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Direito Desportivo, muito prazer!

A partir de hoje, com muita satisfação e alegria, terei o prazer de discorrer, semanalmente, na Universidade do Futebol, acerca de temas relacionados ao Direito Desportivo.

O mercado do esporte movimenta bilhões de dólares e neste cenário existem diversos interesses envolvidos: torcedores, mídia, publicidade, transportes, hospedagens, materiais esportivos e um grande número de empregos diretos e indiretos.

Dessa forma, o esporte deixou de ser mera atividade lúdica, secundária e profissionalizou-se. Muitos dirigentes e empresários passaram a se dedicar integralmente ao atendimento das necessidades de uma indústria em franca expansão.

Ora, a cada dois anos o mundo se mobiliza para acompanhar dois grandiosos eventos esportivos, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos de Verão.

Existem, ainda, os diversos campeonatos mundiais de cada modalidade e especialidade esportiva, bem como eventos periódicos de imensa repercussão na mídia mundial, como os campeonatos nacionais e continentais de futebol, com destaque para a Uefa Champions League (Europeu de Clubes de Futebol), a Copa do Mundo de Rúgbi e o “Super Bowl”, nos EUA, a final do campeonato de futebol americano.

Para a realização destes eventos, há a necessidade de se buscar conhecimento, organização e regulamentação a fim de que o desporto possa acompanhar sua evolução profissional e atender às necessidades do mercado.

Percebe-se, por exemplo, que as relações trabalhistas dos jogadores de futebol, modificando-se bastante, a ponto de, em alguns casos, o atleta ser mais bem remunerado em direitos de imagem que em salários.

Ademais, há décadas existem os Tribunais de Justiça Desportiva que, com os clubes cada vez mais competitivos, têm assumido papel de extrema relevância no cotidiano do desporto, o que abre um atraente mercado para advogados especializados em Direito Desportivo.

Além disso, o Brasil organizará os dois eventos de maior visibilidade no mundo, quais sejam, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016.

Neste contexto, a presente coluna terá por objetivo sempre abordar temas atuais e polêmicos do Direito Desportivo, objetivando acompanhar as mudanças ocorridas nos paradigmas de organização e profissionalização dos eventos esportivos de modo ampliar os debates sobre o tema. Vamos nessa?

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Problemas conceituais do treinamento de força

Quem nunca observou, parou para pensar ou ouviu comentários de que determinado jogador só conseguiria continuar jogando futebol se ganhasse mais massa e força musculares?

Se esse raciocínio fosse correto, talvez levantadores de peso resolvessem o problema de muitos times no mundo, não?

Como não vemos nenhum levantador de peso jogando futebol (pelo menos eu nunca vi), talvez seja porque tal pensamento esteja mesmo errado.

Grande parte dos problemas encontrados no treino de força para o futebol envolve conceitos básicos. Por esse motivo, antes de falarmos da força aplicada ao futebol, primeiramente necessitamos recordar alguns conceitos elementares da Física.

Peço sua paciência neste momento se eu for cansar muito seus neurônios, mas se o assunto estiver muito estafante, por favor, pule os três próximos parágrafos. Acho que não haverá problema. Vamos lá!

A força é dividida basicamente em quatro tipos (gravitacional, eletromagnética e nucleares – forte ou fraca) e sua definição pode ser descrita da seguinte forma: é uma grandeza vetorial que caracteriza a ação de um corpo sobre outro e que tem como efeito a deformação ou a alteração da velocidade do corpo (movimento) sobre o qual ela está sendo aplicada”.

Além disso, a primeira lei de Newton diz: “todo corpo tende a manter seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme, a menos que forças externas provoquem variação na sua velocidade” e nos remete a pensar que para haver deformação, movimento, alteração de direção, velocidade ou sentido de um corpo, uma força precisa ser aplicada.

Em geral, a força mecânica pode ser expressa pela equação F= m . a. onde: F= Força; m = massa (kg); e a = aceleração (m/s2).

Então, quando pensamos em algum jogador produzindo força, o que seria mais vantajoso para ele: deslocar uma massa de 100kg a uma aceleração de 10m/s2 ou deslocar 10kg a uma aceleração de 100m/s2?

Se fizermos as contas, obviamente que o valor da força será igual em ambas as situações (1000 N). Porém, como normalmente as ações dos jogadores são produzidas em corpos que possuem massas relativamente baixas (próprio peso corporal ou a bola), talvez a segunda situação fosse mais vantajosa, já que a velocidade da bola, por exemplo, poderia ser muito maior.

Sendo assim, quando colocamos cargas altas nos treinamentos acreditando que estamos melhorando a força de nossos atletas, na verdade estamos colocando-os mais próximos da primeira situação (massa de 100kg a uma aceleração de 10m/s2) e na verdade, mesmo que eles aumentem a força, estariam piorando o desempenho, já que a aceleração estaria diminuída. Isso quer dizer que se o implemento fosse uma bola, ele a chutaria com menor velocidade; se fosse o chão, o “empurraria” com menor aceleração e diminuiria sua velocidade.

Devido às leis da Física, não há como treinar força sem pensar em aceleração e em velocidade, mesmo que a teoria do treinamento e a fisiologia separem essas grandezas físicas e as classifiquem como capacidades físicas.

Na prática, o desafio do treino de força para o jogador de futebol será sempre determinar a carga externa ótima a qual permita ao jogador aplicar o maior grau de força na maior velocidade possível.

Portanto, todo treino de força específico para o futebol, seja ele realizado de forma tradicional (com pesos, elásticos, pneus, etc.) ou mais contemporânea (com integração física-técnico-tática-emocional), deverá ter foco na potência e no desempenho, não mais na força de forma isolada.

Para finalizar, me despeço desejando “força” para aqueles que terão que aprimorar conceitos e quebrar paradigmas na tentativa de implementar novos modelos de treinamento e suprir as necessidades do futebol moderno que, por ironia, também é chamado de “futebol-força”.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

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Green Goal

Em publicação recente no site “Portal 2014”, há a apresentação de um breve manual descritivo daquilo que os construtores devem levar em conta para os projetos de estádios “Padrão Fifa”, enumerando alguns pontos de enfoque:

a)Estacionamento: com a segmentação de vagas entre torcedores, VIPs, imprensa, TV etc.

b)Áreas de Hospitalidade: para a recepção especial de convidados e patrocinadores.

c)Mídia: com sete diferentes instalações, adaptando-se aos distintos veículos de comunicação.

d)Conforto do Público: formato dos assentos, cobertura e normas de
visibilidade.

e)Orientação do Campo: que define o posicionamento ideal do gramado para que não haja prejuízo de imagem nas transmissões da TV ou que influencie negativamente o espetáculo.

f)Área de Jogo: destacando o tamanho do campo e a qualidade do gramado.

g)Vestiários e Acesso: pensando na comodidade, segurança e acessibilidade da equipe de arbitragem, jogadores e comissões técnicas.

h)Segurança: com a definição sobre os equipamentos de segurança necessários e a vigilância completa da instalação.

i)Green Goal: relacionado com a sustentabilidade.

O texto, que merece leitura atenta e detalhada, reflete a preocupação da entidade máxima do futebol em proteger seu produto e todas as nuances relacionados ao espetáculo do jogo, respeitando a necessidade de cada pessoa que o consome.

Destaco então o Green Goal, que é o item preocupado com a contribuição do futebol em termos de sustentabilidade, acompanhando sobretudo as latentes discussões mundiais sobre o tema.

Neste programa, a Fifa propôs quatro ações-base em que o futebol pode afetar negativamente no meio-ambiente, procurando a partir destas ações neutralizá-las e, enfim, contribuir para a redução das emissões de CO2 em seus eventos*:


 

*Fonte: http://www.portal2014.org.br/noticias/1110/MANUAL+DE+ESTADIOS+GREEN+GOAL+SUSTENTABILIDADE.html

São estes pequenos detalhes que por vezes passam despercebidos a “olho nu”. Mas são fundamentais não só para a contribuir com o meio-ambiente, mas sobretudo para alertar que cada indivíduo pode fazer sua parte, por menor que ela seja e, por fim, reforçar o posicionamento de marca e de mercado em favor do futebol.

Assim, ao contrário do que muitas entidades do futebol (e do esporte, em geral) fazem, que é fechar os olhos para os acontecimentos, as inovações e as discussões latentes ao seu redor, reagindo apenas tardiamente ou passivamente, a Fifa, pela proposição do Green Goal (serve apenas como simbologia neste texto) e de tantas outras ações inovadoras realizadas no passado, levanta a bandeira de uma organização dinâmica e, não à toa, a maior organização transnacional em número de filiados do mundo.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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O senso comum do futebol no Pan

Olá, pessoal!

Os Jogos Pan-Americanos se encerraram no último fim de semana. Para nós, do futebol, ficou o sentimento de orgulho choroso pela prata das meninas e a frustação indignada pela eliminação precoce no masculino.

Só que o nós a que me refiro não pode ser aplicado à porção de nosso ser que atua profissionalmente com o esporte, pois assim estaríamos entrando num senso comum.

O profissional do esporte deve, sem dúvida nenhuma, ponderar as situações. É lógico que, como torcedor, a frase de que qualquer time de várzea jamais seria eliminado, tal como foi a seleção masculina de futebol, faria sentido e ganharia eco. Ou ainda reflexões politicamente bonitas que surgem de quatro em quatro anos de que as meninas brasileiras foram brilhantes e precisam de apoio, que é um absurdo a falta de incentivo e que está na hora de um basta. A esses argumentos surgem ainda outros tantos que questionam a preparação, a falta de planejamento, etc.

Só que isso não pode ser incorporado por quem atua profissionalmente no meio: é preciso discernimento, bom senso e competência para analisar; sobretudo, não entender que o resultado em termos de placar é o único que justifica qualquer coisa.

Como sabemos, o Pan-Americano tem funções distintas para diferentes modalidades, enquanto para algumas garante classificações para competições mais significativas. Para outras são trampolim ou parte do processo de formação de seus atletas. Costumava brincar em conversa com amigos que as os atletas nível A do Brasil, competem com os nível B de Cuba, com os nível C do Canadá e os nível D dos EUA, numa alusão das forças e capacidade que as delegações levam.

Essa analise é importante, porque como profissionais precisamos levar em conta alguns critérios, que listo ainda que de forma superficial, apenas para elucidar a questão.

a competição é classificatória para outra mais significativa?

O período em que ocorre atrapalha a preparação para eventos mais importantes?

A faixa etária permitida é compatível com o calendário ou formação de uma equipe de representação de alto nível?

É interessante levar equipe principal ou utilizar para preparação de novos valores?

Enfim, poderíamos levantar outros aspectos, e quem trabalha no meio deve abrir a mente para diferentes possibilidades. Será que a utilização de jovens valores num evento internacional, colocando-os como protagonistas, mesmo que o resultado de campo não venha, não seria um aprendizado interessante? Se pararmos para pensar que a seleção que foi levada era sub-20, ainda que a categoria tenha sido campeã mundial, a modificação e utilização de outros atletas não pode ser encarada como uma preparação futura?

Não pretendo apontar resposta, tampouco assumir minhas ideias como verdade, mas é importante que não fiquemos no senso comum.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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A ação do treinador: dos gritos à descoberta guiada

“Para mim liderar não é mandar, para mim liderar é guiar”
José Mourinho

 

“Ser treinador de futebol não é nada fácil…”: essa frase muitas vezes remete à instabilidade do cargo, mas nesta coluna tal afirmação serve muito bem para ilustrar a complexidade da ação desse profissional dentro do processo de treino.

Em um processo de treino pautado na complexidade, a ação do treinador interfere diretamente na dinâmica de toda a atividade, modificando os objetivos e as ações dos jogadores dentro do treino.

No estudo de Rampinini e outros autores (Factors influencing physiological responses to small-sided soccer games), podemos observar como a intervenção do treinador modifica diretamente os parâmetros físicos das atividades.

Nesse estudo, os autores submetem os jogadores a jogos reduzidos com e sem a intervenção verbal dos treinadores. A frequência cardíaca, concentração de lactato sanguíneo e na percepção subjetiva de esforço foram mesurados e analisados em cada atividade.

Os dados mostram que quando há a intervenção ativa com estímulo verbal do treinador, há um incremento em todos os parâmetros observados; já quando não há a intervenção do treinador, esses dados sofrem uma queda significativa. Sendo assim, podemos concluir que a ação do treinador interfere diretamente no estímulo físico dentro dos jogos reduzidos.

Contudo, não basta incentivar verbalmente os jogadores para que eles corram mais, ou gritar se eles cometerem algum erro dentro da atividade: é preciso saber guiar todo o processo!

Guiar todo o processo significa orientar os jogadores para aquilo que se espera dentro do jogo. Na base, essa orientação vai além do jogo e se foca (pelo menos deveria) no desenvolvimento de jogadores inteligentes e como visão crítica sobre o jogo, e não simplesmente obedientes taticamente.

O treinador precisa traçar os objetivos e guiar os jogadores ao longo do caminho. Nesse âmbito, a dura ou a repreensão pode e deve ser utilizada em momentos pertinentes, pois formar muitas vezes requer esse tipo de intervenção (claro que com toda a ação pedagógica embutida).

Para José Mourinho, os jogadores precisam ser estimulados a discutir, questionar, experimentar. Tudo com a supervisão e orientação de toda a comissão, que não deve deixar que isso se torne em uma grande discussão, na qual qualquer raciocino é permitido.

A discussão precisa ter um norte, que evolui a cada treino e não deixa que os jogadores se acomodem em questões antigas. Nesse processo, denominado de “descoberta guiada” pelo treinador português, não há estagnação e as discussões evoluem a cada treino e a cada jogo.

Sabemos que cada atividade tem seu objetivo e nosso papel como professor em sua essência deve ser de levar os atletas a entender e avaliar a eficiência de suas ações jogo a jogo, treino a treino.

Em suma, precisamos guiar o processo e não trazer respostas prontas com conteúdo vazio de significado para os atletas.

Lembre-se que esse guiar passa pelos aspectos físicos, técnicos e mentais do jogo, e não apenas pela tática.

Até a próxima.

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br 


Referências
:

Rampinini E, Impellizzeri FM, Castagna C, Abt G, Chamari K, Sassi A, Marcora SM. Factors influencing physiological responses to small-sided soccer games. J Sports Sci. 2007;25(6):659-66.

Lourenço, L, Mourinho: a descoberta guiada. São Paulo: Almedina, 2010

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O treinamento em futebol e os níveis neurológicos

Aproxima-se o fim de inúmeras competições pelo Brasil. Tanto nos campeonatos das categorias de base como nas competições profissionais, as próximas semanas serão de jogos decisivos. E estes jogos, físicos-técnicos-táticos-emocionais ao mesmo tempo, para todos os jogadores, durante os minutos que correspondem a cada partida, pedem treinamentos que contemplem as mesmas características do jogo, certo? Pelo que temos visto, errado!

Declarações, observações, leituras, imagens e reportagens variadas ilustram um cenário que precisa ser alterado mais rapidamente.

Trações, circuito com saltos e acelerações, corridas com mudanças de direção, finalizações descontextualizadas, saltos com pneu, táticos-sombra ou quaisquer outros treinamentos que privilegiem fragmentos do jogo (e não fractais), podem significar perdas de minutos preciosos em momentos, conforme mencionados, tão decisivos. Para estes momentos, leia-se a luta contra o rebaixamento, o acesso, o título, as vagas em competições importantes e, inclusive, a manutenção do emprego.

O dinamismo do mundo atual permite o acesso à informação, ao que é novo ou tendência, num intervalo de tempo consideravelmente pequeno. No futebol, o novo é treinar conforme se quer jogar. Barcelona, José Mourinho, Júlio Garganta, Porto, Claude Bayer, Rodrigo Leitão, Universidade do Porto, Vítor Frade, Ajax, Alcides Scaglia, André Villas-Boas são exemplos de pessoas e instituições que têm privilegiado e divulgado o que é atual.

Porém, por que mesmo com tanta informação disponível, a transformação está aquém da ideal?
Cada indivíduo interpreta a realidade de forma distinta. Diferentes experiências, aprendizagens, vivências e reflexões formam a visão de mundo de cada ser humano, que pode ter maior ou menor capacidade de mudança.

Alguns estudiosos do comportamento humano afirmam que gerimos a mudança (e todos os nossos pensamentos) a partir de seis níveis neurológicos: ambiente, comportamento, competências, crenças/ valores, identidade e espiritualidade.

A interpretação da realidade considerada neste texto será a do treinamento em futebol que, de acordo com todo o material científico que se tem conhecimento, pode ser desenvolvido a partir de um viés tecnicista, integrado ou atual (sistêmico).

O ambiente significa o local em que cada indivíduo atua. Traduzindo para o treinamento em futebol, corresponde a cada clube, formado por um determinado grupo de pessoas.

O comportamento compreende as atitudes efetivas de cada pessoa em um determinado ambiente. Em relação ao treinamento, tais atitudes se referem à maneira que é operacionalizado o processo de desenvolvimento de uma equipe.

Já as competências significam o conjunto de habilidades que cada indivíduo possui e que refletem o modo como o mesmo aplica seus conhecimentos. Para o exemplo deste texto, traduz o que o indivíduo sabe e o quanto se capacita.

E, por último (afinal não será abordada a identidade e espiritualidade para não parecer demasiadamente utópico), o treinamento em futebol segundo as crenças e valores. Neste nível neurológico, a interpretação da realidade se dá de acordo com o que a pessoa acredita, com seus princípios e com suas verdades.

Posto isso, é possível afirmar que a transformação está aquém da ideal, porque pouquíssimos indivíduos que atuam com o futebol conseguem gerar mudanças efetivas no nível neurológico das crenças e valores.

Toda informação disponível tardará para ser, de fato, uma transformação do futebol brasileiro, enquanto as intervenções ocorrerem somente nos três primeiros níveis neurológicos.

Diversos ambientes não permitem uma troca harmoniosa de conhecimento entre os seus integrantes e enquanto treinadores acreditarem que vencerão seus jogos simplesmente porque estão há muito tempo na bola e conhecem o meio, a transformação será atrasada.

O comportamento predominante do treino em futebol não converge para todas as sessões diretamente relacionadas com a ideia de jogo do treinador e assim permanecerá enquanto os preparadores físicos crerem que são necessárias sessões exclusivas para o desenvolvimento de potência, capacidade aeróbia ou resistência específica.

Leituras sobre periodização tática, complexidade, teoria dos jogos, ensino dos JDC e princípios táticos do futebol não irão para a prática, ou irão menos do que poderiam, enquanto forem verdades absolutas para as comissões técnicas, as experiências adquiridas tanto de caráter empírico ou científico.

Mas, se cada indivíduo, não só para o treinamento em futebol, mas para a vida, decidir ampliar sua reflexão, discussão e busca de conhecimento (e autoconhecimento), as mudanças emergenciais serão mais rápidas.

Transformar crenças e valores não é fácil! Os mesmos estudiosos do comportamento humano afirmam que quanto mais alto o nível neurológico, mais difícil é a mudança. O certo é que não há mudança de crença sem tentativa, sem risco, sem acertos, sem erros, sem novas experiências e disponibilidade para novas oportunidades.

Caso haja mudança de crenças e valores em cada indivíduo, consequentemente serão re-significados os três níveis neurológicos inferiores.

Quando a interpretação da realidade para o treino de futebol estiver fundamentada numa perspectiva sistêmica, a sede pela aquisição constante de novas habilidades transferirá todo o conhecimento teórico já existente para a realidade prática.

Com novas competências, derivadas de crenças e valores transformados, novos comportamentos serão observados, pois os anteriores perderão o sentido.

Finalmente, novos comportamentos refletem em mudanças de ambiente, ou seja, do grupo de pessoas que formam cada um dos clubes do futebol brasileiro.

Existem diferentes maneiras de cada ser humano modificar suas crenças: pode ser procurando ajuda, se conhecendo, estudando, conversando, ou de qualquer outra forma que permita um exercício frequente de reflexão.

Para você que já crê no que é atual em relação ao treinamento em futebol, faça sua parte com as competências e comportamentos adequados nos ambientes em que você atua. Já para aqueles que não crêem, não esperem o ambiente e o comportamento dos outros mudarem para você fazer o mesmo, pois isto pode não resolver se suas crenças permanecerem imutáveis.

Enfim, para todos os casos, a mudança só depende de você! Em que nível neurológico você está em relação ao treinamento em futebol?

Às vezes, para falar de futebol é preciso falar de pessoas…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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A culpa é de quem?

Saudações a todos!

Essa pergunta sempre surge quando um clube de futebol não vai bem, quando um casal se separa, quando uma empresa não alcança os resultados planejados ou quando o filho não vai bem na escola.

A pergunta é necessária, pois as pessoas precisam encontrar um “culpado” e puni-lo. Parece que assim o problema está resolvido. E fazem isso da maneira mais fácil para elas: olham apenas um lado dos fatos, normalmente o que lhes convém, e determinam quem é o culpado e a punição a ser aplicada.

No futebol, em 99% das vezes, o culpado é o treinador; então, é só demiti-lo e tudo volta às mil maravilhas.

No casamento, o culpado para a esposa e seus familiares e amigos é o marido, e para o marido e seus familiares e amigos, a culpada é a esposa.

Nas empresas, não pensem que é diferente: sempre acham um ou uns culpados para os insucessos e mandam embora, e novamente fica tudo certo.

Quando um filho vai mal na escola a culpa é… claro, da professora, do ambiente, das más companhias, etc., então é só trocar de escola, ou pedir a demissão da professora ou mudar de sala e está tudo resolvido.

Se vocês fizerem uma rápida reflexão e pegarem fatos do seu cotidiano, e se questionarem, verão que em nenhuma das situações apenas encontrar o culpado foi a melhor forma de resolver um problema.

Por exemplo, no fim de um casamento, se é que existe culpa, não existe um culpado, com certeza houve um desgaste, um descontentamento mútuo. E como é uma relação bilateral, as duas partes poderiam ter feito algo para o bem da união. Se você já passou por isso e se casou de novo, tenho certeza de que aproveitou as lições, fez uma reflexão de suas ações e está mais equilibrado. Se não passou, aproveite as experiências dos mais próximos e seja mais feliz agora mesmo.

Nas empresas, se a meta não foi atingida, com certeza houve uma conjunção de acontecimentos – planejamento inadequado, falta de gestão, falta de acompanhamento, mudanças de cenários, etc., que culminaram com os resultados abaixo do esperado. Portanto, culpar e demitir Paulo, Carlos ou Carolina de longe não irá solucionar nada. Mais do que isso, o fundamental é que a gestão da empresa se reúna, veja onde foram as falhas, quais as correções necessárias e em seguida se apliquem as medidas cabíveis.

Se um filho não vai bem na escola, antes de culpar a professora, o ambiente, as más companhias ou o método de ensino, os pais precisam verificar se o filho de fato é dedicado, se estuda no dia a dia, se presta atenção nas aulas, se estuda mais focado na época de provas, etc.. Tenho certeza de que se esta reflexão for feita, e os pontos fora de conformidade forem corrigidos, a troca de escola acontecerá somente em casos extremos.

No futebol, apesar do o treinador ser taxado como o maior culpado e consequentemente ser demitido, na maioria dos casos o problema não se resolve aí. Com certeza porque o “culpado” não é o treinador, ou não é somente o treinador.

Vejam o exemplo do São Paulo, que em menos de três anos demitiu:

Muricy Ramalho – que, em seguida, foi Campeão Brasileiro com o Fluminense e da Copa Libertadores da América com o Santos;

Ricardo Gomes – que foi campeão da Copa do Brasil pelo Vasco;

Paulo César Carpegiani – que fazia um ótimo trabalho pelo
Atlético-PR;

Além de Adilson Batista e de ter rebaixado Sergio Baresi para as categorias de base novamente.

Vocês realmente acreditam que os culpados pelo mau desempenho do São Paulo eram os treinadores? A direção do clube, pelos fatos recentes, acredita que sim e jura que esta fazendo “tudo certo”.

Já dizia sabiamente o “filósofo” Bruce Willis em um de seus filmes: “quem não faz parte da solução… faz parte do problema!”. Vale a reflexão para a diretoria do São Paulo.

É certo de que eu não conheço os bastidores do clube, mas tenho certeza de que se o presidente e seus asseclas fizerem uma reflexão mais cuidadosa e detalhada, identificarão outros pontos impactantes nos resultados pouco expressivos do clube e saberão, se é que já não sabem, que apenas trocar de treinadores “aliviará a pressão”, mas não levará o clube a ter títulos.

O técnico Emerson Leão chegou para buscar o glamour perdido do clube e dos admiradores do futebol. Torcemos para que a direção entenda que ela faz parte do problema e que não “mate” mais um técnico.

Esses casos são apenas exemplos do que acontece no nosso cotidiano. Existem vários outros. O importante é que quando estiverem envolvidos em situações semelhantes, ao invés de achar “um culpado”, reflitam e vejam como podem contribuir para encontrar soluções e, claro, serem parte da solução.

É isso, pessoal! Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos na próxima semana.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br  

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Treinamento de força aplicado ao futebol

No futebol moderno, além da resistência cardiorrespiratória já valorizada desde a década de 60/70, a força e a velocidade ganham cada vez mais importância.

Um estudo recente realizado com a primeira divisão do futebol italiano demonstrou que embora a maioria do jogo seja realizada em baixa intensidade, os momentos decisivos são realizados em períodos muito curtos (5s), mas com intensidades muito altas (acima de 17km.h-1) (Castelano et. al. 2011).

Antes de pensarmos em um programa de treinamento ideal para desenvolvimento de força e/ou velocidade, é necessário saber quais estruturas e propriedades musculares permitirão esse desenvolvimento.

Em primeiro lugar devemos considerar a arquitetura do músculo esquelético em questão. Um músculo produzirá mais força quanto maior for sua secção transversa e quanto maior for a quantidade de sarcômeros em paralelo nessa área. A distribuição penada das fibras musculares será capaz de produzir mais força do que a distribuição longitudinal por acumular mais sarcômeros numa mesma região do que os músculos que possuem distribuição longitudinal das fibras. Por outro lado, o músculo com distribuição longitudinal será capaz de produzir mais velocidade, já que a transmissão da força nos sarcômeros distribuidos em pararelo será mais rápida e mais eficiente do que a distribuição penada.

Outro aspecto importante é a natureza das unidades motoras que inervam as fibras musculares. Unidades motoras do tipo F possuem ativação elétrica mais potente e mais rápida do que as unidades motoras tipo S que pelo fato de possuírem potencial de disparo mais fraco e mais lento, geram menor grau de tensão e menos velocidade.

O tipo de fibra também é uma variável importante na determinação de força e velocidade. Fibras tipo IIx, (também denominadas de IIb, rápidas ou brancas), são mais rápidas do que as fibras tipo l (também denominadas de lentas ou vermelhas), pelo fato de o retículo sarcoplasmático, o metabolismo de Ca2+ e as enzimas responsáveis pela produção de energia serem mais eficientes.

A questão hormonal também parece ser importante para maior produção de força, pois quanto mais hipertrofiado for um músculo, maior será sua capacidade de geração de força, já que o conteúdo de sarcômeros em paralelo estará aumentado. Embora isso não seja consenso na literatura, hormônios anabólicos como hormônio do crescimento (GH) e testosterona parecem contribuir sobremaneira para o processo hipertrófico, enquanto hormônios catabólicos, como cortisol, por exemplo, parecem interferir negativamente nesse processo.

A maturação sexual também é um fator crucial na maquinaria de produção de força e velocidade. As atividades de unidades motoras tipo F (rápidas) e das enzimas que participam do fornecimento mais rápido de energia dependem de fatores maturacionais. Isso explica porque atletas mais maduros apresentam maiores níveis de força e velocidade do que atletas ainda não maduros.

Como o músculo é composto basicamente por proteínas, o aspecto nutricional também é determinante para o aumento da força. Embora não exista consenso na literatura sobre o horário ideal de ingestão dessas proteínas (pré, durante ou pós treino), um balanço nitrogenado negativo (ingesta deficitária de proteína) acarretará numa hipertrofia aquém do esperado, enquanto um balanço nitrogenado positivo (ingesta ideal de proteína) acarretará num grau de hipertrofia ótimo. A literatura aponta a necessidade de ingestão protéica na ordem de 0,8 a 1,2g de proteína para cada kg de peso corporal, podendo esses valores alterarem com a idade e com o tipo de treino que se realiza.

A força e a velocidade também são dependentes do tipo da ação muscular realizada. Nesse sentido, ações concêntricas tendem a produzir menos força e menos velocidade do que as ações excêntricas, pelo fato de as primeiras iniciarem o movimento com as unidades motoras tipo S e depois ativarem as unidades motoras tipo F (princípio do tamanho, do recrutamento ordenado, da somação espacial e da somação temporal). Já as ações excêntricas têm capacidade de ativar as unidades motoras tipo F primeiro e por não respeitarem o princípio do tamanho, produzem força mais rapidamente.

A rigidez muscular (stifness) é mais um fator determinante de força e velocidade, pois além do componente contrátil, as fibras musculares também possuem componentes elásticos (tendões, epimísio, perimísio, endomísio e titina) que auxiliam na restituição mais rápida de energia elástica, fazendo com que o músculo consiga ter uma contração “passiva”, especialmente nas ações excêntricas. Desse modo, quanto mais rápida for a restituição de energia, melhor será a produção de velocidade.

Melhora do “retardo eletromecânico” também é um efeito do treinamento de força e velocidade, pois quanto mais rápida for a transferência do estímulo neural para o músculo, mas rápido este produzirá força e maior será sua velocidade.

Por fim devemos lembrar que o maior determinante da produção de força e da velocidade será a carga externa aplicada contra o aparelho locomotor. Cargas altíssimas ou muito próximas da máxima tendem a aumentar a produção de força, porém diminuem a velocidade. Ao contrário, cargas muito leves tendem a proporcionar maior velocidade, mas diminuem sobremaneira a produção de força. Nesse aspecto, para cada grupo muscular que se deseja melhorar força e velocidade, é importante encontrar uma carga ideal que permita maior produção de força com a máxima velocidade possível.

No futebol, pelo fato de a maioria das ações do jogo serem realizadas contra o próprio peso corporal, cargas entre 30 e 60% da força máxima parecem permitir o desenvolvimento de força na máxima velocidade possível e contribuem positivamente tanto para força quanto para velocidade.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Para saber mais

American Dietetic Association; Dietitians of Canada; American College of Sports Medicine, Rodriguez NR, Di Marco NM, Langley S. American College of Sports Medicine position stand. Nutrition and athletic performance. Med Sci Sports Exerc. 2009 Mar;41(3):709-31.

Castellano J, Blanco-Villaseñor A, Alvarez D. Contextual variables and time-motion analysis in soccer. Int J Sports Med. 2011 Jun;32(6):415-21.

Crewther B, Keogh J, Cronin J, Cook C. Possible stimuli for strength and power adaptation: acute hormonal responses. Sports Med. 2006;36(3):215-38.

Faigenbaum AD, Kraemer WJ, Blimkie CJ, Jeffreys I, Micheli LJ, Nitka M, Rowland TW. Youth resistance training: updated position statement paper from the national strength and conditioning association. J Strength Cond Res. 2009 Aug;23(5 Suppl):S60-79.

Guilhem G, Cornu C, Guével A. Muscle architecture and EMG activity changes during isotonic and isokinetic eccentric exercises. Eur J Appl Physiol. 2011 Nov;111(11):2723-33.

Selvanayagam VS, Riek S, Carroll TJ. Early neural responses to strength training. J Appl Physiol. 2011 Aug;111(2):367-75.

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Na dúvida, pergunte ao roupeiro

Estava querendo evitar tocar mais uma vez neste assunto, que é a da demissão e contratação de treinadores sem critérios nos clubes do futebol brasileiro. Contudo, um fato ocorrido nesta semana causou consternação de boa parte da opinião pública, que foi a recontratação de Emerson Leão, seis ou sete anos depois, pelo São Paulo.

Embora os resultados de Leão tenham sido razoavelmente bons dentro de campo, somando um título estadual e uma classificação para a Libertadores no ano anterior, é de conhecimento geral que o mesmo deixou o clube de maneira tumultuada em apenas seis ou sete meses de trabalho, causando mal estar entre jogadores e dirigentes.

O impressionante disso tudo é a insistência no erro e a baixa adesão dos clubes a ciclos de aprendizagem, fruto do amadorismo, que imaginávamos, já não pertencia mais ao clube do Morumbi. A lógica passa por avaliar constantemente o que ocorreu no passado dentro da própria instituição, analisar o comportamento das pessoas (que se pretende contratar) em outras empresas e a evolução e a busca de novos conhecimentos deste.

Já que profissionalizar e manter um registro ativo e contínuo do perfil dos recursos humanos em um banco de dados é tão difícil, que façamos aquilo que o nosso título de hoje sugere: “na dúvida, pergunte ao roupeiro”.

Apesar do seu conhecimento puramente empírico, o roupeiro é um profissional que, em linhas gerais, costuma ficar bastante tempo dentro dos clubes e, por conta disto, deve registrar e acompanhar tudo que acontece, do vestiário ao campo de treinamento, podendo fazer um relato completo do comportamento de cada cidadão que lá esteve.

Óbvio que esta é uma solução esdrúxula. Mesmo assim, me parece mais factível do que a repetição insana e sistemática de erros praticada pelos nossos dirigentes, em que prevalece o método pautado na tentativa-erro.

Por fim, é bom que se diga: resultados esportivos pontuais não refletem organização, planejamento e gestão – ocorrem, em grande parte das vezes, pela incapacidade dos adversários em detrimento da competência momentânea do grupo de jogadores. Mas quando os resultados surgem de maneira duradoura e linear, tenham certeza de que tais premissas tendem a ser verdadeira.

Portanto, pelo referido método tentativa-erro, estamos diante de uma loteria e, como em qualquer jogo de azar, a sorte pode vir por um turbilhão de moedas ao mexer a manivela da máquina caça níquel (ou pela perda total de suas apostas).

Sabidamente, o futebol não é um jogo de azar.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Carta aberta à sociedade: de que adianta tecnologia se não existe moral?

Para que serve a tecnologia se nós, homens, somos medíocres? De que adianta a cura se nós, homens, germinamos os males?

Peço licença aos amigos leitores de toda a semana para, nesta terça, fazer um protesto e uma homenagem.

Escrevi diversos textos falando da tecnologia aplicada ao esporte, dos seus benefícios, dos cuidados e resistências, enfim, vários temas tendo como pano de fundo a tecnologia.

Em comum, a fala constante de que a tecnologia não é nada se o homem não a fizer funcionar, pois é ele quem a cria e é ele quem desfruta de todos os recursos desenvolvidos.

Quando preparava a coluna desta semana recebi a noticia do falecimento de um amigo, amigo que conheci pelo universo acadêmico. Foi meu aluno, orientando, companheiro do futebol semanal e, sobretudo, amigo. Em conversas mais recentes, planejávamos colocá-lo como colaborador neste espaço, tanto pelas ideias brilhantes, como pelo gosto e afinidade em relação a estudos acerca do tema “tecnologia”, seja na educação, seja no esporte.

Na noite de domingo, depois de mais um dia com amigos, voltava para casa em sua bicicleta, e foi atingido por um carro na contramão e supostamente com o motorista alcoolizado.

Você, amigo, pode pensar de novo, mais um caso, já que, infelizmente, tantos têm aparecido na mídia. Assim eu fiquei com as notícias similares de uma semana, de um mês, ou de um ano atrás, quando mencionam a morte de um ciclista por um motorista desqualificado. Porém, quantos mais precisarão sofrer com a perda de uma pessoa próxima para que levantemos protesto?

Eu esperei perder um conhecido para fazer o meu e me arrependo. Se com as noticias anteriores já tivesse começado a questionar, será que não conseguiríamos mobilizar pessoas com intuito de despertar atenção para o tema? Não sei, mas fica a dica: não espere acontecer com você.

A tecnologia constrói carros super poderosos, bicicletas modernas, capacetes super especiais, velocímetros, análise de performance, câmeras de controle de trânsito, radares com fotos dos carros infratores, banco de dados integrado pelo Brasil afora, enfim, a tecnologia está presente no trânsito brasileiro.

Mas a tecnologia depende dos homens, e aí que mora o problema: num país onde se consegue noticiar um acidente com 300 carros engavetados, 300 carros, alguém parou para pensar como isso acontece, senão pela imprudência e falta de responsabilidade? Onde ciclista é xingado nas ruas (que “bom” se ficasse apenas nisso), enfim, de nada adianta. Radar? Suspensão da carteira de motorista? Bafômetro? Podem até desenvolver um exame instantâneo de sangue. Adianta?

Talvez quando a tecnologia ganhar uma inteligência mais do que artificial, ela possa ensinar ética, moral, prudência e justiça aos homens. Porque enquanto nós humanos desenvolvermos os recursos tecnológicos, estes estarão aí, dependendo de algumas boas pessoas para fazer seu bom uso, porém, ainda em meio a tantas outras mediocridades das quais nossa espécie é capaz.

In memorian de Gualberto Rodrigues de Aráujo (07/03/89 – 23/10/11)

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br