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O goleiro e a sua liderança em campo

Já ouvimos diversas vezes no meio do futebol a velha frase: “Toda grande equipe sempre começa por um grande goleiro!” e isso na prática nos parece verdade não é mesmo?

O goleiro que inspira confiança à sua equipe tende a ser realmente um grande destaque na sua posição, mas isso se conquista com muito treinamento apurado e condições físicas excepcionais para que este atleta possa desempenhar seu papel com precisão e a segurança esperada por todos. Mas aqui cabe ressaltar que todo goleiro precisa também ter algumas qualidades psicológicas que são indispensáveis a posição, tais como:

CORAGEM: Esta posição exige a coragem necessária para enfrentar a todo momento as diversas investidas contra sua meta.

CALMA: O goleiro deve estar sempre consciente, analisando e observando a melhor maneira de defender seu gol e esta atividade exige tranquilidade elevada para escolher as melhores opções de ação ou reação.

CONCENTRAÇÃO: Do goleiro exige-se que ele nunca se distraia ou desligue da partida, pois sua atenção no jogo e no adversário pode ser decisiva para o resultado de uma partida.

INICIATIVA: Muitas vezes um breve momento de indecisão do oponente pode ser o suficiente para que o goleiro recuperar a posse de bola.

LIDERANÇA: Por ser o último defensor da meta, naturalmente o goleiro exerce liderança em campo, comandando sua defesa e orientando os atletas em situações de perigo.

Ao observarmos as qualidades psicológicas acima citadas, podemos compreender como é importante o papel do goleiro em campo e isso nos relembra a importância de sua liderança na equipe.

Ao comandar a organização de sua área, o goleiro exerce uma liderança incontestável sobre os demais atletas que ao demonstrarem confiança nele seguem sua orientação com a certeza de que estão fazendo o melhor naquela ocasião. Sendo assim, podemos dizer que todo bom goleiro tem as características podem leva-lo a ser um bom líder.

Então, o desenvolvimento da competência de líder coach é mais do que necessária para todos os goleiros uma vez que invariavelmente estes estarão expostos ao longo de sua carreira a situações que lhe exigirão agir aplicando tais competências. Enquanto líderes necessitarão, por exemplo:

• Ter capacidade de motivar,
• Comunicar com excelência,
• Inspirar os demais à ação,
• Orientar tática e estrategicamente,
• Demonstrar autocontrole,
• Atuar como um integrador em campo.

E fica a reflexão: será que estamos preparando nossos goleiros para atuarem com excelência física, técnica e comportamental para que estes possam conquistar a alta performance na sua posição?!

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Qual o tamanho do bolso?

Reta final do Campeonato Brasileiro das divisões de acesso para a primeira e a história se repete, ano a ano: os dilemas para as equipes de menor expressão e poucos investimentos em disputar competições contra os grandes clubes do futebol nacional.

O dilema passa por entender o quão sustentável é o projeto de cada um destes clubes: como se dá o investimento? Foi construído com que tipo de recurso? A economia da cidade terá poder para suportar e manter o projeto?

E, principalmente, em muitos casos, qual o tamanho do bolso do presidente ou núcleo de diretores do clube? São eles que, mais das vezes, costumam cobrir os déficits gerados a cada mês.

O custo na 1ª Divisão é elevadíssimo e as receitas adicionais oriundas de patrocinadores, TV ou bilheteria não são proporcionalmente superiores a estes custos.

É o que se costuma dizer no futebol: subir nem sempre é uma tarefa tão complicada. O difícil mesmo é construir um projeto sólido, que permita permanecer por um longo período, competindo em alto nível com os principais clubes do Brasil.

Eis a missão nem sempre simples diante de um mercado cuja cultura é a de pensar e agir pelo imediatismo ante a estruturação de projetos.

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Reducionismo

O reducionismo está entre os maiores males do futebol brasileiro. Tema muito presente no cotidiano local, o esporte é tratado recorrentemente como um tópico de domínio público. Essa abordagem prejudica a imagem, a comunicação e até a gestão do setor.

A questão do custo é um exemplo. A maioria das discussões é pautada por "está caro" ou "está barato". Ora, mas caro e barato são conceitos absolutamente subjetivos. O preço das coisas depende da demanda e do perfil de público que você pretende atrair.

Não defendo um esporte elitista. Aliás, ao contrário. Mas antes de saber a quem se destina, o futebol precisa testar sua abrangência. É inadmissível que o esporte não saiba a quem atinge e a quem pretende atingir.

Em crise no Campeonato Brasileiro, o São Paulo reduziu o preço dos ingressos nos jogos como mandante. Isso ampliou de 8.553 para 35.335 a média de pagantes em partidas do clube no Campeonato Brasileiro. Foi o suficiente para muita gente asseverar que o incremento de torcedores a despeito do momento ruim é prova irrefutável de que o preço afasta pessoas dos estádios.

O preço afasta, evidentemente. A questão, contudo, é muito mais abrangente. Discutir apenas o preço é um reducionismo que não ataca os problemas e não oferece nenhuma solução para a gestão do esporte.

No último domingo, após ter perdido para o Grêmio em pleno Morumbi, o São Paulo foi aplaudido por parte do público presente. Esse comportamento não vinha sendo registrado quando o clube cobrava mais caro.

Portanto, há dois argumentos favoráveis à redução do tíquete médio (o incremento do número de pagantes e o comportamento). Ainda assim, o tema não pode ser abordado com uma visão simplista.

A começar pela parte financeira: com mais gente, o São Paulo fatura mais com bilheteria. Mas e a receita completa de match day? E o consumo no interior do estádio? Com mais gente no Morumbi, o clube está aproveitando para vender mais produtos e expor melhor os parceiros?

A segunda questão é: ainda que a média de público tenha aumentado, o Morumbi está aquém da lotação. O São Paulo não pode mais mexer no preço. Então, como fazer para atrair outras dezenas de milhares de torcedores ao estádio?

Uso o São Paulo apenas como exemplo, mas a lógica vale para todos os times do futebol brasileiro. As equipes precisam urgentemente se questionar sobre o porquê de não jogarem para estádios abarrotados. A evolução do público pagante no Morumbi mostra que o preço é um dos fatores, mas que pode haver outros aspectos a serem trabalhados.

Outro ponto é: para que serve um público maior no estádio? A resposta mais óbvia é que o futebol é uma atividade popular. Times e adeptos têm relação de interdependência. De novo, porém, encerrar a discussão assim seria simplificar demais uma questão que não é simples.

Com mais gente no estádio, um time tem a chance de comercializar mais produtos, incrementar a receita de match day e expor melhor os patrocinadores, por exemplo. A equipe também pode atrair novos mercados e fazer ações institucionais para construir uma imagem adequada.

Público no estádio não é apenas receita de bilheteria. Tampouco é apoio ou crítica aos times que estão em campo. Torcedores que decidem ir a um campo de jogo são um campo de possibilidades. Não ver isso é um reducionismo extremo.

No entanto, esse não é o único assunto em que há simplificações. Outro exemplo é a discussão sobre calendário. Um grupo de jogadores de futebol das duas primeiras divisões do Campeonato Brasileiro lançou na última semana um manifesto chamado Bom Senso F.C., coletivo que pede participação dos atletas em discussões sobre a condução da modalidade.

Desde que esses atletas publicaram o manifesto, tenho acompanhado bastante a repercussão do caso em redes sociais e comentários de textos publicados na internet. Em geral, o assunto gera uma discussão dicotômica entre os que defendem mais jogos e os que preferem uma redução.

A polarização entre os que dizem que jogadores de futebol ganham milhões e não podem reclamar de entrar em campo e os que condenam o excesso de partidas desperdiça uma oportunidade de aprofundar o debate. A questão não é apenas a quantidade de apresentações.

Ainda que o número de jogos interfira diretamente no rendimento dos atletas, a discussão tem de ser ampliada. Um calendário mais adequado pode aumentar a velocidade e a qualidade das partidas, por exemplo. Mas é fundamental que essa teoria seja embasada por estudos e análises consistentes.

Nos Estados Unidos, a temporada regular do futebol americano tem 17 rodadas distribuídas entre o início de setembro e o fim de novembro. Os playoffs são realizados no começo do ano, e o Super Bowl, jogo que define a NFL, é realizado normalmente em fevereiro. São seis meses de atividade por ano.

A enorme janela que a NFL cria no calendário tem uma série de explicações. A liga se preocupa com o condicionamento dos atletas, por exemplo, e reduz o número de jogos para transformar todos em eventos verdadeiramente especiais. Mas também há uma relação direta com os calendários de outras ligas esportivas.

Um calendário mais adequado no futebol brasileiro afetaria diretamente a televisão, que paga caro para transmitir o esporte e teria de abrir mão de algumas datas. O exemplo dos Estados Unidos mostra que essas janelas podem ajudar a desenvolver e dar espaço para outros esportes.

É claro que as realidades dos dois países são muito diferentes e que a TV aberta do Brasil dificilmente colocaria numa noite de quarta-feira um jogo de outro esporte. Transportar para cá o exemplo dado pelos norte-americanos seria mais um reducionismo. O que eu peço é que as pessoas olhem para o que está além da simples discussão sobre o número de partidas.

O reducionismo afeta até análises sobre jogos. No Brasil, muitos partem da premissa de que entender de futebol é sinônimo de acompanhar futebol, conhecer regras e saber detalhes históricos. O pecado aí é ignorar os motivos.

Nesta semana, ouvi pelo menos cinco comentaristas de rádio dizendo que "o problema do Corinthians é que não faz gols" ou coisas similares. O time alvinegro é outro que está em crise: não vence há oito partidas, e balançou as redes apenas uma vez nesse período.

Dizer que o problema é não fazer gols é mais um reducionismo. A discussão deve ser o porquê de a equipe não atingir a meta adversária. Relatar o que acontece é relevante, mas não provoca e não cria debates. Já passou da hora de o futebol ser visto como um evento complexo.

A mesma dicotomia provocada pela discussão sobre calend&aa
cute;rio aparece nesse ponto. Comentários na internet dividem o público entre os que dizem "tal comentarista nunca jogou bola e não tem direito de opinar" e os que preferem o "esse cara não estuda e não tem conteúdo para opinar".

Boleiros ou estudiosos podem cometer erros similares. A questão não está na formação ou na abordagem, mas no conteúdo. Assim como as pessoas, o futebol é complexo e tem perfis muito diferentes. Não ver isso é reducionismo.

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O treinamento da transição ofensiva

Muitos gols ocorrem a partir de jogadas de contra-ataque. A equipe que perde a posse de bola necessita de uma resposta coletiva imediata que, caso não ocorra, potencializa a desorganização de seu sistema e a possibilidade de finalização do adversário. E quanto mais rápida, organizada e eficaz forem as ações coletivas da equipe que recuperou a posse, mais próxima ela estará do cumprimento da lógica do jogo.

Posto isso, o planejamento semanal deve privilegiar atividades que contemplem este momento do jogo, sabidamente, como parte integrante do Jogar da equipe. Em colunas anteriores, exemplos de atividades com caráter ofensivo, de transição defensiva e defensivo foram mencionados para auxiliar na elaboração do microciclo.

Na presente coluna as sugestões serão dedicadas às atividades que buscam a retirada adequada do setor de recuperação, horizontal ou verticalmente, conforme as regras a seguir:

•Após qualquer recuperação da posse de bola no campo de defesa, se a equipe errar o passe é ponto para o adversário;

•Com o campo de defesa dividido na intermediária, após qualquer recuperação da posse de bola no setor defensivo, ponto para a equipe se conseguir ultrapassar o meio campo com a bola dominada, através de condução ou passe. Como progressão desta regra, é possível definir um tempo limite para ultrapassar o meio campo e pontuar, entre 5 e 10 segundos.

•Com o campo de defesa dividido na intermediária, após qualquer recuperação da posse de bola no setor intermediário, ponto para a equipe se conseguir realizar um passe pra frente;

•Com o campo de ataque dividido na intermediária, após qualquer recuperação da posse no setor intermediário, ponto para a equipe se conseguir realizar um passe pra frente, no setor ofensivo;

•Com o campo de ataque dividido na intermediária, após qualquer recuperação da posse no setor intermediário, ponto para a equipe se a jogada terminar em finalização em até 10 segundos após a recuperação;

•Com o campo de ataque dividido na intermediária, após qualquer recuperação da posse no setor ofensivo, ponto para a equipe se a jogada terminar em finalização em até 5 segundos após a recuperação;

•Maior pontuação para gols originados em jogadas de contra ataque;

Durante os jogos, é possível combinar as regras e estimular a transição ofensiva a partir da recuperação da posse em diferentes locais do campo de jogo. Não esqueça de “amarrar” o tema desta coluna com as publicações anteriores. Elas dão significado às sugestões e possibilitam as inter-relações pretendidas no treinamento a partir de uma visão sistêmica.

Treinar o Jogar que se pretende é pré-requisito para condicionar complexamente o jogador de futebol.

Quem sabe quando esta visão teórica for unânime na prática não veremos mais desculpas sobre o (aparente) despreparo fragmentado de uma equipe na reta final da temporada. Muitos insistem em simplificar o futebol…

Abraços e até a próxima semana.

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Mudanças no calendário do futebol brasileiro?

Após a divulgação do calendário futebolístico de 2014, muito se tem falado do movimento dos atletas por mudanças no calendário do futebol brasileiro.

De fato, mudanças e adequações devem ser realizadas, mas, há de se levar em consideração as peculiaridades que rondam o futebol e as características do país.

No que concerne aos campeonatos estaduais, sua existência se dá em virtude do país se constituir como uma Federação. Não obstante isso, sua realização deve se restringir a poucas datas e não por longos três ou quatro meses. Inconcebível, ainda, campeonatos estaduais inxados, com vários times. Deveriam ter oito ou, no máximo 10.

A ideia dos campeonatos regionais é boa, especialmente para Estados com menor destaque no futebol, eis que podem unir forças. Para os campeonatos com maior tradicão e rivalidade como ocorre em Minas, Rio, SP, RS, SC, PR, GO, BA e PE, por exemplo, há de se avaliar com bastante carinho.

A ideia da Copa do Brasil durar todo o ano é muito boa, entretanto, a impossibilidade de se disputar a Sul-Americana acaba por desvalorizar a competição continental e, ainda, gerar situações bastante inóspitas como uma equipe jogar uma partida da Copa do Brasil querendo ser eliminada para disputar a competição internacional.

Por fim, muito se fala da adqueação do calendário do futebol brasileiro ao europeu, ou seja, iniciando-se em agosto e terminando em maio. Outrossim, o fato do calendário brasileiro iniciar-se em janeiro e terminar em dezembro se dá em razão do país ter o seu verão no final do ano, ao contrário da europa, cujo verão se dá no meio do ano.

De toda sorte, ainda há muito o que se estudar e discutir a fim de termos um calendário mais racional, com menos jogos e até mais rentável. Portanto, todo este movimento é essencial e pode significar um verdadeiro divisor de águas na história do futebol brasileiro.

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Cruzando as pernas – #Demorou #Tamojunto

O futebol brasileiro não respeita datas. Não tem cabimento. Não é exemplo para Darwin. Não tabela com a preparação física. Não respeita o corpo do atleta, a alma do torcedor, a camisa dos clubes.

Calendário do futebol brasileiro é como folhinha de borracharia onde modelos desfilam suas vergonhas. Onde alguns sem muitas vergonhas baixam a borracha e sobem o burro no que é sagrado.

Não pode. Não cabe. Não deve.

– Não!

É o grito de gente que joga. São atletas bons de pé e de cabeça e também de peito para desarmar jogadas de bastidores. Bastilha que cai e que precisa ser encarada pelos atletas do bem comum e do bom senso. CBF, TVs, mídia, estão todos no mesmo jogo. É preciso organizá-lo. Respeitá-lo como já não se respeitam mais as férias aos atletas. A pré que já vira temporada. Os estaduais inchados. O Brasileirão longo. Muitos jogos para pouco futebol.

– Não!

Se preciso, que atletas profissionais (e não apenas bem remunerados, quando pagos em dia – ou meses) cruzem as pernas e os braços. Ao menos que discutam como alguns estão se articulando com a mesma velocidade com que os donos da bola e das boladas com controle remoto dominam o esporte, o espetáculo e o negócio de milhões para poucos, e migalhas para muitos.

O ideal seria equiparar nosso calendário ao europeu. O possível é racionalizar os estaduais, esticando-os pela temporada, diminuindo o número de partidas dos que jogam as primeiras divisões nacionais.

São várias ideias. Muitos ideais.

E, torcemos, muitos para debater e bater um bolão. Canarinhos que não são mais cordeirinhos. Ovelhinhas de presépio. Cordeirinhos no curral eleitoral e comercial de interesses desinteressantes ao futebol.

É preciso dar força e respaldo a quem coloca o pescoço e as canelas na forca.

Tem como racionalizar e diminuir o número de partidas, e não necessariamente acabando com campeonatos.

Tem como ouvir e conversar com quem faz o jogo, não necessariamente as jogadas.

Tem como melhorar o diálogo, o desempenho, a atividade, o negócio.

Tem de jogar junto. Não contra.
 

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

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Eu falo, mas ninguém me entende

Os treinadores do futebol brasileiro têm passado por situações inusitadas em promover os melhores desempenhos de suas equipes e isso deixa para nós a impressão de que pode haver algum problema de comunicação entre os treinadores e seus atletas.

No esporte, como em qualquer campo de relacionamento profissional, podem existir barreiras à comunicação efetiva entre todos os envolvidos.

Estas barreiras são geralmente restrições que podem ocorrer dentro ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo com que nem todo sinal emitido pela fonte de informação (o treinador) percorra o processo e chegue incólume ao seu destino (os atletas). Segundo Chiavenato, o sinal emitido pode sofrer perdas, distorções, ruídos, interferências, ampliações ou desvios.

Já ouvimos algumas vezes treinadores argumento que os atletas não compreenderam a filosofia que seria implantada ou a concepção de futebol que seria inserida no clube A ou B. Esta declaração talvez já não teria para nós um indício de que algo na comunicação está errada?

A resposta a esta pergunta é sim, existe algo de falho na comunicação. Mas para que os treinadores estejam atentos quanto à qualidade de sua comunicação, compartilho as principais barreiras à comunicação efetiva dos treinadores no futebol, conforme definição de Laios citado na literatura de Dietmar Samulski.

• Tempo limitado: Durante as partidas, geralmente o treinador tem um tempo limitado para conversar com os atletas em particular, como nos intervalos por exemplo. Neste curto período de tempo, o treinador deve transmitir algumas instruções e pensamentos, bem como ter a certeza de que os atletas entenderam a mensagem.

• Linguagem: Muitas vezes ao treinadores utilizam uma linguagem muito científica e de difícil compreensão para a maioria dos atletas, isso dificulta e compromete o processo de comunicação.

• Habilidade de percepção: Significa que todo atleta tem uma percepção e decodificação diferente da mensagem enviada pelo treinador.

• Condição emocional: Em muitas ocasiões os atletas não entendem o que o treinador está passando pelos simples fato de estarem em condições emocionais ruins. Nervosismo excessivo, irritação e estresse elevado são exemplos de fatores que demonstram um desequilíbrio emocional do atleta.

• Fatores externos: São outros fatores que não estão relacionados diretamente com o ambiente de treinamento e por isso estão fora do controle do treinador, como por exemplo manifestação de torcedores que é uma situação que pode causar distrações dos atletas.

Então, cabe aos treinadores estarem atentos quanto à comunicação com seus atletas e o quanto isso pode ser decisivo para o desempenho de suas equipes. Comuniquem-se!

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Perdeu-se a chance

O anúncio do calendário do futebol brasileiro para 2014 trouxe à baila novos e antigos debates. De positivo, os primeiros ensaios para a constituição de uma associação de jogadores de futebol, que está se unindo para debater a organização do futebol e, sobretudo, protegê-los, tendo em vista que eles são os grandes atores do espetáculo.

De negativo, um calendário apertado, que não agrada ninguém: nem a parte técnica-física da prática, que deveria tentar preservar minimamente o atleta para a entrega de bons espetáculos; nem a área de gestão e marketing, que pensa na entrega de um bom produto; tampouco os torcedores, que irão acompanhar jogos em grande quantidade e de baixa qualidade, tornando-se pouco atrativo.

Perdemos, a bem da verdade, a chance de reorganizar o malfadado calendário do futebol brasileiro. A oportunidade era agora, com o "caos" da Copa (caos no sentido de influenciar a organização da temporada regular), quando se poderia encontrar inúmeras justificativas para este ajuste.

Alguns dirigentes continuam com a defesa de argumentos respaldada na "soberania nacional", ou seja, em afirmar que seguir um "modelo europeu" seria uma afronta para o Brasil. É a berlinda das desculpas, quando não se acha mais justificativas plausíveis, em um mundo globalizado e hiperconectado, para enxergar o óbvio.

Enfim, resta esperar mais algum tempo para a mudança inevitável. E que a organização que se está tentando fazer por meio dos jogadores siga um rumo sólido e consistente, que não baixe a guarda com pressões de dirigentes (que virão no curto prazo), e possam promover, de fato, ações transformadoras para o futebol brasileiro.

 

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Pré-temporada e adequação à Europa são algumas das exigências dos jogadores

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Quando o campo fala

Líder da temporada 2013/2014 do Campeonato Espanhol, o Barcelona jogou fora de casa contra o Rayo Vallecano no último sábado e venceu por 4 a 0. O resultado positivo, porém, não impediu um revés da equipe catalã, que teve menos posse de bola do que o rival.

O Barcelona ficou com a bola em 49% do jogo de sábado. O Rayo Vallecano, 51%. O time catalão não tinha menos posse do que um rival em partidas oficiais desde 7 de maio de 2008, quando foi goleado pelo Real Madrid por 4 a 1.

Nesse ínterim, o Barcelona disputou 316 jogos e conquistou 16 títulos. Foram 228 triunfos (72,2%), 58 empates (18,4%) e 30 reveses (9,4%) em que os catalães dominaram mais a bola do que qualquer adversário.

O saldo de gols do período também é impressionante: o Barcelona marcou 822 vezes no período em que foi soberano na posse de bola. Nesses mesmos 316 jogos, o time foi vazado apenas 262 vezes.

Na pré-temporada que antecedeu as disputas de 2013/2014, o Barcelona já havia tido menos posse de bola do que o Bayern de Munique, time comandado por Pep Guardiola, técnico dos catalães no auge desse período vencedor. No entanto, isso foi registrado em uma partida amistosa.

Contra o Rayo Vallecano, não havia a ressalva de se tratar de um amistoso. Tampouco o alento de ser uma equipe extremamente poderosa e comandada pelo treinador que resgatou o estilo holandês-catalão de o Barcelona jogar.

Guardiola ficou no Barcelona entre 2008 e 2012. Ele foi substituído por Tito Vilanova, que era auxiliar e comandou a equipe catalã até este ano.

Quando um problema de saúde impediu Vilanova de seguir no Barcelona, o time não repetiu a iniciativa de buscar em seu quadro de funcionários um profissional. Em vez disso, contratou o argentino Gerardo “Tata” Martino, ex-Newell’s Old Boys.

Foi o Barcelona de Tata Martino o responsável pela queda da longeva soberania da equipe na posse de bola. Em pouco tempo, o argentino mudou de forma contundente a postura dos catalães. O toque de bola insistente e o jogo horizontal ganharam companhia de lançamentos e objetividade na definição dos lances.

“A posse da bola é sempre importante para o Barcelona, assim como era para o Newell’s Old Boys. Quando uma equipe atinge a excelência no futebol, é natural que as pessoas falem sempre sobre o estilo que assegurou isso”, ponderou Martino em entrevista coletiva após o jogo de sábado.

Depois do triunfo por 4 a 0 sobre o Ajax na primeira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões da Uefa, o uso das bolas longas já havia chamado atenção. Na época, Martino disse que estava tentando apenas “adicionar algumas coisas ao repertório do Barcelona”.

O jogo mais incisivo pode ser benéfico para o Barcelona. Se o time catalão seguir pressionando a saída de bola de seus rivais e associar a retomada da posse a uma definição rápida, terá mais espaços do que encontrava na versão “mais paciente”.

A lógica é clara: o Barcelona pré-Martino era eficiente, mas levava mais tempo para definir os lances. Com isso, tinha de encontrar espaços em defesas mais bem postadas.

A marcação pressão e o contragolpe são eficientes porque proporcionam superioridade numérica em ações ofensivas. A velocidade de transição e definição é determinante para estipular o tamanho dessa soberania.

Na teoria, portanto, o Barcelona está adicionando elementos positivos ao jeito de a equipe jogar. Com a adição de bolas longas e uma transição mais rápida, Martino cria um time que pode ser mais seguro e letal.

Contudo, o risco que o Barcelona de Martino corre é contrariar o que se transformou em essência da equipe. Os catalães podem ser igualmente eficientes e igualmente vencedores, mas não seguirão sendo especiais se abdicarem do que os tornou únicos.

Guardiola não inventou um jogo de o Barcelona jogar, mas reuniu uma série de características que geraram orgulho na torcida catalã em times anteriores. Mais do que vencer, o grupo que ele moldou traduzia o que a torcida esperava ver em campo.

A pergunta, portanto, é o que motiva de verdade o torcedor no esporte profissional. O adepto quer vencer a qualquer custo ou quer ver no campo de jogo, independentemente da modalidade, atletas que representem o que ele pensa sobre o esporte?

Pense em quantas vezes você viu, em diferentes modalidades, atletas serem aplaudidos porque fizeram, a despeito do resultado, o que o público queria ver. Pense em quantos derrotados conseguiram simpatia, respeito e até um carinho da torcida.

O objetivo explícito do esporte é vencer, mas o esporte não seria o que é se não tivesse metas tácitas. É uma atividade em que valem inspiração, sonho e representatividade. O Barcelona dos últimos cinco anos mostrou isso. Martino pode até criar uma equipe mais eficiente, mas o início dele contradiz a essência do clube.

Até o momento, o discurso de ampliar o repertório tem sido eficiente. Se o Barcelona mantiver a rotina de vitórias, Martino ganhará argumentos muito contundentes.

Em algum momento, porém, técnico e diretoria precisarão questionar o que desejam fazer no futebol. O campo fala, e os recados do Barcelona de Tata Martino até aqui não são nada animadores.

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O futebol, os paradigmas, os métodos, os modelos, a lógica e o livro "Os números do jogo"

O futebol jogado no mundo todo, sofre, continuamente, transformações. Do mais distante ao mais próximo passado, da mais, até a menos tradicional cultura futebolística continente à fora, é fato que ao longo de sua história, o futebol – e mais pontualmente a maneira de jogá-lo – vem ganhando em organização, em sofisticação estratégica, e em elaboração coletiva.

Os sistemas de preparação desportiva futebolística estão cada vez melhores, os jogadores estão cada vez mais bem preparados, a análise do desempenho vem contribuindo cada vez mais para correções de rotas, a velocidade do jogo aumentou e os futebolistas vêm mostrando uma capacidade cada vez maior de tomar decisões exatas e rápidas.

Já escrevi outras colunas, aqui mesmo neste espaço, com intuito de chamar atenção para o fato de que a evolução do jogo de futebol, mais especificamente do "jogar futebol" traria (e traz) consigo a necessidade emergente e urgente de um entendimento mais qualificado sobre o jogo.

Ora, se o jogar futebol que concebemos e operacionalizamos nos treinamentos, é resultado da maneira que enxergamos e entendemos o jogo, nada mais óbvio do que a necessidade de enxergá-lo (o jogo) melhor e mais claramente.

É inegável o fato de que há mais de uma década, a busca pelo "enxergar melhor e mais claramente" tem trazido à tona uma série de conflitos – paradigmas foram, estão e serão quebrados. "Durante muito tempo, quatro palavras dominaram o futebol: "sempre foi feito assim".

O jogo bonito está arraigado na tradição. O jogo bonito agarra-se a seus dogmas e truísmos, a suas crenças e credos. O jogo bonito pertence a homens que não querem ver seu domínio ameaçado por intrusos que sabem que enxergam o jogo como ele realmente é.

Esses homens não querem que lhes digam que há mais de um século eles estão deixando de perceber alguns fatos. Que existe um conhecimento que eles não possuem. Que o jeito como eles sempre fizeram as coisas não é como as coisas devem ser feitas." (livro: "Os números do jogo", de Chris Anderson e David Sally – página 13)

Avançar a linha limite, que estabelece ideias, ideais, conceitos e verdades é avançar a barreira, que esconde atrás dela, um mundo novo e desconhecido.

Nunca é fácil passar por essa barreira. O certo, é que a maneira que escolhemos passar por ela pode determinar as dificuldades e resistências que encontraremos logo à frente.

Muitos são os caminhos que levam às vitórias. A história do futebol nos mostra isso muito claramente!

Não deveríamos brigar por métodos "A" ou "B". Não! Não deveríamos brigar por um modelo "C" ou "D". Precisamos entender no cerne o que o jogo, propriamente dito, a partir de sua inexorável lógica tem para nos dizer.

Vitórias podem ser alcançadas pelos métodos "A" e "B", mas também pelo "X", pelo "Y" ou pelo "Z"; equipes podem jogar bem a partir dos modelos "C", "D" ou "E" – mas indiscutivelmente jogos não podem ser vencidos e/ou bem jogados se o "jogar" – e logo, a preparação para o jogar – não estiverem em conexão, na essência, com o cumprimento da lógica do jogo.

A negação ou não compreensão sobre o passado (da preparação para o "jogar", e do "jogar" propriamente dito) trarão ilusões para o presente e dificuldades para o planejamento do futuro.

"Não dá para dizer que todas as tradições estão erradas. Os dados que hoje podemos reunir e analisar confirmam que parte daquilo que sempre se acreditou ser verdade é, de fato, verdade. Para além disso, porém, os números nos oferecem outras verdades, esclarecem coisas que não temos como saber intuitivamente e expõe a falsidade do "sempre foi feito assim".

O maior problema de seguir um tradição venerável e um dogma estabelecido é que ambos raramente são questionados. O conhecimento fica estagnado, enquanto o próprio esporte e o mundo em torno dele mudam." (do mesmo livro: "Os números do jogo", de Chris Anderson e David Sally – página 14)

Filosófico ou não, por hoje é isso!