Bem-vindos ao nosso “Entre o Direito e o Esporte”. Hoje vamos continuar a nossa conversa sobre aqueles que nós amamos sempre que trazem aquela estrela para o nosso time, aqueles que lembramos toda vez que esse jogador vai embora, aqueles que são conhecidos como intermediários. Hoje vamos ver mais sobre os regulamentos do “mundo do futebol” que batem na porta dessas figuras do nosso esporte.
E para deixar tudo mais tranquilo, a gente vai seguir esse esquema hoje: vamos começar com o que a FIFA fala sobre tudo isso – é pouco, prometo. Então a gente saí da Suíça para chegar ao Brasil e ver como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) repassa para os intermediários por aqui. E daí vamos conversar sobre um detalhe bem importante – o tal do “conflito de interesse”.
Fechou?
Quem lembra daquela história da pirâmide? Pois é, cá estamos de novo. A FIFA regulamenta e o resto do “mundo do futebol” segue – por isso que é importante saber o que ela fala do alto de seus bancos. A FIFA é quem cuida do futebol e cuidar do futebol significa proteger e melhorar o que existe. É tipo fazer uma boa pizza margherita, sabe? Não precisa inventar muito e é só seguir o que sempre deu certo. E no caso dos intermediários foi um pouco essa a lógica – regular o mercado da maneira mais próxima do que já existia, melhorando no que parecia possível.
Foi assim que a FIFA criou o regulamento para trabalhar com intermediários. Esse Regulamento é um guia geral para o “mundo do futebol”. Um guia que não fala diretamente com os intermediários, com os clubes, e com os jogadores. Um guia que mira nas Federações Nacionais. Essas Federações Nacionais têm que criar os seus próprios manuais levando em consideração esse guia e o seu dia a dia. É por isso que a CBF repassou por aqui o seu próprio regulamento que é o que a gente vai ver agora.
A Confederação Brasileira de Futebol fez a nossa pizza de catupiry dessa boa pizza margherita – que sempre pode ser melhor. Mudou um pouco aqui e ali para deixar um pouco mais com a cara do que a gente tem por aqui, sabe? Assim que saiu o Regulamento Nacional de Intermediários (RNI). Esse regulamento traz o que o intermediário precisa para se cadastrar e se registrar na CBF, traz o básico para o contrato de representação entre intermediário e clube ou jogador, e traz o básico sobre transparência no trabalho do intermediário. Esse regulamento bate na porta do intermediário para deixar o seu dia a dia mais claro – são os seus princípios gerais.
A gente já sabe que atleta e clube podem contratar intermediários, certo? E esses intermediários podem ajudar clube e atleta durante uma transferência ou numa negociação de contrato de trabalho. É aí que entra a ideia de due dilligence– que é a palavra chique para dizer um “faça a lição de casa antes de contratar alguém”. Esse deverdas partes passa pela ideia de conflito de interesses.
Afinal, o que é um conflito de interesse?
Imagina que você cansou da vida de pizza e resolveu dar uma mão e representar a sua tia com o negócio de molhos de tomate dela. Você conhece todo mundo do ramo mesmo, daí fica fácil. Imagina agora que uma pizzaria te contratou para comprar o melhor molho de tomate para fazer calzone. O que você faz?
A resposta é fácil se o molho da sua tia for o melhor. Você avisa a pizzaria, avisa que você representa a sua tia, e avisa que a sua tia te paga por essa intermediação. Até aí sem problemas – e isso vale para o futebol também se um jogador for o molho de tomate e seu intermediário representar o clube também. Não tem o menor problema desde que todos saibam disso antes e autorizem por escrito.
Agora, e se o molho da sua tia não for o melhor só que você não quer repassar outro por que quer dar preferência para o molho da sua tia porque ela te paga melhor. Como fica? É, aí é mais complicado. O intermediário tem que seguir alguns princípios básicos – transparência e honestidade valem para qualquer relação social das nossas vidas. E aí a grande questão é colocar os interesses do seu cliente antes do seu. Senão…
Senão é um risco que você corre – e pode perder o cliente. Pior. Pode perder até o direito de intermediar qualquernegociação desse tipo. É um risco grande. É por isso que é importante se perguntar se o que você está fazendo é algo que gostaria que fizessem com você. E se ficar na dúvida, bom… é legal pelo menos perguntar para alguém que você confie.
Lá fora todo cuidado é pouco. E do mesmo amor que a torcida tem por um intermediário, pode vir um ódio que pode fechar portas. A vida de intermediário é uma vida complicada e esses regulamentos estão aqui mais para ajudar do que para atrapalhar – mesmo quando parece que não é bem assim.
Hoje a gente fica por aqui. Espero que tenham gostado do nosso “Entre o Direito e o Esporte” aqui na Universidade do Futebol. E nos vemos na próxima sexta-feira para conversar sobre o contrato dos intermediários. Que tal? Deixo meu convite para falarem comigo por aqui, pelo meu LinkedIn ou pelo meu Twitter. Bom final de semana para vocês, e até logo!
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