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A mente brilhante e o esporte

Poucos dias atrás pudemos ser brindados com o retorno de Ricardo Gomes (ex-atleta de futebol e treinador profissional) aos gramados, mais precisamente à beira deles no comando técnico do Botafogo Futebol e Regatas.

Isso nos inspira a debater ainda mais na capacidade da mente humana em superar todo e qualquer desafio impostos à nós em nossa vida cotidiana.

O caso de Ricardo, um exemplo de superação para todos nós, foi de extrema gravidade e sua dedicação desejo de retornar à sua prática profissional foram muito importantes em sua recuperação. Penso que o simples fato de acreditarmos que algo é possível já coloca nossa mentem funcionamento a nosso favor e isso já uma enorme contribuição para a recuperação de qualquer ser humano para superar uma adversidade imposta pela vida.

E isso acontece em grande escala no universo do futebol, porém, claro que em gravidade infinitamente menor que a do caso citado do atual treinador do Botafogo, mas acontece num nível de gravidade que impacta momentaneamente ou permanentemente a vida profissional dos atletas, as lesões decorrentes da prática esportiva. Já abordei esse tema aqui na Universidade do Futebol e hoje com outro objetivo trago novamente o tema à nossa pauta.

Resgato que, em quadros de lesão, geralmente o atleta apresenta uma série de reações emocionais negativas, tais como raiva, ansiedade, medo, depressão, incerteza sobre o futuro no esporte, mudanças nos hábitos alimentares, mudanças no sono, obsessão pelo retorno, negação da lesão, tentativas de esconder a lesão, alterações de humor, etc.

Cabe relembrar que existem dois aspectos que desempenham um papel importante e complementam os aspectos médicos da reabilitação, são eles: a resposta emocional e os processos cognitivos, ou seja, a forma como cada atleta interpreta a lesão e suas expectativas quanto à eficácia do tratamento e sua recuperação.

Porém, nesta coluna, não vou aprofundar sobre o trabalho de Coaching junto aos atletas em momentos de lesão, mas sim estimular os atletas a se utilizarem deste processo em momentos como este, pois quando vemos o caso de recuperação de Ricardo Gomes é impossível ficarmos alheios a este tema e deixarmos de aproveitar para inspirarmos os atletas a encararem o momento de lesão como uma etapa, que por sua própria característica, irá ter fim em algum momento.

Quando o atleta possui o apoio adequado e decide genuinamente ultrapassar essa etapa de lesão tudo começa a evoluir e seus comportamentos, estimulados pela maneira mais positiva de pensar aliada à confiança, facilitam o percurso até a volta à prática esportiva.

Então, não acham realmente que a mente é algo brilhante e indispensável ao conhecimento do universo esportivo?

Até a próxima! 

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Olhar para fora

Está, de fato, cada vez mais complicado pensar em gestão de entidades esportivas ou de eventos esportivos sem estar alinhado com questões da sociedade e que são tratadas como o “ambiente externo” das organizações.

A organização dos Jogos Rio-2016 são um exemplo disso: as notícias mais latentes neste período de preparação guardam relação estrita com aspectos ambientais, como o caso da poluição da Baía de Guanabara, ou sociais, como os legados para as comunidades menos favorecidas, e não somente esportivos. Vivenciamos questões similares no período pré-Copa 2014.

Nas organizações esportivas, está cada vez mais difícil blindar os aspectos internos e políticos dos clubes, federações ou confederações do seu impacto causado nas pessoas e na vida em sociedade. Não é, nem nunca foi, concebível pensar a estrutura de uma entidade esportiva sem olhar para fora. A diferença é que nos últimos tempos as atitudes precisaram ser melhor estruturadas e justificadas.

A gestão do esporte é multifacetada. Não basta conhecer os meandros do esporte combinadas com as teorias da gestão. É preciso entender de maneira profunda o que ocorre a sua volta. É obrigação do gestor do esporte aprofundar estudos antropológicos e sociais, por exemplo, sob pena de se ver às voltas sobre problemas ou questões que nem sempre são resolvidas com uma caneta na mão… 

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O papel das novas arenas

Apos a Copa do Mundo, o torcedor brasileiro tem experimentado um novo paradigma no que diz respeito à qualidade e ao conforto nos estádios de futebol.

Por outro lado, um debate essencial que deve ser promovido é a utilidade das novas arenas, que custaram bilhões, quando não houver jogos de futebol.

A Constituição Brasileira assegura o exercício do direito de propriedade, desde que ela exerça sua função social.

Ainda que não houvesse tal previsão, a grande parte dos investimentos foram públicos, razão pela qual exige-se uma utilização afeita ao interesse publico, inclusive das arenas entregues em concessão.

Dessa forma, as grandes esplanadas construídas no entorno dos estádios devem ser abertas ao público para atividades lúdicas em dias que não houver jogos, os estacionamentos devem ser abertos diariamente para utilização publica, ainda que paga.

Enfim, as imediações das novas arenas devem compor o cenário urbano e se integrar à comunidade.

O Estado, as concessionárias e os administradores das arenas devem ter em mente que o estádio corresponde a um patrimônio de interesse publico e que deve ter relevante utilidade também quando não houver partidas de futebol.

Tal mentalidade existe em toda a Europa e nos EUA que criam no entorno dos estádios grandes espaços de lazer com bares, lojas e praças esportivas para uso da população.

A adequação das novas arenas a uma função social relevante trará grande bem estar à população, bem como assegurará o retorno do dinheiro público investido. 

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Emoções: amigas ou inimigas do atleta?

Sabemos que em muitas situações do futebol percebemos que os atletas passam por momentos de descontrole emocional dentro e fora dos gramados. Por isso temos a impressão de que as emoções são nossas inimigas, dificultando nosso desenvolvimento e a busca pelo nosso melhor desempenho profissional.

Um meio bastante eficaz de usar suas emoções a nosso favor é compreender que todas elas nos são úteis. Quando aprendemos com nossas emoções e conseguimos utilizá-las para contribuir na geração dos resultados que desejamos, podemos obter melhores desempenhos profissionais e mais qualidade de vida. Anthony Robbins (considerado um dos maiores especialistas em Neurolinguística do mundo) defende a ideia de que aquilo que conhecemos por emoções negativas são na verdade um chamado à ação na prática ou simplesmente Sinal de Ação. Ele comenta que a partir do momento em que estivermos familiarizados com cada sinal de ação e sua respectiva mensagem, as emoções deixam de ser suas inimigas, tornam-se nossas aliadas.

Porém, será que realmente temos clareza sobre a fonte de nossas emoções? Na verdade, nós somos a fonte de todas as nossas emoções! A partir desse conceito vem o questionamento: mas, se somos nós mesmos a fonte de nossas emoções, porque não conseguimos nos sentirmos bem na maior parte do tempo em nosso dia a dia? Isso acontece devido ao que conhecemos por emoções negativas estarem nos dizendo alguma mensagem a cada momento de nossas vidas. E qual seria essa mensagem?

Seria a mensagem de que tudo o que estamos fazendo num determinado momento não está dando muito certo e que devemos mudar o curso dos acontecimentos, por isso a sensação negativa em relação a estas emoções. É importante termos em mente que as nossas percepções são controladas pelo que focalizamos e pelos significados que damos para interpretarmos situações.

Agora, o melhor disso tudo é que todos somos capazes de mudarmos nossa percepção dos fatos num instante, pelo simples fato de mudarmos a maneira como encaramos o fato em si.

Na prática, Anthony Robbins sugere que utilizemos seis passos que contribuem para o controle emocional e isso pode ser muito útil aos atletas.

1 – Identificar o que realmente se sente

2 – Reconhecer e apreciar suas emoções, sabendo que elas o apoia

3 – Ser curioso sobre a mensagem que cada emoção está lhe oferecendo

4 – Ser confiante

5 – Ter a certeza de que pode controlar não apenas o hoje, mas também o futuro

6 – Permanecer animado e entrar em ação

Com esses seis passos simples, sugere-se que os atletas possam passar a dominar praticamente qualquer emoção que surgir em suas vidas. Se em algum momento descobrirem que vem lidando com a mesma emoção muitas e muitas vezes, este método de seis passos os ajudarão a identificar o padrão de reação e mudá-lo num curto período. Portanto, é altamente indicado o uso deste sistema. Como acontece com qualquer outra coisa nova, a princípio pode parecer um pouco difícil. Mas quanto mais se fizer, mais fácil se tornará o uso, e logo se descobrirá capaz de navegar pelo que antes julgava-se como turbulências emocionais.

Ah, e quando seria o melhor momento para iniciar o controle de uma emoção? No momento em começar a senti-la, pois é bem mais difícil interromper um padrão emocional depois que ele se torna plenamente desenvolvido ou seja após ele estabelecer um caminho neural que esteja sedimentado em sua mente.

E aí caro leitor, será que conseguimos tornar as emoções mais amigas do que nossas inimigas?

Até a próxima! 

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O que é visível?

Ver, enxergar e processar a informação. Este é, sem dúvida alguma, um dos processos base das ferramentas de comunicação em marketing. Neste sentido, reforçarei o título: o que é visível efetivamente nas comunicações de patrocínio esportivo?

A pergunta, que é recorrente no meio do esporte especialmente para as empresas que investem no segmento, volta para mim após uma breve pesquisa feita para a identificação de patrocinadores nas camisas de clubes de futebol de médio e grande porte.

A constatação, que não é surpresa para muitos que estudam visibilidade no patrocínio, é que as marcas amontoadas na camisa ou nas costas dos atletas (exceção feita à marca acima do número) é praticamente invisível, mesmo para alguém que está procurando marcas patrocinadoras. Ao tentar imaginar o torcedor comum, que está interessado tão somente no jogo, fiquei um tanto quanto assustado com o resultado.

A reflexão tem a ver com uma questão simples: vale mesmo a pena colocar um bom dinheiro no patrocínio somente para ter o “prestígio” de ter a marca na camisa de jogo, mesmo que isso não seja percebido pelo fã da modalidade? Será que não seria melhor investir em propriedades mais limpas ou explorando a atividade-fim da empresa, tal e qual fazem a Gerflor, no patrocínio a pisos esportivos, em que coloca seus próprios produtos nas quadras quando há interesse em exposição; ou a Gatorade, cujo case fala por si só?

Logicamente que nem todas as empresas tem condições de trabalhar o patrocínio tendo relação com sua atividade-fim pois nem sempre o produto ou serviço é passível de uso no esporte ou mesmo que possua boa visibilidade natural no ambiente de jogo. Mesmo nestes casos, é possível ter sucesso com alternativas de exposição mais baratas e muito melhor posicionadas do que simplesmente jogar a marca em qualquer canto da camisa de um clube de futebol.

Tanto quem patrocina quanto quem é patrocinado precisam passar ainda por um processo maior de amadurecimento neste sentido. O grande desafio é repensar os formatos das propriedades e identificar soluções inovadoras para que a marca não seja simplesmente vista mas também processada e efetivamente armazenada pelo público. 

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Quanto vale um título?

O Ceará usou formações alternativas nas duas partidas contra o Tupi-MG, na Copa do Brasil, e ainda assim obteve classificação para as oitavas de final do torneio nacional. Motivo para festa na combalida equipe nordestina, que tenta evitar o descenso na Série B do Campeonato Brasileiro? Nem tanto. O feito dos reservas pode ter servido como uma relevante reserva moral, mas também virou motivo de polêmica. Como avançou no certame, a equipe alvinegra acabou alijada da edição 2015 da Copa Sul-Americana. Foi o suficiente para revolta da diretoria cearense.

A classificação do Ceará para a Copa Sul-Americana havia acontecido por causa do título obtido pela equipe alvinegra na Copa do Nordeste. No entendimento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), contudo, equipes que avançam às quartas de final da Copa do Brasil não podem participar do torneio continental. O presidente do Ceará, Evandro Leitão, já disse publicamente que discorda desse pensamento e pretende brigar para não ser eliminado.

Antes de mais nada, os critérios de classificação nesse caso são extremamente bizarros. Digno de Tico e Teco, personagens criados pelo escritor José Roberto Torero, o regulamento da CBF prevê que os times eliminados na Copa do Brasil, que é uma competição nacional, ganhem vaga na Copa Sul-Americana, que é continental. O prêmio para uma queda é participar de um torneio mais relevante, com a possibilidade de uma exposição mais ampla e de receitas vultosas – afinal, um evento como o ingresso em um certame internacional, algo raro para alguns clubes, é motivo para incrementos de bilheterias, planos de sócios e outras receitas.

Há um componente ainda mais absurdo nessa história: por determinação da CBF, a Copa Sul-Americana dá uma vaga para a Copa Libertadores se o campeão for um clube brasileiro. É o mesmo prêmio da Copa do Brasil, que tem 13 times da Série A entre os 16 remanescentes, num torneio em que os participantes brasileiros são Brasília, Goiás, Joinville, Atlético-PR, Sport, Bahia, Ponte Preta e Chapecoense. As principais forças argentinas estão fora, os mexicanos estão fora. Que caminho parece mais fácil?

Para algumas equipes, dependendo do planejamento, disputar a Copa Sul-Americana pode ser melhor do que estar nas oitavas de final da Copa do Brasil. Para outras, pode ser apenas um caminho mais viável para chegar à Copa Libertadores. De uma forma ou de outra, as regras da CBF, do jeito que estão postas, criam um cenário que favorece o desprezo à competição nacional.

Mas existe outra coisa que favorece o desprezo: a nossa cultura de comunicação. A Copa do Brasil é uma competição nacional e tem enorme peso, mas virou no Brasil “o caminho mais curto para a Libertadores”. A Copa Sul-Americana, então, é a segunda taça mais relevante do continente. E por que vale tanto? Por um lugar na Libertadores?

A própria Libertadores entra na conta. O maior torneio sul-americano só vale porque é um caminho para o Mundial. E o Campeonato Brasileiro, maior torneio de clubes do país, vale por distribuir vagas na edição seguinte da Libertadores.

A prova de que a questão é cultural é o comportamento dos brasileiros sobre os Jogos Pan-Americanos – a edição 2015 foi realizada em Toronto e terminou no último domingo (26). A cada disputa, a discussão é sempre algo entre o “isso aí não vale nada” ou “esse resultado seria relevante num Mundial ou nos Jogos Olímpicos”.

No entanto, não é esse o contexto relevante em um título. Parte do processo de aprendizado de promoção de eventos é entender que uma conquista vale pelo que ela representa, e não pelos caminhos que ela abre ou pelo que ela representaria em outro universo. Uma conquista tem de ser enxergada como algo único.

Parte do problema nessa discussão é de quem trabalha com comunicação no esporte – nos clubes, nas entidades, nos estafes e nos veículos de mídia. Temos o costume de promover pelo prêmio, e não pela experiência. Isso só diminui o produto.

Essa discussão é antiga na educação. O formato de adestrador – eu mostro algo, você repete, eu dou um prêmio por isso, você fica feliz por receber – é algo que tem perdido espaço drasticamente e que já é visto como um modelo extremamente ultrapassado. Na comunicação do esporte, porém, ainda não paramos para pensar nisso.

O problema é que essa cultura tem um reflexo tão direto quanto nefasto nas receitas. Ainda pensamos em quantidade e não entendemos que prêmios devem ser encarados como experiências, e não como o que dá valor a algo. Ainda vendemos o caminho para algo quando poderíamos estar vendendo a vivência até lá.

Por ser um processo que permeia todos os segmentos envolvidos no esporte – e não apenas no esporte –, é claro que estamos falando de uma modificação extremamente complicada. O que chama atenção, contudo, é que nem sequer existe uma discussão sobre isso. Seguimos vendo a comunicação de finalidade como o único caminho possível no segmento.

Quer ver como isso é endêmico? Pegue qualquer discussão sobre categorias de base. Ainda pensamos no valor que deve existir ali (Disputar títulos ou descobrir talentos?), mas perdemos pouco (ou nenhum) tempo pensando em como deveria ser o caminho.

A cultura brasileira dá um espaço extremamente pequeno para os processos de construção. Ainda somos o país que “só vê novela na última semana”, “pula o meio do livro”, “só vê o último episódio da série” e “só quer saber como a mágica aconteceu”. Temos uma preocupação enorme com as conquistas e com o que elas representam em determinados contextos, mas não valorizamos nada (ou quase nada) as vivências no meio do caminho.

É uma discussão enorme, que envolve muitos lados e que demanda uma série de mudanças culturais complicadas. Para começar, porém, já passou da hora de os organizadores dos nossos campeonatos “venderem” eventos pelo que eles são e não pelas portas que eles abrem.

Afinal, conquista é conquista. A carga emocional e o quanto ela vai ser comemorada não devem depender apenas da relevância e de quantos degraus faltam para o topo do mundo.

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Regulamento da Copa do Brasil viola o Estatuto do Torcedor

Nesta quarta, conhecemos os clubes classificados para as oitavas de final da Copa do Brasil e para a fase brasileira da Copa Sul-americana. O regulamento da competição brasileira estabelece que os clubes participantes desta fase da Copa do Brasil não poderão disputar a competição continental. Tal normativa existe em virtude de conflito de datas no calendário.

Dessa forma, classificam-se para a Copa Sul-Americana os clubes de melhor classificação nas Copas Norte e do Nordeste, bem como os 6 melhores classificados no Campeonato Brasileiro, exceto os classificados para a Libertadores. Na hipótese de um desses clubes se classificar para as oitavas de final da Copa do Brasil, a vaga passa para o clube de melhor classificação na competição classificatoria e assim sucessivamente. Essa regra gera distorções interessantes como o suposto interesse do Sport na eliminação da Copa do Brasil para disputar a Sul-Americana, ou a classificação para a competição continental de equipes que disputaram a Serie B no ano anterior.

Percebe-se, assim, que a forma pela qual a Copa do Brasil esta organizada, em dados momentos, pode ser mais vantajoso para determinado clube ser eliminado do que seguir na competição, o que viola o direito do torcedor de prevalência do resultado técnico, bem como fere o "fair play" esportivo, eis que "entrar em campo" para perder contraria todos os princípios que regem o desporto.

Alem disso, o Estatuto do Torcedor exige a transparência e a racionalidade nos regulamentos e não e razoável "premiar" uma equipe eliminada em uma competição local com a classificação para uma competição internacional. O critério técnico impõe a classificação para uma competição mais importante das melhores equipes e não de equipes eliminadas.

O regulamento da Copa do Brasil alem de violar absurdamente o Estatuto do Torcedor, ainda, desvaloriza a Copa Sul-Americana, repetindo-se o caminho trilhado pela CBF nos anos 90 quando sacramentou o fim da Copa Conmebol ao, de forma politica, distribuir vagas para os clubes das Federações do Norte e Nordeste com a consequente participacao na competicao internacional de equipes sem qualquer representatividade técnica no cenário brasileiro. Infelizmente, a Copa Sul-Americana parece caminhar para o mesmo destino, pois um dos brasileiros classificados e o Brasilia que este ano sequer disputa a Serie D do Campeonato Brasileiro. Ao inves de valorizar uma segunda competição internacional, CBF e Conmebol parecem trabalhar para seu fim.

Por que nao seguir o exemplo europeu e colocar a disputada da Libertadores e da Sul-Americana concomitantemente ao longo de todo o ano de forma que os clubes eliminados nas oitavas de final da Libertadores disputassem a Sul-Americana do mesmo ano? Esse sistema ja utilizado pela Uefa garante a competitividade e o interesse da Uefa Europa League, segunda competição europeia e que equivale a Sul-Americana.

Insta destacar que os próprios torcedores brasileiros podem (e devem) encaminhar reclamações aos ouvidores da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro (cujos dados e correios eletrônicos estão disponíveis no site da CBF) a fim de questionar os absurdos e não técnicos critérios adotados para a classificação de equipes para a segunda mais importante competição continental.

Somente com o exercício dos direitos do torcedor o futebol brasileiro e sul-americano será capaz de fazer frente as cifras europeias e asiáticas e recolocar o continente no ápice do futebol. 

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Integrando o atleta ao grupo

Um fato comum nas equipes de futebol profissional, principalmente no Brasil, é a entrada de novos atletas no elenco no decorrer das competições esportivas. Sabemos que a chegada de um novo membro em qualquer equipe é sempre importante e valiosa, porém ela pode causar impactos no grupo e isso se amplifica quando em casos em que este atleta que chega é um jogador de sucesso na carreira e com trajetória internacional.

Sobre este acontecimento muitos clubes podem passar por dificuldades e existem ocasiões em que a equipe chega a perder performance quando novos atletas chegam no decorrer das competições. Em situações assim, sempre nos perguntamos “o que fazer”?

Acredito que um importante desafio, além da questão tática e técnica, está em conseguir integrar esses novos membros num grupo que já possui um espírito colaborativo instalado.

Neste ponto, reforço a questão de que dificilmente conseguimos um grupo vencedor que conviva num ambiente de discórdia ou de conflitos permanentes. Ao se inserir novos membros num grupo, obviamente os conflitos acontecerão eventualmente, mas se a tensão permanecer no grupo por algum motivo poderá ocorrer o rompimento do espírito de equipe já instalado e, com isso, com certeza o desempenho esportivo cairá consideravelmente.

É importante percebermos que a cada comentário ou atitude de um atleta, sendo ele novo no grupo ou não, tem potencial para afetar o espírito de equipe, seja de forma positiva ou negativa. Atitudes positivas potencialmente ocasionam sempre coisas boas para o grupo e atitudes negativas geram coisas ruins. Sendo assim, todos os membros de uma equipe precisam reconhecer essa verdade, principalmente os novos integrantes.

Por este motivo, imagino que seja importante ressaltar que se pudéssemos traçar uma primeira meta para este momento de inclusão, esta seria a meta de não prejudicarmos os desempenhos individuais dos membros do grupo, para então posteriormente podermos evoluir em direção de uma meta comum a ser alcançada pelo grupo. Ter base comportamental para se buscar atingir essa meta comum, significa para o grupo que todos conseguirão levar uma perspectiva positiva para suas atuações individuais e projetar um espírito positivo sobre os demais membros da equipe.

Todos os atletas que por acaso não estiverem preparados mentalmente para se concentrar nos aspectos positivos dos demais, pelo menos podem evitar ser negativos. Desta forma, o atleta evita se tornar involuntariamente um obstáculo no caminho das metas da equipe (definidas anteriormente ou no momento de sua chegada) contribuindo assim para que se alcancem grandes resultados em equipe.

Com isso estabelecido, chega-se o momento de fortalecer o posicionamento da missão da equipe em primeiro lugar, quando o respeito está estabelecido e todos estimulam e apoiam os talentos individuais e comportamentos positivos que quando somados criam um grupo coeso e maduro em busca de objetivos comuns.

Para isso acontecer na prática é necessário procurar desenvolver o espírito de equipe, proporcionando que os atletas possam buscar as boas qualidades dos demais atletas que compõem esta equipe mutuamente, ouvindo os companheiros, respeitando os sentimentos e contribuições de cada um deles, aceitando as diferenças e aceitando ajudá-los. Podemos chamar isso de harmonia entre os membros de um grupo e este é fator que contribui para a obtenção de um melhor desempenho.

E você, amigo, concorda que os clubes devem cuidar da integração de seus novos atletas em suas equipes?

Até a próxima! 

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Ligas esportivas no Brasil: O que precisa mudar para desenvolver?

O sucesso recente de algumas ligas esportivas estrangeiras no Brasil chama a atenção por duas razões principais. A primeira é a quebra de um mito, de que somos um mercado frágil economicamente e, portanto, não teríamos condições de trabalhar uma plataforma de negócios ligada a ligas esportivas com o nosso público. Vira mito pela constatação deste interesse crescente das ligas em avançar com novos negócios dentro do mercado brasileiro.

O segundo é que o nível do debate sobre o tema precisa melhorar muito para que possamos construir um mercado sólido para o esporte de competição dentro do país. Ainda não construímos uma Liga Esportiva, na acepção da palavra! É neste sentido que elenquei 5 pontos principais de reflexão que poderão contribuir com o desenvolvimento de projetos sólidos e sustentáveis no Brasil.

Para ler a coluna na íntegra, basta clicar aqui

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O Desporto tem violência, mas não é violento!

O desporto, mormente o futebol, é o fenômeno cultural de maior magia, no mundo contemporâneo (perdoem-me repetir tantas vezes esta frase!). Por isso, estudar e praticar o desporto permitem-nos uma convivência íntima com o “fato social total” (Durkheim). Num ponto, no entanto, poderemos todos convir: o desporto manifesta-se como um ritual de “violência simbólica”, ou de “guerra simbólica” e daí o ser uma prática que civiliza, que socializa, que procura limitar e canalizar, pelas regras que o distinguem, a agressividade que há dentro de nós, pois que o Homem é, de fato, o mais feroz de todos os animais, como as guerras o provam exuberantemente.

Por outro lado, todas as religiões têm uma tradição de violência: os budistas, os cristãos, os muçulmanos, os judeus, etc.; a ideologia bélica e tribal dos clubes, as “tropas de choque” que se destacam das claques organizadas – muitas são as formas de conflito que podem despontar do espetáculo desportivo. Muitas são as vezes (e cito agora palavras de José Gomes Ferreira) que o futebol “sangra o desespero do mundo”. Relembro os meus tempos de criança e de rapaz, quando os meus ídolos se chamavam “torres de Belém” e o Amaro e o Quaresma e o Rafael e o Matateu e o Di Pace e o José Pereira, o “pássaro azul”. Eram os meus ídolos, ou seja, as figuras número um das minhas predileções, se bem que o Peyroteo me despertasse um respeito que eu não sabia explicar. Um dia, perguntei ao Feliciano, defesa-cenreal do Belenenses: Como é que travava o Peyroteo? E ele, sem restrições e sem medo: “Quando o travava, era à porrada!”. E acrescentava, com palavras que tinham, para mim, uma inapagável ressonância: “Aquele gajo só à porrada se podia travar”. E eu ficava a pensar que o Peyroteo, temível rematador do Sporting Clube de Portugal, o mais alto e o mais forte dos “cinco violinos”, tinha dotes sobrenaturais. Ele foi um desses homens raros que se fez futebolista só para fazer sofrer a malta do meu tempo, que reinava, em Lisboa, nos reinos da Ajuda e de Belém. Nem ao almirante Gago Coutinho, que via subir vagarosamente a Calçada da Ajuda e que ligara, por via aérea, Portugal ao Brasil, nem ao Gago Coutinho, a pessoa mais importante que eu conheci “in illo tempore”, eu votava tamanho culto. Anos mais tarde, a Beatriz Costa confidenciou-me que foi o “senhor almirante” que a ensinou a ler…

Nietzsche publicou, em 1848, a genealogia da moral, onde se lê que “a história do homem é a história do seu fracasso” – fracasso que provoca inevitavelmente humilhações, ressentimentos, ódio e, como etapa última, a violência. São portanto (se o Nietzsche tem razão) humilhados, ressentidos, predispostos à violência alguns dos “agentes do futebol”. Contudo, observa-se, hoje, no desporto, um esforço constante, no sentido de promover a racionalidade, o senso crítico, a reflexão, a ética mesmo, no meio da lei da concorrência pela concorrência que o envolve e condiciona. E até da manipulação ideológica, quase sempre intolerante! São vários os fatores que fazem da nossa sociedade uma sociedade criminogénica: a exploração do homem pelo homem, o tráfico de droga, a prostituição e a criminalidade organizadas, a violência gratuita, a competição apresentada como a categoria estrutural do ser humano. Enfim, fatores suficientes para que o desporto que dela nasce seja tentado, aqui e além, a ser também “lobo do homem”. Elemento de um sistema que funciona sem outro objetivo do que a performance e o lucro, é o “vazio existencial” (V. Frankl) o que dele pode resultar. Por isso, há necessidade de um novo progresso desportivo, de um novo crescimento desportivo, de uma rutura com muito do que é passado e presente, no Desporto, que leve à emergência de novos possíveis e ao surgimento de um desporto de rosto humano. Para tanto e porque o Desporto não é, unicamente, uma Atividade Física, porque é verdadeiramente Motricidade Humana, ou seja, o Homem em movimento intencional – que se tente reencontrar, na prática desportiva, as dimensões humanas perdidas, designadamente a transcendência, que não é física tão-só, porque se refere ao humano na sua integralidade, incluindo o que nele é poesia e profecia e amor. O postulado da primazia da razão, donde surge o homem unidimensional em que o espírito se reduz à inteligência, dando ao olvido a fé, a poesia, o amor – parece definitivamente sepulto e não só pela filosofia, pelas ciências também.

No entanto, devemos reconhecer que resplende, nas regras e normas que regulam a prática desportiva, um laço intrínseco e inquebrável com a Ética, enquanto “matriz de bons costumes, boas práticas e um referencial de valores humanos, nos domínios do desporto”. O Código de Ética Desportiva, editado pelo Plano Nacional de Ética no Desporto (IPDJ-SEDJ), bem documenta e justifica a necessidade da ética, no desenvolvimento do Desporto: “Falar de ética no desporto é centrarmo-nos em valores que deverão estar presentes na orientação dos praticantes, em todos os agentes desportivos e no movimento associativo, de forma a que o desporto se possa constituir como um verdadeiro fator educacional, de integração e inclusão social, contribuindo para o desenvolvimento de todas as potencialidades humanas e consciencialização de todos os agentes que se relacionam quanto à respetiva responsabilidade, na observência de comportamentos leais e que possam servir de modelo positivo para os mais jovens”. E assinala que “são destinatários do presente Código todos os agentes que, de alguma formas, se relacionem com o desporto, taos como: praticantes, treinadores, árbitros, juízes, profissionais de saúde, dirigentes, jornalistas, educadores, encarregados de educação, entidades desportivas, empresários, espetadores e adeptos. Sendo certo que, na sua essência, os princípios da ética são transversais a todos os agentes do desenvolvimento desportivo” (pp. 9-10). Daqui se infere que o treino e as aulas da chamada educação física não deverão reduzir-se a conhecimento. De fato, a educação e o treino precisam do conhecimento, para poder inovar, mas não precisam menos de ética, para que o saber fique ao alcance de todos os excluídos. Na Sociedade do Conhecimento da Era da Informação, que é a nossa, ser excluído é ser, antes do mais, excluído do conhecimento. As ditaduras não temem o poder do desporto, mas dos desportistas que sabem pensar, quero eu dizer: que sabem descobrir, no analfabeto, o resultado da sociedade injusta. O Código de Ética Desportiva, atrás citado, só poderia publicar-se numa sociedade livre e democrática porque, nele, nem todo o conhecimento é absorvido pelas ciências, ou pelas ordens governamentais. Há, nele, saber e sabedoria e a vontade de uma frontal rejeição da &ldqu
o;colonização do mundo da vida” (Habermas).

A violência é uma constante estrutural ao longo da História? Mas não o é, no desporto. Nem estrutural, nem estruturante. “As práticas de violência, no universo das modalidades esportivas, existem, sim, contudo são mais de caráter pontual do que essencial (…). Em outros termos, pode-se dizer que são ocorrências secundárias – embora dignas de nota e a exigir providências das autoridades competentes – e não acontecimentos principais, ou seja, circunstâncias que definem a natureza, a lógica e o sentido da atividade” (Mauricio Murad, a violência e o futebol- dos estudos clássicos aos dias de hoje, editora FGV, Rio de Janeiro, 2007, pp. 170/171). Rendo homenagem sincera a todos os que, na alta competição, na educação ou no lazer fazem do desporto um modo de sermos-uns-com-os-outros, uma prática verdadeiramente necessária ao homem (e à mulher) do nosso tempo. Por amável convite do Dr. Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, assisti ao Football Talks 2015, onde revi e voltei a abraçar Manuel José (que no futebol egípcio, deixou indestrutível prestígio), João Alves (o das luvas pretas, lembram-se?), o Dr. David Sequerra (o selecionador campeão do primeiro europeu de juniores), o Dr. António Oliveira, João Pinto, João Vieira Pinto, Manuel Jesualdo Ferreira, José Augusto e António Simões (dois antigos jogadores da melhor equipa que eu conheci, no futebol benfiquista e no futebol português), enfim uma sucessão fulgurante de figuras inesquecíveis do nosso futebol. E todos, fosse qual fosse a sua cor clubista, pareciam irmanados por um mesmo sentimento de amiga compreensão e tolerância. Todos. Sem exceção. Numa preciosa lição que os desportistas autênticos sabem dar…