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Retorno ao patrocinador

Quando vemos os valores dos grandes patrocínios realizados no futebol brasileiro e mundial, muitas vezes o primeiro impacto é tomar um susto e considerar que não há sentido em realizar um investimento tão alto.

Claro que há casos que realmente o investimento é feito pelo dono de uma grande empresa apaixonado por seu time de coração ou então sem um planejamento adequado dos objetivos que aquele patrocínio aportará para a marca e para a empresa, porém o potencial de entrega que o futebol oferece é realmente muito especial.

Por que, por exemplo, uma empresa consolidada como a Chevrolet investe mais de R$250 milhões por ano no Manchester United e a empresa japonesa de comércio eletrônico Rakuten, novo patrocinador máster do Barcelona, pagará mais de R$200 milhões a partir da próxima temporada?

Essas empresas sabem que o futebol é um verdadeiro canhão para ativar as suas marcas de diversas formas. A exposição da marca é o elemento mais levado em consideração, por entregar um retorno de visibilidade na mídia exponencialmente mais barato se comparado à compra de mídia tradicional de publicidade na TV e outros meios.

Tanto no Brasil como na Europa, os clubes e os patrocinadores mensuram o retorno dessa exposição. Um grande clube brasileiro aparece durante os 365 dias do ano na televisão, seja durante a transmissão de jogos, como também em reportagens com os melhores momentos dos jogos, na preparação do time durante a semana e em entrevistas coletivas diárias. Em todos esses momentos, os patrocinadores estão em destaque, aparecendo no uniforme dos atletas e comissão técnica, no backdrop (painel) de entrevistas, nas placas de publicidade.

Não se trata de um parâmetro fechado, mas é comum que o retorno de visibilidade realizado pelas empresas especializadas em avaliação de mídia alcance em torno de 10 vezes o valor investido. Um clube brasileiro de grande porte que possua um patrocínio máster na casa de R$ 20 milhões entrega, portanto, em torno de R$ 200 milhões em visibilidade. Para obter esse mesmo alcance proporcionado pelo futebol, a empresa teria que investir R$ 200 milhões em compra de mídia tradicional, como publicidade na TV, anúncios em jornais, banners na internet, etc.

Até por isso e, especialmente no Brasil, o patrocinador muitas vezes é confundido com o anunciante, pois somente a visibilidade da marca é considerada. Isso é um grande equívoco, pois deixa-se de aproveitar uma série de oportunidades que já fariam parte da entrega desse patrocínio.

Divulgação: Pinterest/ Fonte: roadandtrack.com
Divulgação: Pinterest/ Fonte: roadandtrack.com

Voltando ao caso da Chevrolet com o Manchester United. A marca já é globalmente muito conhecida, então o investimento de R$ 250 milhões por ano em troca somente do seu retorno de mídia não se justificaria. O que a empresa quer é justamente criar uma conexão com a marca do clube, assumindo atributos e gerando uma imagem associada a uma potência mundial de sucesso, vitória, paixão e confiança.

Para isso, além de estar presente nas propriedades de visibilidade, a empresa desenvolve uma grande plataforma de ativação, com conteúdo nas redes sociais do clube, experiências aos torcedores nos dias de jogo e no dia a dia do clube, e uma constante avaliação se o investimento, de fato, aumenta a consideração de compra dos carros produzidos pela empresa. No final do dia, o parâmetro venda é fundamental para garantir o sucesso de um patrocínio.

Por aqui, precisamos evoluir muito no desenvolvimento de plataformas de patrocínio que explorem pilares que vão além da visibilidade da marca. Esse é um papel que cabe aos clubes e também às empresas. Pelo lado dos clubes, é necessário capacitar o seu departamento de marketing para atender os seus patrocinadores de uma maneira mais ativa e criativa, enquanto as empresas devem planejar seus investimentos considerando uma verba adicional para a realização de ativações programadas durante todo o período de vigência de seus patrocínios.

Em paralelo, o mercado necessita de ferramentas que monitorem os investimentos realizados de forma mais ampla, dando subsídios na tomada de decisão dos gestores das empresas. O retorno de mídia é e continuará sendo de fundamental importância, porém todas as outras frentes de ativação também devem ser tratadas de forma especial e analítica. Todos ganharão com isso!

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Como a mente reage à lesão

Quando um atleta se lesiona e esta lesão o retira por um longo tempo das competições, a mente dele reage e nesse cenário podemos utilizar recursos que farão a mente até contribuir positivamente para uma recuperação mais efetiva.

Mas como isso realmente pode acontecer na vida prática do atleta e essa alternativa ser algo mais comum entre os jogadores profissionais?

Na verdade, o que acontece ao se lesionar é que o atleta apresenta uma série de reações emocionais negativas, tais como: raiva, ansiedade, medo, depressão, incerteza sobre o futuro no esporte, mudanças nos hábitos alimentares, mudanças no sono, obsessão pelo retorno, negação da lesão, tentativas de esconder a lesão, alterações de humor, etc.

As mudanças na vida cotidiana do atleta lesionado são drásticas e têm vários aspectos: desportivo, físico e psicossocial.

Segundo Napa (1998), as principais mudanças são:

  1. Bem-estar físico
    1. Lesão física;
    2. Dor da lesão;
    3. Tratamento e reabilitação da lesão;
    4. Restrições físicas permanentes.
  1. Bem-estar emocional
    1. Trauma psicológico;
    2. Depressão;
    3. Ansiedade;
    4. Sentimento de perda;
    5. Ameaça ao desempenho futuro.
  1. Bem-estar social
    1. Perda de importante papel social;
    2. Separação da família, amigos e companheiros de time;
    3. Novos relacionamentos com o departamento médico;
    4. Necessidade de depender dos outros.
  1. Autoconceito
    1. Sensação de perda de controle;
    2. Alteração de autoimagem;
    3. Ameaça a metas futuras e valores;
    4. Ameaça de perda da posição na equipe.

Na prática, vale lembrar que com a intenção de potencializar e facilitar o processo de reabilitação, podem-se utilizar as várias técnicas existentes, e dentre elas podemos citar o estabelecimento de metas, auto conversação, o relaxamento e a visualização. Assim, particularmente acredito que o atleta lesionado pode e deve contar com todo esse apoio, para uma bem-sucedida recuperação.

Até a próxima!

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Não adianta tapar o sol com a peneira…

Olá, caros leitores!

Mais uma vez utilizo este espaço para tratar de um tema que transcende as quatro linhas do campo de jogo, até mesmo porque, tem também grande peso os fatos e acontecimentos que acontecem fora do gramado, já dizia Ferran Soriano (antigo vice-presidente do Barcelona e atual CEO do Manchester City): “A bola não entra por acaso”.

No meio futebolístico de categorias de base, é recorrente a discussão quanto a idade mínima para que se possa alojar atletas de futebol em formação, hoje a Lei nº 9.615 (Lei Pelé) regulamenta que só podem viver em situação de internato (alojamento) os aspirantes a jogadores a partir dos catorze anos. No entanto, existem gestores de base e clubes que defendem que essa idade deveria ser reduzida para os doze anos. Tal discussão tem voltado com força recentemente.

Os que defendem esta ideia tem bons argumentos, entre os que já ouvi, os que julgo mais coerentes destacam o fato de que tal medida traria um respaldo maior aos clubes no sentido de não perder jogadores (o respaldo jurídico quanto aos direitos econômicos sobre jogadores de futebol no Brasil, se dá somente a partir dos catorze anos, porém a FIFA ampara desde os doze, e sou totalmente favorável para que a legislação nacional desse maior respaldo nisso também). Além disso, há quem afirme que negar este direito aos clubes é uma atitude hipócrita do Ministério Público, visto que se estaria privando muitos meninos em situação de vulnerabilidade social em ter uma oportunidade de se desenvolverem num ambiente que os proporcione amparo e suporte social, escolar, esportivo e fisiológico, oferecendo-lhes uma chance de transformar suas vidas. Porém, são realmente a grande maioria dos clubes que possuem estas condições? E, tendo os clubes possuindo grande representatividade em nossa sociedade, não poderiam ter um protagonismo maior como agentes de mudanças?

Vejamos alguns exemplos do poder transformador do futebol. Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, houve um momento de cessar fogo ente soldados alemães e ingleses, estes deixaram as armas de lado e juntos celebraram o Natal disputando um jogo de futebol. Em 1969 o Santos de Pelé realizou uma excursão por vários países africanos, que durante o período decretaram o cessar fogo, mais recentemente, entre 2005 e 2007, o jogador marfinense Didier Drogba liderou uma cruzada que pôs fim na guerra civil em seu país. A “democracia corintiana” tendo como um dos líderes o craque Sócrates foi um belo exemplo de consciência e cidadania para a sociedade brasileira que vivia o final dos tempos da ditadura militar. Nesta semana Coritiba, Atlético e Paraná, realizaram ação conjunta no intuito de contribuir com a angariação de fundos para o tratamento médico do bebê Arthur. Todos os anos são inúmeros os jogos beneficentes para levantar fundos por determinada causa, assim como são muitos os jogadores que criam fundações assistenciais. Trago estes exemplos somente para reforçar e reafirmar o poder transformador que notoriamente o esporte, e no caso o futebol, possuem.

Tendo então o esporte, com suas instituições, clubes e seus ídolos tamanho poder, por que, então, não utilizar esta força para, através desta discussão quanto à idade de alojamento, propor e cobrar dos governos (municipais, estaduais e federal) e instituições competentes (federação e confederações) que seja dado aos clubes locais suporte e incentivo para que estes se fortaleçam e fomentem o esporte local, tanto no âmbito recreativo quanto no de rendimento? Além disso, pode-se propor, nas regiões onde não existam estes clubes, que sejam criados centros esportivos, que proporcionem o esporte para crianças e adolescentes (além de toda comunidade) e a oportunidade de se tornarem atletas profissionais.

Assim, mais do que dar a oportunidade de mudança de vida a um único garoto com potencial para se tornar um jogador de futebol, retirando-o de sua realidade precária e o alojando em clube aos doze anos de idade, poderia oportunizar a todos, tanto os de maior como os de menor potencial, dando a chance de mudança de vida a todos e no momento oportuno aqueles que se destacarem, poderiam naturalmente, como já acontece hoje, ingressar nas categorias de base dos clubes, o que em muitos casos já acontece a partir de 10/11/12 anos, sem que estes meninos deixem o convívio familiar, tão importante para seu desenvolvimento pleno e amplamente defendido pelos especialista em infância e juventude.

Permitir alojar atletas com doze anos resolveria um problema dos clubes e de alguns meninos, porém, não da sociedade, assim o argumento de que se priva o menino onde uma oportunidade de mudança de vida fica vago e nada altruísta. Os clubes de futebol pela força que possuem, podem contribuir para a mudança da realidade de muitas crianças e adolescentes, e não somente daquelas que demonstram maior probabilidade de lhes gerar lucros futuros. E não estou dizendo aqui que a responsabilidade em resolver os problemas de nossa sociedade seja dos clubes, digo que estes, podem contribuir muito através do exemplo e cobrança aos órgãos competentes, para que todos possamos viver em uma sociedade melhor.

Volto a afirmar, melhores pessoas serão melhores jogadores. Podemos ter um futebol melhor, uma sociedade melhor, só precisamos olhar com um pouco mais de compaixão para o próximo. Deixo para complementar a reflexão um vídeo da Great Thinkers Group, será que buscando resolver somente os nossos próprios problemas, conseguiremos de fato o fazer?


Até a próxima!

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Clássico, bandeiras, mascotes e estatuto do torcedor

O superclássico entre Atlético-MG e Cruzeiro começou quente fora das quatro linhas. A equipe celeste, detentora do mando de campo, vetou a entrada de instrumentos de bateria e de bandeiras na torcida do Atlético, no Mineirão, bem como a entrada do mascote. Ademais, o mandante estuda vetar a entrada das crianças com a equipe do alvinegro.

Natural que a rivalidade acirre os ânimos, no entanto, os clubes não podem esquecer que existe uma norma de interesse público e coletivo que regula os direitos e deveres dos torcedores: O Estatuto do Torcedor.

O art. 17 do referido Estatuto determina que a Federação e os clubes devam elaborar planos de ação referentes à segurança, transporte e contingência durante a partida. Ou seja, não cabe ao mandante, mas a ambos, clubes e a Federação, conjuntamente estabelecerem eventuais vedações justificando-as.

Em outras palavras, eventuais restrições aos direitos dos torcedores devem encontrar amparo legal e/ou fundamentar-se na segurança.

Nesse sentido, não há justificativa legal para conceder tratamento diferenciado entre as torcidas, ora, se é seguro a torcida do Cruzeiro adentrar com instrumentos de bateria e bandeiras, o mesmo se aplica à torcida adversária.

A questão do mascote e até mesmo da entrada das crianças, como não interfere diretamente nos direitos dos torcedores, ocorrem dentro do campo de jogo e dizem respeito às questões mais mercadológicas (marketing, por exemplo) do que práticas, é natural que o clube mandante queira divulgar sua marca e seus símbolos no jogo que realiza em sua casa, portanto, não existe vedação legal.

Importante acrescer que o art. 13-A do Estatuto do Torcedor estabelece expressamente as proibições, veja-se:

Art. 13-A.  São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei:

I- estar na posse de ingresso válido;

II- não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência;

III- consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança;

IV- não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;

V- não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;

VI- não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto esportivo;

VII- não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos;

VIII- não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer que seja a sua natureza; e

IX- não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores.

X- não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável.

Por mais tradicional que possa ser a rivalidade, ela deve se ater aos torcedores e as quatro linhas. Nesse momento em que o combate à violência nos estádios do futebol é uma necessidade, determinadas medidas além de nada contribuírem para a paz, acabam por acirrar ainda mais os ânimos e estabelecem um verdadeiro clima de guerra entre as torcidas.

Enquanto a dupla Grenal realiza partidas com torcida mista (isso mesmo, misturada!) Atlético-MG e Cruzeiro, que haviam dado um belo exemplo com o fim da torcida única, dão um passo atrás ao permitir que questões menores, pautadas em uma rivalidade extracampo que não devia existir, tomem corpo.

Os clubes precisam dar exemplo aos seus torcedores demonstrando tratamento recíproco e cordial a fim de que toda essa hostilidade não prejudique o espetáculo e faça mais vítimas.

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Variação do corredor e troca de faixa do jogo

Em conversas rotineiras com meu amigo Lewis Maté Weschenfelder Heineck, treinador de Futsal, profundo conhecedor do jogo e das variadas possibilidades do jogar, dentre muitas temáticas, abordamos uma questão sobre as “variações do corredor e troca da faixa do jogo”. Desse diálogo surgiu essa coluna e possíveis ideias que podem balizar os processos de treinamento para o desenvolvimento dessas conjunturas funcionais.

Para uma equipe que quer usar a tríade bola-espaço-tempo como fomento das ações ofensivas, um dos seus objetivos é manipular a defesa adversária, explorando suas zonas mais desprovidas de proteção com o objetivo de chegar mais próximo a baliza e criar chances ótimas de gol, e isso, devido à organização/estruturação defensiva do adversário pode ser um processo lento, sistematizado e de muita paciência.

As conjunturas funcionais “variação do corredor” e “troca de faixa do jogo” são de vital importância para o ganho de espaço e a progressão do ataque. Elas procuram mudar constantemente o lado e a direção do ataque tanto horizontalmente quanto verticalmente, visando utilizar as costas verticalmente, o ponto cego (costas diagonal) e o lado contrário da defesa adversária, movendo e gerando desequilíbrios-fissuras posicionais utilizando-se de bola curtas, médias ou longas.

Para que essas conjunturas funcionais laborem realmente e ganhem vida dentro de um processo estabelecido, não se pode deixar de associá-las com a interação de microideias que nada mais são que a intenção-execução de passes. Esses podem conter várias distâncias (passe curtos, médios e longos) e várias superfícies (passes no chão, meia altura ou no alto). Abaixo as microideias:

 
Interação das microideias para a consolidação das conjunturas funcionais
 
                         Passes quebra-linhas  

Passes que produzem progressão no espaço defensivo adversário dentro de sua estrutura ou atrás dela, tendo por objetivo submeter cada vez mais verticalmente o adversário, permitindo um ganho de espaço e fazendo o ataque se aproximar cada vez mais nas proximidades da área adversária.

                         Passes de recomeço  

Passes que reiniciam o ataque voltando para trás e visam escolher os melhores instantes para reverticalizar e procuram pegar a defesa do adversário no processo de basculação vertical ou descompactação (saindo) ou desequilibrada do lado oposto.

                      Passes laterais ou diagonais  

Passes que procuram pontos cegos que procuram induzir os marcadores a trocarem constantemente o campo de visão, gerando desconforto/descontrole no gerenciamento de espaço defensivo.

 

Entendendo isso, o contexto e os jogadores disponíveis para a construção do jogar, pode-se utilizar 3 perfis de “jogo ofensivo” para explorar o desenvolvimento das questões acima:

Jogo posicional – Ocupação dos jogadores em distâncias-espaços relacionais com o objetivo de dominar e ganhar espaço/tempo. Visa transformar a equipe em uma homogeneidade/individual com inteligência e criatividade posicional.  Utiliza-se das três microideias acima em interação, tendo em conta a natureza interativa dos jogadores para originar superioridade posicional, fluidez na variação do corredor e troca de faixa do jogo, sempre com os jogadores dispostos em determinadas alturas no campo todo.

Jogo de sobre-carga – Criação de zonas de superioridade numérica que procura a atração com pequenos e médios passes diagonais, laterais e de recomeço. Busca após essa atração, rapidamente com um passe longo, a variação do corredor e troca de faixa do jogo, para assim pegar uma situação de igualdade numérica ou superioridade do lado contrário.

Jogo de contra-pressão – Forma de enviar passes quebra-linhas de uma maneira “forçada-organizada” para uma zona determinada com densidade numérica. Essa zona considerada “zona articulada de segunda bola” pretende explorar um passe lateral ou diagonal (médio ou longo) para o lado contrário da defesa e buscar zonas de igualdade ou superioridade numérica.

Vendo cada vez mais a evolução do jogo, algumas novas tendências do jogar nos diversos cantos do mundo, e o aperfeiçoamento das metodologias de treinamento para desenvolver o jogar pretendido, percebe-se cada vez mais a importância de se trabalhar conteúdos por muitas vezes negligenciados por suas particularidades mais detalhistas.

Esses conteúdos desenvolvem relações e interações menores que solidificam o corpo do jogar. Vários profissionais enxergam e comentam, mas por hora do treinamento, o desenho colocado em prática por vezes não abarca uma relação minuciosa e propensa para o aparecimento rotineiro das situações. E essa é uma das facetas mais sensíveis do treinamento: delinear potenciais exercícios meticulosos que realmente estimulem o jogar pretendido respeitando a interação dos jogadores dentro da ideia.

Abraços e até a próxima quarta!

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Made in CONMEBOL

O futebol sul-americano busca a sua reconstrução, mesmo que em passos lentos, após os escândalos ocorridos no mundo da bola com as denúncias de corrupção que levaram a prisões e exclusões envolvendo diversos dirigentes dos mais altos escalões. Apesar da investigação ter tido como alvo central a FIFA, houve um impacto gigantesco em federações regionais como a CONMEBOL, que controla o futebol na América do Sul, e também em federações nacionais de países como Brasil, Argentina e Uruguai.

Pela fragilidade, amadorismo, desorganização e falta de transparência existente no futebol de nosso continente, a necessidade de transformação tornou-se mais evidente e urgente. O ponto a favor nesse cenário caótico é ter países com seleções e clubes com enorme tradição no futebol mundial. São 9 títulos das seleções sul-americanas em Copa do Mundo, contra 11 das seleções europeias. Entre os clubes, contabilizando a soma dos campeões da Copa Intercontinental e do Mundial de Clubes, são 26 títulos para clubes sul-americanos e 30 para clubes europeus.

Porém, é preciso ter atenção também para esses dados. Como há um enorme desequilíbrio fora de campo entre o futebol da América do Sul e da Europa, especialmente na área de gestão e marketing, é nítido perceber que isso começa a ser traduzido para os resultados dentro de campo. A Europa obteve um maior destaque técnico nesse início de século. As últimas 3 Copas do Mundo da FIFA foram vencidas por seleções europeias e, entre as disputas do Mundial de Clubes da FIFA, os europeus sagraram-se campeões em 9 edições, contra 4 conquistas sul-americanas.

Os dois principais produtos da CONMBEBOL são a Copa América (seleções) e a Libertadores (clubes). Apesar de tradicionais, são conhecidos por sua desorganização e baixa lucratividade, ainda mais se compararmos com o fenômeno Champions League, na Europa.

Na semana passada, a CONMEBOL anunciou que a Copa América passará a ser disputada no mesmo período da Eurocopa. Ainda haverá a disputa do torneio em 2019 no Brasil e, em 2020, a competição será realizada nos Estados Unidos, após o sucesso comercial obtido com o evento no país em 2016. A partir daí, ocorrerá a cada 4 anos.

O ideal, tanto como forma de fortalecer a qualidade técnica do torneio, como transformar o evento em um produto mais rentável, é a junção plena entre a CONMEBOL e a CONCACAF, responsável pelo futebol na região América do Norte, Central e Caribe. Com a entrada de países como Estados Unidos e México, o apelo comercial torna-se muito maior, especialmente se olharmos para o crescimento da MLS, liga de futebol dos EUA.

A Libertadores também passou por mudanças para a temporada de 2017, especialmente no formato de seu calendário que passou a ser disputado em 42 semanas, não mais em 27. Com isso, ao invés da final ser realizada na metade do ano, passa ocorrer no fim de novembro. Essa extensão torna-se interessante, mas também pode gerar prejuízos. Primeiramente, os clubes mexicanos abriram mão de participar por incompatibilidade de calendário e também há discussões pelo fato da final ser disputada muito próxima da data do Mundial de Clubes da FIFA, que terá início nos Emirados Árabes no dia 6 de dezembro. Sem sombra de dúvidas, a tabela precisará ser melhor planejada para as próximas edições.

Assim como a Copa América, na minha opinião, a Libertadores deveria ocorrer com a participação dos clubes filiados à CONCACAF. O impacto sobre as receitas de patrocínio e direitos de transmissão seriam imediatos, aumentando a qualidade do evento e atingindo um público muito maior para os potenciais patrocinadores.

Hoje a diferença entre os números da Champions League e da Libertadores é assombrosa. Enquanto a Champions League arrecada com a venda de direitos de transmissão para todo mundo o total de US$ 2,5 bilhões, a Libertadores gera o total de US$ 175 milhões. São mais de 14 vezes a menos de receita.

Em relação as premiações aos clubes participantes e vencedores, a diferença também é muito grande. Enquanto a Champions League distribui € 57,2 milhões ao campeão, a Libertadores paga € 6,5 milhões. São quase 9 vezes a menos.

Como não poderia ser de outra forma, as receitas de patrocínio também são incomparáveis. A Champions League possui 8 grandes marcas como patrocinadoras oficiais que investem valores elevados. A Heineken, a grande expoente entre as marcas por realizar um trabalho de comunicação e ativação adicional ao patrocínio por todo o mundo, investe cerca de US$ 70 milhões por ano em sua cota. Enquanto isso, a Bridgestone, detentora da cota principal de Title Sponsor da Libertadores, investe cerca de US$ 16 milhões para ser a marca que dá o nome ao evento.

Faça um teste e entre no site da UEFA. Facilmente encontrará o acesso para o hotsite da Champions League, com navegação simples sobre a competição e a presença de seus patrocinadores de forma clara. Depois entre no site da CONMEBOL. Você encontrará também facilmente o link para a Libertadores, porém não encontrará nada muito além das tabelas de jogos. Nem mesmo a lista de patrocinadores da competição pode ser encontrada.

O produto Champions League é a grande referência de organização e sucesso. Desde a entrada em campo com o hino aclamado do evento, passando pela qualidade do espetáculo dentro de campo com os melhores jogadores do planeta e estádios lotados, até chegar as ações realizadas pelos patrocinadores, tudo entrega excelente resultado. Obviamente, que o mercado europeu possui um potencial de investimento muito mais sólido, além de já estar plenamente consolidado. Porém, a diferença para o futebol sul-americano não pode e não deve ser tão estarrecedora.

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A confiança que impacta o desempenho

Vimos alguns jogos onde a confiança dos atletas em si e no seu treinador, podem ter sido elemento fundamental para o elevado desempenho e dos resultados obtidos. Estou citando como exemplo, entre outros jogos, o jogo do Brasil com Uruguai realizado no último dia 23/03 e no qual o Brasil estava num contexto adverso como visitante e atrás no placar da partida.

Mas quais elementos relacionados ao tema confiança podem ser realmente considerados e como isso pode impactar o desempenho dentro de campo?

Rapidamente conceituando, a confiança é um ingrediente especial para guiar a busca pela excelência, esta cresce ou diminui dependendo da qualidade do preparo, da concentração e do quanto o atleta acredita na sua capacidade. Falando em desempenho elevado, na prática, a confiança do atleta crescerá quando seu foco estiver centrado em confiar ou acreditar:

  • Em seu próprio potencial;
  • Em sua capacidade de superar obstáculos e alcançar seus objetivos;
  • Em seu treinamento ou preparo mental;
  • Em sua concentração;
  • Em suas escolhas;
  • No significado de sua missão;
  • Naqueles com quem você trabalha.

Adicionalmente, podemos compreender que a confiança é uma relação de aceitação voluntária e antecipada de investimento pessoal de risco, no qual se espera que a outra parte não haja de forma oportunista dentro do relacionamento interpessoal, pois este comportamento geralmente causa danos aos envolvidos na relação. Ela traz naturalmente essa ideia de assumir riscos, pois confiar em alguém significa colocar-se de maneira voluntária, vulnerável e dependente do outro, seja num relacionamento profissional ou pessoal.

Assim, quando um treinador entra em cena, com todo arsenal técnico e tático junto à uma equipe de futebol, sabemos que o elemento confiança pode ser fundamental para que os atletas consigam reproduzir em campo tudo que foi treinado e pensado. Isso é tão verdadeiro, que nos jogos inicialmente citados, pudemos perceber que o elemento foi a base para que as equipes pudessem atuar em elevado nível de desempenho em campo, que acabou culminando em resultados positivos.

Acredito que a relação de confiança estabelecida pode contribuir para um ambiente de alto desempenho no grupo. E sabe na prática como um treinador pode estabelecer essa relação?

  1. Criando uma genuína e autentica relação um-para-um com os atletas;
  2. Conseguindo a empatia através de um olhar incondicional sobre a realidade do time e dos atletas.

Bom, que sejamos cada vez mais confiantes e confiáveis em nossos relacionamentos e com nossas obrigações profissionais dentro do futebol atual.

Até a próxima!

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Treinamento, desempenho e formação do goleiro atual

Goleiro, uma posição particular e diferente do restante das outras posições. Uma posição com estética, arte singular e com lendas cimentadas em cima de sua atuação. Uma posição que historicamente, desde as brincadeiras de rua, até propriamente os treinos organizados em realidades desprivilegiadas, credenciava os jogadores com menos habilidades com os pés a defender a baliza, obrigando-os a exercitar suas capacidades motoras sem instrução exclusiva. Muitos goleiros surgiram assim. Esse espírito ainda existe hoje, mas muito pouco, pois as exigências são outras.

Gianluigi Buffon| Crédito: Salvatore Giglio/GiglioStudios snc Agency
Gianluigi Buffon| Crédito: Salvatore Giglio/GiglioStudios snc Agency

Hoje há muitas alternativas, oportunidades e os jogadores iniciam sua vida precoce como goleiros em idades iniciais, por demonstrarem certas aptidões e também por optarem. Muitos com 4,5 anos já possuem ídolos, se espelham, e vivem por anos nessa posição.

A grande questão do tema entra em como operacionalizar essa relação, a formação e o treinamento, primeiramente do iniciante, ao crescimento processual, até chegar ao profissional, e a manutenção por longos anos. Será apenas individualizando os trabalhos? Relacionando com outros aspectos? Entendendo as demandas do jogo? Enquadrando o treinamento dentro da organização coletiva?

Gianluigi Donnarumma|Crédito: Getty/ AK Bijuraj
Gianluigi Donnarumma|Crédito: Getty/ AK Bijuraj

Em qualquer nível, até pouco tempo atrás, o futebol parecia 1 + 10 jogadores e não 11 jogadores interagindo que originavam uma organização coletiva. A equipe consistia em 10 jogadores e o goleiro fazia parte de outro cenário isolado por conta das características peculiares de sua posição.

Esse aspecto ao longo dos anos foi evoluindo e ganhando novos traços, tanto na interação do goleiro com a equipe no desenvolvimento da forma de jogar, na construção de treinos mais específicos para a posição por mais contraditório que pareça, na evolução do entendimento bioenergético posicional, na busca pela melhora do uso dos pés para facilitar o jogo ofensivo, e no timing de cobertura defensiva para jogar também com os pés, especialmente para as equipes que jogam com defesa alta.

Nesse contexto, o treinador de goleiro, começou entender que além da atuação funcional-específica da posição, que nunca deve ser negligenciada, pois o goleiro antes de qualquer questão deve defender a baliza, também todas as relações possíveis mais direcionadas do goleiro com os outros jogadores nos 5 momentos do jogo são de vital importância para o planejamento semanal dos exercícios. Isso exige aprofundamento diário.

Manuel Neuer realizando uma ação com o pé na frente da última linha. |Crédito: ecosdelbalon.com
Manuel Neuer realizando uma ação com o pé na frente da última linha. |Crédito: ecosdelbalon.com

Nada melhor que solicitar a opinião com dois treinadores de goleiros para clarificar esse panorama:

O treinador de goleiros da equipe profissional do Desportivo Brasil, Luis Henrique de Moraes, ex Estoril/Praia de Portugal e Corinthians/SP, aborda com propriedade o papel do goleiro, seu treinamento e sua forma de pensar o processo:

“Nos últimos tempos o goleiro vem ganhando importância dentro do modelo de jogo, principalmente no aspecto ofensivo. Atualmente as defesas jogam em linha alta, proporcionando um espaço maior entre o goleiro e a última linha defensiva. É responsabilidade do goleiro posicionar-se para antecipar o ataque e especialmente ao contra-ataque adversário, ou ter o domínio do espaço posicional ofensivo, fazendo a circulação da bola com qualidade, gerando ações ofensivas pontuais em busca do gol adversário, variando as superfícies de passe. Por exigência do futebol moderno é necessário saber jogar com os pés, e jogar bem com os pés, porém não podemos esquecer que a essência do goleiro é defensiva, e sua responsabilidade maior é a proteção da sua baliza. Também penso muito que a exigência física é grande, principalmente nas sessões de treinamentos, onde ações intensas e de curta duração formam o alicerce da construção de um goleiro de alto nível. Para treinar e se preparar em alta intensidade, é importante a estruturação física do atleta durante o período de sua formação. Durante esse período, as etapas de desenvolvimento neuromotor terão que ser respeitadas impecavelmente. Então, num processo formativo, as informações e orientações alinhadas aos estímulos físicos não poderão se chocar nas transições entre as categorias.”

Divido em 3 vertentes minha rotina de trabalho:

1- Geral

2- Especial

3- Específica

Geral: Estruturação física (Ganho de massa magra e recrutamento de força) e trabalhos de profilaxia (preventivos).

Especial: Ações orientadas (fundamentos técnicos, estímulos de potência, velocidade de reação e agilidade).

Específica: Ações orientadas pelo treinador principal (aspectos técnicos e táticos). Inserção do goleiro no modelo de jogo.

“Dessa forma, na construção de um padrão semanal de trabalho, embaso meus treinamentos em cima dessas ideias acima, tendo em conta o período competitivo do processo, mas especialmente a análise do jogo passado e a construção semanal dos trabalhos do treinador principal”. 

O treinador de goleiros da equipe Sub 15 da Chapecoense, Vinícius Ziegler Bandeira, ex – Novo Horizonte de Santa Maria/RS e Riograndense Futebol Clube/RS, também com propriedade, opina sobre a demanda do goleiro atual, e traz uma estruturação semanal do seu trabalho voltada para uma divisão sistemática de conteúdos:

“Penso que o goleiro deve estar em total sintonia com o modelo de jogo da equipe. Acredito e tento trabalhar dessa maneira, mesmo sabendo das particularidades que ainda a cultura do futebol proporciona, para que o goleiro não seja uma peça isolada no contexto do jogo. Por isso trabalho para que o goleiro seja o mais equilibrado e consistente possível, sem “pontos fortes e fracos”, por mais que cada um tenha sua particularidade e suas características. O goleiro tem que ser o mais completo possível, para suprir todas as necessidades que envolvem o jogo e se adaptar às diferentes estruturas de jogo, formas de jogar e os instantes do jogo, como por exemplo, saber fazer cobertura jogando em linha alta ou ter uma reposição rápida para transições ofensivas. Consequentemente, o preparador de goleiros deve estar inserido no planejamento e estruturação diária de todos os treinamentos da equipe junto da comissão técnica. Penso que no planejamento semanal dos goleiros deve estar incluído 4 partes fundamentais: jogos com os pés, trabalhos técnicos específicos da posição, trabalho com conteúdo voltado para o que será trabalhado com a equipe (cobertura, manutenção da posse de bola, confronto 1×1, etc) e o trabalho com a equipe.

Assim, especificamente para a categoria Sub 15, divido um cronograma semanal visando o jogo de sábado:

Segunda-Feira:

Trabalho 1: Passes rasteiros

Trabalho 2: Chutes frontais e diagonais

Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*

Trabalho 4: Trabalho com a equipe

Terça-Feira:

Trabalho 1: Passes rasteiros com mudança de direção

Chutes frontais e diagonais

Trabalho 2: Chutes frontais e diagonais

Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*

Trabalho 4: Trabalho com a equipe

Quarta-Feira:

Trabalho 1: Passes rasteiros com criação de linha de passe (circulação de bola)

Trabalho 2: Confronto 1×1

Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*

Trabalho 4: Trabalho com a equipe

Quinta-Feira:

Trabalho 1: Circulação de bola com saída de pressão

Trabalho 2: Bola aérea

Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*

Trabalho 4: Trabalho com a equipe

Sexta-Feira:

Trabalho 1: Reposição de bola

Trabalho 2: Bola aérea

Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*

Trabalho 4: Trabalho com a equipe

Ficou nítido que a ideia do goleiro ser o primeiro atacante e o último defensor está cada vez mais em voga. Também que as informações e conteúdos de treinamento vêm mudando. Claro que sua especialização posicional não pode ser negligenciada, porém, de uma forma intensa e curta, evitando excessivas repetições muitas vezes sem contexto a sua verdadeira atuação. Além disso, a relação constante com o modelo de jogo também ficou clara.

Mais que isso, as novas demandas não tiram a magia eterna da posição ingrata após sofrer um gol defensável e da posição milagrosa que faz todos acreditarem que até o último instante existe sempre a possibilidade de fazer algo que salve a situação.

Que os goleiros sejam cada vez mais completos, melhores jogadores, bons líderes, bons passadores, mas que não percam sua essência defensiva.

Abraços e até a próxima quarta!

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Uma ideia nada Boa

O anúncio da contratação do goleiro Bruno realizada no dia 10 de março pelo Boa Esporte gerou uma repercussão imensamente negativa ao clube do interior de Minas Gerais. A reação do público em geral nas redes sociais, torcedores ou não do time, foi de completa indignação.

Bruno foi condenado há 22 anos de prisão em 2010 por assassinato, porém obteve a liberdade provisória em decisão do STF no mês passado. Logo após a sua saída da prisão, o goleiro fez uma declaração que gerou enorme rejeição social ao afirmar que mesmo se ficasse em prisão perpétua, isso não traria a vítima de volta.

O impacto negativo foi tão grande que o clube perdeu cinco patrocinadores nesse intervalo de tempo. As empresas Kanxa, Grupo Gois & Silva, Nutrends Nutrition, Magsul e a Clínica CardioCenter anunciaram o rompimento de contrato no início da semana passada.

Estão inclusos nessa lista os dois principais patrocinadores do clube, sendo a Kanxa responsável pelo fornecimento de material esportivo e o Grupo Gois & Silva pelo patrocínio máster, que possuía o direito de exposição das marcas Dengue Control e Fazendo Ouro Velho no uniforme de jogo. Inicialmente, o Grupo Gois & Silva chegou a apoiar a contratação de Bruno, porém mudou de posição ao ver a repercussão negativa que isso acarretaria para a reputação de suas marcas.

A diretoria do clube argumenta que a contratação de Bruno é, além de uma contratação de um atleta com passagem de sucesso por grandes clubes do futebol brasileiro, também uma forma de ajudar um ser humano que cumpriu pena e que pretende recuperar o seu direito de trabalhar.

Porém, a opinião pública entendeu essa atitude de forma totalmente diferente, enxergando que o Boa Esporte foi oportunista com o objetivo claro de obter visibilidade para o clube. A decisão tomada de forma sem planejamento mostrou-se, até o momento, algo bastante prejudicial e desastrosa para a imagem de todas as partes.

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Indo além do mínimo

Muitas vezes nos perguntamos sobre quais seriam as diferenças entre os atletas profissionais que possuem melhores desempenhos, para aqueles que possuem desempenhos dentro da faixa mínima do aceitável, dentro do futebol.

Será que existe alguma relação com o dom para a modalidade esportiva ou algo mais pode compor essa equação da alta performance?

Napoelon Hill, em seu livro A Lei do Triunfo, comenta que uma das lições para se triunfar na carreira e na vida é termos o hábito de fazer mais do que a obrigação.

Isto exposto, acredito que esta lição se aplica também aos atletas profissionais de futebol. Ora, quem não se recorda de entrevistas com alguns dos grandes batedores de faltas do país e eles, quando questionados sobre o seu sucesso em cobranças de faltas, relatarem que treinavam incansavelmente cobranças, após os treinos regulares?

Isso reflete uma reflexão de Hill, onde ele aborda que a resistência de um homem depende em grande parte da satisfação, insatisfação ou prazer que sente no que está fazendo. Ou seja, todo homem é mais eficiente, mais rápido e obtém melhores êxitos quando empenhado num trabalho pelo qual sente amor pelo que faz.

Desta forma, podemos começar a reconhecer que, para todo atleta de futebol profissional ser bem-sucedido na carreira, este necessitará de um empenho superior ao que é feito pelos demais atletas. Necessitará ainda realizar escolhas pessoais que o possibilitarão ir além do seu desempenho habitual, fazendo com que conscientemente ele treine e se dedique mais e melhor, cotidianamente.

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Uma vez certo de que precisa dar passos maiores em sua carreira, ele buscará extrapolar as cargas habituais de dedicação, tornando-se um atleta capaz de desempenhar profissionalmente sua carreira num patamar superior ao reconhecido no mercado.

E para quem acha que ir além do mínimo gera percepção de apenas sacrifício, estes podem estar numa armadilha do real valor de ir além, pois existem dois grandes benefícios, de médio e longo prazos, em ir além: primeiro, geralmente o atleta encontra no seu trabalho a maior de todas as recompensas, a felicidade sem preço, refletida pela sua própria satisfação pessoal em ter um ótimo desempenho profissional e, em seguida, a sua recompensa monetária e de carreira, que quando comparada com o esforço de uma vida inteira, é sempre muito maior, pela simples razão de que o trabalho realizado com satisfação e empenho é, na maioria das vezes, em quantidade maior e de melhor qualidade do que o trabalho que se faz unicamente por dinheiro.

Então amigo leitor, quando um atleta se perguntar por que motivos ele deve se empenhar mais, treinar mais e se dedicar mais do que os demais atletas, o exposto acima pode auxiliá-lo na reflexão dos reais motivos que o farão bem-sucedido. Lembremos, o amor pela profissão e a satisfação sem preço pelo que se faz, podem trazer todos os benefícios da carreira que um atleta de futebol pode esperar para sua vida.

Até a próxima!