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Uma chance de olhar para trás

O Internacional concluiu no último domingo (11) o capítulo mais triste de sua história esportiva. O time gaúcho dependia de uma combinação de resultados na última rodada para evitar o descenso à segunda divisão do Campeonato Brasileiro, mas não fez sequer a parte que lhe cabia: apenas empatou com o Fluminense no Rio de Janeiro. A marca do rebaixamento é indelével. Agora, resta saber como vai repercutir em curto e médio prazo. Como qualquer queda, a derrocada para a Série B do futebol nacional oferece três caminhos para os colorados: a prostração, a indiferença ou a autoanálise.

A prostração é demorar demais para entender que a vida segue. Não estou aqui para dizer como cada um deve curtir suas dores, mas é fundamental que uma instituição da grandeza do Internacional assuma logo que as derrotas fazem parte do jogo e que nunca é cedo demais para levantar a cabeça. Mesmo que as marcas e tristezas persistam, o clube precisa continuar.

A indiferença é igualmente perigosa. O Internacional não pode olhar para o Campeonato Brasileiro de 2016 como se nada tivesse acontecido. Foram quatro treinadores, erros diretivos e uma série de escolhas erradas de elenco, por exemplo. Celso Roth teve apenas 36% de aproveitamento, mas seguiu por 22 rodadas. Reforços como Ariel, Nico López e Seijas ganharam pouco espaço e quase nenhum protagonismo. Lesões prejudicaram o desempenho de atletas que já brilharam anteriormente, como Rodrigo Dourado, Sasha e Valdivia.

O maior risco de quem se prostra é perder as oportunidades que aparecem na vida que continua. Quem é indiferente tem de lidar com a chance de não aprender nada e passar novamente por frustrações similares.

O melhor caminho para o Internacional no momento é a autoanálise. O rebaixamento também é uma chance de olhar para trás e entender o que levou o clube a essa situação tão complicada.

Por isso, é perigoso que o clube tenha reagido tão rapidamente. Poucas horas depois da queda, a diretoria confirmou a contratação de Antonio Carlos Zago para comandar a equipe em 2017. O treinador acaba de fazer bom trabalho no Juventude e tem conceitos interessantes de estruturação. A questão aqui não é sobre ele, mas sobre o tempo necessário para repensar depois de uma queda tão profunda.

Até do ponto de vista de comunicação, seria bom para o Internacional um tempo maior para curtir a dor do rebaixamento. Seria bom que o clube tivesse oportunidade para mudanças profundas e que isso não se resumisse a nomes.

O futebol brasileiro teve uma chance inigualável de se repensar depois da Copa do Mundo de 2014 e do famigerado 7 a 1. Em vez disso, porém, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) preferiu apenas trocar a comissão técnica da seleção. Substituiu Luiz Felipe Scolari por Dunga e apostou em alguém que tinha histórico de vencer cobranças e pressão popular.

O que o Internacional viveu no último domingo não é apenas uma história triste, mas uma chance de recomeçar. Do ponto de vista de comunicação, essa foi a grande sacada que o Corinthians teve em 2008, quando esteve na Série B do Campeonato Brasileiro: transformar aquele episódio em uma chance de se aproximar do torcedor e aprofundar os laços do público com o clube.

Não é preciso cair para se reinventar ou para olhar para trás. Entretanto, um trauma pode ser uma excelente oportunidade para isso. O Internacional não precisa ter vergonha de ter sido rebaixado ou de disputar a Série B. Aliás, ao contrário: se o clube souber trabalhar, essa pode ser uma das maiores provas de orgulho de sua história.

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Detalhes essenciais de uma conquista

Observando o desempenho recente do Grêmio, com a conquista da Copa do Brasil, pela quinta vez, reparo que um elemento da excelência no desempenho desportivo se mostrou presente dentro e fora de campo: “o comprometimento”.

Já abordei esse tema em outra ocasião, mas acho fundamental resgatar esse elemento como uma das peças fundamentais para um elevado desempenho esportivo.

Quando um atleta ou um grupo de atletas consegue descobrir ou perceber um motivo genuíno ou uma busca que poderá realiza-lo plenamente, isso pode lhe dar sensação de significado, prazer e até paixão, assim este atleta ou grupo começa naturalmente a caminhar na direção da excelência. Ou seja, quando se encontra algo dentro de cada um de nós que nos move, isso pode contribuir para se instalar o compromisso com o nosso melhor desenvolvimento pessoal para a conquista dos objetivos desejados.

Será que em muitos casos os atletas possuem uma visão daquilo que se deseja buscar, de onde deseja chegar ou do que deseja profundamente realizar? Quando eles possuem essa visão, pode-se potencializar essa intenção quando empreendemos em torna-la ainda mais clara na mente de cada um deles, para que este pensamento se torne cada vez mais frequente. No caso do atual campeão da Copa do Brasil, este ponto pode ter sido explorado intensamente, com o objetivo de tornar habitual na mente dos atletas e projeção mental sobre o desejado título.

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Relembrando o conceito, o comprometimento é uma peça-chave para orientar a busca pela excelência. Com um comprometimento de concentração, por exemplo, o atleta pode alcançar muito do que se deseja; sem isso, muito provavelmente as metas de alto nível que estão ao seu alcance tornam-se praticamente impossíveis de alcançar.

Cabe ressaltar que o comprometimento requer um foco específico e ele crescerá na medida em que este foco estiver direcionado para:

  • Aprender e crescer continuamente, melhorando cada vez mais seu desempenho;
  • Buscar as metas desejadas, objetivando uma grande conquista coletiva e individual;
  • Tornar-se o melhor que você puder naquilo que escolheu fazer, buscando um melhor desempenho de carreira;
  • Desenvolver as ligações mentais, físicas e técnicas com a excelência da sua atividade dentro e fora do campo;
  • Persistir, apesar dos obstáculos, mesmo quando eles pareçam impossíveis de serem vencidos;
  • Aprender constantemente sobre como sua concentração afeta seu humor e seu desempenho e agir conforme as lições aprendidas a respeito da concentração.

Os níveis mais altos de excelência são inspirados por uma visão positiva de onde você quer chegar. Para alcançar a excelência em qualquer busca realmente desafiadora, um atleta precisa de uma razão suficientemente poderosa para manter-se focado na busca de suas metas, apesar dos altos e baixos que provavelmente acontecerão.  É importante sabermos que os atletas realizadores de alto nível possuem a capacidade de alcançar a maioria de suas metas e se beneficiam da jornada ao focalizarem os aspectos positivos e permanecerem comprometidos, apesar dos obstáculos negativos que se apresentem.

Como iniciei esta coluna, percebi no desempenho do Grêmio este componente e conforme aconteceu neste time, este pode ser materializado também em outras equipes. Cabe a nós reconhecer a importância do comprometimento na busca pelos objetivos e a partir daí, poderemos realizar ações que possam estimular o comprometimento dos atletas e demais envolvidos.

Na dúvida sobre como iniciar as reflexões adequadas para desenvolver o comprometimento no time, deixo algumas dicas de questões a serem respondidas:

  • Os objetivos são claros para todos, desafiadores e têm por meta alcançar o melhor nível de desempenho?
  • Todos estão fazendo algo, todos os dias, que os levem a um passo mais próximo das suas metas?
  • O que fizemos hoje para chegar um passo mais perto do objetivo ou grande meta?
  • Temos comemorado pequenas vitórias cotidianas ou ainda nos perdemos observando a distância que falta percorrermos para atingirmos o objetivo principal de longo prazo?
  • Nosso comprometimento com a qualidade da concentração em treinos, aprendizados, práticas e atuações está forte o suficiente para nos levar na direção dos nossos sonhos?
  • Nosso comprometimento poderia ser ainda melhor?

Até a próxima.

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Pode ser bem mais que só futebol…

A coluna de hoje é sim em memória as vítimas do acidente aéreo com o voo LaMia CP-2933, que entre outros passageiros, transportava a equipe de futebol da Chapecoense, mas também em memória de tantas vítimas diárias de um dos fatores que, segundo indicam as investigações até o momento, pode ter sido um dos principais causadores do acidente, a ganância, o mal uso dela.

As minhas primeiras recordações com o futebol vêm, de quando ainda bem criança, talvez por volta de meus 5 ou 6 anos, de situações com meus pais. Lembro de minha mãe, D. Sonia, ficar caçoando comigo, por torcer para um time diferente do dela, e de meu pai, “seu” Bene, um aficionado pelo jogo, frequentador assíduo dos campos varzeanos, que aos finais de semana me colocava em seus ombros e me conduzia até aqueles épicos embates dos campeonatos amadores de Paulínia e região. Ótimas lembranças que possuo com os dois juntos a esse esporte que tanto amo.

Nesta fase, o anseio era a bola, o drible, o gol! Não importava se era na rua, na quadra de cimento, campinho de terra, escolinha de futebol ou quintal de casa, os adversários e companheiros poderiam ser reais ou imaginários, o importante era jogar, viver o jogo e todas as emoções que ele proporciona!

Todo aquele que é apaixonado pelo futebol não deixa de sentir isso, esteja ele jogando no mais alto nível ou nos inúmeros campos de várzea espalhados por cada canto do país. Não importa o credo, raça, sexo ou classe social, culturalmente, o futebol consegue atingir a todos (e isso não é menosprezo a nenhum outro esporte, mas no Brasil, a cultura mais forte é a do futebol).

Após o trágico acidente, a comoção foi geral, uma sensibilidade coletiva se instaurou no país, nenhuma vida é mais importante que a outra e, é claro que outras milhares de pessoas perdem suas vidas a cada dia, mas quando um acidente dessa proporção acontece os sentimentos ficam mais aflorados, e é quase que inevitável não parar e refletir um pouco sobre a vida. Um dia após o acidente, um companheiro de trabalho, que cursou a faculdade junto com um dos membros da comissão técnica da Chapecoense, me dizia que no fim de semana anterior estava se queixando sobre sua condição em detrimento da deste profissional, e que dado o ocorrido, percebeu o quão ingrato foi por sua queixa.

Merecidamente, tem se exaltado os grandes valores que o time de Chapecó passava e que estão sendo amplamente divulgados. Valores como a união, a garra, o companheirismo, a alegria, o amor pelo jogo, a organização do clube, a determinação, a fé, dentre tantos outros bons valores. Realmente, um olhar sobre a trajetória da Chapecoense até a final da Copa Sul-Americana, pode nos fazer refletir sobre todos esses valores.

Esses valores afloraram em tantas manifestações de apoio ao clube e aos familiares, times e jogadores do mundo todo prestaram homenagens, os colombianos lotaram o Estádio Atanásio Girardot e as ruas de Medelin em solidariedade às vítimas e familiares. No Brasil, torcidas rivais se uniram e juntas entoaram o grito de “é campeão”. Cada um deixou um pouco do seu egoísmo de lado e colocou a compaixão em primeiro lugar.

Este momento parece ter feito as pessoas recordarem um pouco mais do outro, da dor do outro, da necessidade de amparo do outro. Recordaram do quão belo e inspirador é o esporte, do quanto o futebol pode diminuir diferenças, de como esse esporte coletivo nos relembra de que somos seres coletivos: assim como no jogo, um depende do outro, do auxílio do outro. Como é bonito o jogo, quando todos cooperam em prol do bem comum. A Chapecoense, através de seu futebol, nos lembrou de que estamos todos no mesmo time.

Não, não é só futebol, pode ser muito mais do que futebol, esta tragédia mostrou isso.

Acredito que a maior homenagem que possamos prestar às vítimas do acidente é a de não deixar que seja em vão, não deixar que este momento de união simplesmente passe, que seja realmente só um breve momento. O futebol tem esse poder, de transmitir valores, de ser muito mais que um negócio lucrativo, de mostrar que antes de jogadores, são seres humanos.

Quantos não são os jovens, adolescentes e crianças espalhados pelas escolinhas, categorias de base, escolas, projetos sociais e por iniciativa delas mesmas, que diariamente jogam futebol? E o fazem por àquelas emoções e tantas outras. Por que, visto toda comoção do caso da Chapecoense, não utilizar o futebol para diariamente se promover tantos valores? Por que minimizar o jogo à vitória, derrota ou empate, quando este é tão mais rico e possui grande poder de ensinar? Por que continuar enxergando somente o atleta, o profissional, o torcedor rival, e não enxergar que antes de tudo isso, existe uma pessoa que merece ser respeitada? A Federação Paulista de Futebol tem incitado os clubes a direcionar um olhar diferente a seus atletas na base, vejamos um pouco do que nos mostra neste vídeo:

O que nos impede?

O motor principal e fundamental no homem, bem como nos animais, é o egoísmo, ou seja, o impulso à existência e ao bem-estar. […] Por natureza, o egoísmo é ilimitado: o homem quer de todo modo conservar sua existência, quer ficar totalmente livre das dores que também incluem a falta e a privação, quer a maior quantidade possível de bem-estar e todo prazer de que for capaz, e chega até mesmo a tentar desenvolver em si mesmo, quando possível, novas capacidades de deleite. Tudo o que se opõe ao ímpeto do seu egoísmo provoca o seu mau humor, a sua ira e o seu ódio: ele tentará aniquilá-lo como a um inimigo. Quer possivelmente desfrutar de tudo e possuir tudo; mas, como isso é impossível, quer, pelo menos, dominar tudo: ‘Tudo para mim e nada para os outros’ é o seu lema. O egoísmo é gigantesco: ele rege o mundo. Arthur Schopenhauer – A arte de insultar: organização e ensaio de Franco Volpi.

Segundo Schopenhauer, possuímos a tendência egoísta de só pensar em nós mesmos. Espero que essa tragédia nos impulsione a irmos contra esta tendência, que esse momento de reflexão não passe, que sejamos menos egoístas, menos gananciosos, para que passemos a respeitar e amar mais o nosso próximo.

Sou grato aos meus pais por me ensinarem isso e, agora, à Chapecoense, por me lembrar disso.

 

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Não tenha medo…

Não tenha medo de fracassar. Você não vai ganhar sempre, mas não pode ter medo de tomar decisões. Talvez esse seja um dos fatores positivos das pessoas que se mantém no auge por longo(s) período(s). O erro faz parte do ser humano, pois, se assim não o é, é porque não é humano. Frequentemente essas pessoas erram, porém de forma não sistemática e com grande facilidade de não cometer o mesmo erro (tem certa humildade técnica e metodológica).  Com certeza estas pessoas não têm nada de burros, apenas na maioria, quase que na totalidade dos casos, não são compreendidas. Pode haver pessoas que entram e saem do patamar mais alto, isso é suscetível de acontecer com todos. Mas a grande importância está na capacidade de adaptação à novas ideias, humildade, reflexão, experiência e tentativa, proporcionando assim a cultura do risco.

O que não há a mínima possibilidade de arriscar sem correr riscos. O jogo por si só te exige arriscar e tomar decisões difíceis. Os grandes jogadores são aqueles que fazem um passe ofensivo, por exemplo, em uma situação de pressão e espaço, que poucos se arriscariam. Fazer o “normal” ou o que a maioria faz, te coloca na mesma posição no qual a maioria está. Ousar ao tentar o “novo”, o raro, o difícil, te coloca primeiramente em uma posição de querer ganhar.

Contudo necessitamos ainda aprender a diferenciar arriscar com negligenciar. Tento trazer um exemplo do jogo Manchester City 1×3 Chelsea do dia 03/02.

Claro que entrando na utopia da especulação, no meu ver, ao negligenciar a marcação e alguns preceitos defensivos, o atacante teve vantagem territorial quando a equipe retomou a posse de bola, conseguindo chegar a frente dos defensores. Minha intenção não é mostrar o certo ou errado, tão pouco incentivar o não comprimento daquilo que deve ser feito, é simplesmente tornar as claras que devemos interpretar os acontecimentos durante o jogo.

Sorte ou azar? Depende se o acaso for favorável ou não.

Neste caso, quando se joga não só a alto nível, tem que se ter o senso de reconhecer o momento certo que se deve arriscar, e saber diferenciar quando se negligencia algo importante nas ideias coletivas e individuais da equipe. Assim fica fácil conhecer melhor a si mesmo e também os seus jogadores quando colocados em situações delicadas que fogem ao contexto “normal” criado naturalmente nos treinos para serem, possivelmente, repetidos nos jogos.

Devido a isso, os grandes campeões, assim como as grandes personalidades deste mundo, são pessoas que em muitos momentos tomaram decisões difíceis. E de fato, um treinador de futebol está em grande parte do jogo tomando decisões táticas para modelar a sua equipe a procura de um melhor desempenho buscando a vitoria, assim como os jogadores, que são os únicos responsáveis por fazer algo na prática, in loco, para alcançá-la.

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O momento mais marcante da história do futebol

O esporte é sinônimo de saúde para quem pratica, de diversão para quem assiste e de vida para todos nós. Não estamos preparados para situações opostas a essas.

Infelizmente, a vida nos prega algumas peças que são difíceis de acreditar e impossíveis de aceitar. A tragédia ocorrida na madrugada da última terça-feira, 29 de novembro, com a delegação da Chapecoense, seus convidados, profissionais de imprensa e tripulação de voo trouxe uma dor inestimável, gerando uma comoção mundial que escancara a fragilidade humana e o quanto devemos honrar o que temos a cada novo dia.

Desastres dessa magnitude já ocorreram em outras ocasiões e o impacto sempre é devastador aos que ficam. Para o futebol, trata-se do maior acidente da história e causou uma mistura enorme de sentimentos. Ao mesmo tempo que fomos atingidos por uma tristeza sem fim, também aflorou-se atitudes de compaixão que estavam escondidas em algum lugar dentro de nós.

No meio de tanto sofrimento, resgatamos a essência do esporte baseada no respeito ao próximo e na solidariedade. A origem do Olimpismo traz justamente essa raiz como filosofia de vida, utilizando o esporte como instrumento para a promoção da paz, da união, do respeito por regras e adversários.

Para quem é apaixonado por esporte e futebol, independente se trabalha ou não diretamente com o meio, o significado das manifestações individuais e coletivas de solidariedade pelo mundo transcenderam qualquer vitória ou conquista que os nossos ídolos, clubes ou seleções alcançaram em toda a história. Em um momento de perda tão grande, o sentimento humano mais profundo merece a nossa completa gratidão.

Aos poucos, a vida de quem não é familiar ou amigo das vítimas voltará ao seu curso normal, mas torço para que tenhamos tirado importantes lições. Acima de tudo, o amor pelo esporte deve gerar amor ao próximo. Nossos adversários dentro de campo não são inimigos e são mais parecidos com nós mesmos do que possamos imaginar. Nutrem da mesma paixão, porém por outras cores e símbolos. Cultivar esse respeito é o mínimo que devemos seguir de agora em diante, com a premissa para que dentro de campo vença o melhor e saibamos reconhecer o seu mérito. As vítimas fatais, sobreviventes, familiares e amigos merecem esse legado.

A Chapecoense é um clube jovem fundado em 1973, que alcançou a elite do futebol brasileiro em 2014, após uma série de conquistas nas divisões de acesso ocorridas durante os cinco anos anteriores. Com um orçamento que representa entre 10% a 20% dos maiores clubes brasileiros, consegue fechar as suas contas no azul, indo no caminho oposto da grande maioria dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro que possuem dívidas milionárias. O sucesso não é mero acaso, mas fruto de muita competência fora e dentro de campo. Que esse grande exemplo permaneça e se perpetue.

Ao final da coluna, compartilharei alguns vídeos, poucos entre os milhares realizados, com ações comoventes e sinceras ocorridas no mundo do futebol e que nos levam à reflexão para  viver com esperança e gerar sempre atitudes de amor autêntico.

Hoje, o texto não tem o objetivo de falar sobre cases ou conceitos de marketing esportivo. Além de não haver qualquer sentido para isso, nenhum planejamento de marketing ou ação publicitária incrivelmente criativa seria capaz de chegar aos pés de algo tão generoso, genuíno, fora do comum e, essencialmente, humano frente ao que aconteceu durante toda essa semana ao redor do mundo, especialmente na Colômbia. Em uma época onde o esporte cada vez mais se torna um negócio, vemos que os torcedores jamais serão meros clientes, mas sim devotos da capacidade que a emoção esportiva tem em transformar as relações humanas.

Dedico esse texto em homenagem aos parentes e amigos de todas as vítimas com o meu mais profundo sentimento.

#ForçaChape

Club Atlético Nacional e Cidade de Medellín: 
http://espn.uol.com.br/video/651723_veja-o-resumo-das-homenagens-feitas-pelo-atletico-nacional-a-chapecoense
O carinho dedicado pelo povo colombiano de Medellín e dos torcedores do Club Atlético Nacional ficarão para sempre na memória com um dos momentos mais emocionantes da história do esporte. Atitudes de compaixão, humanidade e respeito foram dados de diversas formas, retratadas no vídeo com a homenagem realizada no Estádio Atanasio Girardot no mesmo horário que ocorreria a partida final da Copa Sul-Americana. O clube, em ato de solidariedade, publicou oficialmente o desejo para que o título seja entregue à Chapecoense, com o apoio incondicional de sua imensa torcida.
#GraciasClubAtléticoNacional #GraciasColombia
Jogo Liverpool vs Leeds United:
https://www.youtube.com/watch?v=LqSSQ3R5dz8
(Crédito: LFC TV)

O respeito dos torcedores ingleses respeitando o minuto de silêncio é algo muito marcante. Além do vídeo indicado, outros diversos jogos repetiram a cena. Como disse um grande amigo com uma profundidade magistral, “silêncio ensurdecedor”.

Jogo Juventus vs Atalanta:
http://espn.uol.com.br/video/652496_em-homenagem-a-chape-jogadores-e-torcedores-de-juve-e-atalanta-respeitam-um-minuto-de-silencio
(Crédito: ESPN.com.br)

Cada clube e jogo realizou a sua própria homenagem. Um destaque também para a simples, mas poética, forma que a Juventus, de Turim, manifestou o seu sentimento. Luzes baixas no centro do campo, silêncio e a cor verde da Chapecoense presente no painel em toda lateral do campo.

Homenagem jogador Cavani:
https://www.youtube.com/watch?v=_otTJFFeK7g
(Crédito: ESPN.com.br)

Atletas, treinadores, jornalistas, autoridades e anônimos também prestaram as suas homenagens. O atacante uruguaio Cavani, do PSG, fez questão de demonstrar o seu carinho durante a comemoração de um gol, momento que representa a máxima alegria proporcionada pelo futebol.

Homenagem dos clubes de São Paulo e da Federação Paulista de Futebol:
https://www.youtube.com/watch?v=N76IefgUUoU
(Crédito: SPORTV)

Os clubes brasileiros se organizam para ajudar a reconstrução da Chapecoense, com cessão de atletas por empréstimo sem custo, com estudo para a exclusão do rebaixamento durante os próximos três anos, com ajuda financeira aos familiares dos atletas e comissão técnica.

Atitudes até então impossíveis de se imaginar que poderiam acontecer por aqui, aconteceram. Como exemplo emblemático, o Corinthians deixou o seu símbolo e as suas mídias digitais com a cor verde, mostrando que o respeito ao próximo deve estar acima de qualquer preconceito insignificante.

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Pequenas decisões, grandes impactos

Tenho refletido constantemente sobre os diversos momentos que se apresentam na vida de um jogador de futebol profissional, que demandam importantes tomadas de decisão. Esse problema, por muitas vezes deixado de lado por muitos, representa uma importante e valiosa oportunidade de realinhamento e direcionamento de carreira e que adicionalmente traz com ele uma série de consequências a médio e longo prazo.

Atualmente, milhares de atletas profissionais estão envolvidos em pequenas decisões que aparentemente são diminuídas em sua importância, mas que podem representar um alto impacto na sua aposentadoria da carreira de atleta profissional e na transição para uma segunda carreira profissional em sua vida.

Um fato que me incomoda bastante é a questão de que não se debata e nem se estimule os envolvidos a falarem sobre o tema. São milhares de vidas envolvidas por trás de uma carreira no futebol, desde a família direta até parentes mais distantes que acabam sendo ajudados pelos próprios atletas. Então imaginemos quando um atleta chega ao seu momento de aposentadoria e transição, sem ao menos pensar antecipadamente sobre isso? Como ele poderia se manter pleno sem uma outra atividade que lhe satisfaça profissional e pessoalmente?

Por isso, eventualmente volto ao tema, para que possamos despertar para a importância desse momento de transição, que começa muito antes das vésperas de uma aposentadoria. Inclusive, pelo fato de que esta aposentadoria pode ser precoce, seja por uma lesão irreversível ou por uma infeliz tragédia, como no fato da queda do avião que transportava o time da Chapecoense nos últimos dias. O planejamento de uma carreira no futebol, tem mais nuances que possamos imaginar e o impacto nas vidas em questão é certamente mais profundo do que imaginamos.

Penso que já está mais do que na hora de criar alguma forma para apoiar o atleta em suas tomadas de decisão na carreira esportiva, seja colaborando para o aumento de consciência sobre o tema ou pelo fomento do debate sobre o tema no meio esportivo.

Como Coach, percebo a incerteza e angústia nos olhos de atletas em momento final de suas carreiras e igualmente percebo a baixa importância com que tratamos o tema, dentro do universo do futebol. E confesso, que a cada vez que percebo isso, me faço repetidamente algumas reflexões como: ele possuía um planejamento de carreira? Na ausência desse planejamento, ele realmente teve alguma oportunidade de promover um autoconhecimento, no qual este pudesse se reconhecer e com base nisso tomar as decisões mais adequadas para sua vida? Ele refletiu sobre como poderia se sentir pleno e realizado profissionalmente daqui a cinco anos? Ele por acaso conseguiu seguir alguma forma ou caminhos que pudessem facilitar essa jornada da transição para uma nova carreira?

Pensar estrategicamente na carreira está relacionado com compreender a importância que as escolhas terão no seu futuro profissional e, consequentemente, pessoal. Passar a ter consciência de que: ou se escolhe os caminhos de vida ou se deixa que a vida decida por você e lhe ofereça resultados que nem sempre são aqueles que se espera. Aliás, geralmente, são resultados diferentes daqueles que você gostaria de obter.

Fecho a reflexão desta semana lembrando que em nossas vidas, cada escolha que fazemos é uma renúncia a outra opção e como disse Augusto Cury: “O destino é uma questão de escolha”.

Até a próxima!

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Chapecoense: Reerguer-se é possível

O mundo do futebol amanheceu em um verdadeiro pesadelo. A realidade superou a ficção. A Chapecoense que há menos de uma década sequer disputava a Série D voava para um sonho, disputar a final de uma competição continental contra o atual campeão da Libertadores, o Clube Atlético Nacional da Colômbia.

O sucesso da Chape, como é carinhosamente chamada por seus torcedores, não é por acaso, mas fruto de uma gestão profissional e muita competência para formar boas equipes sem endividamento e com recursos limitados.

Sediada em Chapecó, município catarinense com cerca de 200.000 habitantes, a Chapecoense ingressou na Série D, em 2009, subiu para a Série C em 2012, Série B em 2013 e Série A em 2014, da onde nunca mais saiu.

A vaga para a final foi conquistada contra San Lorenzo, um dos grandes do futebol argentino, com uma defesa milagrosa do goleiro Danilo imortalizada na voz de Deva Pascovicci, ambos mortos no acidente. Ali, o que seria um passaporte para a alegria, era, na verdade, um passaporte para o infinito.

Quem poderia imaginar que o grande conto de fada da Chapecoense pudesse terminar com uma tragédia?

O futebol mundial já sofreu com outras grandes tragédias. A maior delas ocorreu em 1949 e vitimou toda a equipe do Torino, base da seleção italiana e tetracampeã da Itália.

Os Deuses do futebol não poderiam permitir que essas tragédias rodeassem o futebol. As cenas da festa da equipe da Chapecoense após a classificação para a final partem o coração.

Como pode o imponderável interferir tão drasticamente na trajetória de um clube tão profissional?

Não será fácil para a Chapecoense se reerguer.

Os doze maiores clubes do Brasil e alguns internacionais como Benfica e Porto já manifestaram-se no intuito de auxiliar a reconstrução do clube catarinense.

Além disso, o título da Copa Sul-Americana deveria ser dividido entre as equipes finalistas com a consequente classificação da Chapecoense para a fase de grupos da Libertadores, já que o Nacional da Colômbia está garantido como atual campeão.

No âmbito nacional, os próximos regulamentos deveriam conceder ao clube o benefício de não poder ser rebaixado nos próximos 3 anos.

Por fim, cada torcedor que hoje manifesta sua solidariedade nas redes sociais pode (e deve) associar-se ao programa de sócio torcedor da Chapecoense.

A união de todos não trará de volta quem se foi, muito menos minimizará a dor, mas são medidas extremamente desportivas capazes de auxiliar no reerguimento da Chape.

Nesse dia, palavras, cores, alegria não existem. Choramos juntos!!!

#ForçaChape

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Asas à sua interpretação

Quando olhamos para os maiores clubes de futebol no cenário nacional e internacional, encontramos um fator em comum nessa imensa maioria: o tamanho de sua tradição. Esses clubes são centenários (ou próximo disso) e construíram a sua imagem ao longo da história e títulos, conquistando torcedores que difundiram essa paixão às gerações seguintes através de seus filhos, netos, amigos e comunidade.

Como então construir um novo clube do zero, sabendo que a imensa maioria do público já possui um time de coração e que dependerá de um projeto de longo prazo para obter sucesso, admiração e fãs?

Trata-se de uma tarefa muito árdua e que possui uma possibilidade de fracasso enorme, pois estarão entrando em um mercado com custos altíssimos e com concorrentes que já possuem o respeito e a confiança dos investidores.

Esse é um motivo chave para olharmos com muita atenção ao atual líder da Bundesliga (Campeonato Alemão). O RB Leipzig é um clube criado em 2009 e que teve uma ascensão meteórica nesses 7 anos, subindo degraus da 5ª divisão alemã até chegar à 1ª divisão nessa temporada de 2016-17. Logo nesse primeiro ano, com mais de 1/3 do campeonato já disputado, o feito alcançado é admirável.

Apesar do nome oficial do clube ser RasenBallsport Leipzig, as iniciais RB são, na realidade, referentes à empresa Red Bull. Por critérios estabelecidos pela Federação Alemã de Futebol, os novos clubes não podem ter o nome de uma empresa patrocinadora como parte da sua identidade, por isso essa adequação. Porém, ao olhar para o escudo do clube, a relação com a marca torna-se explícita.

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Independente da opinião que cada um possa ter, o caso é muito interessante e emblemático. A começar pelo fato de ser o único clube a disputar a 1ª Divisão do Campeonato Alemão proveniente de uma cidade que fez parte da antiga República Democrática Alemã, pertencente ao bloco comunista. Essa dicotomia entre uma marca que representa o auge do capitalismo com um símbolo do comunismo não é um mero acaso, bem como a escolha direcionada para a cidade de Leipzig ser a sede do clube, uma vez que foi a partir de uma enorme manifestação ocorrida por lá que se deu o início da queda do Muro de Berlim.

O potencial de uma marca tão forte globalmente como a Red Bull é capaz de dar fôlego suficiente para um clube recém-criado enfrentar em pé de igualdade os gigantes tradicionais, porém a moeda também tem um outro lado. Há uma rejeição enorme na Alemanha pelo clube retratar o chamado futebol moderno movido ao dinheiro, onde o principal objetivo está em obter lucro e visibilidade para a marca, não em encantar os torcedores apaixonados. Uma série de campanhas são feitas pelos torcedores adversários a cada partida contra o RB Leipzig.

Ao mesmo tempo que é possível entender alguns motivos para a ira dos torcedores, vê-se também uma certa contradição. Uma empresa ser a proprietária de um clube não se trata de um caso genuíno na Alemanha. Clubes muito tradicionais como o Bayer Leverkusen e o Wolfsburg comprovam essa tese. O primeiro é propriedade da empresa farmacêutica Bayer e o segundo possui a empresa automobilística Volkswagen como sócia majoritária. Pela regra estatutária da Federação Alemã de Futebol, esses clubes podem manter essa associação por haver uma relação entre o clube e a investidora há mais de 50 anos.

A própria Red Bull possui outros 3 clubes de futebol espalhados pelo mundo. O Red Bull Salzburg na Áustria, país de origem da empresa e campeão por 7 vezes do campeonato nacional. O New York Red Bulls, estabelecido na maior cidade capitalista do mundo. E o Red Bull Brasil, sediado no interior de São Paulo e que também obteve êxito nas divisões de acesso até alcançar a 1ª Divisão do Campeonato Paulista.

Apesar da distância histórica entre o RB Leipzig com clubes como o Bayern de Munique, o formato de distribuição de cotas de TV equilibrado entre todos os clubes, torna mais viável que times menores consigam ser adversários mais difíceis de bater do que, por exemplo, na Liga Espanhola, onde há um completo monopólio entre o Real Madrid e o Barcelona, com os clubes menores dividindo migalhas do bolo. Enquanto que o campeão Bayern de Munique ganhou menos do dobro que o último colocado Augsburg na temporada 2014-15, na Espanha, Real Madrid e Barcelona receberam, cada um, sete vezes a mais do que Celta de Vigo e Osasuna.

Hoje ainda não conseguimos ter uma ideia clara dos benefícios e malefícios do case RB Leipzig para o mercado. Somente em alguns anos, quando adquirir um histórico capaz de ser considerado um clube com tradição, é que saberemos se surgiu para ficar e quebrar paradigmas ou tratou-se apenas de um voo temporário com prazo para terminar.

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O título do Palmeiras e o futuro de Cuca

Foram 22 anos sem um título do Campeonato Brasileiro. Uma simples olhada para o tamanho da festa do Palmeiras é suficiente para oferecer perspectiva do que representou a conquista sacramentada no último domingo (27), depois de uma vitória por 1 a 0 sobre a Chapecoense no estádio Allianz Parque. Foi um domingo perfeito para os adeptos da equipe alviverde. Ou quase, na verdade: um pouco do significado da taça se dissipou por erros de comunicação na condução do processo de renovação do compromisso com o técnico Cuca.

O atual comandante do Palmeiras, contratado em 2016, tem vínculo com o clube até o fim deste ano. Já teve conversas com a diretoria do time paulista sobre a possibilidade de renovação, mas não deu qualquer resposta definitiva. Depois da confirmação do título com uma rodada de antecedência, ganhou relevância o futuro de Cuca, que se divide entre a renovação ou a prioridade a questões familiares.

O processo de renovação do contrato de Cuca será conduzido por Maurício Galiotte, eleito no sábado (26) para suceder a Paulo Nobre como presidente do Palmeiras. O mandatário responsável pelo próximo triênio assumirá oficialmente apenas em 15 de dezembro, e a discussão sobre o futuro do técnico não deve caminhar antes disso.

Também interfere na renovação de Cuca a indefinição sobre o futuro de Alexandre Mattos, diretor-executivo de futebol do Palmeiras, cujo contrato também termina no fim de dezembro. A manutenção do cartola também passa pelo projeto de Galiotte, e a presença dele é um dos alicerces do trabalho do treinador.

Com tantas questões (planos pessoais do técnico e mudanças advindas da nova cúpula), é até natural que existam especulações sobre o futuro de Cuca. É compreensível que muito se fale sobre os desejos do treinador ou as intenções do Palmeiras. O torcedor consome isso e se interessa por isso.

O timing sobre a renovação é igualmente compreensível. Antes de discutir o futuro de Cuca, o Palmeiras estava concentrado na definição de um título extremamente importante para o futuro do clube. Uma estiagem de 22 anos estava em jogo.

A despeito de tudo isso, houve falhas de comunicação no processo de definição do futuro de Cuca. Cabia ao Palmeiras blindar o treinador, algo que o departamento se esforçou para fazer com o clube durante os dois mandatos do presidente Paulo Nobre. Era fundamental impedir que informações vazassem, e ainda mais determinante evitar que isso acontecesse em um dos momentos mais relevantes da história recente da equipe.

As horas pós-título podiam ser apenas sobre a emoção de Dudu, a despedida de Gabriel Jesus ou o retorno de Fernando Prass. Podiam ter sido apenas sobre a relevância do título e como a torcida lidou com isso. Entretanto, nenhum assunto teve mais espaço no noticiário do que o futuro de Cuca, e isso mostra a importância de proteger informações/escolher o momento certo para divulgá-las.

Agora, até em função do burburinho causado, o relógio corre contra o Palmeiras. A diretoria tem de resolver logo a questão Cuca e estancar o noticiário que se criou em torno do futuro do treinador. A indefinição e as notícias vazadas estão tomando um espaço que poderia ser ocupado pela conquista ou pelos parceiros do time.

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Boas notícias no Vasco. Boas?

O Vasco voltou à primeira divisão. No entanto, o acesso da equipe carioca esteve longe de ser tranquilo: foi conquistado apenas na última rodada, em uma vitória de virada sobre o Ceará, no Maracanã. Depois do apito final, apesar da promoção, a torcida cruzmaltina vaiou o time por pelo menos cinco minutos.

Sim, a campanha do Vasco foi preocupante. Sim, o futebol também foi. Entretanto, há boas notícias na equipe que foi dirigida por Jorginho em 2016. Os cariocas tiveram coragem de apostar em diferentes perfis egressos da base (o badalado Luan, o contestado Thalles ou o surpreendente Douglas, por exemplo) e moldaram uma estrutura que pode dar bons frutos em um futuro próximo.

Toda a questão passa agora por como o Vasco vai se comunicar com a torcida no próximo ano. O ânimo dos seguidores do clube, abalado pela campanha na Série B, pode ser reanimado com uso de garotos e boas doses de identificação com a equipe. Para isso, porém, é fundamental que os cruzmaltinos façam um trabalho mais enfáticos de consolidação desses novos rostos.

Se não souber transformar bons valores em referências para a torcida, o risco que o Vasco corre é buscar novamente o mercado. E o Palmeiras, nesse caso, é um bom exemplo de como a criação de uma identidade é etapa fundamental em qualquer trabalho de sucesso no esporte.

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E agora, motivar, inspirar ou engajar?

Quando acontecem situações tais como a demissão de um treinador de futebol, no meio dos jogos finais de uma Copa do Brasil e a duas partidas do final de toda uma temporada, me pergunto onde estaria a mágica para que se faça a reversão do resultado negativo em questão.

Sinceramente, acho que não só eu, mas muitos de vocês devem estar se questionando sobre o que fazer para reverter um quadro aparentemente irreversível de desvantagem resultante da partida de ida de uma final em dois jogos.

Então, observo que esta missão além de extremamente difícil, pode ser inglória pois se coloca outro profissional para um brevíssimo período de treinamentos, nos quais não será possível nem um alinhamento e organização adequada para alguma mudança de estratégia a ser reproduzida em campo. Além disso, coloca-se em questionamento a própria efetividade de gerenciamento da gestão do clube, uma vez que em situações de insatisfação com o trabalho presente, seria mais adequado alguma forma de correção de rumo antes da derradeira partida final da copa.

Aí me questiono, em qual termo a gestão pode ter se apoiado para esperançosamente tomar tal decisão de demitir seu treinador de toda a temporada? Seria no desejo de obter alguma motivação, inspiração ou engajamento dos seus atletas?

Para tentar compreender esse cenário, caso isso seja possível, vou compartilhar o entendimento que tenho sobre os três termos em questão, para que possamos juntos chegar as nossas conclusões.

A motivação, oriunda dos termos latins motus (“movido”) e motio (“movimento”), significam para a psicologia e a filosofia, as coisas que incentivam uma pessoa a realizar determinadas ações e a persistir nelas até alcançar os seus objetivos. Em outras palavras, a motivação pode ser entendida como vontade para fazer um esforço e alcançar determinadas metas. Ainda, essa motivação implica a existência de alguma necessidade, seja ela absoluta, relativa, de prazer ou de luxo. Quando uma pessoa está motivada a “algo”, considera que esse “algo” é necessário ou conveniente. Porém, considero que a motivação sem um propósito genuíno que leve as pessoas ao extremo de sua performance, pode ser apenas um espasmo emocional que não se sustente por muito tempo ou que dependa constantemente de novos estímulos para manter o desempenho desejado.

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A inspiração pode ser compreendida como o ponto de partida para a realização de um sonho, algo distante que pode ser obtido através de muita ação, planejamento, uma certa dose de coragem e uma grande dose de decisão para manter-se na direção planejada rumo a materialização do sonho. Podemos notar, que no caso de inspiração, esta serve mais como forma de estimular à ação e pensando em situações onde é necessário reverter situações complexas, isso pode não ser tão efetivo.

O engajamento é algo que acontece quando voluntariamente o indivíduo abraça alguma causa ou desafio. Isso ocorre quando o valor da causa é genuinamente percebido e com isso os envolvidos viram grandes incentivadores e promotores de mudança. No futebol ocorre o engajamento, quando os atletas acreditam plenamente em tudo que está sendo proposto para uma determinada situação de longo prazo, que exige trabalho intenso e coletivamente forte para um bem-sucedido período de trabalho.

Então amigos, retornando à situação recente da demissão do treinador em plenas finais da Copa do Brasil, acredito que na verdade nenhum dos três termos possam trazer para os trilhos o rumo perdido do time, uma vez que para quaisquer um deles existir, é necessário tempo para que se materializem. Pelo contrário, apesar da motivação ser algo bem pontual, acho que o mais rico e efetivo é sempre seguir e acreditar o que foi planejado, aprender com os insucessos e trazer o futebol cada dia mais para o mundo do planejar, executar, medir e melhorar. Apesar do improvável estar sempre presente neste nosso fantástico universo do futebol, não podemos deixar que os grandes investimentos fiquem relegados ao imponderável que permeia nosso esporte.

Até a próxima!