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Movimento ou exercício?

Ultimamente na minha rotina seja nos clubes onde trabalho, quando ministro cursos, ou nas redes sociais diversos profissionais me perguntam quais são os melhores exercícios específicos para se aprimorar e aumentar força nos jogadores de futebol.

O que aparentemente é uma resposta simples, na verdade se torna um ponto chave crucial, relevante, um divisor de águas conceitual que irei abordar nesse artigo.

O que iremos discutir é qual deve ser o foco do nosso treino: os exercícios que escolhemos padronizados, ou o movimento específico do jogador de futebol na sua rotina de treino e jogo.

Antes disso vamos imaginar o corpo do atleta se movimentando, imaginando que todas as cadeias musculares agem de forma harmônica, organizadas e sincronizadas.

Gosto muito do exemplo de um indivíduo quando está dentro de um carro e precisa sair de dentro dele. Quantas articulações, grupamentos musculares agem ao mesmo tempo em diversos planos de movimento, apenas para o indivíduo conseguir sair do automóvel?

No esporte e, em especial no futebol, esse fenômeno acontece da mesma forma. O movimento acontece de forma multiarticular, multiplanar e dinâmico o tempo todo.

De uma forma bem objetiva, o corpo na sua essência não conhece o músculo. Ele reconhece o movimento e usa o músculo como um provedor para o movimento.

Quanto mais harmônico, sincronizado e equilibrado for o movimento, mais facilmente o atleta receberá as informações que os treinadores quiserem aplicar, seja elas quais forem. Sejam de cunho técnico/tático, de força ou de qualquer outro estímulo que por ventura a equipe técnica julgue necessário.

MOVIMENTO DO JOGADOR DE FUTEBOL

O futebolista tem no seu movimento as seguintes características:

  •  Base de apoio unilateral
  •  Integração tornozelo-joelho-quadril
  •  Core agindo na cadeia cruzada
  •  Movimentos dinâmicos, potentes de aceleração e desaceleração
  •  Desaceleração unilateral
  •  Movimentos multiplanar
  •  Alta sobrecarga excêntrica

Em um jogo de futebol o jogador chega a mudar de direção entre 1200 e 1400 vezes (Turner e Stweart ,2014), sendo aproximadamente 10% desse valor em alta intensidade.

Uma desaceleração em alta intensidade para um futebolista pode gerar uma sobrecarga de 3 a 5 vezes o peso corporal sobre uma base unipodal.

Esses valores são muito altos se fizermos uma relação individual em jogo de futebol onde um jogador pode desacelerar 140 vezes entre 3 a 5 vezes o peso corporal onde, mais da metade das vezes, será em apenas um dos membros (no membro não dominante, pé de apoio). Isso gera uma sobrecarga excêntrica altíssima atrapalhando o rendimento, aumentando muito a chance de lesões e recuperação para o próximo treino/jogo.

EXERÍCIOS TRADICIONAIS X MOVIMENTOS

O ponto chave desse artigo está aqui.

Até que ponto os exercícios tradicionais do treinamento de força contemplam as características do futebol?  Em especial da forma como analisamos acima?

Exercícios como agachamento, stiff, afundo, avanço, terra, e por ai em diante, tão difundidos e utilizados por treinadores para ganho de força (e por muito tempo utilizei também), qual é a transferência deles para o gesto esportivo do futebol?

Todos os exercícios citados acima são realizados com os dois pés no chão, apenas em um plano de movimento (sagital), sem nenhuma desaceleração excêntrica e geralmente feitos parados sem nenhuma forma dinâmica tão pouco potente de execução.

Esses questionamentos que devemos cada dia mais fazer e analisar antes de colocar uma sobrecarga extra nos nossos jogadores.

Precisamos saber como eles se movimentam para elaborar e simular exercícios que facilitem os gestos específicos de forma mais plena, equilibrada e específica.

Força sem controle não é nada, e movimento desequilibrado é porta aberta para lesões.

A vida não é feita de respostas e sim de perguntas e, são essas perguntas que quero deixar para vocês, na próxima falamos sobre outro tema.

Até….

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América e Palmeiras em Londrina: entenda

Conforme amplamente divulgado, o América mandará sua partida contra o Palmeiras na cidade de Londrina/PR e não em seu estádio, o Independência.

A partida teria sido adquirida por um empresário que pagou R$ 700.000,00 para a realização do evento esportivo na cidade paranaense.

Londrina esta há menos de 150 km do estado de São Paulo e possui imensa torcida por clubes paulistas, o que tem gerado certa polêmica. Eis que pode haver desequilíbrio técnico e, Flamengo e Atlético (rival local do América), possuem grande interesse na partida que é chave para a disputa do título.

O Regulamento Geral das Competições da CBF proíbe a inversão do mando de campo, ou seja, a partida não poderia ocorrer em São Paulo, mas permite a transferência de partidas para outros estados desde que o clube mandante obtenha, por escrito, a aprovação e concordância de todos os envolvidos, (federação ao qual está filiado, a federação anfitriã e o clube visitante), cabendo à CBF/Diretoria de Competições o poder de veto, levando em conta os aspectos técnicos e logísticos.

Ou seja, somente a Diretoria Geral das Competições da CBF pode analisar eventual desequilíbrio técnico e, se for o caso, vetar a transferência da partida.

O que, em uma análise preliminar, parece ocorrer no caso concreto uma vez que, conforme já exposto, Londrina está muito próxima do estado de São Paulo e possui, tradicionalmente, muitos torcedores dos grandes clubes paulistas.

Por outro lado, o América Mineiro possui uma das piores médias de público da competição o que reduz, na teoria, o “fator campo” no seu desempenho. Além disso, o valor oferecido pelo empresário é bastante significativo, especialmente, para clubes sem aspirações na competição.

Ressalte-se que o Estatuto do Torcedor não traz qualquer proibição à alteração de data, local ou horários de partidas. O que não pode ser alterado após a divulgação definitiva é o regulamento e não a tabela.

Por fim, é importante que os clubes e a Diretoria de Competições da CBF fiquem atentos, pois tal prática pode se tornar comum e ser amplamente utilizada em favor dos clubes de maior poderio econômico.

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