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Frequência cardíaca aplicada ao futebol

Com o rápido avanço tecnológico ocorrido nas últimas duas décadas, fica cada vez mais acessível o controle de variáveis de desempenho e de carga de treinamento.

Entre as variáveis fisiológicas mais utilizadas para este fim encontram-se dosagem de hormônios, enzimas e subprodutos metabólicos.

Uma das medidas mais antigas, simples, rápidas, de fácil acesso, relativamente barata é a frequência cardíaca (FC).

Desde a década de 20 do século passado, após os trabalhos pioneiros de Hill (1923), assumiu-se que a FC tinha uma relação linear com a intensidade da tarefa, i.e., à medida que a intensidade aumentava, ela também aumentava na mesma proporção.

Contudo, trabalhos posteriores mostraram que esta resposta, além de linear (painel A), também poderia ser curvilinear (painel B) ou até mesmo sigmóide (painel C).

 

      

Isso significa que, dependendo da tarefa executada e do tipo de resposta da FC, análises diferentes devem ser efetuadas.

Outro aspecto importante a ser levado em conta é que quando se obtém a FC máxima de um atleta durante um teste máximo em corrida progressiva, por exemplo, será que podemos assumir com 100% de certeza que os valores obtidos no teste podem ser transferidos sem limitações para a prática do futebol?

Quando se monitora a FC para controle da carga durante treinos ou partidas, não podemos esquecer que aspectos emocionais e ambientais também interferem nessa resposta. Isso porque ao passar por uma situação estressante, por exemplo, determinado atleta poderá ter elevação da FC sem, no entanto, estar se movimentando. Isso significa que uma FC alta pode indicar estresse ao invés de esforço. Nesse caso um erro dessa interpretação poderia ser catastrófico.

Outro problema da mensuração da FC é o fato de verificar a FC de atividades realizadas em intensidades superiores às do VO2máximo, pois ao realizar um tiro de 10-15m entre 20 e 25 km.h-1 (que são intensidades onde a maioria dos jogos são decididos), provavelmente a FC não terá sua resposta máxima manifestada pela curta duração da tarefa (3 a 6s). Isso também levaria a um erro de interpretação da carga, já que um valor baixo de FC indicaria uma atividade submáxima.

Para evitar os erros citados acima, é interessante analisar conjuntamente os movimentos do atleta para maior precisão na informação que está sendo adquirida. Mas se por um lado há vantagem dessa estratégia em aumentar a precisão do dado, por outro, aumenta o custo da medida, além de necessitar de mão de obra mais especializada e tecnologia mais avançada.

Por este motivo, antes de se optar em utilizar a FC para controle de carga, é necessário compreender suas vantagens e desvantagens, minimizar suas limitações e lembrar que na pior das hipóteses é melhor medir com certo erro do que não medir nada!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Para saber mais

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Bradley PS, Mohr M, Bendiksen M, Randers MB, Flindt M, Barnes C, Hood P, Gomez A, Andersen JL, Di Mascio M, Bangsbo J, Krustrup P. Sub-maximal and maximal Yo-Yo intermittent endurance test level 2: heart rate response, reproducibility and application to elite soccer. Eur J Appl Physiol. 2011 Jun;111(6):969-78.

Casamichana D, Castellano J. Time-motion, heart rate, perceptual and motor behaviour demands in small-sides soccer games: effects of pitch size. J Sports Sci. 2010 Dec;28(14):1615-23.

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