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Direito de Imagem e Direito de Arena são a mesma coisa?

A lei 9.615/98 (Lei Pelé) é a Lei Geral do Desporto que traz peculiaridades em relação aos direitos trabalhistas do atleta profissional.

Nessa relação peculiar, além do salário, o atleta profissional possui outras fontes de renda como o direito de arena e o direito de imagem.

Mas, o direito de arena e o direito de imagem não se confundem.

O direito de imagem é um direito personalíssimo e negociado diretamente entre o jogador (ou a empresa que o detém) com a entidade desportiva (clube de futebol), por meio de valores e regras livremente estipulados entre as partes, assegurado pelo art. 5º, XXVIII, "a", da Constituição Federal.

O direito de imagem ocorre em virtude da exposição pública do atleta profissional na condição de protagonista do espetáculo de futebol. A remuneração recebida pelo clube para expor publicamente as habilidades futebolísticas do atleta é de natureza acessória ao vínculo contratual.

O direito de imagem é previsto pelo art. 87-A, da Lei Pelé:
Art. 87-A. O direito ao uso da imagem do atleta pode ser por ele cedido ou explorado, mediante ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos, deveres e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho desportivo. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

O direito de arena, por seu turno, está previsto no art. 42, § 1º, da Lei 9.615/98 (Lei Pelé) e é oriundo da participação do atleta nos valores obtidos pela entidade esportiva com a venda da transmissão ou retransmissão dos jogos em que ele atua como titular, ou reserva, ou seja, trata-se de uma cláusula contratual oriunda da própria lei.

Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% (cinco por cento) da receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais serão repassados aos sindicatos de atletas profissionais, e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo, como parcela de natureza civil. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica à exibição de flagrantes de espetáculo ou evento desportivo para fins exclusivamente jornalísticos, desportivos ou educativos, respeitadas as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I – a captação das imagens para a exibição de flagrante de espetáculo ou evento desportivo dar-se-á em locais reservados, nos estádios e ginásios, para não detentores de direitos ou, caso não disponíveis, mediante o fornecimento das imagens pelo detentor de direitos locais para a respectiva mídia; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

II – a duração de todas as imagens do flagrante do espetáculo ou evento desportivo exibidas não poderá exceder 3% (três por cento) do total do tempo de espetáculo ou evento; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

III – é proibida a associação das imagens exibidas com base neste artigo a qualquer forma de patrocínio, propaganda ou promoção comercial. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 3o O espectador pagante, por qualquer meio, de espetáculo ou evento desportivo equipara-se, para todos os efeitos legais, ao consumidor, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.

Assim, salvo acordo em contrário, 5% do valor total da autorização para transmissão dos jogos será distribuído, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo ou evento, tenham eles atuado em campo ou presentes no banco de reserva.

Este valor é repassado pela TV que adquire o direito de transmissão diretamente ao sindicato dos atletas que repassa aos jogadores ao final do ano de forma proporcional ao número de partidas utilizadas.
Apesar de muito parecidos, correspondem a institutos distintos. Arena é a palavra latina que significa areia.

O termo é usado nos meios esportivos, tendo em vista que, na antiguidade, no local onde os gladiadores se enfrentavam, entre si ou com animais ferozes, o piso era coberto de areia.

Dessa forma, o direito de arena corresponde à imagem do espetáculo, ou seja, à exposição coletiva dos atletas durante a partida e sua titularidade pertence às entidades de prática desportiva, que podem negociar, proibir ou autorizar, a título oneroso ou gratuito, a transmissão da imagem do espetáculo ou evento desportivo que participem.

Já o direito à imagem é de titularidade do próprio atleta e refere-se à sua utilização em situações além da partida como álbum de figurinhas, banners ou comerciais.

Por fim, urge destacar que o direito de imagem não pode ser vendido, mas apenas cedido, eis que personalíssimo e sua natureza é civil. Por outro lado, o direito de arena possui natureza controvertida, eis que a doutrina e os tribunais divergem quanto à sua natureza ser cível ou trabalhista.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Vitórias, fãs e lucro

"Mais vitórias é igual a mais fãs que é igual a mais lucro, certo? Errado, errado e errado".

Este é o título de uma reportagem escrita por Ray Kennedy em… 1980, publicado na Sports Illustrated na edição de 28 de abril daquele ano (http://sportsillustrated.cnn.com/vault/article/magazine/MAG1123388/5/index.htm).

Kennedy consulta na matéria Matthew Levine, então presidente de uma consultoria esportiva, que rechaça que "apenas 25% da base de fãs acompanha uma equipe por conta da performance esportiva (…) agora, as equipes, mais do que nunca, devem ouvir e responder as demandas de seus respectivos mercados". Para chegar a esta conclusão, foram entrevistados mais de 300 mil torcedores de esporte.

Mais de trinta anos depois, aqui no Brasil, ainda vivemos um debate incipiente neste âmbito, o que é comprovado pela visualização da curva ascendente de preços dos ingressos que está inversamente proporcional ao número médio de torcedores que acompanham os jogos das principais equipes do Campeonato Brasileiro nos últimos anos (http://exame.abril.com.br/economia/noticias/ingresso-de-futebol-sobe-mais-que-salario-minimo?page=2). Vendemos apenas resultado esportivo!!!

Nós sequer fazemos pesquisas para tentar identificar os anseios dos consumidores – agora que começam a surgir os primeiros projetos mais bem estruturados de sócio-torcedor.

A demanda reprimida por consumir o futebol ainda é enorme. As pessoas que gostam, por vezes, não sabem ou não conseguem se relacionar com seus clubes.

Precisamos voltar muito no tempo a partir de benchmarking com outros países para poder acelerar como mercado de consumo de esporte e, então, passar a pensar em estratégias mais ousadas para a conquista de territórios e receitas.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Carta aberta ao doutor José Mourinho

Querido amigo,

Antes do mais, sou eu que devo agradecer-lhe. Em primeiro lugar, o convite que se dignou fazer-me, através da Senhora Presidente da Câmara, para participar na homenagem que o município da sua cidade natal hoje lhe presta.

Depois, as inúmeras entrevistas que venho dando a televisões dos cinco continentes, por esta única razão: porque o meu amigo me distingue, entre os seus professores no ISEF da Universidade Técnica de Lisboa.

Eu não deixo de dizer aos jornalistas, ávidos do meu pretenso saber, que o José Mourinho nunca aprendeu futebol comigo; que eu, em matéria de futebol, sou de uma aflitiva ignorância. Mas, eles acreditam mais no meu amigo do que em mim. E as entrevistas realizam-se, inevitavelmente, sob a cálida simpatia das suas palavras de apresentação.

Já o afirmei, no Chile, há seis meses atrás, na televisão também: O José Mourinho não é só um treinador, é acima de tudo um treinador genial! Por generosidade sua e do José Maria Pedroto e do Jorge Jesus e ainda por influência dos meus estudos, no âmbito da epistemologia, aprendi a ver o texto e a descobrir o contexto de um jogo de futebol.

O Sr. Pedroto era de uma curiosidade imparável. O seu fantástico sonho de um futebol de excelência deixava-nos a sonhar com um futebol que há-de nascer… um dia! Tenho pena de ter dialogado, com ele, tão poucas vezes!

No Jorge Jesus comove-me o sorriso benigno que se lhe derrete nos lábios, quando lhe explico o meu conceito de motricidade ou o de complexidade ou o de ciência hermenêutico-humana. Não esqueço o agradecimento a luzir nos olhos de um azul transparente e acariciador do atual treinador do Benfica, sob determinados aspetos um superdotado também…

O nosso comum amigo, prof. Luís Lourenço, na sua tese de mestrado, desceu aos abismos insondáveis dos meus papéis e encontrou os sumários das aulas que o meu amigo fez o favor de escutar-me.

Aí vai o resumo: a unidade prática-teoria; a complexidade presente, em todos os domínios da prática desportiva; o desporto como movimento em busca permanente da superação e como subsistema de uma ciência humana; a denúncia de uma preparação física, desinserida da totalidade do treino; o diálogo, aprofundado e constante, entre o desporto e as outras ciências humanas e da natureza; a expressão hegeliana "a verdade é o todo"; a necessidade de uma "revolução científica", nos cursos de treinadores e das licenciaturas em Desporto; o respeito pela pluralidade dos modos de conhecimento, devendo respeitar-se e estudar-se os treinadores e os jornalistas de grande prática e de sério estudo, mesmo que não licenciados em Desporto; o desporto é mais do que desporto. Tudo isto, há 31 anos!

Partindo daqui; da sua prática, no mundo do futebol; e das suas qualidades intelectuais, verdadeiramente invulgares (bem patentes no seu olhar de um brilho astuto), o meu amigo chega rapidamente à conclusão que é um especialista numa ciência hermenêutico-humana e desenvolve todo o seu trabalho, à luz não tanto de uma periodização tática, mas de uma periodização antropológica e tática.

Sem homens para a tática, não há tática. Aliás, não há saltos, há homens (e mulheres) que saltam; não há chutos, há homens (e mulheres) que chutam; não há corridas, há homens (e mulheres) que correm.

Se eu não compreender os homens (e as mulheres), jamais compreenderei os saltos e os chutos e as corridas. Esta é, ou não, a revolução que o meu amigo fez, no mundo do futebol? Não, a sua revolução não é tática. A sua revolução é humana. E, enquanto não se entender isto, jamais se entenderá o treinador de futebol, doutor José Mourinho.

O meu caro colega (falo em termos universitários) nada me deve, no que ao futebol diz respeito. Com 80 anos, já não estou em idade de plagiar, nem de vestir o que não me pertence.

Mas, louvo-me de não ter faltado ao rigoroso compromisso que tomei de não deixar de realçar o que, no José Mourinho, deve ser realçado: o meu amigo é um grande treinador de futebol, porque é um gênio, intelectualmente falando. Repito-me: não, a sua revolução não é tática. A sua revolução é humana. E, porque é humana, o meu amigo é um vencedor.

De fato, o desporto é bem mais do que uma atividade física, é verdadeiramente uma atividade humana. Bem andou a Presidente da Câmara de Setúbal, na homenagem que lhe promoveu. O José Mourinho é o setubalense mais conhecido, no mundo todo. Eu disse "o setubalense"? Talvez devesse dizer “o português”…

Seu Manuel Sérgio.

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

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26 anos

Quantos anos você tem? 17? 38? 70 anos?

Seguramente, já deve ter tido a noção de como o tempo é implacável e impacta nossas vidas. A sensação provocada pelo tempo é a mais variada e dependente das circunstâncias que nos rodeiam.

Pessoas ansiosas costumam viver com a cabeça no futuro e isso lhes gera muita preocupação, uma vez que, enquanto ele não chega, cria angústia. Os que se sentem deprimidos vivem presos ao passado, lamentando o que já aconteceu e, como não há como mudá-lo, também acarreta frustração e penúria.

Os especialistas e os filósofos de plantão defendem, pois, que se viva a vida, em sua plenitude, no presente, no hoje.

Se há alguém no mundo que aprendeu que a vida exige paciência, e que viver é um exercício diário, é o americano Dewey Bozella.

http://www.youtube.com/watch?v=yRHlWsGejIo

Lembro-me, também, de outros dois grandes homens que exercitaram a paciência na história recente: Nelson Mandela, em seus quase 30 anos de prisão, e Mahatma Gandhi, na sua resistência pacífica na luta pela independência da Índia frente à Inglaterra.

Mas, deles, falarei.

Bozella foi um jovem que se envolveu em pequenos delitos na adolescência. Sua vida, definitivamente, mudou, quando foi acusado – posteriormente, sabido que injustamente – de homicídio em um assalto.

Foi preso e condenado. Cumpriria 26 anos de reclusão. Percebeu que precisava fazer algo na prisão para cuidar do corpo, mente e espírito e domar o tempo e suas sensações. Assim, conheceu o programa de desenvolvimento do boxe no sistema penitenciário americano e começou a treinar, diariamente, com um objetivo: ao sair da prisão, lutar profissionalmente.

Foram muitos anos de preparação e concentração, enquanto via negados seus recursos judiciais para conquistar a liberdade e reparar o dano da acusação equivocada.

Tornou-se campeão da penitenciária. Ao sair, com 52 anos, continuou sua batalha para conquistar o direito de lutar e desafiar o campeão de sua categoria. Conseguiu o direito. Conquistou a vitória na única luta que fez na breve, mas valiosa carreira como boxeador.

Mas, 26 anos para apenas uma luta? Na verdade, essa era a grande meta. Sempre à vista, embora distante.

Bozella sabia que teria que seguir o caminho no dia-a-dia, preparando-se arduamente para quando chegasse. Não podia mais viver no passado, tampouco no futuro, embora os enxergasse e fizessem parte da sua vida.

Viveu intensamente o presente. E quando o futuro chegou, reconciliou-se, brilhantemente, com o passado, ganhando da vida o presente que queria: lutar boxe e vencer uma luta, além de provar sua inocência.

Venceu. Hoje, compartilha sua sabedoria e experiência com jovens em sua academia de boxe no Estado de Nova York.

Sabedoria que ensina que devemos ter serenidade para saber que as coisas acontecem a seu tempo e que favorecem quem sempre está preparado. No corpo, na mente e no espírito.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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O passe, a prática e a perfeição: o círculo virtuoso dentro do jogo

Segundo o neurocientista norte-americano Daniel Levitin (da McGill University, Canadá), pesquisas sobre a excelência na execução de tarefas complexas têm sugerido que, para se atingir um grau de destreza condizente a de um "expert" em determinada área (em nível internacional), é necessário um tempo mínimo de prática.

De acordo com Levitin, estudos realizados com compositores, desportistas, pianistas, escritores, dentre tantos outros em diferentes áreas, têm aceito, consensualmente, que esse tempo mínimo seria de algo em torno de 10 mil horas de prática.

Esse número (10 mil horas) ficou conhecido e ganhou maior repercussão no Brasil, especialmente no ano de 2008 com a publicação em português, do livro "Outiliers: Fora de série" do jornalista britânico Malcolm Gladwell – no livro, o autor dedicou um capítulo inteiro para debater as tais 10 mil horas.

Pois bem.

Que são ou não necessárias no mínimo 10 mil horas (número mágico como diz Gladwell) para se atingir a maestria em nível internacional na execução de determinada tarefa complexa, não sabemos exatamente ao certo (apesar dos diversos estudos que vêm sendo realizados).

O fato, que é consenso, é que a prática sistemática e sistematizada é o menor caminho para se atingir a excelência em algo.

E se "nós somos aquilo que fazemos repetidamente e a excelência, então é um hábito" (Aristóteles), parece fazer muito sentido que o tempo de prática deva ser algo realmente determinante para a melhor execução de determinada tarefa (tarefa complexa, como menciona o neurocientista Daniel Levitin).

O futebol, em sua existência dinâmica como jogo, é uma composição infinita de tarefas complexas. Essas tarefas estarão presentes a todo o tempo.

Modelos, meios e métodos de treinamento deverão, cada um a sua forma, garantir a prática dessas tarefas.

Porém, ainda que se tenha uma preocupação complexa com a especificidade do treinamento de jogadores de futebol, e que se criem nos treinos, ambientes de aprendizagem muito similares ao do jogo formal competitivo, é nele (no jogo formal competitivo) que o conhecimento se assenta e que a repetição da tarefa complexa ocorre em sua forma mais "pura" e rica – a forma do jogo 100% jogo.

Então, se no jogo formal competitivo, jogadores e equipes puderem repetir na essência aquilo que é fundamental no jogar, estarão ao mesmo tempo praticando e evoluindo as tarefas do jogo de futebol.

Por exemplo, na Uefa Champions League 12/13, o Bayern de Munique, realiza em média por jogo, 608 passes (acertando 77% deles). O Benfica, de Portugal (já eliminado), na mesma competição, em seis jogos passou a bola, em média 439 vezes (com aproveitamento de 62%) – dados disponibilizados pela Uefa.

Isso quer dizer que em média (apenas para efeito didático), considerando o goleiro, cada jogador do Bayern, realiza por jogo, 15 passes a mais do que os jogadores do Benfica – o que ao longo de uma temporada pode representar um número muitíssimo maior.

Vejamos por exemplo o FC Barcelona na mesma Uefa Champions League 12/13. A equipe catalã, em oito jogos, já realizou 6640 passes (com 84% de aproveitamento). Isso dá em média, por jogo, 830 passes.

São 222 passes a mais, em média, do que a segunda equipe que mais passa na competição (o Bayern). Então, enquanto os jogadores do time alemão praticam o passe, em média, 55 vezes por partida, os do time catalão, 75 (35 mais passes por jogador do que o Benfica).

Supondo que as médias se mantenham nas outras competições disputadas por essas equipes, em uma temporada com 70 jogos os jogadores do Benfica terão realizado em jogo, em média, 2794 passes, os do Bayern 3869 e os do Barcelona 5282!

Então, com o mesmo número de jogos, no time catalão os jogadores terão realizado em jogo quase o dobro de passes dos jogadores do time português e aproximadamente 36% mais do que os do time alemão.

Não estou eu aqui defendendo a maneira da "A" ou de "B" jogar.
O que estou chamando a atenção, é para o fato de que em 6300 minutos de jogo formal competitivo por ano, jogadores do Barcelona realizam mais vezes a tarefa de passar do que os de todos os seus adversários (dados da Uefa e da Liga Espanhola mostram isso).

Óbvio que isso é resultado de treino – resultado reforçado, trabalhado e desenvolvido também no jogo formal – mas sob o ponto de vista da tarefa de passar, é concreto o fato de que o jogo competitivo, nesse caso, também está contribuindo muito para a maior destreza na sua execução.

E apesar de ser um exemplo mais significativo, por ser o passe o fundamento técnico de maior incidência no jogo de futebol, isso pode valer para a execução de outros fundamentos e tarefas.

No exemplo que estou mencionando – no caso do FC Barcelona e do passe – é possível dizer que quanto mais a equipe catalã passa a bola, melhor ela fica para passar.

E quanto melhor ela fica, mais ela vai passar, porque menos vai perder a bola; o que a fará melhor cada vez mais nesse fundamento (não por acaso, o FC Barcelona tem o melhor aproveitamento de passes da Uefa Champions League – mesmo tendo um ritmo elevado de transmissão da posse da bola [1 passe a cada 3.1 segundos] – o mais alto dentre as equipes participantes).

Isso gera um círculo virtuoso para a tarefa de passar a bola.
E ainda que alguém diga que 6300 minutos de jogo formal por ano represente quase nada perante aos 600 mil minutos (10 mil horas) apontados por Daniel Levitin, diria que devemos aí levar em conta sim, a qualidade da prática e o número de repetições da tarefa no tempo disponível para a sua exercitação.

Claro, não estou eu aqui descartando a importância do treino para se jogar o jogo que se deseja.

O fato, é que levando em conta a qualidade dos adversários e das competições que uma equipe como o Barcelona participa, não haverá melhor prática do que a do jogo competitivo.

Então, equipes que não têm bem definidos seus comportamentos de jogo, podem de certa forma, estar desperdiçando e negligenciando o próprio jogo formal como elemento para desenvolvimento e aperfeiçoamento de realização de tarefas.

É isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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A sequência de jogos, os suplentes e a carga de treinamento

Com a sequência de jogos no futebol profissional, em que frequentemente ocorrem duas partidas por semana, a comissão técnica tem uma difícil tarefa: manter os estímulos de treinamento adequados aos suplentes para, quando lhes surgirem uma oportunidade, terem condições (física-técnica-tática-mental) de atenderem a demanda que o jogo e o modelo de jogo os impõe.

Como sabemos, suspensões, lesões, maus resultados e baixo rendimento individual são os motivos que acarretam alterações na equipe. Quando feitas as mudanças, todo treinador tem a esperança de que os efeitos gerados no desempenho coletivo sejam positivos.

Quanto maior o conhecimento do treinador sobre o potencial atual de cada atleta e como sua presença (do atleta) entre o onze inicial altera o funcionamento do sistema, maiores são as possibilidades da equipe se manter organizada para o cumprimento do objetivo máximo do jogo.

Porém, será que todos os treinadores tem ideia do nível atual de cada um dos suplentes?

Se considerarmos um elenco com 32 jogadores, cerca da metade deles terão poucas oportunidades no decorrer da competição. Quando surgirem, (as oportunidades) devem estar prontas, pois no rotativo mercado do futebol, um mau resultado (talvez originado por suplentes despreparados) pode custar a demissão de toda a comissão.

Com os 32 atletas, numa semana hipotética com dois jogos na semana, o número de atletas à disposição ao longo do microciclo segue abaixo: (ainda hipoteticamente, podemos considerar dois atletas lesionados que não participam das atividades da semana).

Na segunda-feira (após o jogo do dia anterior), o treinador tem 19 atletas à disposição para treinamento.

Na terça-feira, véspera do jogo, 30 atletas estão à disposição para treinamento. Na quarta-feira, dia da partida, 11 jogadores estão à disposição para treinamento. Na quinta, após o jogo, 19 atletas estão à disposição para treinamento. Na sexta e no sábado, 30 atletas estão à disposição para treinamento.

No futebol de hoje, como a comissão técnica trabalha com quem vem sendo menos aproveitado? A carga de treino oferecida aos atletas é suficiente para deixá-los preparados para o jogo?

Uma alternativa muito utilizada pelos clubes é a realização de jogos amistosos um dia após o jogo oficial com o objetivo de "dar ritmo" àqueles atletas que não tem jogado, ou então, tem jogado pouco. É, sem dúvida, um excelente treino para preparar os suplentes, no entanto, corresponde a somente um dia do microciclo competitivo.

E o que se faz nos demais dias?

As segundas-feiras, quando não se faz um amistoso, a comissão técnica prepara uma atividade que dê uma carga de treino próxima a do jogo ou simplesmente elabora uma sessão de treino físico?

As terças-feiras, com o elenco todo à disposição e sem poder desgastar os titulares, treina-se fisicamente somente os não relacionados ou existe alguma preocupação (e por que não um risco) de aumentar a intensidade do treino (com jogo) também para os suplentes uma vez que somente três substituições poderão ser feitas no dia seguinte?

Na quarta-feira, com onze atletas à disposição, o profissional do clube que geralmente fica responsável por esta sessão de treino é o auxiliar de preparação física. Ele irá aplicar a sessão de treino a partir de uma conversa prévia com o treinador ou seguirá as recomendações do preparador físico? Será que, mesmo com o elenco reduzido, alguns comportamentos de jogo não podem ser estimulados?

Na quinta-feira, a comissão novamente tem 19 atletas disponíveis. O que treinar: jogos reduzidos com regras desconexas ao modelo de jogo ou jogos que incidam sobre as limitações individuais e coletivas que têm custado a titularidade a este grupo de atletas?

A sexta feira é o único dia da semana em que a comissão tem todo o grupo para um trabalho de caráter aquisitivo. É um dia que o pouco tempo que se tem para treinar deve ser muito bem aproveitado em especificidade. No sábado a situação é semelhante à terça-feira.

A comissão técnica deve buscar constantemente a fórmula ideal para a operacionalização do microciclo com dois jogos na mesma semana. É responsabilidade de o treinador gerenciar os conteúdos de treino que precisam ser aplicados visando a manutenção e/ou melhoria da performance coletiva.

Coerente será a comissão que enxergar nos suplentes um grupo de atletas que precisam ser mantidos motivados e, principalmente, preparados. Para finalizar, só mais uma pergunta: como você treina os seus reservas?

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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O clube formador e o ressarcimento pela formação do atleta

Conforme sugerido por leitores, diante de reportagem veiculada na Revista Placar, volta-se a abordar o ressarcimento pela formação do atleta de futebol, conhecido como mecanismo de solidariedade.
Destarte, uma preocupação que se deve ter com o futebol é a formação de futuros craques. Em razão disso, a legislação brasileira e os regulamentos da Fifa asseguram o direito de indenização pela formação.
Para ser considerado formador, o clube precisará cumprir, basicamente, os seguintes requisitos:
• fornecer programa de treinamento nas categorias de base;
• fornecer complementação educacional;
• estar com o atleta em formação inscrito por pelo menos 01 (um) ano;
• comprovar que utilizou o atleta em competições oficiais;
• garantir assistência educacional, psicológica, médica, odontológica, bem como alimentação, transporte e convivência familiar;
• manter alojamento e instalações desportivas em condições adequadas;
• manter corpo de profissionais especializados;
• ajustar o tempo destinado a efetiva formação (nunca superior a 04 (quatro) horas diárias) ao horário escolar, exigindo do atleta presença e satisfatório aproveitamento;
• ser a formação gratuita, as expensas do clube;
• comprovar que participa, anualmente, em pelo menos duas categorias de campeonatos oficiais.
Com a atenção a todos os requisitos acima, o clube receberá certificado, expedido pela Confederação Brasileira de Futebol, como Entidade de Prática Desportiva Formadora.
Este clube terá o direito de firmar o primeiro contrato profissional com o atleta formado, a partir dos 16 (dezesseis) anos, pelo prazo máximo de 05 (cinco) anos.
Na hipótese do formador não possa exercer o direito de realizar o primeiro contrato de atleta profissional, por culpa única e exclusiva do atleta, o clube poderá pleitear indenização de até 200 (duzentas) vezes os gastos comprovadamente efetuados com a formação do atleta e constante no contrato de formação.
Ademais, o clube formador tem direito de preferência para a primeira renovação do contrato de trabalho do atleta formado, pelo período de 03 (três) anos, exceto se para equiparação de proposta de terceiro.
O Regulamento de Transferência de Atletas da Fifa (Fédération Internationale de Football Association), artigo 21, por seu turno, regulamenta o mecanismo de solidariedade, segundo o qual, 5% (cinco por cento) do valor de cada transferência internacional deve ser reservado para indenizar os clubes que participaram da formação do atleta. Para a Fifa, a formação inicia-se aos 12 e termina aos 23 anos.
Conforme exposto acima, com as reformas de 2011 da Lei Pelé, a legislação brasileira assemelhou muito o instituto do mecanismo de solidariedade, para as transferências nacionais.
Segundo a Lei Pelé, artigo 29-A, considera-se o percentual de 5% (cinco por cento), no entanto, considera-se o período de formação do atleta com idade entre 14 e 20 anos.
A partilha dos 5% (cinco por cento) é feita da seguinte forma: 1% (um por cento) para cada ano de formação do atleta, dos 14 aos 17 anos de idade; 0,5% (meio por cento) para cada ano de formação do atleta, dos 18 aos 19 anos de idade. Assim, é possível que um atleta tenha vários clubes formadores.
O direito ao recebimento da indenização pela formação pode ser realizado mediante acordo diretamente com os clubes que transacionaram os direitos do atleta, ou, em caso de inadimplência, pleitear junto à entidade máxima do futebol.
Trata-se de importante mercado a ser desbravado pelos profissionais do direito desportivo, pois, muitas vezes os pequenos clubes formadores sequer têm sabem que um atleta formado por eles foi negociado.
Assim, cabe aos profissionais pesquisar a carreira dos atletas envolvidos nas transações e procurar os seus clubes formadores, dando-lhes ciência do deu direito.

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Por um futebol melhor

Nos últimos anos acompanhamos uma dicotomia na forma de patrocinar o futebol brasileiro: da busca excessiva por exposição na camisa de jogo, mesmo que essa medida poluísse visualmente os uniformes, até o trabalho desenvolvido pela Ambev no sentido de melhorar a infraestrutura dos clubes e ativar esta propriedade por outros meios.

O resultado vem mostrando que há um mundo de oportunidades, se bem estruturada, de explorar a comunicação corporativa por meio do esporte.

A experiência da Ambev, somado ao engajamento do torcedor, é apenas uma primeira demonstração de que, com criatividade mínima, é possível ocupar um espaço na preferência destes fãs e uma admiração pela marca pelo apoio oferecido ao seu clube de coração.

Por sua vez, gera também investimentos mais sólidos na modalidade, ao contrário de patrocínios pontuais ou por curtas temporadas, que pouco deixam lastros de imagem e lembrança às empresas, que acabam se posicionando como meras oportunistas ao invés de serem reconhecidas como organizações que construíram algum legado positivo.

Que o exemplo seja apenas um primeiro passo para que outras empresas realizem ações mais contundentes no momento em que se apropriam da linguagem do esporte e possam deixar lastros mais positivos tanto para elas quanto para as entidades que apoiam.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Pessoal e profissional

O caso aconteceu na última segunda-feira e serviu como combustível para o momento turbulento vivido pelo São Paulo. Incomodado com a reação de um torcedor a uma mensagem postada na rede social Twitter, o volante Denílson respondeu com um xingamento. O episódio é um exemplo de como a ausência de filtros cria riscos para qualquer plano de comunicação.

Antes da discussão teórica, detalhes do caso: Denílson postou uma mensagem com manifestação de apreço pelo São Paulo. Um internauta respondeu e disse: “Falar não resolve. Tem que mostrar. Está na hora de parar com o marketing próprio e jogar bola, honrar a camisa que diz que ama”.

Denílson respondeu de forma ríspida: “Vai tomar no c…”. O internauta chegou a postar uma tréplica, que precedeu uma série de manifestações contra a explosão do jogador. Mais comedido, o atleta publicou nova mensagem e tentou encerrar a polêmica.

O caso de Denílson é emblemático por dois motivos. Em primeiro lugar, trata-se de um ato sincero. O volante não pensou ou mediu as consequências que o texto teria. Além disso, o episódio mostra a repercussão que as mídias sociais atingiram. Se a cena tivesse acontecido na rua, longe de holofotes, câmeras e teclados, talvez tivesse sido facilmente abafada.

O desabafo de Denílson, insuflado pelos resultados ruins e pela pressão que certamente o jogador tem passado – até mesmo dentro do clube – não foi, contudo, o primeiro exemplo de comportamento inadequado de um atleta em mídias sociais. Já houve casos igualmente ruins envolvendo esportistas de diferentes modalidades.

Todos esses episódios têm um ponto em comum: poderiam ter sido evitados se houvesse um filtro entre o atleta e a mídia. As redes sociais facilitaram a publicação de qualquer tipo de conteúdo e deram voz ao mundo. Em outro lado, elas desobstruíram barreiras que existiam entre ídolos e fãs.

E o que os atletas precisam entender é que eles são prestadores de serviço. Sempre que eu vejo um caso como o de Denílson, penso no ofício de garçom. O profissional que serve mesas e anota pedidos é constantemente insultado, maltratado e mal remunerado. Entretanto, existe uma ideia mais sedimentada de que “o cliente tem sempre razão”.

Em outras palavras, é mais fácil evitar uma discussão. Afinal, você depende do dinheiro e da presença daquela pessoa. Isso vale para o garçom e para o atleta, por mais diferentes que sejam os dois mundos.

O problema é que o atleta nem sempre se relaciona com o fã. Ele é blindado em diferentes âmbitos, e as redes sociais são um meio imune a esse controle. Essa é uma grande explicação para a enorme quantidade de gafes que aparecem nos Twitters e similares.

Por mais que o atleta queira ter uma vida de pessoa normal e alimentar redes sociais como os amigos comuns fazem, é urgente que ele entenda: aquele é um ambiente que complementa o trabalho. O esporte vive de idolatria, e a relação com os fãs é parte da construção do ídolo.

Portanto, redes sociais não podem ser tratadas de forma amadora. Um atleta preocupado com a imagem e com o reflexo que ela tem deve planejar e ponderar o que deve ser publicado nesse tipo de plataforma.

Isso não quer dizer, porém, que o atleta deve ser falso ou “plastificado”. É fundamental que ele tente ser autêntico, mesmo que a autenticidade seja dizer que aquela mídia não é alimentada pelo dono do nome.

O fã quer chegar mais perto do ídolo, evidentemente. Mas quer ainda mais ser tratado com respeito e honestidade. Saber que foi enganado é ainda pior do que nunca ter conseguido uma brecha para falar com o atleta.

No mundo ideal, um atleta deveria ser preparado para lidar com a mídia. Esse treinamento deveria incluir as redes sociais, ambientes que são públicos e profissionais.

No entanto, são raros os casos de atletas que usam bem a mídia. São ainda mais remotos os que lidam de forma eficiente com redes sociais. E quase sempre, essa proficiência parte de conhecimento empírico.

Os Jogos Olímpicos de Londres-2012 foram assunto em mais de 150 milhões de tweets. Durante a vitória do jamaicano Usain Bolt nos 200 m rasos, houve 80 mil mensagens por minuto na rede social. É um potencial muito grande para ser tratado de forma amadora.

No ano passado, TJ Lang, jogador de futebol americano do Green Bay Packers, usou o Twitter para criticar a arbitragem da NFL. O post dele tinha conteúdo enfático, e a mensagem foi replicada cem mil vezes. O número é quase o dobro do número de pessoas que seguiam o atleta.

Quando o Twitter começou a se tornar popular, jogadores de ligas norte-americanas chegaram a usar a rede social em intervalos e paralisações de partidas. Isso levou a maioria das competições a desenvolver códigos de conduta específicos para redes sociais.

Denílson e Lang foram igualmente inconsequentes. A diferença é que o jogador brasileiro levou apenas um puxão de orelha do São Paulo, enquanto o norte-americano foi duramente punido pela NFL.

Deixar redes sociais à mercê de arroubos ou momentos ruins é um tiro no pé para o atleta, mas também para os times que eles defendem e as ligas em que eles atuam. Todo mundo perde com um ídolo que não sabe se comportar como tal.

 

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

 

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Zé Roberto, o ótimo velhinho

Quando eu for bem velhinho eu gostaria de ser jovem como o meia do Grêmio.

Vi o Zé passar o pé sobre a bola e partir para cima dos pontas em 1994, pela Portuguesa. Formado na base esportiva e cultural do Pequeninos do Jóquei, no Canindé despontou o talento para atacar, correr e jogar. A lateral esquerda era pequena para ele.

Acabou sendo pequena a Lusa. Foi correr o mundo. Do Real Madrid ao futebol alemão. Da seleção brasileira até o Grêmio, 19 anos depois. Com a mesma vitalidade de pequenino no Jóquei.

Foi jogar em Porto Alegre como o ótimo meia que é agora. Foi o segundo volante do Brasil em 2006. Para não dizer que foi o mais regular brasileiro na Copa da Alemanha. Sempre correndo pelos outros. Jogando com o time e para o time.

Não era a estrela da companha. Nunca foi. Por isso dá exemplo e dá gosto no Tricolor. Os companheiros vendo o que joga e o que se doa acabam também eles querendo dar algo mais.

Mas nem todos podem. Não só por que não sabem. Mas por que não conseguem. Não têm bola para tanto. Ou não têm caixa para isso. Corpo que segue são pela rotina mais esportiva que espartana. Pelo espírito mais profissional que remunerado de Zé Roberto.

Tantos jogos arrastados pelo país, tantos jovens se arrastando pelos campos, e o Zé firme como rocha, dinâmico como água, vivo como fogo, leve como ar.

Um jogador quase completo. Um atleta completo.

Um pé para toda obra e para todos os times. Um cara que desequilibra partidas hoje e dribla polêmicas desde ontem por que trabalha para ser simples. Presente. Eficiente.

Um good guy. Não um bad boy.

Um jogador que pode até não levar gente pro estádio ou vender produto. Mas um profissional que leva o time adiante sem vender a alma.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.