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Futebol: Um Negócio da China?

Depois que Mano Menezes assumiu o Cruzeiro, o clube saiu de uma periclitante situação e quase conquistou uma vaga para a Libertadores.
Aliás, tem se falado do Tite, mas o trabalho realizado por Mano Menezes no Cruzeiro foi tão incrível que deixou a torcida animada com 2016.
Entretanto, o treinador celeste recebeu uma proposta milionária e irrecusável de um clube chinês e deixará o Clube. Situação semelhante foi vivida pelo Atlético em 2013, quando Cuca, pouco antes do Mundial de Clubes, acertou sua ida para a China.
Mano Menezes irá se juntar a uma série de treinadores, caso de Felipão, que trabalham no “novo eldorado” do futebol mundial.
Criada em 2004, a Superliga Chinesa tem sido sucesso de público com uma média superior a 22 mil torcedores por partida.
Além disso, a Superliga Chinesa tem faturado alto com patrocinadores que, inclusive, fazem o “naming right” da competição.
Os salários pagos pelos clubes chineses têm sido muito maiores do que os oferecidos na Europa. Assim, muitos dos jogadores mais bem pagos do mundo estão atuando na Superliga Chinesa, como são os casos de Diego Tardelli e Ricardo Goulart.
Tal sucesso é fruto de uma administração profissional e na atenção ao conforto exigido pelos torcedores.
Dessa maneira, o Brasil começa a perder seus craques e grandes treinadores não mais para os gigantes europeus, mas para a jovem liga chinesa.
A China está dando um show fora das quatro linhas e não será surpresa se, em breve, clubes chineses começarem a dar trabalho no Mundial de Clubes.

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Ministério e Universidade do Futebol promovem seminário para discutir plano diretor do futebol

O secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Rogério Hamam, participou nesta quarta-feira (02/12), em São Paulo, do Seminário de Avaliação do Futebol Brasileiro, promovido pelo Ministério do Esporte e pela Universidade do Futebol. Cerca de 80 convidados, dentre ex-jogadores, técnicos, pesquisadores, juristas, jornalistas e representantes de instituições ligadas à modalidade, participaram dos debates para avaliação do setor e elaboração de um plano diretor do futebol, que irá propor estratégias para o desenvolvimento do futebol.
Os participantes foram divididos em dez grupos para analisar o cenário atual e pensar as possibilidades de melhorias para o esporte. Foram abordados temas como calendário, controle orçamentário, legislação e perspectivas do futebol. Ao final do encontro, todas as ideias foram apresentadas e serão encaminhadas como sugestões para a elaboração do plano diretor.
Confira o texto na íntegra clicando aqui

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A judicialização do esporte

Por vezes, a grande maioria dos debates em torno da gestão do esporte se dá pelo questionamento sobre o dinamismo das entidades esportivas no sentido de promover e desenvolver suas atividades em parâmetros mais próximos do mercado de entretenimento. O que vemos é um ambiente extremamente burocratizado, em que as entidades colocam em prática processos morosos de trabalho no seu contexto de gestão.
Fiz uma pesquisa rápida para identificar o perfil dos presidentes dos 20 clubes da Série A para verificar se poderíamos encontrar algum indício dos “porquês”. Fiquei restrito à profissão (e, aqui, cabe um GIGANTESCO PARÊNTESES: não pretendo defender reserva de mercado para a Profissão A em detrimento à Profissão B. Acredito em competências e, por conta disso, independente da formação básica, o que importa na condução de uma organização está ligado muito mais com a inteligência de gestão do que propriamente com o nível de graduação ou especialização acadêmica).
No entanto, o que chamou a atenção foi que 65% dos presidentes (ou 13 em 20) têm formação na área do direito. O número chama muito a atenção, especialmente para uma reflexão sobre como são os processos de condução ao poder, que é sabidamente extremamente regulamentado.
Essa constatação, a bem da verdade, não é nova. Muitos artigos científicos atestam sobre um perfil similar em muitas entidades de prática ou administração do esporte. A grande questão é: para avançarmos com as mudanças necessárias, tão propaladas por inúmeros especialistas, será que não estamos esbarrando em organizações fortemente amparadas por procedimentos jurídicos? Para mudar, precisa de mais leis ou mais projetos e ações? Quem está apto a fazer, propor e implementar os melhores projetos e ações em prol do futebol?
As dúvidas ficam no ar justamente para gerar melhores reflexões e debates. Não parece haver resposta pronta, certa ou errada. O fato é que necessitamos de uma discussão bem mais profunda, com boa base analítica, para poder contribuir com o alcance de todo o potencial de negócios que se vislumbra no futebol brasileiro.

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Lições da carta de despedida de Kobe Bryant

A aposentadoria de um grande nome do esporte é sempre um momento significativo. Em poucas vezes, contudo, o ocaso de uma estrela é tão didático quanto o de Kobe Bryant, 37. O astro do Los Angeles Lakers, time que disputa a NBA (liga profissional de basquete dos Estados Unidos), anunciou no último domingo (29) que vai deixar as quadras depois da atual temporada, a 20ª dele como profissional. E o esporte brasileiro tem muito a aprender com isso.
Bryant escolheu para o anúncio um site chamado “The Players Tribune” (“A tribuna dos jogadores”, em tradução livre). Criado por Derek Jeter, ex-atleta do New York Knicks, o portal tem propósito de estreitar a distância entre os esportistas profissionais e seus fãs. Não é preciso fazer uma leitura aprofundada para notar a qualidade dos textos, quase todos escritos em primeira pessoa.
Agora tente imaginar um produto similar no Brasil. Quais atletas poderiam escrever textos pessoais e pertinentes sem cair no discurso laudatório dos “boleiros” que têm dominado a TV fechada no país?
A formação de atletas no Brasil negligencia fortemente o senso crítico e a relação com o público. Há iniciativas de patrocinadores ou de equipes de comunicação, mas faltam projetos mais abrangentes e amplos. Neymar apoiou o candidato Aécio Neves na última eleição presidencial (e aqui não entra qualquer julgamento sobre a escolha), mas quais foram as reais contribuições que o jogador de futebol deu para qualquer discussão? O mais próximo que ele chegou disso foi dizer que não se considera negro.
Atletas são jovens, e jovens podem não ter o discernimento necessário para se posicionarem sobre diferentes temas. No entanto, se não houver um suporte adequado, a idade será sempre apenas uma desculpa para a falta de cultura ou de perspectiva de mundo.
Afinal, quais são os atletas brasileiros que têm visão crítica sobre o mundo atual? Quais falam sobre política ou conseguem aproveitar o potencial de influência que o esporte oferece para transformar de alguma forma positiva a sociedade em que estão inseridos?
Não é apenas uma questão de perfil, de falta de fórum ou de eles não serem as pessoas mais indicadas. A discussão é: quais atletas são preparados para isso? Quais conseguem usar o poder de influência para algo maior do que vender calçados ou disseminar cortes de cabelo?
O site escolhido por Kobe é apenas parte da lição que ele ofereceu. O maior ensinamento, na verdade, é o teor da carta. O jogador fez uma declaração de amor ao basquete, esporte que escolheu como meio de vida. É um texto contundente, extremamente emotivo, que mostra claramente o quanto aquilo é relevante para ele.
E aí cabe mais uma comemoração com o esporte brasileiro: quais atletas são tão apaixonados pelo esporte que praticam? Quais conseguem demonstrar tão claramente esse amor e usam isso para incentivar outros praticantes?
O Brasil carece muito de uma política pública de esporte, mas também carece de bons exemplos. De uma forma geral, temos uma população extremamente pouco vinculada ao esporte.
Kobe também antecipou uma decisão que poderia se arrastar por toda a temporada. E por que isso é relevante? Porque os jogos dos Lakers, a partir de agora, serão sempre “a última alguma coisa” do astro. A decisão dele criou para a franquia de Los Angeles (e para os rivais, também) uma série de oportunidades até a última partida.
No Brasil, o centroavante Luis Fabiano anunciou a duas rodadas do término do Campeonato Brasileiro que não vai continuar no São Paulo em 2016. Também foi nessa época que o técnico Levir Culpi, ídolo da torcida do Atlético-MG, deixou a equipe.
O campeão Corinthians também tem um caso assim. O time alvinegro ainda não conseguiu renovar contrato com o volante Ralf, jogador escolhido pelo técnico Tite para levantar a taça.
Que chances as torcidas de São Paulo, Atlético-MG e Corinthians tiveram para se despedir de seus ídolos? Quais oportunidades os rivais tiveram para fomentar o embate?
O São Paulo marcou um jogo de despedida para o goleiro Rogério Ceni, é verdade. Mas isso é tudo que merecia a aposentadoria do atleta que mais vezes vestiu a camisa tricolor? Que tipo de homenagem ele recebeu durante o último Campeonato Brasileiro, o último clássico, o último duelo em casa, a última viagem e tantos outros últimos?
No futebol ou em outros esportes, nós valorizamos pouco os ídolos. Isso tem a ver com questões culturais, mas também – e principalmente – com a comunicação deficiente. Perdemos chances de aproximar atletas e público, e muito desse desperdício acontece simplesmente porque não temos ambientes que fomentem isso.
O amor de Kobe Bryant pelo basquete é lindo, mas apenas admirar não basta. Precisamos trabalhar para incutir em nossos atletas essa relação com o ambiente que os cerca.