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O que ensinar/treinar da base ao profissional?

Até pouco tempo atrás, responder à pergunta que dá título à coluna era relativamente fácil (será?). As respostas em sua maioria se baseavam nas teorias cartesianas que dividiam o jogo em partes, nas quais se precisava ensinar/treinar os fundamentos, ensinar/treinar as capacidades físicas determinadas pelas fases sensíveis, ensinar/treinar os esquemas táticos X, Y e Z, dar o apoio psicológico necessário ao atleta e assim por diante. Neste pensamento, as partes se uniriam no final e o atleta completo era formado.

Não podemos negar que por muito tempo foi assim que o processo caminhou e formou muitos craques no nosso futebol (certo ou errado?).

Sabemos também que nossa cultura futebolística, das bolas de meia, dos “golzinhos” no intervalo da escola, das brincadeiras de rua, das peladas no campinho de terra, das altinhas na praia, são tão responsáveis quanto nossas categorias de base pela formação de nossos craques.

Claro que de alguns anos para cá essa cultura futebolística auto organizada e auto ditada, perdeu muito espaço e o papel das categorias de base aumentou bastante, isso é fato.

Aí surge a dúvida:

O que fazer? O que treinar? Que conteúdos são importantes ao longo do processo?

Temos um conteúdo muito interessante na própria Universidade do Futebol que pode nos dar base à discussão.

Pensei, repensei e não queria aqui trazer conteúdos que podem ser trabalhando nessa ou naquela categoria ou faixa etária, mas sim fazer algumas reflexões sobre o tema.

Essas reflexões estão sendo feitas em muitas equipes que observam a necessidade de elaborar um processo próprio que respeite a cultura do clube, onde o atleta vem sendo preparado ao longo dos anos para atuar na equipe principal.

Esse fato pode ser observado no Barcelona.

Não devemos copiar o que eles fazem, mas tê-los como exemplo e elaborar nossa própria forma de desenvolvimento dos atletas respeitando nossa forma de jogar e nossa cultura de jogo.

Como fazer isso?

Como formar atletas com a cara do nosso futebol sem deixar de lado a nova realidade do futebol mundial?

Perguntas difíceis.

Vamos tentar olhar para cada uma das categorias e responder “sub-perguntas” a fim de poder ter subsídio para responder à grande questão da formação de atletas apresentada acima.

Se preparem, pois são muitas perguntas. Não se preocupem em responder todas, mas sim em fazer uma reflexão sobre o que pode ser feito em cada uma das categorias.

Comecemos pelo sub-11 (categoria inicial no processo de formação de muitos clubes). Nessa categoria, o que os atletas mais gostam de fazer? Dentro das competências gerais do jogo (relação com a bola, comunicação na ação e estruturação do espaço), o que pode ser mais estimulado? Devo coibir a resolução de problemas individuais dos atletas, punindo o drible e a brincadeira perante o jogo?

Uso atividades técnicas? Ou jogos técnicos? Ou brincadeiras técnicas?

No sub-13, que competências gerais posso trabalhar? Eles já entendem a relação com os companheiros e adversários? Onde a “brincadeira” se encaixa? Eles entendem os momentos do jogo? Eles sabem que comportamento adotar em cada um deles? Como deve ser desenvolvida a relação individual versus coletivo? O esquema tático pode ser desenvolvido nesse momento? Os jogadores terão suas posições definidas nesse momento? Utilizo jogos técnicos, conceituais e específicos?

No sub-15, começo a desenvolver o Modelo de Jogo? Eles entendem as inter-relações e interdependências que se estabelecem entre seus companheiros de equipe? Que princípios operacionais e estruturais devo desenvolver? Que esquemas táticos? Devo estimular os atletas a vivenciar diferentes posições? Devo utilizar mais atividades conceituais ou específicas? Como as competições devem ser vistas?

No sub-17, os atletas são profissionais já? Aqui o processo muda? Nesse momento se inicia o momento de alto desempenho dos atletas? Como os resultados mudam o comportamento dos atletas? Que conteúdos devo desenvolver? Como o modelo deve ser trabalhado? Como os conteúdos anteriores podem ser aproveitados? Que princípios devo desenvolver? Aqui devo fazer trabalhos complementares? E os trabalhos de força e velocidade? E o assédio de empresários? E a mídia? Esses atletas estão preparados para “completar” um treino da equipe profissional?

No sub-20, devo seguir a forma de jogar da equipe principal? O processo de formação acaba nessa categoria? Como o Modelo de Jogo deve ser pensado: para ganhar ou ainda dentro do processo de formação? E os trabalhos de força e velocidade? Os atletas estão preparados para jogar pela equipe principal? Eles estão preparados para a pressão? Como formei meu atleta até agora?

São muitas as perguntas…

Vocês têm as respostas?

Só não deixe o prazer de jogar desaparecer desses garotos.

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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Você conhece as partes do futebol?

Caros leitores,

Quando defino o cronograma das minhas publicações, confesso que sinto dificuldade em distribuir os temas de modo que o conteúdo seja atrativo tanto para os leitores que estão mais adaptados à compreensão do futebol sob uma ótica complexa, como para aqueles em que a visão é fragmentada ou então somente integrada.

Sendo assim, peço que os leitores mais avançados contribuam com suas opiniões em colunas que julgarem simplificadas para que numa troca de e-mail possamos alavancar a discussão, e que os leitores menos habituados em relação aos temas me enviem feedbacks sobre a compreensão (ou não) do assunto.

Sugiro, também, que estes leitores dediquem (e ganhem) parte do seu tempo com os inúmeros materiais disponíveis na Universidade do Futebol, em formato de cursos, colunas, entrevistas e aulas gratuitas, para seu aperfeiçoamento profissional.


 

“Como Ensinar Futebol”: faça agora mesmo o curso online da Universidade do Futebol; a primeira aula é gratuita

 

Sobre os feedbacks que tenho recebido dos leitores, muitos têm mencionado a importância de exemplificar os temas explorados e, se possível, simplificar a sua explicação. Concordo com estas opiniões, pois, mais do que elitizar o conhecimento e deixá-lo acessível somente a um pequeno público precisamos, para o bem do futebol, disponibilizar facilitadamente todas as informações que tivermos para, quem sabe, observarmos as urgentes transformações práticas necessárias. Portanto, instigá-los com os conhecimentos que adquiro é, ao menos, um dos meus objetivos.

Um tema que, indispensavelmente, necessita compreensão para pensar o futebol complexamente é o conceito de fractal. Seu entendimento faz com que a concepção do treino, que reflete diretamente no jogo, somente faça sentido se for operacionalizada sistemicamente.

Explicar (e exemplificar) este conceito será o tema desta coluna.

Tradicionalmente, o treino de futebol é divido em quatro partes que treinadas isoladamente melhoram o todo, ou seja, o jogar da equipe.

Sabidamente, para treinar o físico, existem os treinos de força, velocidade e resistência. Para aprimorar o técnico, são realizadas a exaustão os lançamentos, passes, chutes e cabeceios em treinos de finalização, aquecimentos com fundamentos ou quaisquer outras atividades exclusivamente técnicas. Para treinar o tático, comumente, retiram-se os adversários (em alguns casos já vi até tirarem a bola) para combinar os movimentos e as jogadas a serem realizadas no jogo. Já o treino psicológico é de responsabilidade da psicóloga.

Na visão integrada, algumas partes são treinadas conjuntamente, estabelecendo-se, então, treinos físico-técnicos, técnico-táticos, ou até, físico-tático-técnicos, porém, sem uma interação global.

E a falta da interação global (sistêmica) é o grande problema de todos estes treinos! Por terem origem fragmentada ou, no máximo, integrada, suas execuções não são fractais do jogar da equipe.

Por definição, um fractal é um objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Traduzindo para o futebol, um treino fractal é aquele que é parte do objeto original, ou seja, do jogo de futebol, mais especificamente, do jogo de sua equipe.

É esta ideia que permite a afirmação de Rodrigo Leitão de que o jogo de futebol é técnico-tático-físico-mental ao mesmo tempo, o tempo todo, para todos os jogadores.

Posto isso, quando optamos por separar o treino de futebol em partes (procedimento inevitável, caso contrário faríamos somente coletivos), este treino (ou esta parte) deve conter todos os elementos que constituem o jogo.

Dessa forma, as partes treináveis do futebol deixam de ser as partes física, técnica, tática ou psicológica isoladamente e passam a ser as partes fractais (que contém o físico-tático-técnico-psicológico), que representam o todo, sejam elas individuais, grupais, setoriais, intersetoriais ou coletivas.

Se o conceito sobre os fractais realmente for aprendido, os treinos analíticos (de qualquer uma das vertentes) nunca mais farão sentido. Sob esta mesma ótica, aproveito para questionar alguns exercícios da Periodização Tática que, apesar do conteúdo teórico ter como pré-requisito a organização fractal, por não serem jogo (apesar de ter relação com o Modelo de Jogo), classifico-os como fragmentos e não fractais do todo.

Concluindo: ter que decidir para resolver problemas circunstanciais é a tônica do jogo de futebol. Nos treinamentos, quanto mais os atletas estiverem expostos aos problemas que poderão surgir nos jogos e mais assertiva for a intervenção do treinador para auxiliar os jogadores a solucioná-los, maiores serão as possibilidades de sucesso na competição. Está em suas mãos: decida pelas partes desconectadas do todo ou por aquelas que representam o jogo. Espero que um dia deixem de fragmentar nosso futebol!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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A violência nos estádios de futebol

Nas últimas semanas, estive envolvido na conclusão da minha dissertação de mestrado que trata das causas e soluções para a violência nos estádios de futebol da América do Sul.

O trabalho desenvolveu a memória de algumas correntes existentes sobre a violência no futebol, a intenção de obter uma interpretação a partir das mais diversas teorias, como as de Eric Dunning, Norbert Elías, Heloisa Helena Bady dos Reis e outros para tentar esclarecer esse fenômeno esse fenômeno tão complexo que é a violência nos espetáculos esportivos, focando-se nos países da América do Sul filiados à Conmebol.

Os países sulamericanos filiados à entidade foram divididos em três grupos. O primeiro denominado América Andina é composto por Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. O segundo, a América Platina, é composta por Argentina, Paraguai e Uruguai.

Finalmente, por suas peculiaridades e importância futebolística, política e econômica, o Brasil é apresentado separadamente. Cada país é descrito geopolítica e futebolisticamente analisando-se a legislação antiviolência.

No capítulo seguinte, faz-se um histórico dos principais casos de violência na América do Sul para, no tópico seguinte, apontar as suas causas.

Dentre as causas da violência, busca-se a doutrina internacional para enumerar as que melhor se aplicam à América do Sul, com destaque para a falta de respeito para com os direitos dos torcedores, a precariedade da infraestrutura dos estádios de futebol, a situação sócio-econômica da população do país, a impunidade e a falta de atuação governamental.

Após, apontam-se medidas adotadas na legislação alienígena, especialmente na Inglaterra, Portugal, Espanha, Estados Unidos, dentre outros.

Por fim, na conclusão, apontam-se as causas investigadas com as respectivas soluções legislativas e/ou governamentais. Ante todo o estudado, pesquisado e avaliado, constata-se que é possível combater a violência nos estádios de futebol com medidas eficientes. Desenvolveremos algumas conclusões em colunas futuras.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Cidade-sede: Manaus

Um dos estádios que mais preocupam a população brasileira quanto ao seu uso no pós-Copa é um dos que mais tem qualidade arquitetônica e grande preocupação ambiental.

Visando ao selo LEED (Leadership in Energy and Environment Design), o estádio busca muitas formas de redução do uso de energia elétrica e transporte de materiais a locais próximos para conseguir pontos para receber a certificação.

Algumas das atitudes sustentáveis são as formas pré-moldadas metálicas para a elaboração da arquibancada, evitando o uso e desperdício de madeira, a reutilização de entulhos da implosão em aterros de regiões próximas e em parte triturada e usada no concreto do novo estádio.

Além disso, na parte superior da fachada, próximo ao topo da arquibancada superior, haverá uma série de “brises” (aletas direcionadas) fixos que minimizam o uso de ar condicionado e facilitam a ventilação através do fluxo do ar, diminuindo a sensação do clima úmido e quente de Manaus.

Os pisos no entorno serão drenantes, evitando poças e direcionamento direto à rede pública. Sob esse piso drenante, terá uma camada impermeabilizada que recolherá a água de chuva para um reservatório de reuso.

Sua plasticidade é digna de cartão postal e tem ainda a simbologia cultural da cesta de palha indígena produzida na região e também à fauna (cobras e lagartos e suas escamas). Sem dúvida será ponto de visitação para os turistas nacionais ou internacionais com um potencial de visita guiada bastante interessante.

Seu paisagismo é de responsabilidade do talentoso Marcelo Faisal e deve contar com espécies típicas da região como vitórias-régias.

O piso, na esplanada de acesso ao estádio, segue as linhas da cobertura, criando um desenho integrado e com um direcionamento de público de forma radial.

 

Sua cobertura em PTFE, material excelente, proporcionará diferentes graus de translucidez na cobertura, permitindo igual insolação ao longo do gramado, mantendo sua qualidade.

O estádio possui dois anéis de arquibancada, com acesso em nível no topo do anel inferior, onde devem ficar os assentos para pessoas com dificuldades de locomoção – limitando a um dos lados do estádio, pois, no outro, o acesso à esplanada é dado por escadas.

Sua programação é um pouco preocupante. Ao lado do estádio já há um centro para shows, o que faz com que ambos compitam por eventos de portes diferentes. Pode ser bom para o país em geral, que recebe poucos shows internacionais por motivos de falta de espaços adequados, geralmente se resumindo a Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Desta forma, o Norte ganha um espaço a mais para atrair eventos de grande porte.

Além disso, falta um pouco de pró atividade – de todas as cidades, não só Manaus – em buscar eventos específicos que sejam necessários e desenvolvedores da região e em termos nacionais, do potencial turístico e científico. Poderiam ser criados eventos de sustentabilidade, de turismo ecológico, exposições temporárias e fixas sobre o assunto e eventos de negócios trazidos de fora e que possam revezar com o Brasil sua sede (como acontece com o “Rock in Rio”) ou criado para ter sede fixa no país.

O importante é criar um calendário fixo para uso durante todos os meses, todos os anos e também variável, complementando a renda e mantendo o uso e interesse constantes.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
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Retenção de profissionais

Saudações a todos!

Com a nossa economia aquecida e devendo continuar neste ritmo acelerado pelos próximos anos, falar sobre retenção de profissionais virou assunto obrigatório em todas as rodas de conversas: seja qual for o tema principal, invariavelmente, em algum momento da conversa, fala-se sobre a dificuldade em contratar, manter e reter funcionários nas empresas.

Você já passou por isso? Sabe como reter seus profissionais?

Se é empregado, imagina o que a sua empresa precisa fazer para reter você?

Além do cenário de aquecimento que remete a este tema, resolvi escrever sobre ele nesta coluna por três motivos:

1) A quantidade de e-mails que recebo com esse tipo de assunto cresceu muito este ano.

2) Apesar de existirem dúvidas muito variadas, todos mencionam não saber como lidar com retenção de funcionários. É explicável, pois no Brasil nunca foi preciso fazer isso, é um assunto novo para todos.

3) Esse assunto afeta todo o mercado: está presente nas empresas gigantes, nas grandes, médias, pequenas e micro empresas e até nos lares de cada um de nós, onde se tem que fazer exercícios diários para reter os profissionais na área doméstica.

Portanto, a notícia ruim e já conhecida pela maioria das pessoas, seja por ouvir o assunto ou por estar inserido nele é que, de fato, o problema existe, está em todos os níveis e em todos os segmentos do mercado, e se você ainda não passou por ele como empresário ou funcionário, tenha certeza de que em algum momento passará, pois o chamado “apagão de mão de obra” que influencia diretamente na retenção de pessoas está apenas começando. Isso mesmo, apenas começando!

Não cabe aqui aprofundar neste tema sobre o “apagão”, pois alertei acerca do fenômeno em 2008.

A notícia boa – sempre tem um lado bom em tudo, acredite – é que existem alternativas para minimizar a questão e mesmo que você não seja uma empresa gigante, encontrará formas de reter seus talentos e terá oportunidade de rever seu cotidiano e se reinventar.

No entanto, antes de falar em soluções, é necessário entender o que está acontecendo, e uma maneira simples é nos relembrar do passado. Antigamente, as profissões eram passadas dos pais para os filhos; por exemplo, a costureira da família era chamada assim pois cuidava das vestimentas de toda a família, sabia o manequim de cada um, as cores preferidas, etc., e, além disso, as costureiras passavam os conhecimentos da profissão para suas filhas que continuavam na profissão e atendendo os familiares. Hoje uma família ficaria literalmente nua se dependesse de uma costureira de família!

E como era buscar um emprego no passado? Há uma década, quando se anunciava uma vaga de emprego, formavam-se filas de candidatos interessados. O empregador escolhia a dedo quem desejava contratar, exigia várias qualificações e ditava o salário e os benefícios que daria em troca. Restava aos candidatos concordarem com o que era proposto. E os que já estavam nas empresas rezavam para não existir uma crise, um corte e correrem o risco de ser demitidos.

A conclusão óbvia é que não era necessário nenhum tipo de ação para reter pessoas, a retenção era natural, uma necessidade do funcionário para sobreviver!

E hoje? A realidade é oposta, com o aquecimento da economia e a grande geração de empregos. Quando uma empresa anuncia uma vaga, existem várias empresas anunciando vagas com perfil muito parecidos. Por isso, os candidatos é que escolhem em que empresas trabalharão nos dias de hoje.

Com isso, a dança das cadeiras teve início, as gigantes “roubaram” bons funcionários das menores, o varejo que exige trabalho de fim de semana vem sofrendo muito, a indústria absorveu grande parte dos trabalhadores domésticos, etc.

E com o cenário atual de Copa do Mundo em 2014, das Olimpíadas em 2016 e o Pré Sal, a “briga” ficará ainda mais voraz, pois a mão de obra que está escassa sumirá em poucos anos; o pleno emprego que já é realidade em várias cidades do Brasil estará presente na maioria delas.

Mas, então, existe solução para este caos? Sim, sempre existe!

Mas não existe uma solução tipo “cura única”: há remédios diferentes para cada tipo de dor.

Sabemos que existem dificuldades, temos que identificar as “dores” e buscar possíveis remédios para curá-las.

Tenho algumas sugestões, mas antes é importante saber que os candidatos tem metas distintas, a saber:

1) Alguns procuram vagas que oferecem melhores salários, que tenham mais benefícios, melhores planos de carreira e ascensão rápida.

2) Outros querem aprender, ter oportunidades de viajar, fazer intercâmbios em outras regiões.

3) Outros preferem ensinar, atuar em posições mais consultivas, etc.

4) Outros querem estar mais próximos de sua casa e ter mais flexibilidade de horários.

5) Outros querem expediente de segunda a sexta em horário comercial.

Ou seja, existem diversos tipos interesses dos candidatos e, claro, existem aqueles que querem tudo junto!!

Aqui cabe um parêntese, principalmente para quem é do futebol: o caso Neymar e Santos.

Este é um bom exemplo de adequação aos novos cenários e um enorme caso de retenção. O Santos, ao não sucumbir às milionárias ofertas da Europa, e reter um enorme talento como Neymar, que será benéfico inclusive para a seleção brasileira, conseguiu aumentar as rendas em jogos, aumentar o valor da marca, etc.

Agora, com a regra do jogo mais clara e sabendo que existem vários tipos de preferências entre os candidatos, vamos a algumas sugestões e cuidados:

-Saiba bem os diferencias que sua empresa tem para oferecer. Como citei, existem preferências variadas que fazem com que um candidato opte por uma ou outra empresa, que vão desde salário até flexibilidade de horários ou proximidade da residência, etc. Portanto, é preciso saber claramente qual é seu “diferencial” para criar estratégias para atrair e manter profissionais em sua empresa.

-Venda os diferencias para os candidatos e funcionários. Conhecendo bem seus diferenciais, é hora de vendê-los aos funcionários e candidatos; nessa hora, seja extremamente realista, não exagere (pois se não cumprir o que promete, a retenção irá por água abaixo), mas também não seja modesto: se tem algo bom, fale, divulgue e ressalte seus diferenciais.

-Pratique a meritocracia. A primeira comparação do funcionário é sempre com quem “está na cadeira ao lado”; portanto, deixe claras as metas a todos e recompense quem tiver melhor desempenho e mais dedicação. Seja justo, valorize quem supera as expectativas, premie, elogie!

-Não pague mais do que pode, mas também não pague menos. Pague valores possíveis e compatíveis com a função. Se tiver fôlego e puder dar os aumentos necessários para ser competitivo, não economize, pois propor aumento no momento em que o funcionário pediu demissão é o pior dos mundos.

-Se o tamanho de sua empresa permitir, crie um plano de carreira; se sua empresa tiver como crescer, crie planos de carreira, com metas e objetivos claros e formalizados. E, acima de tudo, quando surgir novas oportunidades de contratações ou promoções, olhe primeiro para dentro de “casa”.

-Tenha um ambiente agradável. Manter um bom ambiente no dia a dia é fundamental. Regras são necessárias, mas os cuidados na manutenção das regras, como falar, como agir, como dar broncas, como dizer não, são fundamentais para manter o bom ambiente de trabalho. Saiba que um dos pontos mais impactantes para retenção de pessoas é justamente o ambiente na empresa.

-Mantenha as pessoas informadas, comunicadas. E-mails, reuniões, mesmo que informais (dur
ante o café, por exemplo) são importantes para manter as pessoas informadas sobre as novidades, novas conquistas, possíveis barreiras e soluções, etc. Sabendo onde está e o que está acontecendo, o funcionário tem mais segurança.

-Se puder, ofereça horários flexíveisl se sua empresa trabalha por projetos ou não existir a extrema necessidade de horários fixos, ofereça a flexibilidade de horários, cobre por metas. Seja razoável sempre e, claro, coíba abusos.

-Seja sempre honesto, fale sempre a verdade. Quando questionado sobre desempenho, salários, crescimentos, situação da empresa, etc., assuntos que de certa forma são “um tabu”, não minta e não omita, nunca. Ser honesto faz total diferença e pode ser decisivo para um funcionário ficar ou sair da empresa.

É isso, pessoal!

Reflitam sobre essas questões e lembrem-se que estas são apenas algumas dicas para você, empregador, praticar. E se você for empregado, influencie seu empregador para praticar: tenho certeza de que cada um de vocês, conhecendo suas realidades, podem criar “medicamentos” eficazes para cada tipo de “dor”.

Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos no próximo mês.

Abraços a todos!

PS – Como toda mudança, essa “revolução das costureiras” não aconteceu de um dia para outro; aliás, todas as profissões dos artesãos, como: pintores, pedreiros, carpinteiros, lavadeiras, passadeiras, padeiros, confeiteiros, etc. estão super valorizadas, pois com o país em crescimento, os pais vislumbram melhores cenários para seus filhos e os direcionaram para novas profissões.

Hoje posso assegurar que estas serão profissões cada dia mais valorizadas no Brasil. Mas este também é assunto para outra dia…

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br 
 

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Conhecer para gerir

“O que não se conhece não se pode controlar. O que não se controla não se pode medir. O que não se mede não se pode gerir e o que não se gere não se pode melhorar”. A célebre frase de James Harrington serve como referência para uma série de argumentações sobre planejamento, visão de futuro e gestão do conhecimento, tanto na área acadêmica quanto na prática.

Administrar algo que não conhecemos é inócuo. Daí convivermos constantemente, no meio do futebol, com argumentações vazias, de pessoas que não sabem explicar o fenômeno ao qual convivem.

Por isso batemos tanto na tecla da profissionalização, que não é simplesmente colocar uma pessoa full-time em determinada função dentro de um clube, federação ou confederação. A ideia é bem mais ampla.

É por tal motivo que muitos dirigentes não sabem a qualificação e o perfil de comportamento de um treinador que melhor se adapte às características do clube. Ou de um atleta, que por vezes apresenta um perfil diferente daquele esperado pelos torcedores.

Trata-se do eterno tentativa-erro de quem não sabe decifrar o porquê dos acertos e tampouco dos erros para não serem repetidos. Portanto, quando falamos em novos rumos para o desenvolvimento do esporte no Brasil, tudo está intrinsecamente ligado ao conhecimento e ao entendimento daquilo que estamos administrando e trabalhando.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Geração de receita através de estádios

Há poucas semanas tive a oportunidade de participar da Stadium Business Summit (SBS) 2012, em Turim, na Itália. A conferência explora os principais desafios enfrentados pelo setor e destaca as principais oportunidades para o mercado de espectadores esportivos.

Apesar de o Brasil estar à beira da maior revolução em estádios de sua história, fiquei extremamente desapontado em notar que o país não tinha um representante sequer no maior evento do setor.

Diferentemente da maioria dos eventos que giram em volta de estádios, a SBS não foca em infrastrutura, contrução e design, mas sim na exploração comercial e na estratégia necessária para clubes gerarem uma fonte sustentável de receita através de seus estádios.

Isso atualmente é uma questão critica para o clubes brasileiros, principalmente aqueles com novos projetos visando à Copa 2014. O cenário foi propriamente destacado por um artigo recente no UOL Esporte.

Não há dúvidas de que os mercados europeu, norte-americano e até asiático estão muito mais avançados do que o mercado brasileiro, principalmente na geração de receita através de bilheteria. Porém, com os novos projetos de estádios para o Mundial, existe uma oportunidade clara para repensar como estes são explorados. Além disso, acredito que é só uma questão de tempo para os desafios de hoje para o mercado europeu serem os desafios de amanhã para o mercado brasileiro.

Não haverá truque de mágica para lotar os estádios. Será precisa uma verdadeira transformação. Essa transformação irá além da arquitetura e design de arenas e não será liderada por construtoras. A tranformação terá que ser gerencial e precisará ser liderada pela área comercial e de marketing dos clubes.

Muitas pessoas veem a ideia de transformação com barreiras. A Indústria do Futebol precisa perceber que essa transformação representa oportunidades e que é preciso ter estratégias preparadas para explorar esses potencial.

Encher estádios envolve pesquisa, planejamento, serviço e pessoas qualificadas e uma série de questões comerciais relacionadas com a geração sustentável de receita:

•CRM e sistemas de acesso
•Vendas online e cartões de sócios
•Ingressos de temporada e assentos marcados
•Segmentação de arquibancadas e estratégias de preço
•Áreas de hospitalidade e eventos
•Parcerias e ativações

O primeiro passo para solucionar qualquer problema é avaliar os dados que possam auxiliar a tomada de decisão. Para a maioria dos estádios brasileiros, o estudo da demanda por jogos é relativamente simples, já que a segmentação das arquibancadas e dos preços (inteira, estudante) é relativamente limitada.

O que falta é uma camada de pesquisa de marketing que decifre o padrão de consumo. É neste ponto que a maioria dos clubes ainda possuem deficiência – não há processos de venda, sistemas de acesso ao estádio e sistemas de CRM que permitam alinhar a presença de público com dados sociais, demográficos e de comportamento.

O ponto central é que os clubes não só desconhecem quem frequenta seus estádios, mas também não possuem meios eficazes de usar essa informação para segmentar sua oferta (e suas arquibancadas), melhorar seus serviços nas áreas mais importantes para o torcedor, comunicar diretamente com a sua torcida e oferecer ingressos/pacotes voltados para segmentos específicos.

A solução envolve uma questão mais complexa que abrange venda pela internet, sistemas de ticketing e de acesso, implementação gradual de ingressos de temporada, assentos marcados e estratégias de CRM. Entretanto, a resposta para essa questão tem sido o ponto fundamental para sustentar estádios cheios em qualquer mercado.

A segunda grande oportunidade se refere a áreas de hospitalidade. Novamente, um artigo a parte é necessario para discutir hospitalidade corporativa, explicar como o Manchester United reformulou o setor (projeto que me foi compartilhado pelo chefe do setor durante a SBS 2012) e contar um pouco sobre minha experiência trabalhando com o Manchester City e os planos para o futuro (incluindo duas novas suítes para 2012/13).

Devido ao potencial elevado para geração de receitas, hospitalidade continua a ser uma das áreas de maior interesse para os clubes europeus. Entretanto, enquanto indústrias mais desenvolvidas estão focadas em como forenecer uma experiência para torcedores corporativos que vai além da comida e bebida, atender segmentos diversos e atender os objetivos empresariais dos convidados, a indústria brasileira ainda está tentando entender como funciona a dinâmica do negócio e como adaptá-la para o mercado brasileiro.

A questão fundamental é: os clubes precisam rever suas capacidades e começar a avaliar estratégias mais sofisticadas de ticketing e hospitalidade. Será preciso que a indústria brasileira adote uma nova postura gerencial e enxergue seus estádios de uma nova maneira.

Clubes como novos projetos precisam entender que os estádios não encherão automaticamente ou gerarão retorno simplesmente por serem novos. O segredo está em servir segmentos diversos, explorando ao máximo o potencial de cada segmento e pensando em cada torcedor como um convidado.

Para interagir com o autor: claudio@universidadedofutebol.com.br
 

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Paixão

Futebol é paixão.

Um dos maiores clichês que costumamos ouvir quando se fala desse esporte.

De quem trabalha ou está diretamente envolvido na sua gestão, ou até mesmo de quem, simplesmente, é torcedor, fã.

O grande problema desta relação afetiva existe quando se faz mau uso da paixão para justificar mandos e desmandos, grandes equívocos, má fé.

Por exemplo, quando, para aplacar a ira da torcida – ira que deriva da paixão exagerada e tresloucada – os dirigentes contratam um jogador caro, de técnica duvidosa, mas afamado, com a promessa de que todos serão felizes para sempre.

Como a decisão é baseada apenas na fugaz paixão, provavelmente, fugaz será a relação.

Estar apaixonado por alguém ou por algo é uma sensação muito bacana, poderosa.

Faz com que tenhamos disposição além da conta, os dias são vitaminados por um brilho e uma energia positiva que nos deixam mais produtivos, otimistas, sociáveis, felizes.

Pessoas apaixonadas são muito estimulantes. Às vezes, podem ser perigosas também.

Brigar, matar, trair, enganar. Tudo fazem para conseguir aquele objeto de desejo.

Conquistar uma pessoa, uma vaga de emprego, celebrar uma vitória ou desabafar a derrota do seu clube de futebol.

Ao contrário do que estar apaixonado, e que, como bem dito, denuncia um estado de espírito, um tanto passageiro, ser apaixonado é diferente.

É algo permanente, amparado por uma profunda convicção, autoconhecimento e autoconfiança, por saber quais são os limites do envolvimento com uma pessoa, ou com, por exemplo, um clube de futebol.

Inclusive, ter a consciência de que a relação pode não conter limites. Porque se é apaixonado e ponto. Não é algo superficial. É algo que migra para um sentimento de amor.

E, como dizem os franceses, não existe amor, existem provas de amor: paixão que se pretende confundida com amor tem que ser praticada.

Estive presente no jantar beneficente organizado pelo Boca Juniors e pela Unicef na semana passada em Buenos Aires.

Além do fato de ter sido impecável a organização do evento, o envolvimento das pessoas com o clube, no passado e no presente – pois ali estavam grandes ídolos históricos, desde McAlister a Carlitos Tevez, bem como o elenco atual todo – é visível.

O clube exerce, efetivamente, um papel de protagonista na comunidade local, fato traduzido pelos programas socioesportivos realizados com a chancela da Unicef.

O jantar contou com mais de 800 pessoas, transmitido ao vivo pela Fox Sports, além de extensa cobertura da imprensa local. Cada entrada custava 750 dólares e o total arrecadado foi de R$ 1,3 milhão de reais.


 

Aliás, nos países hispânicos, a expressão “protagonismo” é muito utilizada no futebol.

“Fulano foi protagonista da partida…”.

O Boca Juniors ensina que um clube de futebol é um grande protagonista na sociedade e que pode ajudar a transformá-la, sendo o ponto de engajamento para os que querem ajudar.

Unidos pelos mesmos valores, pelos mesmos propósitos, pela mesma paixão.

Paixão é o sentimento que serve de base para sermos todos protagonistas da transformação social por meio do futebol.

Ser apaixonado pela vida e por aquilo que se faz, compartilhando com quem está ao nosso redor.

Confira mais vídeos aqui

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

 

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Como os jogadores entendem nossos treinos?

Dentro do processo de ensino/treinamento/aprendizagem/performance no futebol, o jogador se configura como um elemento central. O atleta é quem faz as coisas acontecerem dentro do campo, seja nos treinos ou jogos. A cada nova atividade, ele vai resolvendo os problemas e, assim, “criando” novas zonas de desenvolvimento proximal para os próximos passos.

Entender o atleta é um grande desafio dentro do processo. Mas como eles entendem nossos treinos?

Eles entendem como cada treino influencia em sua performance de jogo? Eles sabem diferenciar diferentes metodologias de treino?

Sim ou não?

Vamos levar essa discussão para a prática.

Em entrevista ao blog Raio-X do Esporte, Bruno Uvini contou um pouco de sua experiência no futebol europeu.

Quando questionado sobre a diferença dos treinos no Brasil e na Europa, ele fez a seguinte reflexão:

“A única diferença é que no Brasil tem coletivo, o que aqui não fazem. É um treino mais curto, de pouca duração, mas muito intenso. Jogo de campo reduzido quase todos os dias. Praticamente um físico e técnico juntos, em que você faz físico sem perceber”.

E continua, quando questionado sobre a musculação:

“Academia fazemos bem pouco, faz mais quem quer. Não tem obrigação, como é no Brasil. Cada um cuida de si”.

Veja, o atleta sabe que os treinos seguem metodologias diferentes. Apesar de não entrar em detalhes, ele dá mais informações dos treinos de seu clube na Europa e o categoriza como treinos curtos e intensos onde se “junta” o físico e o técnico.

Além disso, veja a pedagogia da autonomia se manifestando na segunda fala do atleta: “Não tem obrigação, como é no Brasil. Cada um cuida de si”.

Parece-me que cada um sabe bem de suas responsabilidades e o que precisa ser feito para seu desenvolvimento como atleta.

Vamos a outro exemplo.

Em uma reportagem de um grande veículo de comunicação, os jogadores de um clube de destaque em nosso futebol falavam sobre a importância dos treinos técnicos para a performance.

Os jogadores foram unânimes e disseram que esse tipo de treino é muito importante.

Um deles afirmou, quando questionado sobre o treino de finalização:

“Aquele treinamento que ele (treinador) faz com a gente é tudo situação de jogo, você pensa que não, mas você nunca espera de onde a bola vem, então você tem que ficar esperto”.

(Esse treino de finalização referido acima era realizado da seguinte forma: o treinador rolava a bola em direções aleatórias e o jogador precisava finalizar de primeira.)

Diferente?

O treino a que o atleta se refere é realmente em situação de jogo?

Como podemos estimular cada um dos atletas?

Todo atleta tem o seu potencial, porém muitas vezes o subestimamos e deixamos de estimular a sua visão crítica só para mantê-los sob o nosso controle…

Faço a pergunta: que atleta você prefere em seu clube?

Antes de terminar, gostaria de agradecer nosso amigo Bruno Camarão pela competência e pela indicação das matérias: obrigado!

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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O controle do treino e a preparação para a competição

Numa comissão técnica com atuação interdisciplinar, aumentam-se cada vez mais os controles da semana de treino com o objetivo de dominar e intervir corretamente em todas as variáveis que influenciam no resultado do final de semana.

Sendo assim, o controle da carga, os ajustes das pausas, a quantidade de séries, os scouts quantitativo e qualitativo, a frequência cardíaca, a distância percorrida, o tempo da sessão de treino, os horários, a dosagem da suplementação e o cardápio são alguns dos elementos que os gestores de campo e demais profissionais controlam fielmente para serem assertivos na execução do seu planejamento.

Faço, então, uma pergunta: quais foram os atletas da sua equipe que mais ganharam as atividades do treinamento na semana passada (considerando, é claro, que você já enxerga o futebol sob uma ótica sistêmica e que, portanto, suas atividades foram jogos e não exercícios analíticos)?

Todo treinador gosta de atletas que ganham jogos! Esta é uma informação óbvia, porém, julgo que é muitas vezes esquecida ao longo da semana de treinamento.

Criar um mecanismo de controle de performance individual pode ser determinante para que os seus atletas atinjam o esperado estado de jogo, fundamental para se aproximar da realidade da competição.
Não há desculpas para que este controle não seja feito. Com todas as atividades da semana previamente definidas e com a ciência dos atletas que estão à disposição, fica fácil para a comissão técnica dividir as equipes e ao longo dos treinos, digo jogos, anotar os vencedores.

Ao final de uma semana de treinos e “n” jogos realizados, é hora de calcular o percentual de aproveitamento em função dos pontos disputados. Com os dados em mãos, o treinador tem uma valiosa ferramenta para feedbacks individuais ou coletivos.

Exemplificando: atletas acomodados ao longo da semana de treinamento se verão pressionados a treinar para não ocuparem a última colocação no ranking de pontos; atletas que aparentemente não se destacam poderão surpreender com um desempenho individual acima da média; um atleta que pouco se importa com este controle pode evidenciar qual é seu comprometimento com a preparação para o jogo e um atleta que se esforça durante os treinamentos terá mais um motivo para assim proceder.

Para gerar maior competitividade é válida a variação das equipes ao longo das atividades. Mesclar titulares e reservas aumentam as combinações de equipes e podem trazer resultados mais interessantes.

Fica a critério da comissão quantos pontos vale cada atividade. Uma sugestão é definir maior pontuação para o jogo quanto maior a sua complexidade. Ou seja, aquecimentos e atividades que envolvam baixa complexidade como, por exemplo, jogos com pouco número de jogadores ou regras simples devem ter pontuação (ou peso) menor que atividades mais complexas, como, por exemplo, jogos conceituais em ambiente específico carregados de regras que dificultam o jogo (comparado ao jogo formal).

Enfim, acostumar a equipe a competir e a ganhar é o grande objetivo deste controle do treino. Num ambiente de aprendizagem em que prevaleça a competição, a busca pela evolução será condição indispensável, pois sabidamente todos os jogos elaborados levarão em consideração o jogar atual, o jogar pretendido e a lógica do jogo, correto? Logo, quanto mais jogos ganhar, maiores as chances de estar cumprindo as diferentes lógicas dos jogos elaborados e, portanto, maiores chances de evoluir. Não cometa o equívoco de criar um jogo pelo jogo. Seguramente o resultado (evolução) será abaixo do ideal.

Perceba que conhecer os melhores jogadores da sua equipe pode ser bem simples e custo zero. Após uma temporada, a apresentação de um dado como este pode agregar valor (ou não) significativamente para um jogador e ser uma ferramenta importante na definição do seu futuro.

Fico refletindo se um ambiente de competição (não somente por posição entre os titulares) predominasse nas milhares de equipes do futebol brasileiro. Infelizmente, para chegar a este ponto, muitos paradigmas, crenças e conceitos precisarão ser revistos. Mas, uma coisa é certa: todo treinador gosta de atletas que ganham jogos!

Bons treinos e até a próxima semana.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br