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As dietas fracassadas e o futebol brasileiro

Publicada no livro homônimo, a crônica “Eu sei, mas não devia”, da escritora Marina Colasanti, lista uma série de concessões que as pessoas naturalizaram em suas rotinas. A gente se acostuma a morar em apartamentos com visão obstruída, a acordar sobressaltado, a ler sobre guerras, a ser conduzido, diz o texto. E por admitir que essas coisas são normais, a gente acaba mudando a visão ou o jeito de lidar com uma série de aspectos relevantes do cotidiano. É por essa sucessão de transgressões que o futebol brasileiro ainda tem dificuldade para se consolidar em diferentes âmbitos.

Vivemos numa realidade em que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é uma caixa preta composta por federações de gestão ainda mais nebulosa. O arcabouço é sustentado por clubes igualmente afetados por práticas deletérias e por pessoas que vislumbram nessa seara apenas um caminho mais curto para o benefício próprio. A estrutura é viciada, o que naturaliza práticas absolutamente nocivas. Cria-se um ciclo interminável de malfeitos e conformismo.

Segundo pesquisa da University College London, baseada no Reino Unido, o cérebro humano se acostuma a ilícitos. O estudo acompanhou o comportamento da amígdala cerebral, estrutura envolvida na geração de respostas emocionais como angústia e medo, para constatar que existe uma tendência orientada à desinibição sobre a desonestidade quando ela traz benefício e não é punida.

O futebol brasileiro vive entre as duas realidades: o ciclo de malfeitos e conformismo e a naturalização de atitudes orientadas apenas ao benefício próprio. Falta controle, mas existe uma carência ainda maior de autoanálise (no sentido individual, mas também a avaliação de instituições pelas próprias instituições).

É por isso que o inconformismo tem de ser o primeiro passo dado pelo futebol brasileiro em 2017. Não podemos começar o ano “deixando para lá” ou simplesmente passando por cima do que ficou na temporada passada.

Que ninguém comece 2017 achando que a tragédia envolvendo o avião que levava a delegação da Chapecoense é coisa do passado. Que ninguém esqueça dos dirigentes brasileiros envolvidos em escândalos de corrupção no futebol mundial. Que ninguém pense que é normal ou que o Brasil está imune ao recente escândalo de assédio sexual de menores no futebol britânico.

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O Brasil vive um momento especialmente instável no campo político, exacerbado por uma reação de muitas pessoas ao deixar o estado de catarse. O inconformismo ainda é puro e pouco adulto – quase como uma birra de criança.

Há muito o que mudar no futebol brasileiro, e essas alterações passam necessariamente por uma revisão de postura. Que o ano novo represente para todos uma chance de olhar para dentro e iniciar essa reflexão que o mundo todo precisa – não apenas no esporte.

Que essa evolução individual seja contínua e que nos ajude a aceitar mais, mas não no sentido mais frequente do verbo atualmente. Que possamos entender que pessoas erram, mas que não sejamos passivos.

A temporada 2016 nos deu uma série de demonstrações de que pequenas mudanças de postura podem ter imensos reflexos. Vejam o que aconteceu com a seleção brasileira depois da mudança de apenas um profissional – Dunga foi substituído por Tite no comando da equipe nacional, e isso alterou toda a percepção do país sobre a equipe.

A mudança deve começar de dentro e pode até ser pequena, mas só vai acontecer quando entendermos que somos agentes desse processo. Você já começou a pensar em como fazer sua parte?

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Ano novo, futebol novo

Na última coluna do ano, comentei sobre melhorias na gestão esportiva para que o futebol possa ser cada vez melhor, enquanto negócio. Mas, falando em termos práticos, vamos abrir o ano novo comentando sobre a execução dos planos de ação que podem contribuir para levar os negócios do futebol a um patamar melhor. Percebi que em alguns momentos temos dúvidas na aplicação de algumas ferramentas ou técnicas. Vamos então falar sobre uma delas, que poderá permitir que façamos facilmente bons planos de ação.

Um plano de ação, pode ser compreendido como o planejamento de entregas que irão materializar as entregas que darão vida real ao nosso planejamento estratégico. Mas qual a minha intenção em falar sobre produtividade e plano de ação?

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Existe um simples motivo que me fez abordar esse tema, todo empreendedor ou gestor esportivo geralmente possui ou tem boas ideias, em inúmeras vezes bastante claras de um novo processo de trabalho ou solução para um problema cotidiano. Em algumas situações, já se possui uma equipe envolvida; já existem os recursos e até já se traçou um plano estratégico para o futebol. Mas, onde realmente o seu calo aperta? Na realização! Materializar um planejamento estratégico é uma jornada repleta de desafios, impasses, e sobretudo de dúvidas. Se você, enquanto gestor do futebol, já passou ou está passando por algo deste tipo, sabe do que estou comentando aqui.

Então, como não vivemos só de problemas, certo (rs)? Vou comentar sobre uma ferramenta que, quando bem aplicada, pode auxiliar a eliminar estas dúvidas e impasses, melhorando significativamente a execução de seus projetos. Ela se chama 5W2H e sou particularmente muito fã desta ferramenta.

Vamos lá, conforme conceituado no site da Endeavor Brasil, o 5W2H é, na verdade, um checklist de atividades específicas que devem ser desenvolvidas com o máximo de clareza e eficiência por todos os envolvidos em um projeto. Esse termo corresponde, na verdade, às iniciais (em inglês) das sete diretrizes que, quando bem estabelecidas, eliminam quaisquer dúvidas que possam aparecer ao longo de um processo ou de uma atividade. São elas:

5 W: What (o que será feito?) – Why (por que será feito?) – Where (onde será feito?) – When (quando?) – Who (por quem será feito?)

2H: How (como será feito?) – How much (quanto vai custar?)

Ou seja, é uma metodologia cuja base são as respostas para estas sete perguntas essenciais. Com estas respostas em mãos, você terá um mapa de atividades que vai te ajudar a seguir todos os passos relativos a um projeto, de forma a tornar a execução muito mais clara e efetiva.

Mas é tão útil assim para o futebol?

Sim! O 5W2H ajuda, certamente, na execução e no controle das tarefas que precisam ser executadas para que os planos do futebol possam ser materializados. O uso desta ferramenta pode representar sensível economia de tempo e recursos – afinal, quando bem implementado, as dúvidas dão lugar à produtividade. Porque tudo ficará muito mais claro e a atribuição de atividades de cada profissional envolvido será imediatamente beneficiada.

Concluindo, com o uso do 5W2H os envolvidos saberão exatamente o que fazer, quando, onde, de que forma, etc. E o resultado valioso é uma sinergia que pode ser um importante diferencial estratégico para o futebol.

Até a próxima coluna, onde irei comentar sobre como aplicar o 5W2H.

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Futebol é lugar de mulher SIM!

O Brasil inteiro se viu chocado com as cenas de agressão amplamente divulgadas pelas redes sociais a uma mulher que trabalhava como segurança em um clube no interior de Minas Gerais.

Infelizmente, em pleno século 21, as mulheres convivem com a violência física e psicológica deflagradas pela estupidez humana. Costumo dizer que as mulheres são a evolução da espécie, conseguem unir leveza e seriedade, racionalidade e coração, beleza e competência.

Muitos homens, sabedores da sua insignificância ao lado delas, utilizam-se da força física e de aspectos sócio morais para tentar diminuí-las tido como masculino. Mas, como em diversos outros setores da sociedade, este quadro está mudando.

Em decisão acertada, a CBF pela primeira vez na história, contratou uma mulher para dirigir a Seleção Feminina de Futebol, trata-se de Emily Silva. Aliás, técnicas de futebol de sucesso não são novidade, Jill Ellis (treinadora da Seleção feminina dos EUA) e Pia Sundhage (treinadora da Seleção feminina da sueca) são super vitoriosas e respeitadíssimas.

Em muitos países, como os EUA, o futebol é muito praticado entre as mulheres. A Europa já possui Ligas profissionais de futebol feminino. Como em outras modalidades, o futebol feminino ainda sofre com as diferenças de visibilidade e remuneração, mas, nada que o tempo não irá resolver. Precisamos quebrar os paradigmas.

Nada que não seja de fácil superação pelas mulheres, o sexo forte, capaz de sobrepor as maiores barreiras. Enquanto os homens, tomados pela insegurança, tentam subjugar as mulheres, elas conquistam um espaço que sempre foi delas e ainda viveremos para vê-las dominando o mundo.

A Rádio Itatiaia, sempre à frente do seu tempo, tem em sua Direção de Esportes, a mais que competente Úrsula Nogueira, uma das melhores jornalistas desse Brasil, um poço de inteligência e liderança, um verdadeiro exemplo de vida.

Que o mundo se encha de Emilys Silvas e Úrsulas Nogueiras.

“Mulher! Mulher!

Na escola

Em que você foi

Ensinada

Jamais tirei um 10

Sou forte

Mas não chego

Aos seus pés…”

(Mulher – Erasmo Carlos)

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Estádio de Calamidade

Terminado o ano e a temporada do futebol brasileiro, temos um panorama geral sobre a presença de público nos estádios pelo Brasil. Para um país apaixonado por futebol como nós mesmos nos intitulamos, o resultado está bem abaixo das expectativas.

A Série A do Campeonato Brasileiro, principal torneio nacional, registrou uma ocupação média de 40%, número bem parecido ao ocorrido em anos anteriores. Se fosse uma prova escolar, teríamos sido reprovados. O que falar então da Série B do Brasileiro, com média de 16%? O único campeonato que obteve média elevada foi a Libertadores, com 74% de ocupação.

O ranking completo por clube e campeonato está disponível no link: http://app.globoesporte.globo.com/futebol/publico-no-brasil/

No meio de números tão ruins, alguns clubes merecem destaque positivo. O campeão Palmeiras, com um estádio de excelência e um time competente dentro de campo, contribuiu muito para que os números não fossem ainda piores. Obteve média de 77% de ocupação no Brasileiro e 68% no total de jogos durante o ano, com faturamento bruto de R$ 60 milhões, também o maior do país.

Apesar do próprio Allianz Parque ainda necessitar de melhorias, especialmente na diversidade de serviços oferecidos ao público e em suas ações de matchday (que também passa pela responsabilidade das entidades organizadoras, como CBF, FPF e Conmebol), os outros clubes poderiam seguir os seus passos, ao garantir um estádio confortável e de fácil acesso.

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Um outro número também chama a atenção. Apesar de rebaixado para a Série B, o Internacional obteve a terceira maior média de público pagante e foi o quinto com maior renda bruta aferida. A tendência e a história ocorrida com outros grandes clubes que passaram pela Série B nos faz acreditar que o clube conseguirá ter uma alta frequência de público na luta pelo seu retorno à elite em 2018.

Podemos ver também o caso oposto vivido pelo Vasco da Gama. O clube retorna à Série A em 2017, mas foi uma decepção de público em 2016. Obteve somente a 5ª maior média de ocupação da Série B com 6.876 torcedores por jogo. O fato do clube ter passado por seguidos rebaixamentos parece ter desanimado o seu torcedor. Torcemos para que o retorno à elite traga um novo ânimo ao clube que possui a 5ª maior torcida do país.

O assunto é repetitivo, mas não podemos fechar os olhos para a forma que o produto futebol é trabalhado no Brasil. Estruturas precárias, serviços de péssima qualidade ao público, medo de violência dentro e fora do estádio e excesso de jogos são fatores que afastam cada vez mais o torcedor dos estádios.

Temos grandes exemplos de como fazer melhor, com políticas e gestões bem sucedidas na Premier League e na Bundesliga, que batem recordes de público a cada ano, com médias acima de 95% de ocupação. Lá, o protagonista do espetáculo é o torcedor!

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Por que é tão difícil escolher um técnico?

Entre os 12 clubes que detêm os maiores orçamentos do futebol brasileiro, apenas cinco (Botafogo, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio e Santos) mantiveram seus treinadores de 2016 para 2017. E dessa lista, apenas azuis mineiros, tricolores gaúchos e alvinegros paulistas contam com profissionais que há tempos figuram na elite nacional (Mano Menezes, Renato Gaúcho e Dorival Júnior, respectivamente). Existe um processo de renovação no banco de reservas dos principais times do país, mas essa troca de guarda também expõe um aspecto relevante do jogo praticado em âmbito nacional: como são raros os projetos sistêmicos, a escolha é sempre um processo extremamente complicado (e com altíssima margem de erro).

O Corinthians, por exemplo: Tite, treinador mais longevo da história recente na equipe alvinegra, saiu durante o Campeonato Brasileiro de 2016 e assumiu a seleção brasileira. Foi substituído por Cristóvão Borges, que depois deu lugar ao auxiliar Fábio Carille, posteriormente trocado por Oswaldo de Oliveira. Três linhas de trabalho diferentes, três propostas distintas para formação de equipe e estruturação do trabalho diário. Três direções para um elenco cuja identidade já havia sido debelada por sucessivas trocas de atletas. O time perdeu essência e qualidade, mas a diretoria também abriu mão de qualquer fio condutor.

O resultado de tantas mudanças foi um Campeonato Brasileiro medíocre. O Corinthians passou longe de brigar pelo título e não conquistou sequer uma vaga na próxima edição da Copa Libertadores, principal competição do futebol continental (em âmbito esportivo e em retorno financeiro). Resultado: a diretoria demitiu Oswaldo de Oliveira e partiu mais uma vez para o mercado.

Quando decidiu buscar um novo treinador, o Corinthians viu que o Atlético-MG já havia fechado com Roger Machado, que talvez seja, entre os treinadores neófitos do futebol brasileiro, o detentor de uma ideia mais interessante para montagem de suas equipes. Que Fluminense (Abel Braga), Internacional (Antonio Carlos Zago), Palmeiras (Eduardo Baptista) e Vasco (Cristóvão Borges) também tinham escolhido seus técnicos para a próxima temporada. Que até o São Paulo, que inovou e deu o cargo ao ídolo Rogério Ceni, escolhera uma estrada para iniciar o próximo ano.

Da lista acima, contudo, quais foram os treinadores contratados depois de a diretoria ter chegado a um ideal de jogo a ser praticado? Quem foi escolhido por verdadeiramente preencher o que seu clube deseja para a próxima temporada? As primeiras escolhas de treinadores foram por convicção de trabalho ou apenas por serem esses os “bons nomes”?

É isso, afinal: ainda que os nomes tenham mudado, times brasileiros seguem escolhendo apenas marcas. Há os ídolos (caso de Rogério Ceni, mas a lógica também se aplicaria a Paulo Roberto Falcão, que comandou o Internacional em 2016); outros preferem técnicos com bom histórico recente (Roger, Eduardo ou Antônio Carlos, por exemplo); há ainda as diretorias que contratam por tamanho do profissional (por conquistas ou carreira, Abel Braga é sempre lembrado em listas de qualquer equipe).

Independentemente da lógica, ainda são raros os casos de times brasileiros que sabem o que querem e que comunicam isso de forma clara. O resultado é que muitos técnicos tentam aplicar ideias que passam longe da essência ou do que as equipes têm a oferecer. É a roda da demissão precoce: diretoria não sabe o que quer, treinador inicia um trabalho descolado da realidade ou da expectativa, jogadores e torcedores se frustram, o próprio profissional se frustra, mudança acontece.

A renovação dos treinadores brasileiros é uma prova de que a velocidade pode ser pequena, mas os principais dirigentes do futebol nacional entenderam que é necessário mudar conceitos e buscar um futebol mais adequado à realidade contemporânea. Para isso, contudo, é fundamental entender que não basta apenas trocar a geração ou escolher profissionais diferentes.

O ideal é que exista uma abordagem sistêmica entre proposta de jogo, pontos fortes do treinador e características dos jogadores. Da diretoria aos torcedores, seria bom se todos entendessem quais são as propostas de cada equipe e por que as decisões são tomadas. Esse processo depende de estratégias de comunicação em diferentes níveis, mas só pode existir numa realidade em que as pessoas entendam o quanto é relevante saber o que elas querem.

A falta de clareza nesse sentido é a principal explicação para a dificuldade que todos os times têm quando tentam contratar um técnico.

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Mudanças e a gestão esportiva

Nesta coluna de Natal, pensei sobre qual presente um gestor esportivo poderia escolher para que seu trabalho fosse cada vez melhor. Olha, se realmente queremos ter uma elevada maturidade na gestão esportiva dentro do futebol, as novas gerações de gestores precisam compreender o contexto de mudanças em que vivemos. Além disso, deverão também refletir sobre maneiras e estratégias gerenciais para promover o desenvolvimento e crescimento do negócio esportivo sob sua gestão. Então, um bom presente talvez seria algum conhecimento ou maneira para aumentar a efetividade da gestão do negócio de futebol.

Em seu livro O Verdadeiro Poder (se deseja ser um bom gestor esportivo eu recomendo essa leitura de base), Vicente Falconi, nos oferece algumas reflexões sobre as mudanças. Em geral nós, seres humanos, somos avessos às mudanças. Sempre que saímos da rotina nos cansamos e nos estressamos. No entanto, estamos num mundo de mudanças contínuas e nossa própria vida é de um dinamismo às vezes assustador. Para quem conhece qualquer organização de futebol, isso não é diferente. O futebol vive num universo em constante mudança, pois rodada a rodada seu contexto pode sofrer alterações drásticas e se faz inevitável que todos estejam preparados para isto.

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A organização esportiva que fica parada na inércia tende a morrer. O movimento de melhorias dentro deste tipo de organização pode ser compreendido de forma adaptativa (quando apenas reage às mudanças em sua volta) ou agressiva (quando ela mesmo provoca estas mudanças e se antecipa).

Mas a compreensão de que vivemos em contexto de mudanças aceleradas não traz a solução para nossos problemas cotidianos no futebol. Conhecer e aplicar ferramentas gerenciais e de qualidade são premissas para que se consiga efetuar uma adequada gestão do futebol. Metas, planejamento estratégico e planos de ação que possam orientar o gerenciamento do futebol, são o mínimo que um gestor do esporte pode empreender.

Para contribuir com o entendimento de vários termos que podem ser novos para o universo do futebol, quero compartilhar algumas informações sobre Gerenciamento da Rotina. Sabe que uma das coisas mais importantes para um bom gerenciamento da rotina é a execução, de um ciclo de PDCA (Plan, Do, Check, Action). Todos os pontos do PDCA são importantes e necessários, porém quero chamar a atenção rapidamente para o Do, Executar.

Sempre que não temos pragmatismo na execução dos planos de ação que nos levarão aos melhores resultados, nós caímos na procrastinação clássica do ser humano. Com isso, nós viramos meros observadores dos nossos planos e mesmo assim acreditamos por um tempo que seremos bem-sucedidos ao atingirmos as metas estabelecidas.

A dica então é não deixarmos a energia cair no momento da execução de nossas atividades, independentemente do tamanho ou complexidade da ação. Seja ela qual for, esta possui uma enorme importância não percebida no contexto geral do objetivo desejado! Seguir firme na direção dos melhores resultados exige um total engajamento de todos e com isso pode-se esperar melhores resultados de negócio esportivo dentro do futebol.

Até a próxima, um grande abraço e um Feliz Natal!

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Seja honesto com você mesmo

Olá, leitor! Mais um ano se encerra, daqui a poucos dias teremos “consumido” mais 366 dias de nossa vida. Isso mesmo, caso não tenha notado, este foi um ano bissexto, ou seja, tivemos uma oportunidade a mais de colocar em prática tantos projetos, desejos e obrigações que possuímos.  Acredito que cada novo dia de vida seja uma oportunidade de fazermos e sermos melhores do que no dia anterior, assim como acredito que um bom caminho para isso seja a reflexão para uma avaliação sincera de nossas ações, para poder projetar melhor a conduta na nova oportunidade que virá.

Creio que este possa ser um bom exercício para nossas vidas, no intuito de dar um real significado a nossa existência, a dica pode até parecer um pouco clichê, mas refletir nossas ações, sempre acaba nos fazendo perceber em que pontos podemos melhorar.

Nesta última coluna do ano, tendo em vista o fim de mais uma temporada no Brasil, proponho, portanto, um exercício de reflexão sobre o trabalho realizado. São algumas questões para que você, leitor, avalie como foi seu ano profissional. E mesmo que você não atue diretamente no futebol, este exercício também pode lhe ajudar a avaliar o ano dos times que gosta de acompanhar. Vamos lá!

– Qual foi seu nível de comprometimento com a equipe?

– Quais foram os mecanismos que você utilizou para constante avaliação de seu desempenho?

– O quão coerente você foi com as condições de trabalho que possuía e o nível que com elas poderia alcançar?

– Qual foi o seu nível de comprometimento com a sua capacitação ao longo do ano?

– Quantas vezes você soube reconhecer que estava equivocado?

– Quantas vezes você soube reconhecer, e deu o devido valor, aos méritos e esforços dos demais?

– O quão coerente você foi com o nível de cobrança para com sua equipe? Dado os objetivos do clube e da categoria em que trabalha?

– O quão honesto você foi em sua conduta?

– Você soube reconhecer as suas virtudes e limitações e as de seus jogadores/comissão técnica/clube? Foi coerente com isso?

– Você soube reconhecer as virtudes de seus adversários?

– A partir de quais parâmetros você avaliou o desempenho de sua equipe e jogadores?

– Soube compreender que o desempenho de uma equipe está além de suas vitórias, derrotas ou empates?

– Como avalia seu nível de influência na vida daqueles com quem convive?

– O quanto você contribui para a evolução atlética e humana de cada um de seus jogadores?

– O quão honesto você foi para com seus objetivos pessoais, os objetivos dos demais e os objetivos do clube onde trabalha?

– Teve mais atitudes no intuito de edificar ou de corromper o meio em que vive?

Apresentei algumas questões, cada um, olhando para si e para sua situação individual, podendo trazer outras que enriqueçam sua avaliação. A avaliação, ao contrário do que muitos afirmam, é um instrumento que resulta em um dado que não vale por si só; é um dado que orienta novas ações. Ela vai contribuir para fortalecer o que é bom e excluir ou remodelar o que não deu certo. No entanto, para que a reflexão seja, de fato, um elemento que contribua com o trabalho, a vaidade (que permeia fortemente o mundo do futebol) tem que ficar de lado e deve ser honesto consigo mesmo.

Agora no fim do ano, temos a chance de fazer a avaliação geral do trabalho. No próximo ano, inclua avaliações durante o trabalho, não tenha medo de analisar os jogos e os treinos, listar erros, reconhecer as estatísticas, dialogar francamente com as pessoas, aprender e contribuir com o trabalho de outros profissionais.

Aproveito também para desejar um abençoado Natal a todos! E que em 2017, você saiba aproveitar com sabedoria cada novo dia (oportunidade) que lhe for concedido!

Grato.

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Homofobia no futebol

Homofobia significa aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas ou grupos nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais.

No futebol, muitas vezes, a homofobia se manifesta nas “brincadeiras” e “provocações” dos torcedores.

Mais recentemente, após a Copa do Mundo, a moda passou a ser gritar “bicha” no momento do tiro de meta.

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Para alguns, somente se configuraria homofobia na hipótese do atleta ser, de fato, homossexual. Este foi, por exemplo, o entendimento do TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo) ao decidir que os gritos de “bicha” proferidos pela torcida do Corinthians para Rogério Ceni, goleiro do São Paulo, não foram homofóbicos.

O fato é que o Código Brasileiro de Justiça Desportiva é uma ferramenta importantíssima no combate à homofobia, uma vez que, eventuais punições aos clubes os estimularia a prevenir atos homofóbicos de suas torcidas.

Ressalte-se que o Estatuto do Torcedor, no inciso V do Artigo 13º proíbe ações discriminatórias racistas e xenofóbicas, mas não faz menção expressa à orientação sexual, por exemplo.

Independente do entendimento, a homofobia deve ser fortemente combatida não somente no futebol, mas em todos os setores da sociedade e nada melhor que o esporte mais popular do Brasil para dar o exemplo.

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Futebol Real

O Mundial de Clubes teve a sua final no último domingo e consolidou o Real Madrid como o maior campeão mundial da história, considerando as disputas da Copa Intercontinental realizada desde 1960 e a Copa do Mundo de Clubes a partir de 2005 (além de uma edição anterior realizada em 2000).

Agora são 5 títulos do Real Madrid, ultrapassando o também gigantesco Milan que possui 4 títulos, mas que vive um momento de reconstrução, após entrar em completa decadência financeira e esportiva na última década.

A partida final foi disputada contra o Kashima Antlers, sendo a primeira final de uma equipe japonesa e a terceira de uma equipe fora da América do Sul, demonstrando a queda dos clubes sul-americanos, especialmente brasileiros e argentinos. As outras duas equipes citadas que chegaram à final são do continente africano. Em 2010, com o Mazembe do Congo e, em 2013, com o Raja Casablanca de Marrocos. Do outro lado da chave, sempre houve a presença de um clube europeu, que jamais ficou pelo caminho na fase semifinal.

Na história, agora são 30 títulos para clubes europeus e 27 para sul-americanos. Apesar do franco predomínio europeu com 9 conquistas nas últimas 12 temporadas, desde que passou a contar com a participação de clubes de todos os continentes em 2005, Brasil e Argentina lideram o ranking de países com mais conquistas, sendo 10 para cada. Espanha e Itália aparecem logo na sequência, com 9 títulos para clubes de cada país.

A profissionalização e o poder econômico dos clubes europeus são os principais fatores para sustentarem esse predomínio e a tendência é que isso se mantenha durante os próximos anos, sempre com a possibilidade de uma ou outra zebra no meio do caminho. Não será surpresa ver clubes da MLS dos EUA ou Liga Chinesa conseguirem enfrentar com certo equilíbrio as potências europeias e sul-americanas.

O Real Madrid é o clube que melhor simboliza essa discrepância, por representar o modelo de clube gigante globalizado que consegue construir elencos multimilionários e multicampeões. Além de ser o maior campeão mundial de clubes com esses 5 títulos, também é o maior vencedor do principal torneio da Europa, a Champions League, com os seus incomparáveis 11 títulos (o segundo maior vencedor é o Milan com 7 conquistas) e o maior campeão espanhol com 32 títulos (contra 24 do seu grande rival Barcelona).

Líder do ranking Football Money League da Deloitte por onze anos consecutivos, o clube obteve receita de €577 milhões na última temporada, sendo €249 milhões somente com os seus 24 patrocinadores. O valor do seu elenco é avaliado em inacreditáveis €3,2 bilhões, considerando nessa conta o jogador mais midiático e mais bem pago do planeta Cristiano Ronaldo e astros do calibre de Gareth Bale, Benzema, Kroos, Modric, Sergio Ramos e todos os demais ídolos dessa constelação.

Somente com esse potencial de receita foi possível construir verdadeiros esquadrões ao longo de sua história para ter em seu elenco grandes craques presentes nas listas de maiores jogadores de todos os tempos, como Puskás, Alfredo Di Stéfano, Gento, Raul González, Zidane, Roberto Carlos, Ronaldo, Figo, Casillas, Sergio Ramos, Cristiano Ronaldo e tantos outros de grande destaque.

Os investimentos para esse sucesso são exacerbados, porém o retorno financeiro também ocorre na mesma proporção. Além de patrocínios, o clube possui uma elevada arrecadação por meio de venda de camisas, itens licenciados, ingressos para jogos com sua lotação plena durante toda a temporada e pela presença do clube cada vez mais maciça pelos quatro cantos do mundo.

Se olharmos a força do clube nas redes sociais, conseguimos entender o tamanho do seu potencial. São mais de 93 milhões de curtidas na página do Facebook, além de 41 milhões de seguidores no Instagram e outros 21 milhões no Twitter. Pouquíssimas plataformas de comunicação em qualquer segmento do mundo conseguem atingir uma quantidade tão grande de fãs entusiastas.

 O grande símbolo do atual Real Madrid é o craque português Cristiano Ronaldo. Considerado o maior jogador do ano em 4 oportunidades, é praticamente certo que vencerá novamente a eleição da FIFA em janeiro, ainda mais por ter vivido um ano especial com a conquista da 11ª Champions League, a inédita conquista da Eurocopa por Portugal e, nesse final de semana, o esperado 5º título do Mundial de Clubes. A sua história no clube é fenomenal. Em 367 jogos, alcançou a marca impressionante de 380 gols, entre tantos outros recordes que simplesmente pulverizou. Não à toa, é o jogador de futebol mais rico do mundo, considerando salários e patrocínios individuais.

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Em meio a tantas glórias e conquistas, também uma série de polêmicas circulam a história do Real Madrid, tornando-o amado pelos seguidores do Madridismo e odiado pelos seus rivais. A suposta ajuda da ditadura de Franco que utilizou a força da marca do clube como propaganda do regime, benefícios indevidos dados pelo governo municipal em diversas permutas de terrenos para a construção da Ciudad Real Madrid em Valdedebas e a injusta distribuição da receita de TV na Espanha que privilegia os gigantes de Madrid e Barcelona, são exemplos de casos que arranham a sua riquíssima história.

Sem dúvida, as polêmicas e injustiças devem sempre ser avaliadas de forma isenta, independente do nome que esteja por trás. Porém, dentro de campo, a história do Real Madrid é fundamental para a história do futebol, com seu lado apaixonado e mágico.

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Nova temporada, mas o que importa para o atleta?

Uma nova temporada se aproxima e muitos clubes já se movimentam para um planejamento adequado de seus elencos, considerando seus objetivos e traçando as metas para o próximo ano. Mas quanto aos atletas? O que uma nova temporada pode significar?

Muitos atletas, simplesmente passam de um ano para o outro, sem dar muita importância para o planejamento da sua temporada, ou seja, do seu novo ano que se aproxima.

Se quando pensamos na carreira esportiva, nós acabamos percebendo a importância de planeja-las estrategicamente, compreendendo a importância que as escolhas terão no futuro profissional e consequentemente pessoal do atleta. Com isso podemos colaborar para um aumento de consciência de que ou se escolhe os caminhos de vida ou se deixa que a vida decida por você e lhe ofereça resultados que nem sempre são aqueles que se espera.

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Entrando um pouco na questão do planejamento da carreira esportiva, vale lembrar que de acordo com Samulski (2009) o planejamento de carreira esportiva de um atleta deve levar em consideração características pessoais (aspectos cognitivo, emocional e comportamental), nível de escolaridade, aspectos socioeconômicos e tipo de apoio social (ciclo de amizades) e familiar de que ele dispõe. Além disso, é importante considerar também as características culturais do ambiente esportivo (por exemplo, hábitos, valores éticos e aspectos religiosos) e a estrutura organizacional da modalidade esportiva praticada (tempo médio de duração da carreira, nível de profissionalização e programas de apoio ao atleta).

Pois bem, quando contextualizamos esse entendimento para o final de cada temporada, passamos a ter a noção da importância do atleta também se planejar para um novo ano de trabalho. Seja, refletindo sobre os seus resultados atuais, sobre quais aprendizados ele pode tirar de tudo que aconteceu, bem como sobre quais novas metas poderão ser traçadas, frente aos objetivos de longo prazo que ele tem.

Acredito então, que este momento é de grande importância para todos os atletas, pois será fundamental para no próximo ano ele planejar adequadamente sua temporada, conseguindo com isso, perseguir seus objetivos e metas que o levarão para um novo patamar de desempenho esportivo. Afinal de contas, nem só de jogos de confraternização devem viver os atletas profissionais no final de cada temporada, não acham?

Até a próxima!