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O retrato de Dorian Gray: o futebol brasileiro confrontando sua imagem e a realidade

Assisti ao excelente filme O Retrato de Dorian Gray, de 1945, baseado no livro do famoso escritor irlandês Oscar Wilde.

Reconheço que – ainda – não o li, mas o longa-metragem em preto-e-branco, recomendo sem nenhuma dúvida, pois está à altura do que ajudou a tornar célebre Wilde.

Numa época de desencanto, um jovem e belo aristocrata inglês, Dorian Gray, teve seu retrato pintado por um amigo artista. Ao olhar a perfeição da figura ali retratada, ele se deu conta pela primeira vez da sua extraordinária beleza.

Ao mesmo tempo, percebeu também que o tempo seria implacável e que, em alguns anos, o que era belo se tornaria decrépito.

Mas, a pintura imortalizou aquele momento e estaria disposto a oferecer a própria alma para que, em vez de seu corpo, fosse aquela imagem no quadro que envelhecesse e recebesse todas as mazelas que a vida lhe tinha reservado.

O protagonista, Dorian Gray, é moralmente corrupto. Os anos passam e sua beleza e juventude continuam a ser mantidas. O retrato seu que ele mantém para si, escondido de olhos alheios, guarda seus segredos – à medida que os anos vão passando, o retrato vai exibindo sua feiúra interior.

Aos poucos, porém, suspeitas começam a acontecer com relação a seu comportamento e vitalidade, culminando até mesmo num assassinato.

O filme retrata como a vaidade humana torna as pessoas reféns das impossibilidades, como imortalidade, perfeição estética, eterna juventude.

Este romance de Oscar Wilde marcou um período literário conhecido como Decadentismo, no qual algumas obras abordavam a deturpação de valores sociais na Era Vitoriana no Reino Unido. No final do século XIX, essa corrente abordava o pessimismo para com o ser humano e seu comportamento, como matéria-prima.
 


 

Ver fotos de Adriano, o Imperador, com armas em punho e exaltando símbolos de grupos criminosos ratifica que estamos vivenciando no futebol do Brasil nosso Decadentismo.

Nossos melhores e maiores ídolos, onde estão, para dar exemplo positivo a partir do maior esporte nacional?

E o que dizer de nossas instituições e entidades do futebol, que não conseguem superar modelos arcaicos de gestão, baseados na vaidade e egocentrismo dos dirigentes, em detrimento da competência e know-how de profissionais de cada área do conhecimento vinculado ao esporte?

E esse cenário já está a caminho da Copa 2014 em nossas terras. Mais nefasto ainda quando se mistura política, interesses públicos e privados, no umbigo chamado futebol.

Fato é que temos muitos Dorians Gray espalhados pelo Brasil.

Adriano é apenas um deles.

Não adianta tentar conservar uma imagem jovial e bela – nem vendendo a alma -, pois o quadro pintado sobre nós, pelas linhas da História, um dia aparecerá e revelará toda nossa faceta interior.

A seleção brasileira e o que tem alcançado, com muita competência, diga-se, a CBF, estão em dissonância cognitiva com a realidade do futebol brasileiro.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Compactação ofensiva

Na “vídeo coluna tática” desta semana, vamos debater sobre o conceito de “compactação” em equipes de futebol, como princípio estrutural também de ataque.

É comum escutarmos que fora do Brasil, e especialmente na Europa, as equipes jogam em faixas de 30 a 40 metros do campo de jogo, com linhas de apoio e de marcação bastante próximas umas das outras.

Vejamos, então, o que isso significa, como pode se estruturar esse princípio, e quais são as referências táticas que ajudam na boa compactação ofensiva.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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A Fifa e o poder

No dia 24 de maio de 2010, pouco mais de uma semana atrás, houve eleições gerais em Trinidad & Tobago, que resultou na eleição de Kamla Persad-Bissessa como primeira-ministra do país e colocou seu partido, o United National Congress, novamente no poder, coisa que havia perdido em 2001.

A princípio, esse fato não tem nada a ver com o mundo do futebol. Entretanto, sob uma análise mais profunda, tem tudo. É, na verdade, um dos fatos mais importantes da geopolítica do futebol nas últimas décadas.

Isso porque o novo ministro dos transportes de Trinidad & Tobago acabou de ser nomeado: Austin ‘Jack’ Warner, uma das figuras mais influentes do UNC, que calha de ser o presidente da Concacaf desde 1990 e um dos vice-presidentes da Fifa. O mandato de Jack Warner acaba em 2011 e, com o novo cargo de ministro dos transportes de Trinidad & Tobago, tudo indica que ele deixará por fim a confederação continental.

Jack Warner é uma das figuras mais importantes, e controversas, do futebol mundial. Afinal, ele controla como poucos uma região que pode não ser muito importante para o cenário competitivo do futebol, mas tem um papel político fundamental. Afinal, a Concacaf é formada por 35 países, na maior parte minúsculos, o que faz com que eles dependam muito da confederação e, portanto, aceitem votar em bloco. Ou seja, Jack Warner controla 35 dos 208 votos do Congresso da Fifa -um papel fundamental em qualquer votação realizada na entidade, principalmente na eleição para presidente.

Ser presidente da Fifa deveria ser um dos cargos mais almejados do planeta. Afinal, você comanda o futebol mundial e é recebido com honras de chefe de Estado em qualquer lugar que vá. Cerimonial, condecoração, tapete vermelho, jantar de gala, guarda imperial e tudo mais, mesmo sem ser de fato presidente de país algum. Sensacional.

Curiosamente, porém, você raramente vê uma corrida presidencial na Fifa. Em 106 anos, ela só teve oito presidentes, o que dá em média quase quatorze anos de mandado pra cada um. Obviamente, em uma organização que tem um colégio de mais de 200 eleitores, isso não é fácil. Para chegar e, principalmente, se manter no poder, é preciso ter uma grande desenvoltura política. Daí, portanto, coisas como rodízio de continentes para sediar a Copa do Mundo e ampliação do número de times participantes na competição. É preciso agradar o maior número possível de pessoas. Caso contrário, a oposição ao seu poder cresce e sua vida fica mais complicada.

Daí, portanto, a importância de Jack Warner para o mundo do futebol. Daí, também, a tolerância que a Fifa sempre teve com o personagem que foi centro de uma série de escândalos de corrupção, como revenda ilegal de ingressos para a Copa de 2006 e o recebimento pessoal de pagamento por amistoso da seleção do seu país. Por conta disso, a saída de Warner da Concacaf será um alívio para a Fifa, que deverá colocar em seu lugar algum outro presidente que continuará a representar o voto em bloco da confederação. Ainda assim, isso é incerto, uma vez que qualquer mudança na estrutura do poder pode representar um futuro enfraquecimento do establishment.

O Congresso da Fifa dos próximos dias deve manter Blatter no poder pelos próximos quatro anos. Mas ao que tudo indica, este deve ser o último mandado do presidente, já que com 74 anos o ritmo não é mais o mesmo. Isso significa dizer que deverá haver uma mudança de presidência em junho de 2014 e que a competição será acirrada entre diversos candidatos. Aparentemente, existe muita gente querendo o cargo máximo do futebol mundial.

Uma eventual quebra do bloco da Concacaf pós-Warner pode ser determinante na eleição. Uma união dos países europeus e asiáticos, também. Ao que tudo indica, a disputa será ferrenha. Negociações serão realizadas. Favores serão cedidos e cobrados. Mudanças deverão acontecer. Inclusive, no número de seleções que disputarão a Copa de 2014, pulando de 32 para 36. Essa me parece bem possível. Com mais uma vaga para a Uefa, uma para a AFC, uma para a CAF e, claro, mais uma para a Concacaf.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br  

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Impacto da Copa 3D: a sociabilidade

Na semana passada, elencamos alguns tópicos sobre as novidades que estão sendo trazidas pela Copa da África. Um dos aspectos apresentados foram as transmissões de jogos em 3D.

Em entrevista à equipe da Universidade do Futebol, veiculada em 12 de fevereiro de 2010, Eduardo Ramos, diretor geral do canal BandSports respondeu algumas questões a cerca dessas transmissões.

Dentre seus comentários, ele ressaltou que a tecnologia 3D está apenas surgindo e tem muito para onde evoluir.

“No entanto, é preciso que se tenha calma, pois ainda há muito o que evoluir no 3D para começar a se pensar em algo novo. Foi uma evolução tremenda a passagem do analógico para o digital e do digital para o HD, o que demonstra que a televisão está em desenvolvimento acelerado”.

Não tive ainda a oportunidade de assistir um jogo em 3D, com certeza o farei quando for possível. Porém, fico pensando numa série de aspectos, desde níveis mais abstratos até situações mais práticas, sobre os impactos dessa inovação e se são positivos ou negativos.

Confesso que ainda não tenho uma opinião formada a respeito, por isso, aproveito o espaço para apresentar alguns pontos de vista, ainda que em fase incipiente, sobre o que tenho refletido a respeito do tema.

Nesta semana, discuto a questão da sociabilidade, elemento marcante para quem assiste futebol. Em geral, sempre compartilhamos um jogo com outras pessoas. A partir daí, coloco 2 visões.

Visão 1:

O evento de futebol é um evento social. Muitos gostam de acompanhar e compartilhar as emoções do jogo, seja no estádio, em casa, em churrascos, bares, enfim, em locais que permitam a reunião com os outros.

A transmissão 3D aparenta uma perspectiva de reduzir tal compartilhamento focando mais numa experiência individual, ao menos nesse primeiro momento, no qual são necessários recursos tecnológicos para a visualização das imagens, tais como os óculos especiais. É como se estivéssemos em cabines individuais para acompanhar o jogo.

Elias e Dunning (1992) apontam que na evolução da sociedade, o esporte se caracteriza como um espaço para compartilhamento de emoções com base na premissa de que o ser humano é orientado para o outro, para a sociedade.

Eles utilizam o termo sociabilidade, entendendo-a como a “busca e satisfação dos seres humanos por divertimentos e sentimentos desfrutados em companhia de outras pessoas, seja de fato ou imaginário, uma interação descompromissada, com alto teor emocional, de integração, pertencimento e identidade.” (RODRIGUES, 2006)

Se serão esses os impactos, precisamos aguardar para ver, aprofundando mais essas primeiras impressões.

Visão 2:

Ampliando nossos limites para além do esporte de rendimento, temos um interessante dado do Atlas do Esporte no Brasil que apresenta as brincadeiras e jogos populares e suas peculiaridades pelo Brasil.

O dado interessante que ele nos mostra é a média de crianças envolvidas por tipo de atividade. A média nas regiões mais urbanizadas é significativamente menor do que nas demais, refletindo os valores e necessidades de cada região quanto a questões como segurança, transporte e conforto.

 

 

 

Ainda que seja uma discussão abstrata, envolvendo aspectos diversos, ficam no ar questões importantes que nos estimulam a refletir a respeito. Afinal, já que temos o privilégio de vivenciar uma mudança que pode se tornar o marco nas transmissões esportivas, mal comparando-a com as mudanças do rádio para TV ou do preto e branco para o a cores, nada mais justo do que tentarmos entender esse processo em seu nascedouro.

Na próxima semana, seguimos a discussão com enfoque na percepção e identificação das imagens como ferramentas que podem ser úteis para a formação de jogadores, bem como nas dificuldades de percepção e compreensão da imagem pelos telespectadores.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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A caminho da África!

Caro leitor,

Excepcionalmente nesta semana não teremos a coluna do Erich Beting. O jornalista está a caminho da África do Sul!

Aguarde até a próxima semana para receber notícias fresquinhas direto do país da Copa!

Um grande abraço,

Equipe Universidade do Futebol

Leia mais:

Confira todas as colunas de Erich Beting

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Marcar em profundidade e marcar em largura: linhas de marcação mais compridas ou um número maior de linhas?

Mais uma vez vou tentar uma “vídeo-coluna-tática”.

A idéia é discutir as vantagens e desvantagens de se utilizar mais linhas de marcação na composição do esquema tático (por exemplo, ao invés de um 1-4-4-2, utilizar um 1-4-2-2-2), ou ao invés disso, linhas mais compridas.

O vídeo tem pouco mais do que cinco minutos.

Vamos lá!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

 

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Energia para a Copa

Caros amigos da Universidade do Futebol,

Estamos aí, já no clima da Copa do Mundo. Assim, não tem jeito, vamos nos dedicar agora nessa coluna a assuntos relacionados a esse grande evento.

E, nesse momento de “esquentar as turbinas”, nada mais apropriado do que falar sobre o assunto da energia. Aliás, com toda a discussão que envolveu a futura construção da usina de Belo Monte no Brasil, o tema fica ainda mais propício.

Sempre soubemos que a questão energética é um desafio para a África do Sul e será um dos desafios prioritários para o Brasil em 2014. Recentemente ouvimos que diversas medidas serão tomadas para que se evitem um apagão no mundial deste mês. Dentre as ações, destaca-se a economia forçada de energia por algumas empresas de impacto na África do Sul, que desligarão suas máquinas, luzes, etc, quando for possível.

Isso nos mostra, de cara, que existe um desperdício crônico de energia. Ora, por que essa economia de energia não é sempre realizada?

Outro ponto que devemos atentar, é que essa necessidade gritante por mais energia não pode atropelar a discussão sobre as formas de produção de energia sustentáveis, tais como a energia eólica e outras formas de energia limpa. Os governos não deveriam avançar com projetos de energia nuclear, por exemplo, que apesar de muito eficiente, resultam em uma grande quantidade de lixo atômico e ainda uma sempre presente possibilidade de exploração da energia nuclear para fins militares.

É preciso que se trabalhe com eficiência nessa questão, mas com muita responsabilidade, pensando sempre no futuro de nosso planeta.

A discussão leva sempre para aquela máxima de que grandes eventos como a Copa do Mundo deveria trazer melhorias definitivas e sustentáveis para os países-sede, e não trazer apenas soluções provisórias para apenas viabilizar o evento (isso é principalmente verdade na questão da segurança e redução da criminalidade).

Ou seja, vamos tentar propor medidas definitivas de controle de consumo de energia e de formas limpas e renováveis de produção de energia (para não falar nas outras tantas áreas como a saúde, segurança, educação, etc).

Só assim a Copa poderá se justificar, de verdade, dentro da realidade de países que poderiam gastar as verbas de viabilização do evento em outras tantas questões sociais.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Impasse em Curitiba

Curitiba passa por uma situação interessante em relação à Copa do Mundo de 2014. A cidade foi aprovada, o projeto do estádio foi aprovado, mas ninguém sabe quem vai pagar por tudo isso. Quando decidiram correr atrás de ter a cidade escolhida como sede, diversos setores se uniram em prol do objetivo. Quando chegou a conta, ninguém quer ficar responsável por ela. Afinal, o projeto não é financeiramente viável. Quem pagar vai perder dinheiro, e bastante. E não há dúvidas de que se de fato houvesse alguma maneira de alguém ganhar dinheiro com isso, não haveria qualquer impasse. O problema teria se resolvido há tempos.

O poder público não paga porque não pode fazê-lo por lei, uma vez que o estádio é uma propriedade privada. Para se ter uma ideia, Curitiba é uma cidade tão desligada esportivamente que o único ginásio esportivo que teria capacidade de abrigar uma partida de uma liga futsal, por exemplo, está abandonado. Curiosamente, ele fica do outro lado da rua do estádio Pinheirão, que é da Federação Paranaense de Futebol e que também está ao léu há muito tempo. Portanto, não há tradição, demanda ou interesse do poder público em investir em estrutura esportiva, logo se a cidade quer hospedar o evento ela teria que optar pelo melhor estádio disponível, que no caso é a Arena da Baixada.

O problema, lógico, é que se o estádio é do Atlético Paranaense e vai continuar sendo após a Copa, então é ele que tem que se preocupar em reformar sua própria casa. Só que o Atlético não tem interesse em abrir o bolso para reformar o estádio. Ele já está muito feliz com o que tem hoje e sabe que investir em qualquer reforma agora abalaria imensamente a já combalida situação financeira do clube.

Estima-se que a reforma custe cerca de R$ 130 milhões, que o BNDES já disse que empresta, em uma linha especial com juros bem abaixo dos praticados normalmente. Mas é dinheiro emprestado, e não dado. Logo, se a taxa for de 5% ao ano, vai pagar já de cara R$ 6,5 milhões por ano só de juros, coisa que o clube certamente não tem caixa para fazer. Para piorar, é bem provável que a direção rubro-negra tenha que dar o próprio estádio como garantia do empréstimo, o que pode significar que ele pode eventualmente terminar a reforma do estádio e perdê-lo para o banco logo em seguida. Ou então as garantias virão do patrimônio pessoal dos dirigentes atleticanos, o que deixa tudo ainda mais caótico. O Atlético, portanto, também não quer correr o risco de pagar pela Copa.

A solução imaginada seria um investidor privado. Só que nenhum investidor privado vai embarcar na furada. Um investidor só teria interesse se o estádio fosse construído em uma área degradada e com baixa valorização imobiliária em que ele pudesse aproveitar as grandes reformas urbanas que serão realizadas na área do estádio para ganhar com a especulação em cima de imóveis vizinhos que viriam a usufruir de uma melhor estrutura. O problema é que o estádio do Atlético já é localizado em uma área relativamente nobre de Curitiba, em que o mercado imobiliário não apenas já é elevado, como é bastante distribuído, com uma enormidade de pequenos apartamentos e outros pequenos imóveis. Portanto, qualquer operação imobiliária nesse sentido fica praticamente impossível, espantando possíveis investidores.

Resumindo: há um claro impasse na realização da Copa do Mundo em Curitiba, muito por conta pela falta de planejamento inicial da cidade em hospedar o evento. Ao que tudo indica, os envolvidos se preocuparam primeiro em fazer a cidade ser escolhida como sede para depois se preocupar com como tudo será viabilizado, uma prática mais do que comum no ambiente político.

A pressão ainda está pequena. Assim que acabar a Copa de 2010, porém, o impasse deve virar foco das atenções da mídia nacional e internacional, além da própria Fifa. E só há uma escolha a ser feita: ou o governo estadual e municipal dá dinheiro para o Atlético, ou a Copa não acontece na cidade. Simples assim.

O discurso entre os envolvidos dá conta que uma solução será encontrada em breve. O problema é que não há nenhum grande político encampando de frente o projeto e assumindo a briga para si. Em ano de eleição, no qual todos os candidatos tentam ganhar visibilidade em qualquer beco possível, isso é preocupante. Ninguém quer assumir o projeto, e isso dá indícios do tamanho do problema. Se o problema tivesse boas probabilidades de ser solucionado, não há dúvidas de que haveria muitas figuras públicas tentando ganhar notoriedade com ele. Mas não há, e isso dá um indício do quão complicada é a situação.

No fim das contas, ou o estado e o município admitem o equívoco do projeto e assumem a bomba com todos seus ônus políticos e financeiros, ou Curitiba vai ficar sem a Copa do Mundo. Aí, talvez, a cidade, de fato, faça jus ao seu difundido estereótipo de cidade modelo do Brasil. Seja para o bem, seja para o mal.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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Novidades da Copa

Olá, amigos!

Na semana passada fizemos uma brincadeira sobre um suposto diálogo de pessoas que, em época de Copa do Mundo, passam a se envolver com o futebol para ilustrar a importância que o evento exerce sobre as pessoas. O poderio que tem em termos de mídia e envolvimento.

Seja nas inovações nas plataformas de jogo e planejamento das equipes, sejam em inovações das transmissões televisivas e coberturas jornalísticas, seja em todos os segmentos, que direta ou indiretamente atingem o futebol.

Num momento mágico no qual todos param, alguns aceleram e buscam aproveitar o glamour do evento para difundir novos paradigmas que podem durar décadas, um período copal (uma triste analogia deste autor para se referir ao espaço de quatro anos entre as Mundiais) ou ainda apenas o instante no qual acontece a Copa, dada a velocidade das transformações que ocorrem na sociedade hoje.

Em 2006, as manchetes diziam ser a Copa da era dos celulares. Em 2010, o discurso engloba além dos avanços do setor de telefonia, bolas com ranhuras diferenciadas, a era das redes sociais, além, é claro, da perspectiva das transmissões 3D.

Eis uma síntese do que movimenta o ano de Copa do Mundo

Álbum virtual de figurinhas

 

Pode parecer simples, mas desperta uma nova modalidade em expansão ligadas às redes sociais que estão comentadas também mais adiante.

Bola Jabulani

Bola desenvolvida pela Adidas para a Copa da África, com foco nas ranhuras que ajudam a aumentar o atrito com o ar, principal deficiência da bola anterior - por ser muito lisa, tinha uma trajetória mais influenciada pelo ar.

 

Redes Sociais e Convergência Digital

As redes sociais têm na Copa talvez o momento do seu ápice em termos mundiais, com promoções e campanhas especializadas no assunto. Tanto pela perspectiva das próprias redes sociais, como é possível conferir na entrevista de um funcionário do Twitter à rede CNN*.

“Imaginamos que a Copa do Mundo irá superar tudo o que já vimos no Twitter, inclusive as eleições norte-americanas ou o Super Bowl, simplesmente porque é um evento mundial”.

Como também, nas ações de publicidade voltadas para o segmento de convergência digital, igual a alguns casos que observamos com reflexos aqui no Brasil, por exemplo o caso dos projetos ainda em fase de implementação do Chip do Timão e do Clube do Futebol, que englobam serviços de estatísticas, acompanhamento de jogos e outras informações sobre os jogos no celular (que retomaremos num espaço maior em outras colunas).

Copa 3D

Eis aqui o que pode significar o maior impacto naquilo que se refere às inovações trazidas pelo grande evento Copa do Mundo.

A expectativa da cobertura de até 25 jogos no acordo firmado ente a Fifa e a Sony promete mexer com os ânimos dos mais aficcionados pelo futebol, até aqueles que estariam mais para o diálogo apresentado na semana passada.

No Brasil, a rede Globo também anunciou uma parceria com a Cinemark para a transmissão de alguns jogos em 3D nas salas de cinema da rede em diferentes estados brasileiros.

Resta-nos saber o que dessas prováveis inovações ficarão como legados, o que será passageiro e o que surgirá ou será ressiginificado para os próximos grandes eventos.

Para você, qual será o grande legado tecnológico dessa Copa?

*Fonte: http://edition.cnn.com/2010/SPORT/football/04/26/football.world.cup.social/index.html

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Uma chance perdida

Sábado, no Palestra Itália, mais de 18 mil torcedores foram torcer pelo Palmeiras contra o Grêmio. Mais do que a empolgação pelo time, o que moveu essa massa ao estádio foi a notícia de que aquele seria o último jogo oficial do Palmeiras em sua antiga casa, construída há mais de meio século.

Mas parece que só a imprensa e a torcida deram bola para a informação. Em meio a uma guerra de bastidores, a diretoria alviverde preferiu dissolver a estratégia previamente programada para o “jogo final”.

Em campo, a festa foi só dos jogadores. Vitória por 4 a 2, com direito a susto e até um grito de “olé” nos minutos finais. Só por precaução, já que poderia ser o último grito de “olé” no antigo Palestra Itália…

E onde estava o trabalho de marketing do clube? Nenhuma placa alusiva ao jogo, nenhum foguetório programado, nenhuma lembrança para ser comprada na loja oficial depois da partida. Aliás, loja que foi fechada logo que a partida começou, como se uma vitória não fosse incentivar o consumo.

Se o jogo foi de despedida, não há o que comemorar. A diretoria palmeirense se preocupou mais com o momento do time dentro de campo, esquecendo-se do básico: torcedor não é movido pela vitória, mas pela história.

Nem mesmo o ingresso para a partida derradeira continha uma lembrança, algo que fizesse daquele canhoto mais especial do que da até hoje mais feliz das vitórias no Palestra Itália, a final da Libertadores de 1999.

Não ficou nada para registro histórico, a não ser mais um canhoto de ingresso. Que precisará de uma placa ao lado, explicando porque ele é tão especial que merece uma moldura no quarto, na sala, no banheiro, onde quer que seja.

É mais uma chance perdida. E outra mostra da miopia do dirigente esportivo, que confunde marketing com captação de patrocínio, que não vê que a verdadeira função do departamento não é apenas trazer parceiros comerciais, mas mobilizar o torcedor em volta da marca do clube.

Muitas vezes a vida do torcedor foi construída dentro de um estádio de futebol. Foi ali que ele aprendeu a ter algo em comum com o seu pai, foi ali que ele formou o primeiro grupo de amigos, foi ali que ele conheceu namoradas (os) e, quem sabe, a mulher/o homem da vida. Um dos primeiros hábitos da infância de um apaixonado pela bola se constrói dentro de um estádio.

Quando você tem a sensação de que será a última vez que você verá aquele lugar daquele jeito, não dá para não comparecer, não festejar, não se emocionar. O time é o de menos, a fase não importa.

O que não dá para acreditar é que nada foi feito para o torcedor num dia tão especial…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br