– Ei! Ei! Tá me ouvindo?
– Opa! Tô sim. E aí o que conta de novo?
– É você tinha razão mesmo. Não fomos utilizados no dia do jogo. Para falar a verdade, ainda nem me utilizaram.
– Falei que seria assim. Para usar em dia de jogo é complicado.
– Mas por quê? Qual a dificuldade?
– Primeiro tem que ter gente que saiba mexer conosco.
– Isso é verdade.
– Depois, não adianta só ligar a gente e achar que a gente vai sair por aí fazendo qualquer coisa. Por um acaso você já viu algum computador bom de bola?
– Não, eu nunca vi um computador fazer um gol sequer.
– Então. É disso que eu to falando. Vem uns cara que nem sabe usar a gente. Aí eu fico com uma pulga atrás do meu processador viu. O cara vem, e acha que eu vou resolver o problema da zaga do time dele. Vou vestir meião, calção e a camisa e entrar em campo (interrompido por risos)… O que foi, porque tá rindo?
– É que achei engraçado, imagina você de meião… ia ficar esquisito.
– Ah, bobagem. Mas é isso que os caras não percebem, em vez de usar nossa capacidade de processamento, velocidade, armazenamento, agilidade de transformar dados, os caras só faltam por a gente para treinar cabeceio.
– Mas é uma pena mesmo. Ah… Na semana passada você disse que ia comentar da questão da infra-estrutura.
– É mesmo, lembra do HD que te comentei que eu conheço.
– Lembro.
– Então, ele rodou uns estádios por aí, mas disse que é muito precário. Tem lugar que nem fornecimento de energia nas cabines ou no banco tem. Imagina? Não dá para viver só com bateria né?
– Com certeza! Mas, nossa… Nem uma tomada?
– Nada. Os caras acham que não tem que ter instalação elétrica ali, afinal usariam para que?
– Helloooouuuu! O que mais que poderia ser ligado na tomada?
– Eu sei, concordo, mas já viu né? Quem cuida das coisas muitas vezes não pensa assim. A mesma coisa com internet.
– Vixi! Nem me fale, se nem tomada tem, imagina ponto de acesso à internet.
– Exatamente. Ponto de acesso é complicado. Isso que ainda às vezes o pessoal leva aqueles USB que consegue conectar, o tal de 3G.
– É, acho que não vou realizar meu sonho de ir a um estádio.
– Acho que as coisas estão mudando, quem sabe.
– É… Mas até lá não sei não, para gente as coisas mudam muito rápido. Até alguém perceber a importância e aprender a usar a gente no estádio eu já devo ter virado sucata.
– Infelizmente é verdade, mas quem sabe?
Esta semana um amigo perguntou quantos textos eu já tinha escrito e não posso deixar de comemorar e agradecer com os amigos leitores, sem esquecer dos editores que sempre nos apóiam mesmo quando não conseguimos manter a periodicidade. Esta coluna de hoje se não errei nas contas é a coluna de número 100 na Universidade do Futebol. Pode ser um número pequeno perto de pessoas que estão no projeto há tanto tempo, mas confesso que é um número importante e espero que desses 100 textos alguns possam ter tido alguma colaboração com a sua reflexão, pois com certeza para o amadurecimento desse autor que vos escreve teve. Abraços.
Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br