi analisada a influência do nível de habilidade (jogadores de nível nacional e regional) avaliando a divisão do trabalho, a dispersão das equipes, o posicionamento médio e a distância da equipe de locais específicos, como as linhas de força do adversário e também a distância da própria meta.
O experimento foi realizado com 3 jogos para cada um dos grupos de jogadores. Cada jogo era realizado por um período de 6 minutos a partir das seguintes configurações numéricas: 5 vs 5+GR, 5 vs 4+GR e 5 vs 3+GR. A equipe que jogou sempre com 5 jogadores atacava uma meta de 6m x 2m e a equipe que perdeu jogadores ao longo das séries atacava 3 mini-gols de 1,2m x 0,8m, como ilustra a figura a seguir:
As dimensões do campo eram de 47,3m de comprimento por 30,6m de largura. Após cada série e devido tempo de pausa, um jogador de linha da equipe que possuía goleiro (na imagem, identificada de azul) saía do jogo seguinte. Todos os jogadores, com exceção do goleiro foram rastreados através de GPS.
A única pontuação da atividade era marcar gols, com peso equivalente tanto no alvo maior como nos mini-gols.
Em linhas gerais, os seguintes resultados foram observados: os perfis de deslocamento da equipe que jogou com o mesmo número de jogadores foram semelhantes em todos os jogos enquanto a equipe que terminou com somente 3 jogadores de linha aumentou significativamente tanto a distância percorrida como as corridas em alta intensidade.
Em inferioridade numérica, os jogadores de nível nacional ocuparam de maneira mais racional o terreno de jogo, assumindo uma forma mais circular. Já os jogadores de nível regional assumiram formas mais ovais, indicando maiores distâncias percorridas em comprimento do que em largura e, de acordo com o artigo, menor compreensão tática.
Ambos os grupos de jogadores em inferioridade diminuíram as suas dispersões quando comparados ao primeiro jogo, calculadas pela distância dos jogadores ao centro da equipe. Porém, os jogadores de nível nacional apresentaram maior índice de estiramento, refletindo a habilidade de se espalhar e cobrir a largura do campo quando em desvantagem.
Independentemente do nível de habilidade, jogar em inferioridade numérica aproximou o centro da equipe do próprio gol. Já o adversário subiu no terreno e ficou mais distante das próprias metas e mais exposto aos contra-ataques.
O último dado fornecido diz respeito às linhas de força das equipes, que se relaciona com os dados supracitados. A linha de força defensiva do time em inferioridade se aproximou da linha de força ofensiva da equipe com 5 jogadores, pois o ataque pressionou mais a defesa adversária. Além disso, a própria defesa aproximou-se dos atacantes para evitar a finalização. Em contra partida, a linha de força ofensiva da equipe em inferioridade distanciou-se da linha de força defensiva da equipe que não sofreu alterações numéricas.
O placar dos jogos foi favorável para a equipe com goleiro somente durante o primeiro jogo. Nos outros quatro jogos (2 para cada nível de jogadores) os resultados foram de um empate e uma derrota para cada equipe.
Os resultados do estudo mostram apontamentos importantes que devem ser considerados durante o planejamento de atividades ao longo de um microciclo de treinamento. Na próxima semana discutiremos a partir das tendências apresentadas em inferioridade ou superioridade numérica, a modificação de regras do jogo que, consequentemente, geram alterações na Lógica do Jogo.
Alterar o número de jogadores geram adaptações nos comportamentos dos jogadores, no entanto, a manipulação de regras pode potencializar as referidas adaptações.
Até a próxima semana!
Encerrada a temporada do futebol, os holofotes desportivos se voltam para os bastidores.
Dentre as contratações e negociações dos clubes, tem ganhado destaque os debates sobre o projeto de lei de responsabilidade fiscal do esporte que pretende trazer transparência na execução do dinheiro gasto pelos clubes e renegociação das dívidas, dentre outros pontos.
Nesta semana, Governo, Bom Senso FC e Dirigentes realizaram reuniões a fim de superarem as divergências a fim de que o projeto possa ser votado ainda este ano.
A primeira grande divergência diz respeito ao prazo de refinanciamento das dívidas fiscais, eis que os clubes pretendem fazê-lo em 25 anos e o Governo não quer ultrapasse 17.
A tendência é que as partes cheguem a um meio termo de 20 anos com o pagamento de uma entrada.
O valor desta entrada é outro ponto divergente, pois os dirigentes asseguram que os Clubes não dispõem de valores significativos para tal, o que inviabilizaria o financiamento.
Além das discussões específicas sobre o refinanciamento, os dirigentes pretendem pegar carona no projeto de lei para alterar alguns pontos na Lei Pelé.
Dentre os anseios dos clubes está a redução da idade para contratação de jogadores de 16 para 8 anos.
Tal medida é, de fato, indispensável para estimular a formação de novos atletas, já que traria maior segurança aos clubes.
Vale destacar que a tão comentada Seleção Alemã formou a atual geração campeã do mundo em centros de treinamento com crianças.
A grande questão é o entrave constitucional a esta redução, uma vez que a Constituição Brasileira somente autoriza o trabalho dos maiores 14 anos e, ainda assim, somente como aprendizes.
Doutro giro, apesar das divergências, algumas questões foram dirimidas como a não limitação de gastos com futebol profissional em 70% e à aplicação de uma punição gradual aos times que não honrarem pagamentos de salários, direitos de imagem e dívidas com o governo que iniciaria—se com um alerta e poderia culminar no rebaixamento.
Os temas debatidos no projeto de lei de responsabilidade fiscal no esporte são de extrema relevância e nos enche de boas expectativas. Aguardemos.
Em 1806, o poder militar prussiano foi esmagado pelos exércitos de Napoleão. Diante de tamanho desastre, o que fez o rei da Prússia? Concluiu, ruminando tristeza, que uma derrota de tão vastas consequências só podia significar uma grande ignorância, por parte dos derrotados. E não perdeu muito tempo: decidiu imediatamente criar uma universidade de um tipo novo, que teria, obrigatoriamente, como alunos, os próximos e futuros responsáveis pela administração e pelas forças armadas do país… para que se atualizassem! Assim nasceu, em 1810, em Berlim, a universidade-piloto do século XIX europeu. Uma lição que poderá invocar-se, quando se escutam, depois dos jogos, os treinadores e os dirigentes das equipas, com resultado desfavorável.
Infelizes, ressabiados, indignados, sempre que juntam duas ideias é, quase sempre, para condenar o árbitro, o principal culpado, presumem eles, da derrota dos seus clubes. Que graves erros se acoitem na direção, ou na equipa técnica, ou nos jogadores são ideias em que não pensam, nem lhes interessa pensar. Contentam-se com um fundamentalismo clubista, que descobre inimigos, no céu e na terra e… na arbitragem!
A suspeita de outras dimensões capazes de explicar os inêxitos das suas equipas são temas que não lhes polarizam a atenção. O Vítor Serpa, com a alma e a eficiência dos fundadores d’A Bola, escreveu este sugestivo texto, no dia 1 de Novembro de 2014: “Lopetegui tem-se mostrado um treinador promissor e um cidadão civilizado. Teve um começo curioso, procurando impor a sua personalidade, a sua visão, o seu conceito de futebol. As suas declarações também mostravam um ser humano criativo e inteligente. No entanto, havia quem o acusasse de não ser um treinador à Porto. Agora já é. Sem qualquer razão que o justificasse. Lopetegui veio a píblico dizer esta preciosidade: Juntos seremos mais fortes, contra tudo e contra todos.
É a velha fórmula quixotesca de arregimentar quam se decida lutar, contra moínhos de vento. Contra tudo e contra ninguém”.Miguel Real, em assomo de penetrante sagacidade, escreveu, no seu último livro, O Futuro da Religião (Vega, Outubro de 2014): “O fundamentalismo religioso consiste no ato mental de passagem de uma religião, animada pela fé, a uma religião animada pela alucinação mental” (p. 49). Também o fanatismo clubista é, como se sabe, uma “alucinação mental” e, por isso, o problema de saber-se qual o lugar das ideias, num contexto clubista, tem uma importância chave, sempre que se pensa no desenvolvimento de uma qualquer modalidade desportiva. Se bem penso, nos dias que correm, um departamento de futebol deveria assemelhar-se e uma equipa pluridisciplinar, liderada logicamente por um treinador de futebol.
No desporto do futuro, a interdisciplinaridade será uma exigência, mormente no desporto de alta competição, tendo em conta uma prática informada dos seus treinadores. Um cientista, sedento de fama e de honrarias, isolado no seu laboratório, não atingiria nunca as culminâncias do génio criador porque só em grupo, solidariamente e à luz de um projeto interdisciplinar tal será possível.
Há vários tipos de interdisciplinaridade que não é possível analisar-se, aqui e agora. “Grosso modo”, a interdisciplinaridade segue os passos seguintes: encontro entre especialistas de diversas disciplinas que estudam paralelamente o mesmo problema; comunicam entre si os resultados obtidos; elaboram, por fim, avaliados os resultados e os métodos de cada uma das disciplinas, um relatório comum.
A interdisciplinaridade não nos permite dissociar a teoria da prática, já que, verdadeiramente, é a prática que se pretende enriquecer ou transformar. “A pesquisa interdisciplinar faz apelo, pois, a diversos pesquisadores a fim de que, debruçando-se cada um sobre um mesmo problema, na linha da sua especialidade, decorra de seus saberes, reunidos e integrados, um conhecimento mais completo e menos unilateral” (Hilton Japiassu, Interdisciplinaridade e Patologia do Saber (Imago Editora, Rio de Janeiro, p. 88). Partindo do pressuposto que o futebol (como o desporto, em geral) é um dos aspetos da motricidade humana e que nos situamos portanto no âmbito das ciências humanas, será de estabelecer-se depois a metodologia do interdisciplinar, constituindo-se uma equipa de trabalho de especialistas de várias áreas do conhecimento – mas especialistas que gostem do futebol e, nas suas linhas gerais, o conheçam, para que não se descambe na situação absurda e singular de um estudo sobre o futebol não ter em conta os factos e os acontecimentos que o futebol segrega, mas tão-só o jogo metafísico das ideias. Com isto, não digo que a um “agente do futebol” não interesse a leitura de um Dante, ou de um Dostoievsky, ou de um Dickens, ou de um Vieira, ou de um Camões, ou de um Pessoa (estes três últimos escritores os nomes maiores, no meu entender, da literatura portuguesa). Mas que não se tente resolver os problemas do futebol, teorizando tão-só. É que, para mim (e há muitos anos já) quem só teoriza não sabe.
Em 1977, escrevi eu um livrinho, editado pela Compendium, A Prática e a Educação Física, onde pode ler-se: “De facto, a unidade prática-teoria constitui uma totalidade em que à prática assiste papel fundamental, pois é nela que se reconciliam e interfecundam o objectivo e o subjectivo (…). A prática, sem teoria, é cega – para pouco serve; a teoria, sem prática, definha no idealismo mais concêntrico – para nada serve” (p. 15). Em 1991, publiquei A Pergunta Filosófica e o Desporto, também editado pela Compendium, e reforcei esta mesma ideia: “é especialista em futebol quem o pratica e o teoriza para praticá-lo melhor” e portanto importa: “radicar a teoria na prática; acompanhar a prática de teoria; teorizar, para perspetivar e antecipar uma nova prática” (p. 51). A vida (e o futebol é vida) não é tanto um problema intelectual que é preciso resolver, mas uma situação que é preciso viver, para poder transformar-se.
Não tenho dúvidas que, para formular-se um problema, importa antes conhecer o todo donde esse problema nasce. E, no todo, porém, há mais do que desporto e mais do que tecnociência e mais do que filosofia e mais do que arte. Daí, a necessidade imperiosa da cooperação interdisciplinar, entre saberes vários, no mundo irradiante e complexo do desporto de alta competição, onde o futebol se movimenta. Daí, a necessidade também de um líder da equipa interdisciplinar (no futebol, o treinador principal) que não desconheça a complementaridade, entre as diversas áreas do saber e se mostre capaz de liderar a superação do fracionamento disciplinar, rumo a uma nova síntese. É o conhecimento integrado do futebol (ou de qualquer outra modalidade desportiva) que pode assegurar não só um clarão fulgurante de reflexões, mas também uma revolu&
ccedil;ão científica, que consagre o desporto (e portanto o futebol) como autonomia disciplinar.
Com a interdisciplinaridade, há um enriquecimento evidente de uma área disciplinar. Um estudo do futebol, por exemplo, que não se interesse senão pelo que é específico do futebol aproxima-se, a passo estugado, da ignorância. São os “agentes do futebol” que sabem, pelo seu saber de experiência feito, o que é o futebol. Ninguém pode preconizar, no âmbitio do conhecimento científico, que as fronteiras de uma disciplina se esfumem, se diluam. No entanto, o seu progresso não se realiza, sem a colaboração doutras ciências. Um facto indiscutível, indiscutido, na epistemologia hodierna. Tudo o que é humano faz parte de um universo inacabado e em génese. Tudo, incluindo o futebol!
*Manuel Sérgio é antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.
Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.
Observando alguns elencos individualmente, talvez não tivéssemos condições de apontar quais seriam os melhores, em termos de resultado coletivo, nesta temporada que se encerra. Por que será que muitas vezes a montagem de um elenco com atletas que não eram titulares absolutos em suas equipes anteriores, geram um resultado tão expressivo em outro clube juntamente com outro grupo de jogadores?
Como alternativa para reflexão sobre esta pergunta, compartilho com vocês os cinco desafios da liderança para nosso conhecimento. Ainda ao contrário do que muitos de nós pensamos, o trabalho em equipe continua sendo uma vantagem competitiva, devido ao seu potencial de impacto positivo no desempenho coletivo de qualquer equipe, seja ela de futebol ou não.
Patrick Lencioni, em seu livro “Os 5 Desafios das Equipes”, nos fornece quais são os desafios a serem superados para a construção de uma equipe de alto desempenho, bem como faz algumas indicações sobre qual caminho a seguir para superar esses desafios.
Aqui quero focar apenas em esclarecer brevemente quais são os desafios e com isso inspirar reflexões sobre o tema, já que estamos iniciando uma nova temporada e de alguma forma este tema pode ser útil para quem se interesse em superar os desafios na montagem de novas equipes.
O primeiro desafio a superar é a ausência de confiança entre os membros da equipe. Os membros da equipe que não são genuinamente transparentes e sinceros uns com os outros, principalmente em relação aos seus pontos a melhorar, acabam por tornar impossível a construção de bases sólidas de confiança dentro do grupo.
O fracasso em se conseguir construir esta relação de confiança é muito prejudicial, pois abre o caminho para que o segundo desafio apareça na equipe: o medo do conflito. As equipes aonde não existem a confiança, tornam-se incapazes de se envolver no debate franco de ideias em busca por soluções dos seus problemas.
A ausência de conflito saudável pode ocasionar o aparecimento do terceiro desafio que é a falta de comprometimento. Pois os atletas sem poder colocar suas opiniões durante uma discussão acabam por aceitar as decisões alheias, sem debater sobre o fato e no fundo acabam fingindo que concordaram com a alternativa e raramente se comprometem em realmente fazer o que foi combinado.
A falta deste comprometimento real cria nos atletas da equipe o hábito de evitar a responsabilidade, configurando-se aí o quarto desafio a ser superado. Sem um comprometimento verdadeiro, os atletas chegam ao ponto inclusive de até evitar chamar a atenção dos colegas em casos de comportamentos que geram mal-estar na equipe ou em situações nas quais um colega não se responsabilizou por determinada ação que era de sua responsabilidade executar em campo ou fora dele.
O simples fato de não conseguirem chamar uns aos outros às suas responsabilidades gera o ambiente adequado para que o quinto desafio se materialize na equipe a falta de atenção aos resultados. Isso acontece e podemos perceber facilmente, pois o atleta neste momento tende a colocar suas necessidades individuais acima das metas coletivas da equipe.
Podemos concluir que caso algum elo desta corrente quebre todo o relacionamento da equipe se fragiliza e as disfunções aparecem, tornando-se os desafios a serem superados para que a equipe passe a ter um bom relacionamento e com isso se gere uma contribuição para um melhor desempenho coletivo.
Cabe lembrar também que no momento em que as disfunções ou desafios são superados nós temos um reflexo extremamente positivo no grupo uma vez que, todos passam a confiar uns nos outros, envolvem-se genuinamente nos conflitos saudáveis em busca por melhores soluções para seus problemas, comprometem-se com as decisões tomadas e os planos definidos, assumem e chamam uns aos outros para a responsabilidade quando algo não sai como deveria e consequentemente se concentram na realização dos resultados coletivos.
Então fica a sugestão do tema para os clubes que iniciarão neste momento a montagem de suas equipes para a próxima temporada, superem seus desafios e tenham um ótimo desempenho coletivo dentro e fora do campo.
Até a próxima.
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Lições do exterior – Parte 1
Preparei três textos em sequência para debater e colocar alguns pontos de vista sobre o mercado esportivo dos EUA que podem ser úteis para o contexto do esporte no Brasil. São situações e constatações gerais e aplicáveis, que levam em conta tão somente processos que não demandam grandes investimentos ou a aplicação de tecnologias que não temos tanto acesso no país. São, a bem da verdade, um conjunto de propostas de pequenas mudanças de pensamento ou ajustes culturais para podermos ter uma indústria esportiva mais forte.
As ideias são provenientes de um curso promovido pela UNISUL (de Florianópolis), que trouxe para os EUA estudantes e profissionais para um ciclo de palestras e visitas a universidades e equipes de ligas profissionais, em um período de 15 dias (de 06 a 20-dez), a qual estou participando. Nestes primeiros dias tivemos duas palestras com o Professor Dr. Mauro Palmero, brasileiro radicado nos Estados Unidos, que recebeu o grupo no Campus da East Tennessee State University, em Johson City.
Além das excelentes visitas nas ótimas instalações esportivas da universidade, que disputa competições da NCAA, e do Bristol Speedway, pista de corrida que recebe provas da Nascar, tivemos debates e palestra sobre o modelo esportivo dos EUA, do sistema de esporte universitário e das ligas profissionais.
Desta última, além da apresentação sobre o funcionamento de alguns mecanismos de equilíbrio competitivo, da forma de comercialização de ingressos e dos direitos de transmissão de algumas ligas, que apresentam números robustos quando comparados a qualquer outro mercado, destaco uma frase dita algumas vezes pelo Prof. Palmero que talvez traduza muito bem a cultura destas competições: “A Liga é tão boa quanto o pior time dela”.
A simples frase resolve muitos dos problemas de tentativa de definição de porte e qualidade de muitas competições no Brasil. Quer isso dizer que o Campeonato Brasileiro da Série A de 2014 é tão bom quanto o “Criciúma EC”. O Campeonato Paulista do mesmo ano é tão bom quanto o “Paulista de Jundiaí”.
As equipes, ao entrarem em uma competição, precisam disputá-la com equipes de um mesmo nível técnico para que o produto possa ser atrativo. Este é um conceito sacramentado no ambiente de negócios do esporte. Se nem todas as equipes tem o mesmo nível técnico, existem duas alternativas plausíveis: (1) que se tente um equilíbrio competitivo através da distribuição mais equitativa de recursos (financeiros, técnicos, estruturais etc.); ou (2) que se retire as equipes que não tem a capacidade de competir com as maiores.
Quer isto dizer que, enquanto não trabalharmos para a qualificação de todas as equipes para que desenvolvam melhor seus negócios e o seu conteúdo esportivo, teremos não só um abismo enorme entre as equipes mais estruturadas ante as equipes de menor porte (que, é bom que se diga, existem em qualquer contexto do mundo), mas, principalmente, um produto geral de qualidade duvidável.
Eis uma barreira importante para o passo que queremos dar no esporte dito profissional no Brasil. Para falarmos mais claramente sobre negócios é preciso encontrar um equilíbrio com o viés esportivo. Esta é a grande chave para o nosso desenvolvimento…
(Continua…)
Itaú, Bradesco, Skol, Banco do Brasil, Brahma, Natura, Petrobras, Antarctica, Vivo, BTG/Pactual, Cielo, Casas Bahia, Lojas Americanas, Renner e Hering. Segundo estudo feito pela consultoria Interbrand, essas são as 15 marcas mais valiosas do Brasil em 2014. Sabe o que mais elas têm em comum? Nenhuma delas aparece no uniforme de grande equipe do futebol brasileiro. No ano em que o país recebeu a Copa do Mundo, o Campeonato Brasileiro termina com uma crise de patrocinadores. Afinal, é apenas culpa do mercado?
No futebol brasileiro, os patrocínios (não apenas os que aparecem no uniforme) representam uma média de 20% da receita dos clubes. É um cenário diferente da Europa, onde essa fonte responde por mais de 30% do total, mas ainda é algo com papel preponderante para o cotidiano das equipes.
E quem patrocina os clubes no Brasil? Entre as principais marcas do país, apenas a Brahma mantém investimentos consistentes em times. Ainda assim, a cervejaria faz isso de forma indireta, via programa de sócios.
Em contrapartida, clubes como Palmeiras, Santos e São Paulo terminarão 2014 sem um patrocinador máster. Outras equipes de peso, como Atlético-PR, Corinthians, Coritiba, Figueirense, Flamengo, Vasco e Vitória, só estão fora desse grupo porque recebem investimento da Caixa Econômica Federal.
Em tempo: a Caixa é um banco de origem estatal, mas disputa mercado com entes privados. Portanto, é lícito que invista em clubes que representem retorno estratégico de marca e que auxiliem a consolidação da marca. O patrocínio é visto por muitos como privilégio de recurso público para algumas equipes, mas é justo que seja norteado pelo mercado.
No futebol brasileiro, os patrocínios estão ligados a paixão clubística (como o caso Unimed-Fluminense) ou a estratégias pontuais (como o plano da Caixa, que é extenso e recente). É um mercado dominado por marcas que buscam mercados específicos ou que tentam consolidar o nome.
A temporada 2014 ficou marcada pelos novos estádios. Na esteira da Copa do Mundo, foi o ano em que o Brasil recebeu arenas e começou a conviver com um novo padrão de espaço para receber o futebol profissional. Isso também potencializou a receita de bilheteria e aumentou o peso dessa fonte no total do faturamento para muitos clubes.
Entretanto, o futebol brasileiro ainda não evoluiu em segmentos muito necessários, e a relação com patrocinadores está nesse grupo. A ausência de grandes marcas nas camisas dos principais clubes tem relação direta com o tratamento dado às empresas que se aventuram no meio.
Os grandes patrocinadores não estão no futebol brasileiro também porque clubes e federações não têm planos consistentes para devolver esse investimento e mostrar isso.
Questionados sobre isso, clubes culparam a Copa do Mundo pela ausência de patrocinadores em 2014. A tese é que as principais marcas concentraram investimentos no Mundial e “fugiram” das equipes locais.
Ainda que essa concentração tenha acontecido, ela não pode ser suficiente para que os investimentos em clubes sumam. Se o retorno for comprovado e bem estruturado, as marcas podem ampliar aportes ou abrir espaços para concorrentes.
Não faltam recursos e não falta disposição. O poder do futebol brasileiro como mercado é indiscutível. A questão então é: por que as grandes marcas não conseguem aproveitar todo esse potencial? Com tantos amantes de futebol, por que o Brasil não tem o maior mercado do planeta?
O Brasil tem 200 milhões de habitantes, e o futebol é uma paixão comum para a imensa maioria. Mas quantos são efetivamente consumidores de esporte? Quantos gastam dinheiro nessa seara, com jogos, produtos oficiais ou experiências?
Tudo isso faz parte de um cenário complexo e que tem a ver com a comunicação. O futebol brasileiro tem pouco valor estratégico porque tem dificuldade para entender objetivos das marcas e transmitir a elas o retorno obtido.
O futebol brasileiro também tem um mercado instável porque se apoia pouco em bons personagens. Na Espanha, por exemplo, o duelo entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi tem polarizado o campeonato nacional e ajudado a ampliar a repercussão. São feitos atrás de feitos, numa proporção que até rivaliza com as histórias do próprio torneio.
No Brasil, estrelas não têm tempo para conquistar tanto. Tampouco há um trabalho para que os personagens sejam valorizados (e esse trabalho é negligenciado por clubes, entidades e até pelos parceiros de transmissão).
A temporada 2014 podia ter sido um marco para o futebol brasileiro. A Copa do Mundo voltou ao país, que já havia sediado o torneio em 1950, e encontrou um cenário bem diferente. Podia ter sido a consolidação de um processo de amadurecimento e desenvolvimento.
Entretanto, o futebol brasileiro termina o ano precisando repensar as coisas que estão acontecendo aqui. Num dos momentos mais importantes de sua história, o país não consegue ser relevante para as marcas e ainda não sabe como contar boas histórias aos consumidores.
Que o fim da temporada futebolística seja também um momento para o futebol brasileiro repensar. É fundamental que isso seja feito.
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A Série B ainda não acabou
O Campeonato Brasileiro da Série B terminou neste final de semana com o acesso de Joinville, Ponte Preta, Vasco e Avaí. O América-MG fez uma campanha excelente, mas não conseguiu o acesso por ter perdido seis pontos em razão da escalação irregular de atleta.
Entretanto, a mesma Justiça Desportiva que retirou o América da Série A do próximo ano, pode lhe devolver a vaga.
Isto porque o Icasa será julgado no Pleno do STJD por ter entrado na Justiça Comum no início do ano, antes de esgotar as esferas desportivas e reivindicar a vaga na Série A 2014 por uma suposta irregularidade no Figueirense, quarto colocado na Série B de 2013.
A Fifa, em seus estatutos, veda expressamente a utilização da Justiça Comum para solução de conflitos e prevê penas severas para a inobservância de tal dispositivo.
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva, por sua vez, prevê no seu artigo 231 a pena de multa e exclusão do campeonato nos casos em que o clube pleiteie perante o Poder Judiciário questões referentes à disciplina e competições, antes de esgotadas todas as instâncias da Justiça Desportiva.
Na primeira instância da Justiça Desportiva, o Icasa foi punido com a pena de exclusão da competição e somente disputou a Série B graças a um efeito suspensivo concedido quando da interposição de recurso.
O recurso preparado pela equipe cearense será julgado na próxima quinta-feira pelo Pleno do STJD.
Na hipótese de ser mantida a eliminação do Icasa, não há previsão legal sobre a forma de aplicação da penalidade, mas a tendência é que todos os resultados da equipe cearense sejam desconsiderados e, com isso, o América seria o quarto colocado na competição e ascenderia à Série A de 2015.
Se por um lado eventual a eliminação do Icasa traria certa sensação de injustiça ao Avaí/SC, que conquistou o acesso na última rodada, após vencer o Vasco, o STJD acabaria por restabelecer a classificação obtida pelo América em campo, já que o clube mineiro só não se classificou para a Série A em razão dos seis pontos retirados pela própria Justiça Desportiva.