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O cabelo do Pato

Substituído por Paolo Guerrero no segundo tempo do jogo contra o Coritiba, no último domingo, o atacante Alexandre Pato foi vaiado por parte dos torcedores do Corinthians que foram ao Pacaembu. Contratado pelo clube paulista no início deste ano, o camisa 7 ainda não conseguiu se firmar. A oscilação que o jogador vive em campo tem relação direta com o quanto ele claudica na comunicação.

Pato tem momentos de absoluta correção em termos de comunicação. Na semana que antecedeu o jogo contra o Coritiba, por exemplo, o atacante mudou o visual. Com isso, transformou em assunto algo totalmente trivial e alheio ao campo.

A estratégia nem é nova, aliás. O exemplo mais famoso disso aconteceu em 2002, antes da semifinal da Copa do Mundo disputada na Coreia do Sul e no Japão. Ronaldo tinha um desconforto muscular e era dúvida para o jogo contra a Turquia. Para evitar que isso dominasse o noticiário da semana, o camisa 9 cortou o cabelo e aderiu a um visual que lembrava o de Cascão, personagem criado por Maurício de Sousa.

A mudança no visual de Pato podia ter sido feita sem estardalhaço. Ele podia ter apresentado o penteado apenas no jogo. Em vez disso, o camisa 7 mostrou como um atleta tem potencial para gerar conteúdo: divulgou em redes sociais o que havia feito no cabelo, gerando notícias e dando visibilidade ao fora de campo.

Desde que chegou ao Corinthians, Pato tem sido um dos jogadores mais habilidosos do elenco alvinegro no quesito comunicação. Poucos (nenhum, talvez) jogadores de futebol que atualmente estão no Brasil têm gerado tanto conteúdo pelo que fazem quando não estão dentro das quatro linhas.

Contudo, a estratégia de comunicação de Pato tem um enorme problema: o jogador sabe aproveitar a mídia que gera, mas não tem contribuído para aumentar esse espaço e ir além do espontâneo.

O primeiro motivo para isso é a postura. Pato tem um comportamento e uma expressão que muitas vezes soam blasé. O que agrava esse aspecto é que ele defende um clube que sempre valorizou atributos como a dedicação e a raça.

Se demonstrasse mais emoções e pensasse a comunicação de forma mais ampla – linguagem corporal e comportamento, principalmente, Pato teria um pouco menos de trabalho para ganhar confiança da torcida. E isso independeria do desempenho.

Outro ponto em que a comunicação de Pato vacila é na prioridade dada ao lado “figura pública”. O atacante se comporta mais como uma estrela do entretenimento do que como um atleta. Para amenizar os efeitos da crise, seria importante a demonstração de emoções.

Por fim, falta a Pato um discurso mais incomodado. Quando não atinge uma meta, um atleta precisa mostrar que isso foi ruim para ele. Essa raiva e essa frustração ajudam a sensibilizar o público.

Em alguns aspectos, Pato tem uma comunicação perfeita. Em outros, erra em grandes proporções. A oscilação talvez seja até maior do que o que ele apresenta em campo.

Nos momentos bons, Pato mostra uma competência que falta a muitos atletas. Na última semana, isso faltou à russa Yelena Isinbayeva. Campeã mundial do salto com vara, ela se colocou no meio de uma polêmica sobre o tratamento a homossexuais.

A Rússia aprovou neste ano uma lei que combate a propaganda de “relações não tradicionais”. Isso terá efeito especialmente em 2014, quando o país vai sediar os Jogos Olímpicos de inverno de Sochi.

Por causa da legislação, atletas que disputaram o Mundial de atletismo deste ano, realizado em Moscou, fizeram um protesto e pintaram arco-íris nas unhas. Isimbayeva, em entrevista coletiva pós-título, criticou esse comportamento.

Depois, Isinbayeva disse que se enrolou no inglês, que não é a língua nativa dela. A saltadora explicou que havia tentado apenas pedir que o público respeitasse as leis de outros países.

A postura de Isinbayeva sobre a lei ou sobre os homossexuais é um problema dela. Entretanto, quando a saltadora expressa isso, sobretudo em um ambiente de competição, o problema passa a ser público.

Um atleta é uma personalidade. Portanto, tudo que ele fala reverbera. Antes de entrar em qualquer polêmica, é fundamental que essa pessoa pondere os efeitos que aquele caminho pode causar para a imagem dela.

Em diferentes mundos e com conteúdos totalmente divergentes, Pato e Isinbayeva são dois exemplos claros de como um atleta pode gerar conteúdo. Para o bem ou para o mal.

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Futebol: ruídos da tomada de decisão no alto nível competitivo

Dentro de um jogo de futebol muitas decisões são tomadas o tempo todo.

A cada fração de segundo, a cada nova circunstância e a cada problema emergente, ser rápido e exato para “decidir-agir” é imprescindível.

Se em décadas anteriores não tão distantes a exigência temporal para as tomadas de decisão já era algo muito importante, no futebol atual, tornou-se condição “sine qua non” para se jogar bem em alto nível competitivo.

A velocidade de jogo tem se tornado tão grande, que além do hiato entre o decidir e o agir ter quase que desaparecido nos jogadores mais bem condicionados (condicionados sistemicamente falando), também quase que se tornou invisível o hiato entre o surgimento da circunstância-problema e a ação propriamente dita para resolvê-la.

Isso tudo quer dizer que para se jogar futebol na atual exigência do altíssimo nível competitivo, é necessário que a tomada de decisão e ação dos jogadores se condensem em uma única coisa, indistinguível e indissociável no tempo.

É necessário também que o intervalo entre o problema emergente e a decisão-ação propriamente dita seja infinitamente ínfimo, temporalmente quase que no mesmo instante.

Diversos são os fatores que podem contribuir ou atrapalhar nas boas, exatas e velozes tomadas de decisão.

Poderia enumerar ao menos uma dezena deles.

Mas nesta semana prefiro destacar apenas um – que foi tema de debates dia desses em um fórum informal sobre futebol.

Em certas ocasiões, bons jogadores e equipes podem não conseguir tomar boas decisões e conjuntamente, errar em demasia suas ações.

Um dos motivos que pode levar a isso, por exemplo, é a distorção da percepção do ambiente e das situações que se manifestam nele. Isso quer dizer que equívocos para perceber o que realmente está ocorrendo ou o que está na eminência de acontecer, desencadeia uma série de ajustes individuais e coletivos nas ações, que são potencialmente infrutíferos.

Um dos fatores mais comuns na geração de “ruídos” de percepção, e distorções na organização da ação (distorções neuro-musculares e cognitivas) é a ansiedade.

Claro, não pretendo e não vou me aprofundar, por motivos óbvios, no tema “ansiedade”.

Quero chamar a atenção apenas para o fato de que dentro de uma ideia de complexidade e de treinamento sistêmico, e dentro da possibilidade de jogadores, em ambiente propício mergulharem no “estado de jogo”, podemos e devemos contemplar situações de estresse (estresse complexo/sistêmico) nos treinamentos, que desafiem jogadores e equipes a agirem dentro de contextos de pressão que tentarão gerar “ruídos” de percepção e distorções na organização da ação.

E por mais que isso pareça óbvio, posso afirmar que há negligência no entorno desse conteúdo – ou por ignorância total sobre a necessidade de desenvolvê-lo, ou por ignorância de como fazê-lo, e/ou ainda, por dificuldades contextuais para operacionalizar seu desenvolvimento.

O tema, por si só, até mesmos para especialistas no assunto, é bastante complexo na sua aplicação.

O que temos hoje muitas vezes é quase que um “filtro” gerado espontaneamente, que ao longo dos anos de carreira dos jogadores, desde as categorias de base até o fim de suas atividades como profissionais, vem segurando pelo caminho aqueles mais “influenciáveis” pelos ruídos de percepção, e deixando passar a minoria, apta por uma série de questões (ambientais, culturais, sociais, biológicas, etc.) quase casuais (ou mais pontualmente, caóticas), e muitas vezes pouco relacionadas com o processo de treinamento desportivo propriamente dito.

Operacionalizar o desenvolvimento desse tipo de conteúdo, de maneira organizada e sistêmica, não é trivial.

Por isso, em breve trarei um texto sugerindo possibilidades de como fazê-lo nos treinamentos, na busca de um jogar de altíssimo nível.

Por ora é isso.
 

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Cavando cartões e a cova – o amarelo de Valdivia e do STJD

Alex, que um dia foi top-10 entre os camisas 10 em 100 anos de Palmeiras, disse com todos os números e letras o que acontece nos bastidores, gabinetes, tribunas de honra e controles remotos. Pagou-para-ver as contas e os contras do futebol brasileiro. Pode pagar-pelo-que-disse, embora não haja como pegá-lo.

Valdivia, que não é top-10, mas é amado como se fosse pelos palmeirenses, também foi sincero antes de a bola rolar contra o Paraná. Disse que forçaria o terceiro amarelo para cumprir a suspensão quando estivesse servindo a seleção chilena. Data que deveria ser guardada pela CBF e mídia para as seleções. Não para mais jogos dos campeonatos nacionais que só cabem nas grades das TVs.

Alex foi sincero e arca com as consequências. Valdivia foi sincero além da conta, "confessou o crime premeditado" (todas as aspas possíveis), cometeu o que provocara e prometera até de modo bizarro, e foi amarelado como queria. Como tinha de fazer o árbitro.

Como já fizeram 28362836266283825238 jogadores desde os anos 70 para zerarem cartões para não se comprometerem depois. Como já fez um centroavante de seleção para não ter de viajar a uma cidade do interior para não ter de enfrentar o ex-futuro avô de uma criança – e foram várias as vezes.

Como um dia forçou o terceiro amarelo um zagueiro de time grande para ir a um churrasco de família na cidade natal. Como muitos forçavam o amarelo para não viajar de ônibus para lugares distantes.

Como em uma manhã de sol um jogador de seleção em fim de carreira passou o segundo tempo todo forçando o terceiro amarelo por um motivo qualquer e o árbitro da Fifa não o mostrou de jeito algum. Nem quando o jogador entrou rachando no adversário.

Como outro árbitro da Fifa entrava em campo avisando que não daria amarelo para quem estava pendurado e forçasse o cartão. No máximo dava vermelho direto.

São boas histórias de gente boa. De nível. De seleção. De Fifa. Parte do folclore daquelas coisas que as crianças não podem fazer em casa. Mas que os adultos podem. E não atentam à integridade, moral e bons costumes.

Mas, Valdivia foi procurado pelo STJD. Por avisar que forçaria o cartão que tomou sem ofender e sem agredir. Tempo que gastou e que foi acrescido pelo árbitro.

O excesso de sinceridade do chileno era evitável. Mas não pode ser combatido. Muito menos julgado. E não tenho palavras para dizer qualquer coisa se "punido".

Forçar uma punição a Valdivia é mais forçado que o cartão que ele recebeu.

Mais risível que a cena que ele armou para recebê-lo. Puni-lo é tão pueril quanto no tribunal suspender treinador que joga bola no gramado em final de jogo. É como punir jogador que dá carrinho na lateral em bola perdida só pra jogar pra galera. É punir goleiro que demora um ano para bater tiro de meta. É punir jogador que sofre falta e parece ter sido esquartejado até voltar em segundos como um Wolverine com nome no BID. É punir quem te chama de "bobo e estúpido" e diz que "seu pai é coxinha e a mãe é empadinha" – embora nada seja mais coxinha que punir quem já se puniu com um cartão.

Zelar pelo bom costume, pela moral, pela ética, pelo justo, pelo correto, pelo direito, é um dever de qualquer tribunal. Dar bons exemplos esportivos e blablablá pelo qual não perderei mais tempo e paciência é mais que louvável.

Mas, evitar o "esportivamente correto" é um dever para evitar o escárnio de uma casa que já não prima por quase tudo isso. Um tribunal que não tem o respeito devido e merecido exatamente por historicamente decidir de acordo com as conveniências e inconveniências. Por julgar com a camisa por cima da toga. Por punir ou deixar o jogo seguir cavando cartões amarelos como os sorrisos dos auditores e membros com a mesma cara dura de Valdivia.

Com a mesma pena dura de quem clama "justiça" por uma malandragem que evita que o clube perca seu principal jogador por conta de uma partida marcada quando há jogo da Fifa para ser jogado.

Esse é o ponto. Que o STJD procure a CBF por simular jogos oficiais quando há outros compromissos oficiais. O que evitaria o amarelo. E todo este texto.

Valdivia errou quando avisou que erraria. Logo, devia ficar quieto e… "Errar" do mesmo jeito. Cavando a punição que, aliás, ele cava há anos no Palmeiras. Ele e Luís Fabiano deveriam ser julgados a cada 15 dias nos tribunais por cavarem cartões infantis e despropositados. Eles e mais um tanto.

Mas, daí, se Valdivia fizesse o que há décadas se faz, ele deixaria de ser notícia. De dar notícia. De cavar notícia.

Triste futebol engravatado e togado. O que cava a cova e os cartões. O do covil dos rábulas de porta de estádio e de estúdios.

 

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

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Os exemplos dos treinadores brasileiros

A atuação e conduta dos técnicos profissionais do Brasil servem de exemplo para auxiliar a formação dos jovens e aspirantes a treinadores que trabalham nas categorias de base das equipes espalhadas pelo país. Dentro do campo, pode-se aprender muito com a gestão dos 90 minutos.

É possível observar a característica principal das substituições e os efeitos que elas resultam no jogo, o comportamento emocional frente às decisões do juiz, ao placar e aos erros e acertos da equipe. Além disso, o próprio desempenho de campo é um reflexo do que o treinador, enquanto líder, conseguiu transmitir aos seus comandados.

Fora de campo os exemplos continuam. Cada reportagem e entrevista coletiva vão construindo a imagem do treinador desde a descrição de como se preparou para o exercício do cargo, a justificativa das vitórias, os porquês das derrotas, até as respostas de acordo com os questionamentos (muitas vezes sutilmente agressivos) da imprensa.

A construção final desta imagem (que jogo a jogo vai sendo reconstruída), na ótica do jovem profissional, permite classificar cada técnico (em cada uma das suas condutas) como um exemplo a ser ou não seguido, livre de julgamentos.

E nos últimos dias, alguns acontecimentos envolvendo os principais treinadores do país têm servido de ótimas possibilidades de aprendizado.

Você criticaria o grande ídolo da torcida e o apontaria como um dos principais motivos por sua saída do clube?

Você responderia a uma dura crítica após uma goleada com uma ofensa pessoal?

Você declararia abertamente que, talvez, por uma vaga na seleção seja necessário trocar de clube?

Como será que uma equipe lidera um dos campeonatos mais difíceis do mundo mesmo com salários atrasados?

Você assumiria a responsabilidade pela falta de resultados mesmo com pouco tempo no comando de uma equipe?

Se os gandulas não cumprissem com suas obrigações durante o jogo como você reagiria?

Se um atleta reclamasse publicamente que precisa jogar mais e mesmo com mais oportunidades não correspondesse, você o defenderia?

Após uma sequência de maus resultados, você afirmaria à imprensa que, caso você fosse o gestor, também demitiria?

Você assumiria que o principal motivo para uma pausa na atuação profissional se deu para um período de reciclagem, estudos e capacitação técnica?

Você assumiria, sendo um dos responsáveis pelo futebol nacional de alto nível, que o país está atrasado taticamente?

Ser treinador no país do futebol é exercer uma profissão com imensa exposição. Tentar compreender todo o cenário e saber que cada atitude repercute positiva ou negativamente na gestão de pessoas e dos conflitos relativos ao clube pode ajudar a ter sucesso num jogo que dura muito mais que 90 minutos.

O jogo dos jovens treinadores é menos complexo e envolve menos elementos, mas não deixa de ser um ambiente propício de reflexão e aprendizado para comportamentos e condutas futuras.

Pois nestes jogos, que duram mais que 90 minutos, como diria um companheiro de profissão: “dar treino é um mero detalhe…”

Abraços e até a próxima semana.

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Caso Valdivia: jogador pode ser punido por forçar cartão?

O meia chileno Valdívia, do Palmeiras, durante a partida contra o Paraná Clube, forçou cartão amarelo e a consequente suspensão automática uma vez que não poderia jogar a próxima partida de seu clube por ter sido convocado para defender a seleção do seu país no amistoso contra o Iraque. O próprio atleta assumiu ter forçado o cartão relatando o fato aos risos, após a partida.

Em virtude disso, O procurador do STJD, Paulo Schimitt, manifestou-se no sentido que que o meia palmeirense Valdivia poderia ser punido em razão disso.

O atleta estaria incurso no artigo 258, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que dispões sobre "assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código". Eventual suspensão variaria de uma a seis partidas.

Não é a primeira vez que um atleta força cartão amarelo. Em 2011, em uma partida contra o próprio Palmeiras, Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, jogadores do Flamengo naquela oportunidade, forçaram o terceiro cartão amarelo para não enfrentarem o Ceará, já que teriam uma sequência complicada, com jogos contra o Santos, na Vila Belmiro, Grêmio, no Engenhão, e Cruzeiro, em Sete Lagoas.

Ambos foram denunciados à Justiça Desportiva que os absolveu por unanimidade, aceitando o fundamento do advogado do Flamengo de que não há na regra qualquer proibição em se forçar cartão amarelo.

De fato, não há qualquer proibição. Pelo contrário, os cartões amarelos fazem parte das regras. Quando um atleta utiliza-se de uma jogada mais dura para evitar um lance de perigo, utiliza-se da regra para receber uma advertência e ajudar sua equipe. O mesmo foi feito pelo meia Valdívia que usou a regra do futebol ao seu favor.

Portanto, apesar da possibilidade de enquadramento da atitude de se forçar um cartão como atividade contrária à ética, não há qualquer previsão específica e trata-se, somente de utilização das regras.

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Tomando decisões na carreira esportiva: considere sempre as consequências

Todos os profissionais que atuam no esporte, bem como aqueles que atuam em outros mercados, tomam decisões diariamente e na maioria das vezes não se permite dar um tempo para considerar as consequências sobre essas decisões tomadas em sua vida. Se parar para pensar um pouco, verá que isso também já aconteceu com você.

Já ouvi de muitos profissionais que estes trabalham por trabalhar, sem grandes objetivos ou metas. Imaginem como isso é frequente, pois pela velocidade em que as coisas acontecem atualmente deixamos que a vida nos leve e não tomamos para nós a chave para pilotá-la conforme nossos desejos, sonhos e valores.

Sabia que a característica de todo grande pensador é a sua habilidade para prever corretamente os impactos ou consequências de fazer ou deixar de fazer alguma coisa?

As consequências potenciais de qualquer atividade são a chave para determinar se essas ações são realmente importantes para você e para a sua carreira. Um atleta, como qualquer outro profissional, necessita urgentemente desenvolver essa habilidade de avaliar a relevância de uma determinada atividade.

Uma pesquisa de mais de cinquenta anos realizada pelo Dr. Edward Banfield, da Universidade de Harvard, chegou à conclusão de que a "perspectiva de longo prazo" acaba sendo mais importante para determinar o seu sucesso na vida e na carreira, do que a origem familiar, a educação, a raça, a inteligência, as sua relações ou praticamente qualquer outro fator isolado.

Nossas atitudes em relação ao tempo, ou nosso horizonte temporal, possuem um impacto imenso sobre os nossos comportamentos e em nossas escolhas. Pessoas que realizam projeções mais amplas em suas vidas sempre parecem tomar as melhores decisões sobre seu tempo e sobre atividades a realizar, do que aquelas que pensam pouco sobre o futuro.

Como tem tomado suas decisões na vida? E os impactos têm sido aqueles que você desejava e estão alinhados com seus objetivos? Se sua resposta a essas questões foi negativa, não se preocupe, pois somos a maioria!

E agora, você deseja saber quais regras podem nortear para melhores tomadas de decisão?

Bem, sem reinventar a roda vamos aqui utilizar as orientações ou regras de Brian Tracy para considerar as consequências de nossas decisões, vamos a elas!

1 – O pensamento em longo prazo melhora a tomada de decisões em curto prazo.

Possuir uma ideia clara sobre o que você deseja para si mesmo em longo prazo, na sua carreira, torna mais fácil tomar decisões sobre suas prioridades em curto prazo. Sendo assim, antes de começar a fazer alguma coisa, você deve sempre se perguntar: "Quais são as consequências, em potencial, de fazer ou deixar de fazer essa atividade?".

2 – As resoluções para o futuro frequentemente determinam as ações do presente.

Quanto mais claras forem as resoluções para o futuro, maior será a influência que a clareza terá sobre o que se vai realizar num determinado momento. Esta visão de longo prazo mais clara trará mais capacidade de avaliar uma atividade no presente e poderá aumentar a certeza de que ela será consistente com o objetivo que se deseja alcançar.

Precisamos ter em mente que se uma atividade pode produzir importantes consequências positivas, ela deverá ter uma prioridade máxima e o trabalho para realiza-la deve ser iniciado o quanto antes.

Na prática todos nós, atletas ou demais profissionais do esporte devemos examinar nossa lista de atividades e projetos regularmente; sempre se perguntando: "Qual seria o projeto ou atividade específica que, se eu realizasse eficientemente num bom prazo, produziria o impacto mais positivo sobre minha vida?".

Qualquer que seja este projeto ou atividade, devemos fazer dele um objetivo, traçando um plano consistente para realiza-lo e executando o plano o quanto antes.

Pratique e compare os impactos em sua vida!

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A Uefa pune

Desde setembro do ano passado, tenho acompanhado muitas reportagens intitulando ações proativas da Uefa contra seus filiados, os clubes, no sentido de dar maior transparência para o futebol e procurando resolver questões relacionadas à má gestão ou à falta de uma postura mais ética destas organizações com a retirada deles das principais competições europeias.

Casos como os ligados à corrupção, racismo ou que ferem os princípios do recém-criado "Fair Play Financeiro" são os principais alvos das punições, começando a acender um sinal vermelho sobre práticas consideradas maliciosas para a indústria do futebol como um todo.

Para a grande maioria dos casos, a resposta tem sido por meio de sanções esportivas, transmitindo assim uma mensagem mais dura contra aqueles que usam a bandeira do futebol para fins estritamente políticos e/ou econômicos – estes últimos, mais das vezes, pelo viés negativo da questão econômica.

A Uefa vai, a bem da verdade, cumprindo um papel importantíssimo das entidades de administração do esporte, que é o da regulação e adoção de princípios de governança de todos os seus filiados. Protege, por assim dizer, seu bem mais precioso, que é a prática do futebol de acordo com os princípios ligados a sua gênese: de nobreza e respeito a todos os envolvidos.

Já é exemplo! Para nós, aqui do outro lado do mundo, serve como alerta para que não tomemos iniciativas como esta de forma tardia ou meramente parcial, de maneira rasa e politiqueira.

Precisamos urgentemente de um novo modelo que direcione e governe a indústria do futebol frente aos mais recentes desafios econômicos e sociais que estamos vivendo.

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Uefa pune…

Desde setembro do ano passado, tenho acompanhado muitas reportagens intitulando ações proativas da Uefa contra seus filiados, os clubes, no sentido de dar maior transparência para o futebol e procurando resolver questões relacionadas à má gestão ou à falta de uma postura mais ética destas organizações com a retirada deles das principais competições europeias.

Casos como os ligados à corrupção, racismo ou que ferem os princípios do recém criado “Fair Play Financeiro” são os principais alvos das punições, começando a acender um sinal vermelho sobre práticas consideradas maliciosas para a indústria do futebol como um todo.

Para a grande maioria dos casos, a resposta tem sido por meio de sanções esportivas, transmitindo assim uma mensagem mais dura contra aqueles que usam a bandeira do futebol para fins estritamente políticos e/ou econômicos – estes últimos, mais das vezes, pelo viés negativo da questão econômica.

A Uefa vai, a bem da verdade, cumprindo um papel importantíssimo das entidades de administração do esporte, que é o da regulação e adoção de princípios de governança de todos os seus filiados. Protege, por assim dizer, seu bem mais precioso, que é a prática do futebol de acordo com os princípios ligados a sua gênese: de nobreza e respeito a todos os envolvidos.

Já é exemplo! Para nós, aqui do outro lado do mundo, serve como alerta para que não tomemos iniciativas como esta de forma tardia ou meramente parcial, de maneira rasa e politiqueira. Precisamos urgentemente de um novo modelo que direcione e governe a indústria do futebol frente aos mais recentes desafios econômicos e sociais que estamos vivendo.

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A crise, a comunicação e o esporte

O empresário norte-americano Jeff Bezos, fundador da loja eletrônica Amazon, pagou US$ 250 milhões no último mês para assumir o controle do jornal “Washington Post”. No Brasil, poucos dias depois, a Editora Abril anunciou o fechamento de quatro revistas (Alfa, Bravo!, Gloss e Lola) e o corte de 150 profissionais. As duas iniciativas parecem contraditórias, mas fazem parte de um mesmo cenário. Mais do que uma fase de crise financeira, a comunicação global vive um período de crise de identidade.

Não é por acaso que isso acontece agora. O advento de novas mídias mudou de forma radical a relação que os usuários têm com o segmento. Quem produz conteúdo não poderia passar incólume por essa transformação de paradigma.

Nos Estados Unidos, a recessão econômica começou fortemente em 2008. Foi uma das piores fases do país em todos os tempos, e isso motivou cortes em diversos setores. A mídia foi diretamente afetada, com demissões e encerramentos de veículos.

A crise que assolou a economia europeia tem um perfil um pouco diferente. No Velho Continente, a despeito da quebra de economias como a grega, o que mais aflige é a questão do emprego. A taxa altíssima e ascendente de pessoas fora do mercado de trabalho transformou-se em uma equação de solução complicadíssima para os governantes locais.

O Brasil não vive uma crise econômica. Ao contrário, o país passou há poucos anos por um período de ascensão e euforia. Quanto ao emprego, há um movimento de inclusão. Nas duas últimas décadas, muita gente no país trocou a linha da miséria por um lugar no mercado de trabalho.

Ainda assim, com um cenário diferente dos Estados Unidos e da Europa na economia, a comunicação do Brasil está tão em crise quanto nas duas regiões. Veículos tradicionais, como o “Jornal da Tarde”, encerraram as atividades. O “Jornal do Brasil” fechou a edição impressa. Na última semana, a rádio CBN interrompeu a produção local de notícias em Curitiba.

E o esporte, que durante algum tempo foi uma ilha de otimismo no segmento, também sentiu diretamente o baque. O Brasil vai sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Isso criou um sentimento de euforia no mercado, mas a ansiedade não se justificou até agora.

No caso da comunicação esportiva, existe uma explicação econômica. Com os eventos esportivos no país, empresas concentram seus investimentos para comprar cotas de patrocínio ou para criar campanhas relacionadas a essas competições. Para viabilizar isso, cortam investimentos na mídia. É um movimento recorrente, que já foi visto em outros países que receberam campeonatos desse porte.

Todas essas histórias estão (ou deveriam estar) entre as principais preocupações de quem trabalha ou quer trabalhar com comunicação no Brasil atualmente. Entender um pouco sobre o cenário é um caminho para encontrar alternativas.

O primeiro passo é discutir em que mercado nós estamos hoje. O Brasil tem um perfil extremamente peculiar de uso de mídias sociais – o país trabalha com ondas e com uso intenso dessas ferramentas. Com tanta gente passando tanto tempo em plataformas como Twitter e Facebook, a produção de conteúdo é gigantesca e heterogênea.

O advento das redes sociais transformou todo mundo em mídia. Há vários casos que exemplificam isso, mas poucos são tão elucidativos quanto o do Twitter “Voz da comunidade”. Na época em que houve “pacificação” dos morros do Rio de Janeiro, um garoto usou a ferramenta para narrar o que estava acontecendo ali. Foram os relatos mais fiéis e mais bem construídos. Isso serviu de subsídio para o trabalho de todo o restante da imprensa.

As redes sociais deram a todo mundo o poder de ser mídia. No Brasil, porém, ainda são poucos os que realmente produzem conteúdo para essas plataformas. A maioria do público apenas lê o que é publicado.

Isso leva a outra característica do mercado. As pessoas leem o que é oferecido a elas nas redes sociais – a linha do tempo do Facebook, por exemplo –, mas o índice de direcionamento para outras páginas é baixo. Por mais interessante que um assunto seja, é raro que ele leve um grande contingente de usuários à página que o publicou.

Há dois desafios claros, portanto, nas redes sociais. O primeiro deles é ganhar credibilidade: fazer com que as pessoas entendam que o que você produz tem relevância, apuração e estudo. O segundo é transformar o usuário de uma plataforma digital em um real consumidor da notícia.

Além da questão das redes sociais, é precípuo discutir a publicidade na mídia do Brasil. Anúncios tradicionais estão morrendo, e essa é uma lógica que vale para qualquer plataforma.

Na TV, por exemplo, já há recursos que permitem ao usuário a gravação de um programa ou o download de conteúdo por streaming. A pessoa pode ver o que quiser e no momento em que quiser, sem a necessidade de interromper a atração para assistir a intervalos comerciais.

A internet também mostra um baixíssimo grau de lembrança de marcas expostas em banners ou outros modelos tradicionais de anúncios em sites. Então, como encontrar sustento para essas plataformas?

Essa é a dúvida que a comunicação precisa responder. Essa é a resposta que pode abrir caminho e campo de trabalho para muita gente. Quem tiver a primazia de entender como transformar a mídia em trabalho rentável poderá desfrutar disso por algum tempo.

O segredo é a transformação da mídia em produto. Empresas que entenderem que precisam vender e que encontrarem o que vender vão ser as que sobreviverão com mais facilidade a essa crise de identidade. E a venda, lembremos, não pode ser de publicidade.

Quem trabalha com comunicação, independentemente da ponta em que esteja, precisa entender todo esse processo. Mesmo se não for responsável pela venda ou pelo planejamento, tem de saber que o conteúdo precisa trabalhar a serviço da marca ou do que a empresa pretende vender.

Quando Bezos decidiu comprar o “Washington Post”, a pergunta que eu mais li foi: “Como ele acha que vai recuperar o dinheiro que colocou ali?”. Os próximos anos vão mostrar se ele fez isso por vaidade ou se realmente existe um projeto econômico por trás da aquisição do jornal.

Se houver, Bezos pode ser responsável pela ratificação de um novo paradigma. Por tudo que já fez na Amazon, o empresário é um exemplo de produção de conteúdo individualizado e com foco no usuário, não no produtor.

A mídia brasileira acompanha ansiosamente o início do novo “Washington Post”. Mais do que a esperança de negociações milionárias voltarem ao segmento, a transação do jornal reacendeu a idei
a de que é possível consolidar modelos de negócio. Quem (ainda) trabalha com comunicação agradece.
 

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As concentrações e o mau uso dos recursos no futebol

Algumas verdades do futebol são, para muitos, inquestionáveis. A necessidade da concentração de todos os jogadores convocados de uma equipe na véspera de um jogo (ou até na antevéspera) é uma delas.

Para grande parte da diretoria, comissão técnica, torcedores e inclusive dos próprios jogadores, concentrar-se em hotéis, com conforto, mordomias, refeições à disposição, conexão à internet, TV por assinatura, entre outras regalias, é pré-requisito para o bom desempenho.

Esta prática, realizada empiricamente, é onerosa para os clubes e, mesmo assim, mantida em virtude da importância cultural de sua realização.

Como o futebol brasileiro vive um momento de constantes reflexões, seja pelo novo vexame do nível de jogo de muitas equipes brasileiras em relação ao futebol europeu (previsto, mas não ocorrido na Copa das Confederações e evidente nas recentes turnês das equipes brasileiras na Europa), ou até pela conduta do coordenador técnico das categorias de base da seleção, Alexandre Gallo, que pretende implantar uma nova mentalidade nas jovens promessas do país, o momento é pertinente para mais esta discussão.

Dos clubes grandes aos pequenos, dos que disputam competições nacionais aos que disputam somente as estaduais, da primeira a última divisão, as concentrações (mais ou menos custosas dependendo dos recursos do clube) sempre estão em pauta como despesas inevitáveis.

Como sabemos, as despesas de um clube de futebol são diversas em cada um dos seus departamentos. Fisioterapia, Nutrição, Fisiologia, Técnico, Administrativo, Financeiro, Operações e Marketing. Será que os gastos com concentração não seriam melhor alocados se investidos nos diferentes setores do clube?

Clubes pequenos sofrem com departamentos médicos em péssimas condições, mas não abrem mão da receita para concentração. Não oferecem suplementação, mas no sábado tem uma delegação com 30 concentrados para o jogo de domingo. Tem academias precárias, mas compensam com a hospedagem na véspera dos jogos. Não investem em recursos para o controle da carga de treinamento, porém gastam excessivamente com hotéis. Não possui psicólogo no corpo técnico, mas acredita na "concentração". Existem ainda muitos outros exemplos: ônibus próprio, salários atrasados, manutenção do estádio, etc.

Se as implicações da prática da concentração tivessem impactos somente financeiros/estruturais, os prejuízos seriam reparáveis; no entanto, o principal problema é humano. Da ocupação do tempo e do nível de consciência dos nossos atletas.

O fato é que até o jogador de hoje das nossas categorias de base espera ansiosamente pelo momento em que, após o treinamento na véspera de um jogo, ele e toda a delegação se enfurnem num hotel para passarem horas e horas ociosas. Ou cometemos o ledo engano de pensarmos que os atletas ficam o tempo todo refletindo sobre o jogo do dia seguinte?

Vários são os motivos que perpetuam as concentrações. Como principais, apontam-se a pressão pelas vitórias (que não permite espaço para "pouca concentração") e a conduta do jogador brasileiro, boêmio, "da noite" e descompromissado.

Os que apontam os motivos esquecem que preparar-se para jogar bem é um exercício que independe do quanto de conforto é oferecido ao atleta. Um simples espaço em que ele tenha condições de projetar imagens mentais positivas do confronto é suficiente.

Além disso, ensiná-lo a controlar a respiração, a se conhecer, a sentir-se e a "esvaziar" a mente pode ser muito mais eficiente que um dia todo habitado num quarto de hotel amontoado de aparatos tecnológicos que lhe fazem passar o tempo.

Repetir um processo enraizado em todas as divisões do futebol brasileiro é mais simples que tentarmos buscar novas soluções, mais complexas, mais profundas e que exigem maior reflexão. Nossa e dos jogadores.

Nós, profissionais do futebol e inseridos nesta cultura, deveríamos fazer o melhor para ressignificar a modalidade, da gestão à área técnica. Para isso, uma mentalidade inovadora, transformadora e disposta a quebrar paradigmas é fundamental.

Qual a sua opinião sobre a concentração?