Categorias
Colunas

O quanto sua equipe tem se aproximado de cumprir a lógica do jogo?

Olá, caros leitores! Antes de iniciarmos a discussão, é preciso que entendam que o objetivo deste texto não é conceituar o que é a lógica do jogo, tal assunto já foi abordado por outros autores nesta casa (como no texto de Rafael Ferreira mais recentemente) e amplamente discutido e conceituado no meio acadêmico por autores como Scaglia, Leitão, Garganta e Castelo. Partindo destas discussões e estudos, e aliado à minhas experiências de vida com o jogo, entendo como mais adequada a definição de lógica do jogo, no futebol, como sendo: marcar mais gols que o adversário.

Sendo assim, é coerente que meus treinos e jogos sejam pautados no intuito do cumprimento desta lógica, pois é isto o que, no meu entendimento, irá nos aproximar das vitórias. E claro, digo aqui sobre a lógica do jogo, e não a de minha atuação profissional como educador e formador de jogadores de futebol. A minha lógica profissional, moral e ética, não me permite buscar a vitória a qualquer custo, em detrimento da formação humana e atlética de meus jogadores.

Dados estes apontamentos, e sobre também a sua concepção de lógica do jogo, retomo a pergunta que dá o título ao texto: O quanto sua equipe tem se aproximado de cumprir a lógica do jogo?

Como já apontei meu entendimento de lógica do jogo, um dos parâmetros determinantes na construção dos meus treinos é o incremento da competição, da disputa pela vitória. Seja qual for a atividade que eu vá realizar, busco sempre criar uma competição entre os atletas, seja ela individual ou coletiva. Vejamos o exemplo da seguinte atividade.

Imagem1

Uma atividade simples, que muitos de vocês realizam ou já realizaram. Porém, dada a minha preocupação em sempre estimular os atletas a vivenciarem a lógica do jogo nos treinos, faço um pequeno incremento nesta atividade, além da descrição e dinâmica que estão apresentados no vídeo (basta clicar na imagem que possui um link para o vídeo), digo a eles que estão divididos em grupos de 5 atletas, cada grupo em um quadrado e que aquele grupo que conseguir trocar uma maior sequência de passes sem erros, vencerá a disputa.

Com este pequeno aditivo de regra na atividade, busco catalisar o caráter competitivo do jogo e de cada atleta. Nenhum deles vai querer perder o jogo, todos querem sair vitoriosos e irão se esforçar para isso. Fazendo isso, busco elevar os atletas a entrarem em estado de jogo (aspecto importante e tema para outra coluna), a terem concentração e foco total naquilo que estão realizando, e a buscar fazer mais pontos que o grupo adversário, ou seja, buscar empenhar-se ao máximo para cumprir a lógica do jogo! E ainda estarei trabalhando os fundamentos técnicos de passe e domínio.

Agora, transpondo esta atividade para o jogo de futebol, onde simplesmente realizar uma grande sequência de passes não irá se traduzir nos gols necessários para vencer a partida, preciso através de minha didática e dentro de uma sequência pedagógica, mostrar que a ferramenta do passe, irá contribuir para que cumpramos a lógica do jogo. Vejamos mais um exemplo.

Imagem2

Nesta outra atividade o fundamento do passe, trabalhado na atividade anterior, será fundamental para vencer a partida, pois através dele a equipe tem a oportunidade de qualificar ainda mais o seu gol e, porém, diferente da atividade anterior, somente através da troca de passes, não é possível vencer o jogo. E por isso é preciso se atentar a progressão pedagógica dos treinos, nesta atividade as equipes precisam progredir ao gol adversário, finalizar e marcar gols, somente assim irão se aproximar da vitória.

Nesta atividade o passe se torna ferramenta para o cumprimento da lógica do jogo e não um fim em si mesmo. Por isso a regra de pontuação a cada finalização com defesa incompleta do goleiro (que irá caracterizar uma finalização de risco ao adversário e/ou falta de concentração do goleiro em suas ações) visa estimular os atletas a buscar o cumprimento da lógica do jogo, marcar mais gols que o adversário. Do contrário, uma equipe poderia adotar como estratégia, somente ficar trocando passes sem objetividade ou intencionalidade de progredir e atacar o alvo adversário, isso poderia acontecer neste jogo se, além de dar pontos para gols e finalizações, eu também desse pontos para as trocas de passes. Mas como os passes dão a chance de aumentar a pontuação quando a equipe fizer um gol, busco estimular os jogadores a terem a finalidade de sempre buscar o gol como objetivo principal.

Todas as atividades são pensadas e estruturadas a partir da lógica do jogo, respeitando os objetivos principais da categoria, das ideias de jogo do clube e o nível de desenvolvimento dos jogadores, seguindo uma evolução de complexidade e uma progressão pedagógica das atividades.

E como dito, não é buscar a vitória a qualquer custo, os feedbacks e as reflexões junto aos atletas sobre cada treino são valorizar o empenho, caráter, a justiça e honradez na busca da vitória, além, claro, de levar ao entendimento das atividades e ideias de jogo que proponho. Sou adepto da crença de que melhores pessoas serão melhores jogadores.

Caro leitor, busquei trazer estes exemplos e refletir sobre o assunto da lógica do jogo mostrando como nossas ações podem nos aproximar ou distanciar dos objetivos a que nos propomos. Longe de querer trazer a fórmula mágica para as vitórias, mas, através deste texto, instigar para que você reflita se suas atitudes têm aproximado sua equipe do cumprimento da lógica do jogo a que se propõe, se estão condizentes com os seus objetivos. Aguardo seus comentários para que possamos debater mais sobre o assunto!

Categorias
Colunas

Violência no futebol e a teoria das janelas quebradas

Os constantes incidentes indicam uma crescente violência nos estádios de futebol eis que, segue-se vendo, a cada semana, em algum lugar do mundo, especialmente na América do Sul, cenas dantescas de alguma tragédia que poderia ter sido evitada.

Estes incidentes levam à reflexão de que as causas da violência nos estádios de futebol não têm sido atacadas em sua raiz. É fato que cada vez há mais prevenção e evitam-se atos de vandalismos dos torcedores mediante medidas preventivas, dispositivos de segurança e leis. Entretanto, há muito que se fazer.

Ao redor do globo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos há experiências de êxito no combate à violência.

A relação entre violência e esporte é bastante complexa com maior visibilidade ao futebol em razão de sua dimensão e importância como um dos principias fenômenos socioculturais do século XXI. Em razão desta complexidade não há um consenso quanto às causas e soluções para a violência nos estádios de futebol.

Slider-Site(1)

Analisando-se casos de sucesso no combate à violência destaca-se a aplicação da Teoria das Janelas Quebradas, tendo-se como referência verdadeira a revolução na cidade de Nova Iorque que em três anos reduziu pela metade o número de delitos.

Dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, publicaram a teoria das “janelas quebradas” em The Atlantic, em março de 1982.

A teoria baseia-se em experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia). Durante a primeira semana de teste, o carro não foi danificado.

Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e roubado por grupos vândalos, em poucas horas.

De acordo com os autores, caso se quebre uma janela de um edifício e não haja imediato conserto, logo todas as outras serão quebradas. Algo semelhante ocorre com a delinquência.

Neste contexto, naturalmente, com adaptações a Broken Windows Theory, pode ser bastante útil e efetiva na redução dos índices de criminalidade e violência nos estádios de futebol.

Categorias
Colunas

Como temos enxergado a mulher no futebol?

Cresci assistindo futebol. Desde aos jogos dos amigos nas quadras das escolas, até aos do time do coração, pela TV. Às vezes, na infância, até arriscava chutar a bola na rua… o esporte, considerado “de menino” sempre me agradou… cresci com ele no coração. “Mas você sabe o que é impedimento?” e “Me fala então a escalação do seu  time” estão entre as frases mais ouvidas quando assumia o gosto pelo futebol  e aposto que você, mulher que está lendo esse texto, também já ouviu essas ou outras tantas frases que parecem diminuir nosso amor por um esporte tão lindo… mas tão masculinizado.

Hoje, para participar da Libertadores e da Copa Sul-Americana, os times são obrigados a ter ou a se associar a alguma equipe que tenha, também, uma equipe feminina. A notícia parecia boa aos olhos de quem lia as manchetes no jornal e imaginava que era a inclusão que o futebol feminino merecia, mas não. Não é inclusão, é obrigatoriedade. As equipes femininas estarão lá impostas, obrigadas, como na política que, muitas vezes, apenas ocupamos cadeiras para bater a cota de 30% de mulheres candidatas.  A mulher, no futebol, sempre foi vista com objetivação, não como componente.

Slider-Site(1)

Cresci explicando o que era escanteio, berrando a escalação do meu time e me infiltrando nesse meio, muitas vezes, tendo que arrombar portas do machismo que, infelizmente, domina o futebol. Mulher é bonito no estádio, nos pôsteres de musa dos times, mas ainda restam dúvidas quanto à sua eficiência em campo e nos demais trabalhos que englobam o futebol… Teimosa que sou escolhi o Jornalismo Esportivo para a vida.

Teimosa que somos quebramos, a cada dia, barreiras e muros que insistem em dizer que o futebol é coisa de menino. Marta Vieira da Silva, a nossa Marta camisa 10, já foi eleita por cinco vezes como a melhor jogadora do mundo; nos gramados espalhados pelo país, vemos cada vez mais mulheres torcendo pelos seus times e não apenas como objeto de decoração; repórteres femininas repassando informações com eficiência e, claro, mulheres calçando a chuteira e fazendo bonito, jogando como mulheres.

Hoje, já não explico mais o que é escanteio, pois já não me perguntam… Futebol é coisa de menino, de menina, de homens e de mulheres. Futebol é coisa de gente feliz, que ri e vibra ao ver a rede balançar. Futebol é isso que trazemos no coração e que não distingue se o grito é masculino ou feminino… Mas e o nosso grito, como tem sido? Como temos enxergado a mulher no futebol?  Futebol não é obrigatoriedade, é amor. Assim, que a obrigatoriedade da equipe feminina nos clubes se torne o amor pelas mulheres nos gramados e que floresça, como grama verde após a chuva. Futebol é reciprocidade, homem e mulher.

Categorias
Colunas

O medo de perder tira a vontade de ganhar?

O que aconteceu na última quarta-feira pela Liga dos Campeões da UEFA, segundo pesquisas sismológicas, gerou até uma espécie de mini-terremoto na região próxima ao estádio quando o Barcelona fez seu sexto gol. A emoção foi delirante quarta passada. E realmente, por tudo que aconteceu, deve ter gerado mesmo pequenos tremores, algo que é habitual em alguns shows de Rock. Olha, se acontecer um jogo em cada continente, no mesmo dia e no mesmo horário, com esse perfil, existe o risco de um terremoto de verdade acontecer. Coisas invisíveis do futebol.

Extraindo a brincadeira um pouco sem graça, virar uma eliminatória de Champions League, após ter perdido por quatros gols na primeira partida, não é tarefa tão simples assim. Novamente, méritos da Escola Barcelona, seus êxitos e suas reformulações adaptativas no decorrer dos anos. E foi uma noite de emoções a flor da pele para todos no Camp Nou, especialmente para a comissão e os jogadores que canalizaram toda cobrança do jogo anterior e transformaram em resiliência para o jogo seguinte. Algo impressionante mesmo.

Bem, ambas as equipes foram do céu ao inferno nessa eliminatória. Ninguém esperava o que aconteceu nem no primeiro e nem no segundo jogo. O futebol proporciona fatos realmente que poucos esperam. E analisar esses fatos antes ou depois de certa forma soa como fácil ou simplista.

Essa situação demonstra que o futebol vai muito além do que se pensa, enxerga, comenta e escreve sobre ele. Antes de qualquer aspecto, ele é dos jogadores, de suas capacidades e complementaridades, desconsiderando um pouco os estereótipos e jargões populares, conceituais e científicos que cercam esse fenômeno e o tornam engessado. E nesse último jogo, o brasileiro Neymar deu algumas provas disso.

https://www.youtube.com/watch?v=dFbY_oVpGOc

Mas o que aconteceu nesse jogo? Dia inspirado do Barcelona, fator mental positivo ou negativo do jogo passado, falhas individuais do PSG, erros do trio de arbitragem, magia imprevisível do jogo, entre outros. Tudo isso pode ter acontecido e aconteceu. Mas mais que isso, a equipe do Barcelona teve desde o jogo contra o Celta pelo Campeonato Espanhol uma mudança posicional-estrutural-funcional de alguns jogadores gerando novas interações, automaticamente nova estrutura e uma nova postura mental. Já a equipe do PSG, ao contrário, pareceu mais receosa que confiante após a brilhante vitória de 4 x 0, modificando algumas interações macro e meso-micro, enfraquecendo algumas relações vitais de seu jogo.

Modificações estruturais-funcionais do primeiro para o segundo jogo|Fonte: site alemão spielverlagerung.de
Modificações estruturais-funcionais do primeiro para o segundo jogo|Fonte: site alemão spielverlagerung.de

 
 
Claro, não é fácil e nunca será fácil jogar contra o Barcelona no Camp Nou. E os jogadores do PSG sabiam disso. Antes do jogo, num jantar recreativo, alguns jogadores bateram um papo informal sobre as expectativas do jogo. Falaram sobre os 20 primeiros minutos, sobre Naymar e seu 1 x 1, e que acreditavam que dessa vez passariam de fase pelo placar construído. Mas não conseguiram.

(Crédito: vídeo retirado da página pessoal de Vitor Sergio Rodrigues|Reprodução: Facebook)

Depois do fato consumado, fora do campo, fica muito mais fácil criar conspirações. E de tudo isso, uma grande reflexão pode ser levantada e idealizada por vários ângulos. Pegando apenas um ângulo, não criticando o treinador Unay Emery que faz um grande trabalho há anos no futebol e sabendo da dificuldade que é jogar contra o Barcelona, usando apenas o exemplo desse confronto, num geral como treinadores, temos que perceber que muitas vezes inibimos ou afloramos a capacidade dos jogadores com nossas escolhas.

Evidente que no futebol, especialmente profissional, os jogadores devem estar preparados para vários cenários. O grande problema persiste no conservadorismo habitual de algumas decisões em competições eliminatórias. Uma mudança de postura pelo resultado conseguido é algo que realmente garante o resultado posterior? O que realmente é ser estratégico?

Por mais que na maioria das vezes as mudanças são mais locais, feitas em linhas, zonas, jogadores e posturas, essas reestruturações de certa forma induzem a afobações cognitivas e especialmente mentais dependendo da sua constituição. E é aí que entra os fatores da barreira mental. E o futebol com medo, o medo de perder mais nítido. E isso corrompe um pouco as ideias e a capacidade de quem pratica.

E quem realmente deveria ter ficado assustado, com medo, era o Barcelona que estava numa situação adversa. Mas pareceu que o medo de perder o controle do resultado fez o PSG perder o controle dos jogadores e suas relações que foram fluidas no primeiro jogo. E isso paralisa, atrofia o jogar, a criatividade, o real valor dos jogadores e exclui todo um cenário que foi construído previamente com fulgentes boas conjunturas.

Para a torcida do PSG, que ficou do êxtase ao calvário em poucos dias, mais do que cair fora dessa forma, o que mais deve ter doído não foi perder, foi ver a equipe não jogar como viu no primeiro jogo e como os jogadores deixaram de expressar suas capacidades.

E esse jogo foi único no mundo inteiro com esse perfil? Aspectos como esse acontecem semanalmente no mundo inteiro, seja em partidas eliminatórias, em partidas únicas, dentro da história individual de um jogo, em jogos dos campeonatos de base e aconteceram bastante no passado.

Está nítido que o medo é como um iceberg, visível para todos, mas internamente, no âmago, nas entranhas, ele é realmente muito grande. A dignidade de jogar bem, de não ter medo, está cada vez mais extinta no futebol. É claro: e se o PGS do primeiro jogo fosse o mesmo no segundo, o que aconteceria? Não existe essa possibilidade, será? E o jogo já estava 4 x 0. Foi salto alto? O lado imprevisível do jogo? A qualidade supersônica do Barcelona? Ou simplesmente o medo? O que é realmente ter medo? O medo de perder tira a vontade de ganhar? O Barcelona eclipsou o medo e novamente vai buscar seu lugar ao sol.

Abraços e até a próxima quarta!

Categorias
Colunas

A fantástica fábrica de jogadores

Dizer que o Sporting Clube de Portugal hoje é a terceira força do futebol português, atrás de Benfica e Porto, não é mentira. Os resultados dentro de campo realmente estão abaixo dos seus rivais. Das dezoito vezes que sagrou-se campeão do Campeonato Português, somente um título ocorreu nesse século.

O clube já dominou o cenário do futebol português, com o seu auge ocorrendo entre as décadas de 1930 a 1950, quando conquistou incríveis treze títulos do campeonato nacional. Nessa época, era o Sporting quem olhava para os seus rivais pelo retrovisor.

A força do clube é predominantemente nacional, sem grandes conquistas fora de seu território. Apesar disso, ostenta um vice-campeonato da Liga Europa na temporada 2004/05 e um título do que foi a antiga Recopa Europeia na temporada 1963/64.

O que realmente chama a atenção do Sporting para os olhos da Europa e do mundo é a competência em formar grandes jogadores. O clube orgulha-se de ser, ao lado do Ajax da Holanda, um dos únicos clubes a formar dois jogadores vencedores da Bola de Ouro, premiação de melhor jogador realizada anualmente. Foi de lá que saíram Luís Figo e a superestrela Cristiano Ronaldo.

Escola Academia Sporting| Fonte: supersporting.net
Escola Academia Sporting| Fonte: supersporting.net

O sucesso da Academia Sporting não é fruto do acaso. Anualmente, são investidos cerca de € 5 milhões na formação de jovens atletas, com uma metodologia de treinamento e desenvolvimento criada de forma bastante técnica e planejada. O Barcelona, por exemplo, investe cerca de € 20 milhões ao ano para La Masia, a sua base de formação.

Em uma década, colocou mais de 30 jogadores na equipe profissional e fornece, em média, 7 jogadores para cada uma das seleções nacionais de base. Números que representam um pouco da magnitude de seu projeto.

Essa formação não rende frutos somente ao Sporting, mas para o futebol mundial. Não é possível afirmar que jogadores do calibre de Luís Figo, Paulo Futre, Nani, e, especialmente, Cristiano Ronaldo, tenham construído carreiras de sucesso somente por causa da Academia Sporting, mas podemos sim dar a certeza que a contribuição foi fundamental.

Se olharmos para a seleção portuguesa, podemos entender claramente a representatividade do Sporting. É o clube que mais cedeu jogadores à seleção nacional em fases finais da Copa do Mundo FIFA, totalizando 26 jogadores. Na seleção que conquistou o inédito título da Europa no passado, 10 dos 23 jogadores foram formados no Sporting. Número impressionante!

Se, por um lado, o clube ainda não alcançou o topo do futebol europeu com conquistas de campeonatos de grande expressão na Europa, por outro construiu uma sólida marca vencedora ao criar grandes atletas que são protagonistas no futebol mundial.

Categorias
Colunas

Se conselho fosse bom…

Acreditamos que podemos viver nossos objetivos e sonhos, bem como todo e qualquer atleta que sonha em ser profissional. Mas será que sabemos realizar nossas escolhas de maneira genuína ou esperamos por facilidades que possam nos colocar em situação de vantagem na busca pela melhor performance esportiva?

Sabem, estive lendo recentemente um livro escrito por Mario Sérgio Cortella, chamado Não Espere pelo Epitáfio, e refleti sobre como podemos estar, eventualmente, privando os atletas de fazerem as suas próprias escolhas de vida e carreira profissional. É isso mesmo, por mais estranho que pareça, muitas vezes acreditamos que os conselhos dos demais envolvidos na vida do atleta, são por si só, os insumos mais importantes quando falamos das escolhas de carreira e orientação profissional.

Penso que, apesar de ser um ponto que pode gerar divergências de interpretações, ampliar a capacidade do atleta em realizar boas escolhas conforme seus próprios objetivos de vida e carreira, deve ser o principal foco daqueles que militam na gestão das carreiras esportivas. Agora, sabemos porque isso poderia ser desta forma e como isso funciona na mente do atleta?

Sendo bem objetivo nesta reflexão, podemos nos basear no conhecimento que temos sobre as respostas aos nossos desafios ou questionamentos, serem mais genuínas quando vem de cada um de nós, ou seja, do próprio atleta.

Toda vez que somos postos a prova ou nos percebemos frente a um desafio, ter uma opinião externa a respeito deste contexto não garante sucesso na execução do seu movimento. Saber sobre os perigos ou eventuais riscos é saudável e muito importante, mas se basear apenas nessa informação é dispensar uma série de outras variáveis que o atleta só conhecerá vivenciando as situações de desafio e tomando suas decisões conforme sua maturidade do momento. Penso que privarmos os atletas do aprendizado que só a vivência irá proporcionar, é reduzir a capacidade de aprendizado, o desenvolvimento emocional e consequentemente o seu desempenho profissional.

Slider-Site(1)

Reforço que o ato de direcionar, orientar, alertar e outras ações do tipo, são importantes, mas de forma alguma devemos negligenciar nosso papel de formadores de cidadãos, para os quais acreditamos que a capacidade de fazer escolhas e de colecionar aprendizados deve ser o grande alvo de nossas ações de desenvolvimento. Construir um atleta maduro, que responda emocionalmente aos grandes desafios da carreira se faz com toda coleção de ações positivas, inclusive os conselhos e orientações, mas é importante não deixarmos com que apenas estas influências sejam as mais importantes para os atletas.

Acredito que eles podem evoluir para um nível elevado de maturidade de aprendizado e decisão, para que possam ser independentes emocionalmente das suas principais referências de sua formação quanto atleta de futebol profissional.

E você amigo leitor, acredita que podemos colaborar para que nossos atletas sejam cada vez mais maduros e promissores?

Até a próxima.

Categorias
Colunas

A opinião de treinadores sobre a formação de jogadores

O tema formação de jogadores vem nos últimos anos despertando reflexões constantes a todos profissionais. Formar é uma palavra que carrega fortes significados. Também, ao mesmo tempo, abre um leque para diversas interpretações. O que é realmente formar? Há um modelo único e mirabolante para formar jogadores? Os jogadores podem ser formados em séries feito indústrias? Se ensina ou se aprende na formação? Se forma ou se deforma?

A diferença cultural de cada região, a forma como se olha para a vitória, a forma de jogar do clube, a forma de jogar que o treinador quer, o perfil de captação, os critérios de dispensa, o uso de um padrão ou não metodológico uniformizado para todas as categorias, o perfil dos jogadores, períodos de desenvolvimento, indicadores evolutivos; vários são os fatores que influenciam na construção do jogador, todos importantes. Mas o que é mais importante realmente?

Esses aspectos, até certo ponto, criam várias escolas formativas distintas. E há dilemas em cima disso: formar por formar? Formar para o clube? Formar para o mundo do negócio? Ou formar para o jogo?

Será que entender o jogo de maneira rica e variável não abarcaria todas essas possibilidades acima abrindo o leque?

É aí que entra o treinador, que é simplesmente um facilitador. A liberdade para os jogadores interagirem, o poder intrínseco camuflado de sua atuação, suas competências evolutivas, seus desafios diários, a forma de transmitir a paixão pelo jogo em cada exercício, a exigência diária e a sensibilidade formativa, marcam os jogadores, mais que muitos traços culturais, metodológicos ou filosofias sagradas tidas como manuais formativos.

Por isso, nada melhor que ouvir a opinião de 4 treinadores que trabalham com futebol formativo para ajudar entender a complexidade desse conceito:

“Quando se fala em futebol de base ou de qualquer outro processo específico de formação desportiva é falar de um conjunto de fatores, complexos, que podem assumir diferentes ângulos de visão e entendimento por parte de diferentes agentes. O treinador Português Carlos Queiroz fala que o futebol de base é fundamentalmente falar do futebol de amanhã. Se formos partir desse princípio no qual também acredito, se queremos para “amanhã” um futebol evoluído,  em constante aperfeiçoamento, com melhores jogadores, melhores equipes e melhores resultados, precisamos começar um trabalho “hoje”, porém sempre pensando à longo prazo”. (Fernando Gil, treinador da equipe Sub 20 e Auxiliar do Profissional do Tubarão)

“A base deve desenvolver o atleta de forma que, o mesmo tenha autonomia dentro do contexto do jogo, através das melhores escolhas e respostas, que aquele instante/momento exija. Potencializar a técnica, tática individual e coletiva, como um todo (sistêmica) e não em partes, esses são pontos essenciais ao meu ver no processo de formação de jovens atletas”. (Fabio Matias, treinador da equipe Sub 17 do Internacional)

“Penso que na formação devemos, usando diversos recursos didáticos diferentes, buscar que o atleta conheça o jogo de futebol em profundidade, as suas possibilidades, vantagens, a lógica e que desenvolva confiança e criatividade para experimentar e buscar soluções para os problemas. É fundamental desenvolver os recursos técnicos e motores, que são as ferramentas do jogo, mas contextualizadas de forma a dar independência para o atleta. A velocidade nas ações e nas decisões são tão importantes quanto à qualidade delas. A educação e o caráter também são indispensáveis, pois antes do jogador lidamos com a pessoa”. (Gustavo Nabinger, treinador da equipe Sub 15 da Ponte Preta)

“O mais importante na formação de jovens jogadores não é o ensino intelectual, relacionado com a lógica e a razão, mas sim o ensino emocional, o que afeta as nossas emoções. A lógica e a razão vêm depois para explicar ou justificar o que as emoções expressam livremente. Dizia Johan Huizinga que “o jogo é anterior a cultura”. Em minha opinião, o importante na formação de jovens jogadores é a liberdade, entendida desde o amor que surge quando não há limites, quando se aceita una convivência igual entre todos no processo”. (Kevin Vidaña, treinador Espanhol)

Slider-Site(1)

As diferenças de conceito são nítidas, e isso é bom. A unanimidade sempre obscurece a natureza desse mundo diverso e singular. Cada contexto e cada momento exigem possibilidades distintas ao longo de um processo.

A formação, num contexto geral, está muito condicionada a ideias artificiais e mecanizada, negligenciando o fato que todos os jogadores possuem capacidades diferentes. Todos são diferentes, e o jogo demonstra diferenças, simplesmente. Então não adianta ser especialista ou generalista se não se perceber “a natureza natural do processo”.

Será que a formação formal e feita por conceitos sofisticados com abuso de recursos não tira a natureza interativa dos jogadores com o jogo e seus companheiros?

Frade fala que “a formação deve estar balizada por uma determinada qualidade que é o jogar futebol e, se o futebol for rico, tiver uma visão rica, tem invariância e tem diversidade”.

É claro, cada processo tem a sua riqueza potencial, mas muitas vezes a maior riqueza está na aparente pobreza que é jogar o jogo sem adornos, se reconhecer dentro dele e interagir dentro dele.

É, os treinadores não jogam mas podem fazer jogar para um melhor formar.

Afinal, o que é realmente formação de treinadores?

Categorias
Colunas

FC Porto – tão bom quanto o vinho

Na semana passada, escrevi sobre a força da marca Benfica, que extrapolou as fronteiras de Portugal com as suas conquistas, em homenagem ao aniversário do clube. O texto da coluna de hoje e da próxima semana serão sobre os outros dois principais clubes do país, o Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Portugal. Juntos, os Três Grandes, como são chamados, dominam o futebol português e construíram a imagem do país mundo afora.

O FC Porto é o principal clube do Norte de Portugal e pertence a uma das cidades mais bonitas da Europa, eleita por alguns anos como o melhor destino do continente e conhecida mundialmente pelo vinho que leva o seu nome produzido às margens do Rio Douro.

Dentro das quatro linhas, o FC Porto dominou o futebol português nas últimas três décadas. Durante os últimos 30 campeonatos portugueses, terminou como campeão em 18 temporadas, o dobro do seu grande rival Benfica. Além disso, conquistou as suas maiores glórias nesse período, ao ser duas vezes campeão da UEFA Champions League e duas vezes da Liga Europa da UEFA, além das duas Taças Intercontinentais conquistadas no Japão. São feitos enormes para o momento atual do futebol mundial, onde rivalizar com os bilionários ingleses, alemães, espanhóis, franceses e italianos torna-se cada vez mais difícil.

Apesar de ter uma população relativamente pequena para uma grande cidade, com 1,7 milhões de habitantes em sua área metropolitana, o FC Porto possui cerca de 3 milhões de torcedores, pois extrapola a sua região e conquista corações por todo o país e também em outros territórios.

Mesmo com uma torcida menor em comparação ao Benfica, o FC Porto é o clube português com maior número de seguidores nas redes sociais, com mais de 5,5 milhões na soma do Facebook + Twitter + Instagram. Somente no Facebook, são 4 milhões de seguidores, contra 3,5 milhões do Benfica e 2,5 milhões do Sporting. É interessante entender que esse predomínio de seguidores do clube ocorre fora de Portugal, liderando em regiões como Europa, Ásia, África, América do Norte e América do Sul, inclusive aqui no Brasil. O Porto é, portanto, a grande referência das navegações virtuais portuguesas nos dias atuais.

Um outro fator relevante sobre o potencial de marca do FC Porto está no sucesso obtido com a transferência de jogadores. A política de comprar jogadores por valores baixos prioritariamente em mercados sul-americanos e depois vender por cifras astronômicas para gigantes europeus tem sido uma prática recorrente desde o início do século. Nesse período, calcula-se que o clube já tenha negociado mais de €600 milhões em jogadores, sendo que metade desse valor envolve jogadores brasileiros.

Slider-Site(1)

A rivalidade entre Lisboa e Porto pode ser comparada, com as devidas ressalvas, ao que ocorre na Espanha entre Madrid e Barcelona. É só conversar com algum nativo dessas cidades para ver as “vantagens” e “desvantagens” contadas por cada lado. E, obviamente, o futebol acirra e alimenta essa disputa. Ano após ano, um busca ser melhor do que o outro e o reflexo disso está no respeito que os clubes portugueses conquistaram por toda a Europa.

Categorias
Colunas

Como começar a construir um time

A discussão é recorrente, mas o início da temporada 2017 colocou o tema novamente no centro dos holofotes. Existe uma dicotomia extremamente marcada entre Fabio Carille, inexperiente treinador que assumiu o Corinthians, e Rogério Ceni, comandante neófito do São Paulo. Os dois mostram que o trabalho de construção de uma equipe de futebol pode começar de diferentes maneiras. Mas quais são as consequências disso, afinal?

Carille optou por um caminho mais conservador. Alicerçou o Corinthians na segurança defensiva e fez isso a partir de uma formação tática que já havia funcionado com Tite, atual comandante da seleção brasileira e treinador mais vitorioso da história recente no time alvinegro. Moldou um time que se movimenta de forma mais previsível e que anota poucos gols, mas tem a melhor campanha do Estadual e já venceu dois clássicos (contra Palmeiras e Santos).

A proposta de Ceni é radicalmente oposta. O ex-goleiro tem construído o São Paulo a partir de movimentações mais fluídas. Jogadores como Rodrigo Caio, Cícero e Buffarini alternam posições durante as partidas, e a equipe muitas vezes tem dinâmicas diferentes de acordo com a necessidade mais urgente. Isso influencia a saída de bola, a construção e o encaixe de marcação, por exemplo. Resultado: o time marca muitos gols, mas também tem uma defesa instável.

O São Paulo de Ceni está longe de ser problemático. É líder do Campeonato Paulista, avançou na Copa do Brasil e tem conseguido estabilidade de resultados a despeito de usar um elenco recheado de garotos. No entanto, e nesse ponto a comparação com o Corinthians é cruel demais, o desempenho é menos regular do que o registrado pelo rival alvinegro.

O Corinthians de Carille é seguro e parece estar sempre distante de uma derrota, mas também dá impressão de estar constantemente longe de vencer. No São Paulo de Ceni acontece o inverso: o time está sempre perto de triunfar, mas vive em constante flerte com os resultados negativos.

A primeira questão advinda dessa oposição é sobre caminhos: Carille e Ceni demonstram que há diferentes abordagens possíveis para a construção de um time e que ambas podem ter percalços e/ou sucesso. É fundamental não cobrar que ambos se balizem por um senso comum e que se mantenham fiéis ao que escolheram, mas isso também depende da convicção de suas diretorias.

Aí entra outro aspecto relacionado à dicotomia entre os treinadores: Corinthians e São Paulo sabem o que querem para esta temporada? Sabem aonde pretendem chegar e estabeleceram parâmetros de desempenho que sejam mais palatáveis do que “conquistar títulos”? Os técnicos receberam essas projeções e participaram de um desenho de planejamento anual?

Nos dois casos, a escolha do treinador tem relação aberta com o contexto político. Rogério Ceni é um ídolo, talvez o maior da história do São Paulo, e a contratação dele é uma espécie de escudo para Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, atual presidente e candidato à reeleição – o pleito está agendado para abril. No Corinthians, o mandatário Roberto de Andrade tinha um risco considerável de sofrer um processo de impeachment quando escolheu Carille. Era uma solução menos arriscada, com menos rejeição e substituição mais tranquila – se fosse necessária, é claro.

As posturas dos dois treinadores também têm relação com o contexto, é claro. Carille sabe que goza de menos estabilidade no Corinthians e que precisa acumular bons resultados para se segurar no cargo. Ceni entende o quanto é ídolo e o quanto a candidatura de Leco depende dele. Por isso, tem mais espaço para ousar.

Entender o contexto político e como os treinadores se relacionam com isso é fundamental para qualquer avaliação sobre Carille e Ceni. Saber o que os times estipularam como meta também é fundamental nesse processo.

Entretanto, há muita pressa para colar rótulos nos dois treinadores. Carille não é necessariamente um profissional com postura defensivista, e nem Ceni é obrigatoriamente um inovador defensor do futebol ofensivo. Ambos estão trabalhando, buscando estabilidade, mas escolheram caminhos diferentes para começar isso.

E os dois times? Em que Corinthians e São Paulo têm contribuído para construir ambientes favoráveis a seus treinadores? Como os dois têm trabalhado para que o caminho iniciado por seus novos comandantes os levem ao objetivo determinado?

A pergunta pode abarcar diferentes áreas das duas equipes, mas é impossível dissociar a comunicação do processo. Corinthians e São Paulo começaram 2017 com rotas diferentes, mas até aqui fizeram pouco para explicar isso a seus torcedores. Corinthians e São Paulo escolheram essas rotas por motivos diferentes, mas tampouco têm posicionado o público sobre o contexto.

Se essa passividade persistir, os dois times paulistas seguirão dependendo de bons resultados para que os caminhos escolhidos por seus treinadores continuem. É uma linha muito tênue e denota pouca convicção. Mesmo para quem começou bem.

Categorias
Colunas

Desvendando a comunicação além das palavras

Hoje em dia, se faz muito valioso que os treinadores consigam aprender sobre o elenco que possuem em mãos, de maneira cada vez mais rápida. Isso pode ser fundamental para que ele tenha a consciência sobre quais são os perfis de atletas que possui e com isso poder liderar o time na direção de seus propósitos. Mas como ser mais assertivo nessa leitura inicial, dos primeiros períodos de trabalho?! Isso é um baita desafio…

Uma sugestão é que o treinador possa desenvolver a sua capacidade de compreender a linguagem corporal de seus atletas!

Ser um bom leitor corporal pode tornar um treinador mais consciente e atento para as tentativas de persuasão, dissimulação e em alguns casos dominação, por parte de outras pessoas. Além disso traz uma grande oportunidade de autoconhecimento para o treinador, tornando-o mais sensível com as emoções e os sentimentos alheios.

Mas como um treinador pode progredir nesse sentido? Uma boa dica é reservar pelo menos cinco minutos diários para apreciar e estudar a linguagem corporal de outras pessoas e com isso adquirir consciência de seus próprios gestos. Isso pode ser feito em diversos locais, preferencialmente onde as pessoas se encontram e interagem, como aeroportos, onde demonstram ansiedade, raiva, tristeza, alegria, impaciência e assim por diante.

Ok, o treinador pode observar as pessoas e com isso adquirir a capacidade de ler os seus atletas. Mas só isso basta? Não! Ele pode compreender algumas maneiras adicionais para identificar olhares, posturas, apertos de mãos e até sorrisos para ampliar significativamente sua capacidade de leitura do outro.

Slider-Site(1)

Falando nisso, vou compartilhar uma boa dica para situações em que o treinador chega a um novo ambiente de trabalho: a capacidade de sorrir e fazer sorrir!

É valioso sabermos que um sorriso é inegavelmente contagiante. Uma pesquisa realizada pelo professor Ufl Dimberg, da Universidade de Upsala, Suécia, revela que o inconsciente exerce controle direto sobre os nossos músculos faciais. Isso endossa a importância de sorrir como parte da sua linguagem corporal, uma vez que isso causa resposta positiva do outro. O cuidado é saber que existem diversos tipos de sorrisos e o treinador deve ter a consciência de que um sorriso falso, proporciona a mesma expressão no outro. Isso posto, não se deve esperar a construção de ambientes de confiança com utilização deste tipo de sorriso como técnica de linguagem corporal.

Complementando, o riso pode sim ser levado mais a sério, pois quando sorrimos ou rimos genuinamente, isso causa um surto de atividade elétrica em uma parte do cérebro chamada “zona feliz” no hemisfério esquerdo do nosso cérebro. A produção deliberada de sorrisos e risadas aproxima a atividade cerebral da felicidade espontânea.

Com isso podemos considerar que realmente o humor cura! É isso mesmo, cura, pois o riso estimula a produção de endorfinas que ajudam a aliviar o estresse e em alguns casos a curar doenças.

Assim, amigo leitor, podemos concluir, que existem inúmeros benefícios de conhecermos a linguagem corporal, pois cada vez mais estamos num universo controlado pela tecnologia em substituição ao contato pessoal. Nesse cenário, cada momento de contato pessoal deve ser aproveitado ao máximo, para uma melhor compreensão das emoções e sentimentos das pessoas com as quais nos relacionamos. E imagina se isso não seria valioso para um treinador de futebol profissional?! Eu acredito que sim… e você?

Até a próxima.