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Como controlar as demandas físicas de jogo no treino complexo

Venho apresentando inúmeras atividades para o desenvolvimento integral de jogadores de futebol, contudo, uma dúvida paira no ar quando falamos em treinos pautados nos jogos: como posso saber se o objetivo físico-técnico-tático-mental da sessão de treino está sendo atingido?

Em uma sessão de treino complexa, os jogadores são submetidos a uma carga de jogo, em que os fractais estão sendo desenvolvidos concomitantemente com o todo complexo.

Nesse tipo de sessão, o controle das variáveis do treino parece ser extremamente complicado e por vezes acaba sendo deixado de lado. Sendo assim, passo a fragmentar e a não ter controle daquilo que está acontecendo no treino.

Não tendo o controle das variáveis, deixo o acaso tomar conta da sessão e o desenvolvimento da performance de jogo de minha equipe fica extremamente prejudicada.

Em um treino pautado na complexidade preciso saber qual a demanda física, técnica, tática e mental de cada atividade.

No planejamento do treino, essas demandas devem ser pensadas e cada uma delas deve ter uma meta de desenvolvimento específico.

Pensemos na questão física: em uma sessão X, o objetivo é o desenvolvimento da resistência anaeróbia lática. Sabendo disso, devo criar atividades com uma relação estímulo pausa adequada.

No caso do desenvolvimento da resistência anaeróbia lática, as atividades devem propiciar ao atleta um ambiente com uma carga de estímulos alta para um tempo reduzido de pausas.

Contudo, essa relação estímulo/pausa deve respeitar a especificidade do jogo: não posso ter um estímulo (entenda “estímulo” como a ação do jogador dentro de um jogo, e não no tempo da atividade em si) de cinco minutos para 30 segundos de pausa, pois isso não respeita a especificidade do jogo e gera uma sobrecarga negativa para o jogador.

Após o planejamento, devo aplicar o treino e verificar se este foi realizado dentro do esperado e é neste ponto que queria chegar: controle do treino.

Uma das ferramentas que mais ganha espaço atualmente é o GPS, que nos traz dados sobre o deslocamento, desde a distância total até a velocidade dos sprints. Com seus dados, posso dar um passo importante para verificar se os objetivos físicos da sessão estão sendo atingidos ou não.

Em uma sessão com o objetivo do desenvolvimento da resistência anaeróbia lática, devo verificar se o atleta realizou atividades de alta intensidade em períodos determinados de tempo e como foi o padrão de deslocamento durante toda a sessão (número de sprints, distância e velocidade de cada um deles, etc.).

A frequência cardíaca também pode auxiliar no controle do treino, quando podemos cruzar as informações do GPS com o gráfico do comportamento da frequência cardíaca dos jogadores.

No pós-treino, podemos avaliar o grau de exigência física através da coleta da percepção subjetiva de esforço dos atletas, comumente chamada de PSE. Essa ferramenta nos mostra quanto o treino foi exigente para cada um dos jogadores através da sua própria percepção.

É preciso, contudo, deixar claro como a avaliação deve ser feita e como cada um deve definir a “nota” dada ao treino. Normalmente, a PSE vai de 1 a 10, em que os valores indicam o nível de esforço dentro da sessão como um todo.

Para uma avaliação mais precisa, podemos utilizar ainda a análise de marcadores bioquímico-fisiológicos dos atletas, como a verificação do lactato na corrente sanguínea, dos leucócitos, das plaquetas, dos níveis de CK, de LDH, de uréia, de glicose, cortisol, etc., mas esse tipo de análise ainda está distante de grande parte dos clubes…

Por isso as informações do GPS, frequência cardíaca e percepção subjetiva do esforço são valiosíssimas para o controle adequado dos treinos.

Com esses dados, posso provar que os treinos estão propiciando um estímulo “físico” adequado aos atletas. Isso é fundamental para dar tranquilidade ao trabalho e provar que os jogos também treinam o físico.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br 

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Participe da “Entrevista Tática”

A Universidade do Futebol, dia após dia, amplia seu acervo de notícias, entrevistas, colunas, aulas gratuitas e cursos online com o objetivo de proporcionar ao leitor uma atualização constante nas diversas áreas do conhecimento inter-relacionadas do futebol. Em relação às entrevistas, em cerca de oito anos, foram publicadas mais de trezentas, com diferentes profissionais direta ou indiretamente ligados à modalidade.

Dentre os entrevistados, estão técnicos, preparadores físicos, auxiliares, preparadores de goleiros, treinadores adjuntos, psicólogos, advogados, profissionais de marketing, nutricionistas, fisiologistas, filósofos, médicos, mestres, doutores, especialistas, enfim, centenas de profissionais que contribuem com cases, opiniões, discussões, reflexões e apontamentos que favorecem a todos os leitores quanto ao desenvolvimento de um olhar transdisciplinar do futebol.

Com o objetivo de contribuir com esse espaço, a Universidade do Futebol criou a “Entrevista Tática”. Idealizada por este colunista, a entrevista será realizada com jogadores brasileiros de diferentes categorias e escalões do futebol nacional e, possivelmente, internacional.

Como a demanda das entrevistas semanais é significativa e, tradicionalmente, é um espaço reservado para outros profissionais do futebol que não os próprios jogadores, a “Entrevista Tática” será postada periodicamente como tema da minha coluna semanal.

Utilizando a tática como pano de fundo, o portal pretende oferecer um novo material que aproxima o jogador de futebol da Ciência. Sem o intuito de capacitá-lo, a ideia será somente ouvi-lo para que todos os interessados em melhorar sua atuação profissional possam ter noções de como é a interpretação da realidade por cada jogador, principalmente como o mesmo enxerga o futebol.

Na coluna desta semana, serão apresentadas as perguntas-padrão que farão parte da entrevista e será aberto a você, leitor, um espaço para sugestões de novas questões (lembrando do viés tático como pano de fundo) que, após análise do portal, poderão ser incorporadas às tematicas já estabelecidas.

Abaixo, a lista de perguntas-padrão da “Entrevista Tática”:

1- Quais os clubes em que você jogou a partir dos 12 anos de idade?

2- Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

3- Para você, o que é um atleta inteligente?

4- Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

5- Para ser um dos melhores jogadores da sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

6- Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

7- Pense no melhor treinador que você já teve! Por que ele foi o melhor?

8- Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

9- Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?*

*Leia-se 1-4-4-2, 1-3-5-2, 1-4-3-3 e plataformas de jogo

10- Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:
Com a posse de bola;
Assim que perde a posse de bola;
Sem a posse de bola;
Assim que recupera a posse de bola;
Bolas paradas ofensivas e defensivas.

11- Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

12- Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

13- Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

Mais três perguntas serão analisadas e escolhidas para complementar a entrevista. Nas próximas duas semanas, através do meu e-mail (indicado no final da coluna), irei interagir com o leitor para ler e encaminhar as sugestões aos responsáveis pela aprovação. Caso sua pergunta seja escolhida, você receberá os devidos créditos na coluna de abertura.

A Universidade do Futebol irá se aproximar daqueles que dão vida ao jogo de futebol e às ideias de jogo dos treinadores. Participe!

Para interagir com o autor: eduardo@149.28.100.147 

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Participe da "Entrevista Tática"

A Universidade do Futebol, dia após dia, amplia seu acervo de notícias, entrevistas, colunas, aulas gratuitas e cursos online com o objetivo de proporcionar ao leitor uma atualização constante nas diversas áreas do conhecimento inter-relacionadas do futebol. Em relação às entrevistas, em cerca de oito anos, foram publicadas mais de trezentas, com diferentes profissionais direta ou indiretamente ligados à modalidade.

Dentre os entrevistados, estão técnicos, preparadores físicos, auxiliares, preparadores de goleiros, treinadores adjuntos, psicólogos, advogados, profissionais de marketing, nutricionistas, fisiologistas, filósofos, médicos, mestres, doutores, especialistas, enfim, centenas de profissionais que contribuem com cases, opiniões, discussões, reflexões e apontamentos que favorecem a todos os leitores quanto ao desenvolvimento de um olhar transdisciplinar do futebol.

Com o objetivo de contribuir com esse espaço, a Universidade do Futebol criou a “Entrevista Tática”. Idealizada por este colunista, a entrevista será realizada com jogadores brasileiros de diferentes categorias e escalões do futebol nacional e, possivelmente, internacional.

Como a demanda das entrevistas semanais é significativa e, tradicionalmente, é um espaço reservado para outros profissionais do futebol que não os próprios jogadores, a “Entrevista Tática” será postada periodicamente como tema da minha coluna semanal.

Utilizando a tática como pano de fundo, o portal pretende oferecer um novo material que aproxima o jogador de futebol da Ciência. Sem o intuito de capacitá-lo, a ideia será somente ouvi-lo para que todos os interessados em melhorar sua atuação profissional possam ter noções de como é a interpretação da realidade por cada jogador, principalmente como o mesmo enxerga o futebol.

Na coluna desta semana, serão apresentadas as perguntas-padrão que farão parte da entrevista e será aberto a você, leitor, um espaço para sugestões de novas questões (lembrando do viés tático como pano de fundo) que, após análise do portal, poderão ser incorporadas às tematicas já estabelecidas.

Abaixo, a lista de perguntas-padrão da “Entrevista Tática”:

1- Quais os clubes em que você jogou a partir dos 12 anos de idade?

2- Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

3- Para você, o que é um atleta inteligente?

4- Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

5- Para ser um dos melhores jogadores da sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

6- Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

7- Pense no melhor treinador que você já teve! Por que ele foi o melhor?

8- Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

9- Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?*

*Leia-se 1-4-4-2, 1-3-5-2, 1-4-3-3 e plataformas de jogo

10- Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:
Com a posse de bola;
Assim que perde a posse de bola;
Sem a posse de bola;
Assim que recupera a posse de bola;
Bolas paradas ofensivas e defensivas.

11- Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

12- Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

13- Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

Mais três perguntas serão analisadas e escolhidas para complementar a entrevista. Nas próximas duas semanas, através do meu e-mail (indicado no final da coluna), irei interagir com o leitor para ler e encaminhar as sugestões aos responsáveis pela aprovação. Caso sua pergunta seja escolhida, você receberá os devidos créditos na coluna de abertura.

A Universidade do Futebol irá se aproximar daqueles que dão vida ao jogo de futebol e às ideias de jogo dos treinadores. Participe!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br 

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A geografia do Campeonato Brasileiro

Chegando a reta final do Campeonato Brasileiro, percebe-se certa superioridade das equipes cariocas sobre os times de outras regiões. Os quatro cariocas (Vasco, Botafogo, Flamengo e Fluminense) encontram-se entre as seis primeiras posições (isso corresponde a 66%), enquanto apenas duas equipes de São Paulo figuram entre os primeiros colocados (33,33%) e as equipes de Minas Gerais passam por dificuldades para não serem rebaixadas.

Mas se por um lado as equipes cariocas e mineiras encontram-se em situações completamente diferentes no campeonato, por outro elas apresentam um ponto em comum: a reforma de seus principais estádios.

Com a falta de jogos no Maracanã, os representantes do Rio de Janeiro passaram a mandar seus principais jogos no Engenhão, enquanto Cruzeiro, Atlético e América se voltaram a estádios mais afastados – geralmente na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Assim, enquanto os jogos dos cariocas ainda são realizados com grande média de público, os mineiros jogam não apenas com menor capacidade de público, mas também com pior qualidade de gramado e piores condições de jogo.

Alguns dirão que a diferença entre cariocas e mineiros ocorre apenas pelo futebol apresentado e que a falta de estádio não teria a menor importância. Outros podem dizer que o problema dos mineiros seria dos próprios times, das administrações dos clubes, dos jogadores, ou até de outros fatores associados.

Vale lembrar que muitos estudos demonstram diferenças de desempenho em equipes que jogam em casa ou que jogam fora. Entre os fatores que se mostram mais importantes para interferirem no resultado, encontram-se: a qualidade das equipes, a torcida, o privilégio arbitral e a familiaridade com o campo de jogo.

Técnicos e atletas reconhecem ser importante saber as condições específicas do local de jogo como vento, posição do sol, referências visuais e familiarização com as irregularidades do campo, pois ao conhecer estas particularidades, a equipe pode ter benefícios e se preparar melhor para disputar um jogo dentro de um ambiente familiar.

É possível que ao mandar seus jogos na Arena do Jacaré, embora a apenas uma hora de Belo Horizonte (80 km), as equipes mineiras, bem como seus torcedores, não se sintam em casa, pois mesmo estando sob administração do Governo do Estado de Minas Gerais, histórica e culturalmente ele é considerado casa do Democrata FC. Com isso, fatores que têm sido documentados na literatura como favoráveis para o desempenho em casa acabam sendo minimizados e podem explicar, em parte, o mau rendimento apresentado pelas equipes mineiras.

Outro aspecto é que como existem três equipes mandando seus jogos em Sete Lagoas, se torna inviável que as equipes treinem neste local. Até porque a logística para os clubes seria completamente diferente e o desgaste do gramado poderia piorar ainda mais as condições de jogo.

E quanto aos cariocas? Por que a falta do Maracanã não atrapalhou tanto? Provavelmente porque Vasco e Botafogo que mandavam seus jogos em São Januário e no Engenhão, respectivamente, já estavam habituados a jogarem sem o Maracanã. Além disso, como Flamengo e Fluminense já estavam mais habituados com o Engenhão, o efeito comportamental da torcida e dos jogadores pode não ser tão prejudicado, já que por ser mais recente, mesmo estando sob a administração do Botafogo, em parte, todos podem se sentir “em casa”.

Com a Copa do Mundo cada vez mais perto, resta saber se o efeito das reformas e construções de estádios afetará mais equipes em todo o território nacional. Meu conselho é que dirigentes, treinadores e atletas observem esse fenômeno, pois se ele se reproduzir, talvez a fase de preparação das equipes deva começar a ser repensada até que tudo se normalize.

Para saber mais:

Boyko RH, Boyko AR, Boyko MG. Referee bias contributes to home advantage in English Premiership football. J Sports Sci 2007;25(11):1185-1194.

Dosseville FEM. Influence of ball type on home advantage in French professional soccer. Percept Mot Skills 2007;104(2):347-351.

Dowie J. Why Spain Should Win the World Cup?. New Scientist. 1982;94(10):693-695.

Nevill AM, Balmer NJ, Williams AM. The influence of crowd noise and experience upon refereeing decisions in football. Psychol Sport Exerc 2002;3(4):261-272.

Nevill AM, Holder RL. Home advantage in sport: an overview of studies on the advantage of playing at home. Sports Med 1999;28(4):221-236.

Nevill AM, Newell SM, Gale S. Factors associated with home advantage in English and Scottish soccer matches. J Sports Sci 1996;14(2):181-186.

Pollard R, Pollard G. Home advantage in soccer: a review of its existence and causes. Int J Soccer Sci 2005;3(1):28-38.

Pollard R, Silva CD, Medeiros NC. Vantagem em casa no futebol no Brasil: diferenças entre clubes e efeitos de distância de viagem. Rev Bras Futebol 2008;1(1):03-10.

Pollard R. Home advantage in soccer: a retrospective analysis. J Sports Sci 1986;4(3):237-248.

Waters A, Lovell G. An examination of the homefield advantage in a professional English soccer team from a psychological standpoint. Football Studies 2002;5(1):46-59.

Wolfson S, Wakelin D, Lewis M. Football supporters’ perceptions of their role in the home advantage. J Sports Sci 2005;23(4):365-374.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br 

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Troca de comando

Na coluna desta quarta-feira vou pegar um gancho em uma edição especial do Jornal “Meio & Mensagem”, também desta semana, que traz na capa o mesmo título da nossa coluna, embora a abordagem daquele conceituado veículo trate da sucessão em grupos e agências do meio publicitário.

A base de discussão tem a ver com os melindres e anseios das organizações em mudarem pessoas (e conceitos) após um determinado período de tempo. Isso se reflete na transição, principalmente, de empresas familiares para um modelo de gestão diferente ou mais profissional. De acordo com a reportagem, citando o IBGE: “70% das empresas familiares não sobrevivem à passagem de comando para a segunda ou terceira geração”.

No nosso contexto, que são os clubes de futebol, eles não morrem (como organizações) pelo seu caráter social e identidade cultural com a região onde foram fundados. Mas as transições de poder e continuísmo de estratégias e planos têm um desenho muito parecido com as empresas do mundo corporativo.

Vamos ficar em três exemplos básicos: (1) assistimos na segunda-feira a passagem de bastão da família Perrella, 17 anos no poder do Cruzeiro, para um sucessor, Gilvan Tavares, que na realidade era candidato da situação e venceu com folgas o pleito – deverá assumir o clube a partir de janeiro de 2012; (2) no Palmeiras, embora não tenhamos um sobrenome, temos a comunidade italiana a comandar (e incomodar) os bastidores do clube; (3) na mesma lógica ocorre com a Portuguesa, desta feita pelos laços lusitanos.

São casos muito parecidos com aquilo que ocorre no mundo corporativo. A diferença é que nos clubes não há um dono, embora alguns dirigentes pareçam. Também que nos clubes existem as eleições de uma maneira mais ampla do que a escolha de diretores ou presidente dentro das empresas.

A verdade é que pouco importa, neste caso, a questão legal ou normativa de cada entidade. O fato é que, à medida que ocorre uma ruptura abrupta de uma linha de trabalho no nível estratégico para outra, que sucederá a anterior, é preciso atentar-se para alguns pontos, de acordo com a própria reportagem do Meio & Mensagem:

1.Preparo: quem está por vir deve estar bem preparado e entender o mercado e a organização que assumirá o comando.

2.Planejamento: programar a ação de transição, sem negligenciar informações no lapso de tempo que vai da saída da atual gestão para a nova.

3.Pessoal: aproveitar ao máximo os recursos humanos de qualidade existentes na organização, pois serão eles os responsáveis pela manutenção de um ciclo virtuoso de aprendizagem.

Para que a troca de comando seja algo saudável e benéfico para uma determinada organização, é fundamental a atenção a tais princípios. Do contrário, a mesma começará do zero a cada mudança na cúpula diretiva.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Não nascemos prontos

Mario Sergio Cortella é filósofo, com mestrado e doutorado, em Educação, pela PUC de São Paulo, onde leciona.

Alguns dos leitores devem estar familiarizados com a figura, pois também conduz o programa Dialógos Impertinentes, na TV PUC, e também como articulista do jornal Folha de São Paulo.

É das mentes mais privilegiadas, no que concerne ao entendimento do ser humano em sua complexidade multifacetada, dentre elas a espiritual – não confundir com a religiosa – como medida de construção do caráter.

Em seu livro Não nascemos prontos!, assume o papel de provocar, com fundo filosófico, o leitor a entender que a insatisfação que vivenciamos é o que nos move, que faz com que busquemos criar, inovar, modificar e, com isso, construir e reconstruir a nós mesmos, constantemente.

Impulsiona-nos a lutar contra o “risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual”.

O episódio grave que envolveu o jogador brasileiro Breno, investigado pela polícia alemã como suspeito de ter provocado o incêndio de sua própria casa, suscitou indagações sobre motivos que o teriam levado a esse ponto.

Sucessivas lesões que não lhe deram sequência de trabalho. Falta de adaptação ao futebol e a cultura da Alemanha.

Segundo Muricy Ramalho, ter saído muito cedo de São Paulo, além da falta de amparo e orientação dos seus empresários.

A palavra “depressão” rondou o diagnóstico oficioso, especulado junto a uma crise conjugal.

Fato é que os jogadores de futebol levam a vida em sobressaltos, tanto pra cima quanto pra baixo.

A frugalidade da vida não lhes é permitida, razão pela qual lhes é difícil ter medida razoável de que nem sempre as coisas acontecem como desejamos ou pintamos no quadro.

E que o caminho da vida se faz caminhando. Não há outro jeito.

Diz Cortella: “Quando crianças (só as crianças), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar, emagrecer, etc.) ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio”.

Quero ter essa energia vital inquieta, para seguir sempre adiante. Ambição, para ter mais e, principalmente, melhor.

Isso poderia servir também para o Breno resgatar sua carreira.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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A preparação da comissão técnica: dentro e fora das quatro linhas

Venho apresentando inúmeras atividades práticas para o treinamento de equipes de futebol, desde as categorias menores até o profissional.

Contudo, peço licença para falar sobre a preparação dos membros da comissão técnica.

No futebol, assim como nas demais áreas, não existe fórmula mágica para o sucesso.

Uns dizem que é trabalho, outros que é conhecimento, outros competência, dom, sorte…

Além disso, ter sucesso é relativo e vai de acordo com os objetivos traçados por cada um.

Desta forma, cada um deve traçar seus próprios objetivos e encontrar o caminho para alcançá-los.

Dizendo assim até parece fácil…

Mas na prática o caminho é árduo e requer uma preparação de anos, para não dizer de uma vida inteira.

Preparação que não pode ser realizada de qualquer forma. É preciso saber onde buscar as informações e de “mestres” para lhe indicar o caminho.

Caminho que passa pelo conhecimento profundo do fenômeno em seus aspectos técnico-tático-físico-mental-cultural-social-histórico-organizacional-metodológico-de gestão…

E quando digo conhecimento me refiro às questões teórico-práticas, pois no futebol a teoria é colocada a prova a cada dia e se não ajudar a responder os problemas do jogo, “não serve” (entre aspas, pois toda informação é valida e nos ajuda de alguma forma).
 


 

Atual treinador da seleção brasileira sub-20 e coordenador das categorias de base da CBF, Ney Franco abordará Aspectos Técnico-Táticos da Formação de Atletas no Brasil. Confira aqui!

 

O caminho pode ser construído na universidade, nas escolas, em cursos, palestras, mas não podemos esquecer de passar pelo campo, pois é nele que as coisas acontecem e é lá que aprendemos coisas particulares.

Quando digo campo extrapolo as quatro linhas e abarco todas as questões organizacionais de um clube.

Um bom profissional deve saber resolver os problemas do campo e de fora dele, pois ambos se relacionam intimamente, tanto positiva como negativamente.

Para resolver bem esses problemas é preciso ter conhecimento e ser submetido diversas vezes às situações-problemas do futebol.

Assim como um jogador é estimulado a resolver os problemas de jogo, jogado, os membros da comissão técnica resolvem melhor os problemas do futebol (de gestão do grupo, de planejamento, de elaboração de sessões e atividades, etc.) vivenciando e enfrentando as adversidades do dia a dia.

O objetivo da coluna não é trazer nenhuma resposta definitiva, mas sim fazer uma reflexão sobre a preparação de nós, profissionais do futebol.

Para terminar, deixo uma célebre frase de Manuel Sérgio: “no futebol, quem só sabe futebol, pouco sabe de futebol!”.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br  
 

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O currículo de formação do atleta de futebol – parte final

Para quem não leu a apresentação dos sub-temas derivados dos conteúdos Competências Essenciais e Referências do Jogo de Futebol, clique aqui antes de efetuar a leitura desta semana sobre o currículo de formação do atleta. A leitura prévia é importante para adequada compreensão do material.

Na sequência, a partir do conteúdo estratégico-tático do jogo, o tema inicial denomina-se estratégias de jogo defensivas e possui os seguintes sub-temas:

Marcação individual homem a homem;
Marcação individual em zona;
Marcação em zona;
Marcação em zona pressionante.

Estratégias de jogo ofensivas é o tema seguinte, com as divisões nos sub-temas:

Atacar em zona com estruturas fixas;
Atacar em zona com estruturas móveis;
Atacar sem referências zonais;
Ataque rápido;
Ataque posicionado;
Contra-ataque.

O terceiro tema compreende as reposições de bola e é composto pelos sub-temas abaixo:

Criar formas de sair jogando no tiro de meta;
Criar formas de manutenção da posse em laterais no campo defensivo;
Cobranças de lateral ofensivo com trocas de posição;
Cobranças de lateral ofensivo sem trocas de posição.

Os próximos sub-temas, derivam do tema bolas paradas e são compostos pelos itens:

Escanteios ofensivos;
Escanteios defensivos;
Faltas a favor no campo de defesa;
Faltas a favor no campo de ataque;
Faltas contrárias no campo de defesa;
Faltas contrárias no campo de ataque;
Jogadas ensaiadas.

Os meios táticos (classificados por alguns autores como Princípios Táticos e pelo treinador Rodrigo Leitão como Princípios Estruturais) correspondem ao último tema deste conteúdo e apresentam como sub-temas:

Meios táticos ofensivos;
– Desmarque
– Apoio
– Fintas e dribles
– Mobilidade com trocas
– Mobilidade sem trocas
– Amplitude
– Penetração
– Profundidade
– Tabela
– Ultrapassagem
– Bloco Ofensivo
– Cobertura Ofensiva

Meios táticos defensivos;
– Retardamento
– Cobertura defensiva
– Equilíbrio
– Flutuação
– Recomposição
– Bloco Defensivo
– Compactação
– Direcionamento
– Pressão
– Pressing

Meios táticos de transição
– Proporção ofensiva
– Proporção defensiva
– Densidade ofensiva
– Densidade defensiva
– Balanço ofensivo
– Balanço defensivo

Como os demais temas não possuem sub-temas, toda a composição do currículo de formação do atleta aplicado no Paulínia FC já foi apresentada.

Espera-se que este material, que não pretende “engessar” nenhum treinador, seja uma ferramenta que potencialize a cadeia produtiva de jogadores de futebol, ampliando o estreito topo da pirâmide dos atletas de alto nível do clube.

A essência do material: jogar, do sub-11 ao sub-20, de segunda a segunda, é regra!
 

Quer saber mais sobre Metodologia de Treinamento através de jogos? Matricule-se no Curso Master em Técnica de Campo feito pela Universidade do Futebol em parceria com a Federação Paulista de Futebol.
 

Em sete anos de existência, dois de currículo, o projeto já tem seis jogadores (que ingressaram no clube aos 12 anos) no mercado nacional e um no internacional. E tudo isto sem alojar jogadores, captando somente atletas da Região Metropolitana de Campinas.

Para quem pretende utilizar este currículo como norteador para produções próprias, tanto individuais como institucionais, sinta-se à vontade: quanto mais pessoas discutirem assuntos que podem contribuir com a evolução do futebol brasileiro, melhor!

E caso, nas discussões, encontrem conteúdos, temas ou sub-temas que possam complementar o currículo apresentado, não deixe de emitir sua opinião.

Porém, lembrem-se que mais importante do que conhecer algum conteúdo é saber como e quando aplicá-lo em uma determinada equipe em processo de formação.

Esteja certo que se, algum dia, predominar o número de profissionais do futebol que dominam o que deve ser feito do início ao fim do processo de formação, as consequências para o espetáculo futebol serão as melhores possíveis.

Hoje, infelizmente, observam-se muitos atletas no futebol profissional com o perfil de egresso do processo de formação muito semelhante ao perfil de ingresso.

Na chegada a um clube, é bastante comum encontrar jogadores extremamente centralizados na bola (ofensiva e defensivamente), com mudança de atitude nas transições muito lentas, com baixo nível de jogo coletivo e com domínio de poucas regras de ação.

Ao assistir alguns jogos do futebol brasileiro, por vezes, estas mesmas análises são efetuadas. Problemas do treinador atual? Dos treinadores anteriores? Do próprio jogador?

Enfim, problemas diversos que permitem afirmarmos que um dos melhores jogadores do país na atualidade surgiu da várzea.

A várzea forma melhor que os clubes brasileiros?

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br