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Com atraso

 Há duas certezas em qualquer projeto de construção civil: 1 – o cronograma vai ser alterado; 2 – o responsável pelas obras vai ter dor de cabeça com isso. A preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014, contudo, tem levado a outro nível a ideia de prazos estourados e falta de compromisso. O roteiro não chega a ser totalmente inesperado, mas reflete uma série de problemas que estão no cerne da realização do evento no país.

A abertura da Copa do Mundo de 2014 está marcada para o dia 12 de junho. Além de a maioria das obras das sedes ter sido alterada, postergada ou cancelada, apenas sete estádios foram inaugurados até o momento. Cuiabá, Curitiba, Manaus, Porto Alegre e São Paulo ainda têm arenas em obras.

Nessa lista, o caso mais complicado é o de Curitiba. A cidade escolheu como sede de jogos a Arena da Baixada, casa do Atlético-PR, mas ainda não conseguiu dar segurança à Fifa de que a obra ficará pronta a tempo. A entidade marcou uma entrevista coletiva para esta terça-feira para falar sobre o futuro do local na Copa do Mundo de 2014.

A reforma da Arena da Baixada tinha uma previsão inicial de custar R$ 185 milhões. O valor já ultrapassou R$ 330 milhões, e o Atlético-PR ainda precisa de R$ 65 milhões para fechar essa conta.

Também existe uma questão de prazo: o número de funcionários na obra será elevado de 1.250 para 1.500, mas apenas 35% dos 43 mil assentos haviam sido instalados até segunda-feira. A Fifa trabalha com o dia 26 de março como prazo final para o primeiro evento teste do estádio.

Os atrasos nas obras da Copa do Mundo interessam a muita gente. No caso de Curitiba, por exemplo, há um componente de pressão: com atrasos e ameaça de ficar fora da Copa do Mundo, a cidade conseguiu acelerar a obtenção de verba no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A negociação com o BNDES foi costurada pela senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), que deixou o cargo de ministra-chefe da Casa Civil e será candidata ao governo do Paraná – oposição, portanto, ao atual mandatário do Estado, Beto Richa (PSDB).

As mudanças no cronograma têm fundo político, é claro. E também possuem relação direta com um jogo de poder nos bastidores – a pressão sobre o BNDES, por exemplo. Mas a questão do atraso, no caso do Brasil, é um problema muito mais denso.

O Brasil já havia sofrido com atrasos na preparação para a Copa do Mundo de 1950. Quando o sorteio dos grupos foi realizado, no dia 22 de maio do ano do evento, a lista de sedes ainda não havia sido fechada.

Recife foi escolhida a apenas 60 dias da abertura da Copa do Mundo de 1950, que aconteceu no dia 24 de junho. E o Governo de Minas Gerais chegou a anunciar no dia 6 do mesmo mês a exclusão de Belo Horizonte, posteriormente recolocada no programa.

As duas histórias têm mais do que 64 anos entre elas. O custo da Copa do Mundo de 1950 ficou na casa dos R$ 500 milhões. Para 2014, o Brasil já gastou mais de R$ 8 bilhões apenas com estádios. Naquela época, o caderno de encargos não tinha as 420 páginas do atual. O “padrão Fifa” era outro, muito mais ameno.

No entanto, os dois casos revelam um traço preocupante: ambos escancaram a dificuldade de planejamento dos brasileiros. É praticamente um traço cultural.

O Brasil ficou sabendo em 1946 que seria sede da Copa do Mundo de 1949, posteriormente adiada para 1950. Para 2014, o país foi candidato único. A ratificação do local aconteceu em 2007.

Com três, quatro ou sete anos de frente, o Brasil mostrou os mesmos problemas de gestão e de cronograma. Ainda que as razões sejam diferentes, o país desperdiçou as duas chances de se preparar adequadamente para um grande evento.

Mais do que isso: em 1950 e em 2014, o Brasil mostrou que não tinha um projeto para a Copa do Mundo; a Copa do Mundo era o projeto.

Afinal, dizer que a Copa do Mundo será um importante motor para o turismo é falacioso. O evento atrai estrangeiros, é verdade, mas não causa mudanças contundentes no fluxo de pessoas que visitam os países-sede.

Também é raso atrelar a Copa do Mundo ao desenvolvimento do país. O Brasil viveu nos últimos anos um excelente momento econômico, associado diretamente ao crescimento do poder de consumo da população, e nem assim conseguiu entregar obras fundamentais para planejar a evolução do país em médio e longo prazo.

O Brasil tampouco atrelou a Copa do Mundo a um plano de comunicação. A Alemanha usou o evento de 2006 para mostrar ao mundo o quanto havia evoluído em receptividade e como havia se tornado uma nação amigável para os turistas. E o torneio de 2014, vai servir exatamente para quê?

Até a disposição das sedes passa por isso. A Copa do Mundo começou a ser espalhada pelo país em 1994, quando os Estados Unidos entenderam que essa era uma forma de fazer com que os turistas do evento passeassem por diferentes regiões e conhecessem diferentes culturas.

O Brasil definiu as cidades que receberão jogos por razões exclusivamente políticas. Ainda que os locais sejam vinculados a alguns dos principais pontos turísticos do país, não há um plano consistente para levar o público a eles. O cara que passar um dia em Cuiabá para ver uma partida, por exemplo, não terá nenhum esquema especial para ser conduzido ao Pantanal.

O cerne dos atrasos da Copa do Mundo é esse, afinal: o Brasil não sabe por que está produzindo o evento. Enquanto a competição for apenas fim, as obras estarão sempre suscetíveis a pressões políticas e atrasos motivados até por razões pequenas.

Um dos grandes defeitos do Brasil na Copa de 2014 é a comunicação. O país simplesmente não colocou o evento em um plano maior.

Algumas grandes empresas têm departamentos de integração. São áreas dedicadas à comunicação interna, voltadas a fazer com que os funcionários entendam as políticas da companhia e saibam o porquê de cada decisão tomada pela marca.

No caso do Brasil-2014, faltou comunicação interna. Faltou disseminar objetivos e metas. E nesse caso, o atraso não é mais remediável.

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Com licença

Historicamente, o Brasil se acostumou a favorecer a cultura do privilégio.

Desde o Brasil Colônia, passando pelo Brasil Império, quem era “amigo do Rei” podia tudo e subjugava todo e qualquer direito de terceiros em benefício próprio.

Não era só simplesmente a criação de normas e leis favoráveis à manutenção dessa cultura.

O brasileiro também se especializou em burlar a legislação com o seu “jeitinho”.

Some-se a isso uma burocracia estatal infindável e temos, após nossos primeiros 500 anos, um quadro de ineficiência na gestão e no trato da coisa pública.

Esta cultura de privilégios pode ser bem entendida na expressão “com licença”.

Num sentido, percebemos que a burocracia e a regulamentação que o Estado impõe aos cidadãos, no Brasil, em muitos casos, é anacrônica e impede um ambiente saudável para que o empreendedorismo e o desenvolvimento social aconteçam.

São muitos órgãos públicos e estruturas que exigem documentação em excesso, não dialogam entre si, não há padronização ou simplificação e os resultados deixam o cidadão perdido no meio do caminho, com serviços de baixa qualidade e com custos cada vez mais crescentes para o contribuinte.

Licença, permissão, concessão, outorga, alvará… Noutro sentido, ou melhor, no outro lado do balcão, percebem-se algumas discrepâncias entre a realidade da maioria da população e aqueles que, como bem costuma dizer Elio Gaspari, estão no “andar de cima”.

Num país com grande déficit de cidadania, são inúmeras as licenças e os privilégios de que gozam algumas carreiras públicas.

Férias de 60 dias para juízes e promotores (sem contar os recessos anuais).

Auxílio-moradia e auxílio-alimentação (para pessoas que recebem salários “mínimos” de R$ 15.000).

E olha que tem juiz contestando no Poder Judiciário receber em caráter retroativo…

O mais bacana é a licença-prêmio. A cada tantos anos de trabalho, determinadas carreiras concedem vários meses de licença para o servidor público que, se não gozada, pode ser computada em dobro para efeitos de aposentadoria.

Não é de se surpreender que o universo de candidatos ao serviço público aumenta a cada ano, numa escala que não acompanha a qualidade prestada ao cidadão.

O cenário é prova contundente de que vivemos num país que favorece o privilégio, a zona de conforto, não o empreendedorismo, a inovação, o desenvolvimento socioeconômico.

O que se quer é ser alçado ao andar de cima. Fazer parte do seleto grupo.

Entrar no camarote, sem muitas responsabilidades.

Isso agrega valor ao indivíduo.

Infelizmente, não à sociedade.

No país do futebol e da Copa 2014, se houvesse uma devassa geral e se colocasse na ponta do lápis quanto custa a manutenção dos privilégios e a ineficiência estatal, tenho certeza de que custaria bem mais do que todos os estádios construídos para o evento.

A Copa do Mundo e a Fifa já viraram um Judas muito fácil e simples de malhar.

Tem mais coisa em nosso espelho, como brasileiros, pra enxergar.

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Marcação no futebol: a gestão do espaço defensivo na relação “eu-adversário”

Antes de iniciar o texto de hoje, quero destacar e agradecer aos leitores, pelo grande número de mensagens que me foram enviadas, comentando a coluna da semana anterior.

Bom, vamos lá.

No artigo passado, publicado aqui na Universidade do Futebol, propus um debate sobre regras de ação que podem orientar jogadores e equipes durante partidas de futebol, para que, de maneira organizada, possam tomar decisões e agir.

Essas regras de ação, como mencionei, podem surgir de princípios orientadores que são subordinados à Modelos de Jogo ou à Lógica do Jogo, dentre outras referências possíveis.

Ao serem subordinados a uma ideia de Modelo de Jogo, farão emergir um tipo de decisão circunscrita aos conteúdos do próprio Modelo.

Ao serem subordinados a Lógica do Jogo, farão emergir decisões circunstanciais ao jogo.

Como exemplo prático desse debate conceitual todo, utilizei a transição defensiva, e deixei a figura abaixo como pista para o debate de hoje.


 

 

Nela, temos uma ilustração geral sobre o conceito de “espaço efetivo” de jogo em três dimensões (como não vou explorar a fundo o tema, convido àqueles que quiserem, para lerem o artigo do treinador Leandro Zago, clique aqui.

Nas transições defensivas (vou continuar com elas), a relação criada entre o homem que está com a bola (dando início a transição ofensiva de sua equipe) e o(s) marcador(es) direto(s) para gestão defensiva dos corredores de movimentação da bola, é uma relação que deve levar em conta que o espaço efetivo de jogo possui volume.

E possuindo volume, é necessário que ele deva ser considerado na prática, na arquitetura geral da ação de jogadores e equipes para atuarem sobre a bola, tanto com a defesa em equilíbrio quanto nas transições defensivas.

Vejamos a figura que segue:

 

Quando a distância entre “homem da bola” e defensor é grande, ainda que aparentemente ele (o defensor) faça um gestão mais produtiva do espaço de profundidade, o volume efetivo marcado é reduzido.

O volume do espaço efetivo é construído a partir da relação entre largura, profundidade, e altura.

Se a ação de quem defende cria barreiras de grande altura, largura e profundidade, o volume do espaço efetivo marcado será grande.

Se a ação de quem defende cria barreiras de pequena altura, largura e profundidade, o volume de espaço efetivo marcado será também pequeno.

O que determina a magnitude do volume, a partir do controle de altura, largura e profundidade, é a distância estabelecida entre o homem que marca e o homem da bola.

Quanto menor a distância entre eles, maior altura, largura e profundidade geridos pelo defensor.

Em outras palavras, quanto mais encurtada for a distância entre o jogador que age defensivamente sobre a bola e o jogador que está de posse da bola, maior o ângulo em altura, largura e profundidade ele consegue proteger.

Isso define uma área coberta maior por parte do marcador, e por consequência aumenta as exigências para que o portador da bola consiga criar uma solução (passe, lançamento, drible, condução, etc.) eficiente para situação.

Vale destacar que uma grande distância entre marcador e homem da bola, só “aparentemente” (como já mencionei) gera melhor gestão da profundidade.

Quando falamos de gestão do volume do espaço efetivo de jogo não podemos nos esquecer de que estamos falando também da ação do marcador sobre a decisão/ação do portador da bola.

Claro, a maneira com que o marcador gerencia o volume do espaço interferirá diretamente nas opções, e portanto nas decisões/ações do atacante.

Isso quer dizer que uma distância aumentada entre defensor e homem da bola pode em certas circunstâncias cobrir melhor o espaço, por exemplo, das costas dos defensores, mas não dificulta necessariamente a ação propriamente dita do portador da bola para alçar a bola nesse espaço.

A mesma ideia vale para a largura do espaço efetivo marcado.

E ainda que de certa forma possamos entender a ideia de volume do espaço efetivo de jogo, e nesse caso o defensivo, como um conceito dentre tantos outros que parecem não ter aplicabilidade, sugiro atenção a ele!

Ele se define a partir de relações primárias do jogo: eu-adversário, eu-bola e eu-adversário-bola.

Então, queiramos ou não elas (as relações) estão presentes no jogo, de modo mais elaborado ou mais “anárquico”.

Então, olho no volume do espaço efetivo de jogo!
 

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A função do observador técnico nas categorias de base

A captação de atletas é um processo contínuo nas categorias de base. Identificar o talento nas diferentes faixas etárias, detectar seu potencial de desenvolvimento de acordo com o perfil do clube e decidir sobre sua aprovação são procedimentos complexos que podem definir o sucesso do projeto de formação do clube no médio prazo.

Com a profissionalização constante da modalidade nos últimos anos, o referido processo (tradicionalmente conduzido pelos olheiros) tem adquirido um caráter mais objetivo e criterioso. Neste cenário, os olheiros devem se adequar as novas exigências do clube para permanecer como profissional responsável pela captação, ou então, se o clube ainda não se adequou a atual realidade do mercado e ainda pratica procedimentos ultrapassados, deve ter ciência que estará potencializando o erro e, consequentemente, o fracasso.

A atual realidade do mercado abre espaço para a função do observador técnico. Devidamente contratado pelo clube, este profissional deve ser parte efetiva de toda a cadeia produtiva para direcionar suas ações nas principais demandas existentes: formação das categorias iniciais e peças de reposição para carências.
Ter esta função atuante em um clube significa otimizar custo e tempo, dois elementos indispensáveis em qualquer empresa que vislumbre lucro e sustentabilidade.

Para a composição das primeiras categorias de formação, é função do observador técnico descobrir onde estão os talentos da região. Para isso, acompanhar campeonatos regionais, fazer visitas em escolinhas, promover competições internas e seletivas patrocinadas pelo clube são alternativas eficientes para a captação de jogadores. Clubes com maior estrutura podem realizar estes procedimentos em outros locais com um caráter de monitoramento para futura aprovação e inserção no projeto de formação.

Nas categorias de especialização, a partir do sub-14, em que já é possível alojar o jovem atleta, o observador técnico deve atuar como um filtro quantitativo e qualitativo. Quanto mais velho for o atleta, maiores devem ser as exigências prévias para a chegada ao clube. Pesquisa e confirmação de competições anteriores, análise de DVD’s e buscas por referências no antigo clube e com profissionais que trabalharam com o jogador são procedimentos que podem ser realizados para tornar o processo de captação mais assertivo.

Com a eficiência da atuação do observador técnico o clube pode adquirir uma imagem positiva sobre sua captação e, ano após ano, se tornar atrativo para o ingresso de novos talentos. Seja pelo menino, que mesmo com pouca idade sabe quais são os melhores clubes formadores, ou então pelos pais, que sempre buscam os melhores lugares para seus filhos. Além disso, há indícios de que quanto melhor e mais antecipada a captação do clube, menos suscetível será a atuação do empresário e a divisão de direitos econômicos dos jovens atletas.

É importante mencionar que a atuação do observador técnico não exclui a responsabilidade dos demais funcionários do clube, especialmente da área técnica, de contribuírem com a captação. O que deve ficar claro é que este suporte, abastecendo o observador com atletas em potencial para o preenchimento do banco de dados e posteriores avaliações, deve ser direcionado ao clube. Infelizmente, ainda é corriqueiro verificarmos atletas que chegam ao clube vinculados ao treinador e não a instituição.

Alguns clubes brasileiros já possuem observadores técnicos espalhados pelo país e iniciam os trabalhos no sub-14 após uma longa e qualificada filtragem. Para atletas mais velhos, já existem clubes que integram jogadores num elenco já formado somente após rigoroso acompanhamento e avaliação feitos pelo departamento de observação técnica. Estes procedimentos facilitam a atuação da comissão técnica que não perde parte do precioso tempo de treinamento dedicando a atletas fora do perfil procurado.

Não existem receitas, fórmulas ou padrão de atuação do observador técnico. Para cada clube e realidade as nuances da atuação deste profissional devem atender as necessidades relativas à composição das diferentes categorias. É fato, porém, que negligenciar esta função no competitivo mercado atual maximiza-se o risco do clube lapidar pedras quando poderia lapidar diamantes.

Abraços e até a próxima semana.

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Racismo na Libertadores

 A quarta-feira é, depois do domingo, o dia mais importante do futebol, quando milhares de torcedores aguardam ansiosamente pela chegada da noite para poder apreciar um bom jogo de futebol.

Entretanto, a quarta-feira de Libertadores foi um dia diferente. Ao invés de uma bela partida de futebol, assistimos à cenas lamentáveis que deram nó no estômago.

Tudo fruto da intolerância racial quando torcedores do Real Garcilaso, do Peru, insultaram o jogador Tinga, do Cruzeiro, a cada vez que ele pegava na bola.

As imagens correram o mundo, autoridades brasileiras prestaram solidariedade e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, pediu punição severa.

Criado no ano passado, o Tribunal Disciplinar da Conmebol está diante do maior caso de racismo da história do futebol sul-americano e terá a oportunidade de aplicar uma pena severa e extirpar este mal dos nossos gramados.

Segundo o código disciplinar da Conmebol, os atos dos torcedores podem levar a equipe peruana ao pagamento de multa e até obrigá-la a jogar com portões fechados, conforme estabelece o art. 12

Artículo 12. Discriminación y comportamientos similares

1. Cualquier persona que insulte o atente contra la dignidad humana de otra persona o grupo de personas, por cualquier medio, por motivos de color de piel, raza, etnia, idioma, credo u origen será suspendida por un mínimo de cinco partidos o por un periodo de tiempo específico.

2. Cualquier asociación miembro o club cuyos aficionados incurran en los comportamientos descritos en el apartado anterior será sancionados con una multa de al menos USD 3.000.

3. Si las circunstancias particulares de un caso lo requieren, el órgano disciplinario competente podrá imponer sanciones adicionales a la asociación miembro o al club responsable, como jugar uno o más partidos a puerta cerrada, la prohibición de jugar un partido en un estadio determinado, la concesión de la victoria del encuentro por el resultado que se considere, la deducción de puntos o la descalificación de la competición.

4. Se prohíbe cualquier forma de propaganda de ideología extremista antes, durante y después del partido. A los infractores de esta disposición les serán de aplicación las sanciones previstas en los apartados 1 a 3 de este mismo artículo.

Infelizmente, o Tribunal Disciplinar da Conmebol não tem se mostrado muito rigoroso em seus julgamento, da onde se projeta uma penalidade mais branda.

Não obstante isso, espera-se que os nobres julgadores adotem uma postura agressiva, pois a decisão deles pode mudar o futebol sul-americano para sempre.

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Volte sempre!

Há 30 anos, o líder da Democracia Corinthiana (que também deu certo pelo timaço que era) prometeu ficar no Brasil se as Diretas para presidente passassem no Congresso. Não passaram. Sócrates foi jogar na Fiorentina. Também por conta do endurecimento do regime no Parque São Jorge.

Agora, atritado com o clube que não quis conversar sobre uma saída para a Itália em janeiro, e desgastado pela liderança do Bom Senso e por algumas medidas que não ornaram no Corinthians, Paulo André (campeão da Libertadores e do mundo) vai para a China. Mas mantém a mente aberta como o diálogo para seguir ajudando na luta por um calendário melhor, pelas contas justas nos salários e nos clubes, pelos direitos de uma classe que não sabe a força que tem. Apenas a forca que garroteia e silencia.

De longe, Paulo André pode ser ainda mais importante, sem bater de frente com quem manda na CBF. Mas dialogando com gente poderosa que quer mudar o futebol. Como tanta gente boa e de bem sabe que é preciso.

Ele não foi o melhor zagueiro do Corinthians. Mas poucos defenderam tão bem o futebol quanto ele. Volte sempre!


*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

Leia mais:
Paulo André, jogador do Corinthians (parte I)
Paulo André, jogador do Corinthians (parte II)
Dossiê do Futebol Brasileiro

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Fim da carreira profissional, mas início de uma nova etapa

 Muitos atletas de alto desempenho irão se deparar com o gradual declínio de seu desempenho físico e de seu resultado de alto nível de excelência no futebol. Esse processo traz uma incerteza natural no atleta durante sua carreira profissional e em alguns casos podem até gerar elevados níveis de estresse. Aos poucos, os atletas perdem aquela programação e rotina cotidiana, causando uma sensação de estarem perdidos logo que suas carreiras como atletas profissionais.

Mas, nem tudo deve ser encarado como ruim numa transição ao deixar o esporte competitivo, devemos reconhecer que existem algumas vantagens que a transição pode trazer. Mas você deve estar se perguntando: quais vantagens?

Inicialmente todos os atletas que alcançaram a excelência em sua carreira são capazes de aplicar o que aprendeu e utilizou para conquistar seus objetivos no esporte em novos caminhos que seguirá a partir deste ponto. O fato de suas capacidades físicas e técnicas diminuírem não significa que este atleta seja menor dos que as outras pessoas por conta disso, ele na verdade necessita de apoio de um coach para conseguir canalizar parte de sua capacidade de concentração para atingir outras metas em sua vida. O desafio neste momento é conseguir viver a partir de agora aprendendo continuamente, crescendo de forma sempre positiva e aproveitando a melhor e mais positiva concentração que ele possui.

Para contribuir com essa reflexão trago algumas sugestões fornecidas por Terry Orlick com base em informações fornecidas por outros atletas que já passaram por estas transições, são seres humanos que antes da decisão de se aposentar da carreira de atleta profissional sugeriram que o atleta que passará por este momento faça alguma das ações a seguir.

• Encare seu desenvolvimento pessoal através da educação, do trabalho e do relacionamento com amigos e familiares como parte integrante do seu programa global de treinamentos;

• Reserve tempo para relaxar e aproveitar os bons momentos fora do seu esporte;

• Modifique sua rotina fora da temporada. Estude algo, faça cursos, passe mais tempo junto a natureza ou faça algo que lhe fornece prazer;

• Pense nas transições como oportunidades de entrar numa nova fase da vida, aprender algo novo, crescer, desenvolver-se, contribuir em outras áreas, enfim aproveitar a vida.

Os mesmos atletas que contribuíram com Terry Orlick nas sugestões acima, também forneceram sugestões para serem tomadas depois da decisão de encerrar a carreira profissional.

• Uma vez tomada a decisão de efetuar a transição, deixe claro para sua família e para seus amigos que você gostaria de ter o apoio de todos eles. Mostre a eles que existem algumas maneiras específicas pelas quais podem lhe dar esse apoio;

• Considere a possibilidade de empreender outras buscas interessantes, outros tipos de treinamento, aventuras ou oportunidades, em áreas nas quais você já tenha facilidade ou pelas quais você se interesse;

• Dentro do possível procure troca experiências com outras pessoas que estejam passando por uma transição semelhante, compartilhe suas ideias e sentimentos sobre experiências, progresso, dificuldades e adaptação a um novo estilo de vida;

• Se a transição estiver lhe causando depressão, talvez você deva discutir suas preocupações com alguém próximo a você ou procurar ajuda de um coach profissional que possa contribuir com um trabalho de planejamento pessoal, educacional, de carreira, de negócios ou até mesmo de lazer.

Sinceramente penso que o atleta que irá viver uma transição na carreira profissional não deva viver esse momento sozinho, ele pode e deve contar com o serviço de um coach em que confie para que todo esse trabalho possa lhe fazer sentido e assim sua transição seja eficaz e duradoura.

E você, concorda? Até a próxima.

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A Copa e a rebeldia (com ou sem) causa – parte 03/03

Continuando a análise…

Do limão, a limonada. O velho ditado diz muita coisa para este contexto. Ou, de outra máxima: “se não é possível lutar contra o inimigo, junte-se a ele”. Portanto, vamos tratar de transmitir uma imagem melhor do Brasil para o mundo.

Temos problemas, sim, é fato. Somos um país em construção, motivo pelo qual as transformações, abruptas ou não, devem fazer parte deste desenvolvimento histórico. Também não estou propondo que joguemos tudo para debaixo do tapete, tampouco querendo justificar o que se chama como “gasto excessivo com os megaeventos” como fundamento para desvios ou atendimento àquilo que se classifica como prioritário em um governo (saúde, segurança e educação), pois ali gerimos muito mal os recursos também.

O que quero dizer é: já que a Copa está aí e pouco fizemos para ou tirá-la do Brasil (de 2007 a 2011, quando ainda não tínhamos iniciado a todo vapor as megaconstruções) ou ajudarmos para o seu pleno aproveitamento no sentido de desenvolver tanto o futebol nacional quanto áreas correlatas e suplementares; que consigamos minimamente tirar algo de positivo do que ainda resta, até julho de 2014.

Não será incentivando a não vinda de turistas estrangeiros que contribuiremos para um país melhor. Muito menos incentivando a não entrega da Copa como a solução para todos os nossos problemas…

Aos bons, que querem um país melhor, que se candidatem nas próximas eleições, que terão (pelo menos) meu voto. Aos que não querem se envolver politicamente, que protestem na urna ou que façam protestos / denúncias / reclamações em fóruns qualificados, com efetiva apuração de fatos.

Apenas desta maneira é que vislumbro a conquista de grandes e positivas transformações!!!

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A importância de conhecer o público

Nos últimos anos, canais de TV e salas de cinema do Brasil têm vivenciado uma explosão do número de filmes dublados. Licença para uma constatação extremamente pessoal: eu detesto filmes dublados. Em uma ocasião eu cheguei a procurar a administração de um cinema para reclamar sobre o altíssimo número de atrações assim. “É resultado de pesquisa. A maioria prefere assim”, respondeu o rapaz que trabalhava na empresa.

Continuo achando que filmes dublados são detestáveis. Continuo desistindo de frequentar qualquer sessão ou ver qualquer atração na TV se não há opção de áudio original. Mas desde a resposta do funcionário do cinema eu não discuto mais a opção.

A questão é que a rede de cinemas se esforçou para entender o que o público dela prefere. Ela não deixou de oferecer filmes com áudio original, mas aumentou a incidência de atrações dubladas porque identificou que há mais pessoas que consomem assim.

Corto para o futebol. No último sábado, o Maracanã foi palco de um Fla x Flu válido pelo Estadual do Rio de Janeiro. Um jogo com várias atrações, a começar pela rivalidade acirrada pelo desfecho do Campeonato Brasileiro de 2013 – o Flamengo e a Portuguesa foram punidos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), perderam quatro pontos e evitaram o rebaixamento do Fluminense.

Os ingressos para o jogo de sábado oscilaram entre R$ 100 e R$ 300. Havia opções mais baratas para quem é sócio-torcedor e havia a possibilidade da meia-entrada, é verdade, mas esse era o intervalo para as “pessoas comuns”.

A diretoria do Fluminense chegou a abrir negociação para reduzir os preços. A possibilidade foi rechaçada pela cúpula do Flamengo, mandante do clássico de sábado. Resultado: pouco mais de 15 mil pagantes no Maracanã.

E qual é a relação entre os filmes dublados e os ingressos de R$ 100? Ao contrário do cinema, o futebol não tenta entender qual é o perfil de público que frequenta estádios. Tampouco busca informações sobre as pessoas que pretende atrair.

Ingressos que oscilam de R$ 100 a R$ 300 levam a um estádio um público muito diferente das pessoas que iriam se as entradas estivessem em uma faixa de preço mais baixa. A mudança no poder aquisitivo carrega uma mudança profunda no perfil e no repertório desses consumidores – infelizmente, diga-se.

Um cidadão que decidiu levar a família ao estádio, por exemplo, desembolsou R$ 300 ou R$ 400 apenas com ingressos. Ainda há os custos de alimentação, transporte e conveniências (estacionamento ou “flanelinha”, por exemplo). É um programa que passa facilmente a casa dos R$ 500.

Agora, alguém já se preocupou com o tipo de espetáculo que esse perfil de gente quer ver? Alguém já quis saber qual é o tipo de comida que essas pessoas gostariam de ter em um estádio? E que tipo de produto elas consumiriam?

Alguns clubes de futebol no Brasil trabalham com conceitos de lojas móveis e levam produtos oficiais para todos os jogos. Mas essas lojas levam o mesmo portfólio para qualquer região e qualquer perfil de público.

E a promoção, então? Não há como promover um evento sem saber que tipo de gente você quer levar. Os canais e as estratégias são necessariamente afetados por esses dados.

Notem que aqui não há uma discussão sobre o que representa essa precificação do clássico. É algo diferente, que pode ser abordado em outro momento. A questão é simplesmente conhecer quais são as pessoas que frequentam um jogo de futebol e oferecer um produto condizente com o que elas esperam.

O cinema apostou em filmes dublados porque identificou que essa era a vontade de um grupo de consumidores que as grandes redes queriam atrair. Todo o restante da experiência é moldado por esse perfil.

O futebol, em contrapartida, oferece uma experiência padronizada, sem personalidade. Há o mundo dos camarotes, é verdade, mas essa seara é usada no esporte muito mais para relacionamento do que para venda direta.

Entre as pessoas comuns, não há qualquer estratégia direcionada. Isso vale para antes, durante e depois dos eventos.

Sem isso, é impossível fazer uma promoção adequada de qualquer evento. E sem uma promoção adequada, é impossível aumentar a quantidade de pessoas que vão ao estádio. E sem mais pessoas, é impossível aumentar as receitas geradas no dia da partida (restaurantes, lojas oficiais e outras fontes).

Ainda que de forma incipiente, o futebol brasileiro tem várias iniciativas voltadas a conhecer mais o público. Os planos de sócios das principais equipes do país são atrelados a pesquisas e criação de banco de dados, por exemplo. No entanto, isso ainda não serviu para ocasionar nenhuma mudança profunda na estrutura de evento.

Sabe o tal “padrão Fifa”? Ele existe, entre outras coisas, porque a entidade quer atrair aos estádios um determinado padrão de pessoas. A instituição quer gente com poder de consumo porque isso tem um valor maior para patrocinadores, parceiros e licenciadores das marcas.

E no futebol brasileiro, qual é o padrão? O do clássico do Rio de Janeiro ou o que foi apresentado às 32 pessoas que foram assistir a Ituano x Oeste, válido pelo Campeonato Paulista, realizado em Catanduva?

Já passou da hora de o futebol brasileiro entender que eventos genéricos estão mortos. É fundamental conhecer as pessoas que frequentam os jogos. É fundamental entender como se aproximar mais delas e em que pontos os clubes podem ganhar com isso.

Sem esse entendimento, qualquer discussão sobre preço é inócua. É claro que os ingressos para o clássico do Rio de Janeiro estavam fora da realidade de preços da população brasileira, mas esse não é o pior da história. Se os altos preços fossem fruto de estratégia para atrair um determinado público, menos mal.

O maior problema não é simplesmente o preço. O problema é determiná-lo por simples lei de oferta e procura, sem pensar no que isso acarreta.
 

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Antecipação

O futebol moderno demanda, cada vez mais, rapidez de raciocínio e de execução nos movimentos protagonizados pelos jogadores individualmente.

Coletivamente, isso se transforma em domínio do jogo, uma vez que, ao se antecipar ao adversário e à leitura do cenário – muitas vezes, de forma intuitiva e assentada na complexa trama neural no cérebro – uma equipe se sobrepõe à outra em busca dos gols e das vitórias.

A antecipação é favorecida pelo treinamento, pela repetição, pela sucessão de erros e acertos que fazem com que os comportamentos sejam automatizados de acordo com cada circunstancia que se apresenta nas situações de jogo.

Entretanto, ao contrário do que se possa imaginar, não existem poderes premonitórios, esotéricos ou sobrenaturais quando se trata desta capacidade de prever analiticamente variáveis, executar movimentos e alcançar resultados.

Os mais modernos estudos da neurociência apontam para a direção de que, sim, é possível treinar a mente humana para que a capacidade motora seja aperfeiçoada. O resultado é o corpo e a mente agindo em sintonia e deixando perplexos os admiradores dos grandes craques do futebol.

É disso que vem a expressão “como é que ele consegue fazer isso?” quando uma jogada espetacular acontece nos gramados.

Porém, a cultura, a história e a formação do povo brasileiro sofreram com o pendor das invocações religiosas, em contraponto à racionalidade e ao pragmatismo.

Fosse para explicar o sucesso. Fosse para entender as tragédias.

Sempre a explicação está fora do sujeito. Nunca dele faz parte.

Às vésperas de Copa do Mundo no país e, na esteira, de eleições majoritárias, o que impera é a ansiedade por encontrar culpados pelo sucesso e pela tragédia.

Ansiedade é uma das piores sensações que se pode vivenciar. Paralisa o corpo. Entorpece a mente. Prejudica a visão e a capacidade de crítica e execução.

Não é fato novo a realização da Copa do Mundo no Brasil. Foram sete anos de tempo para se preparar e antecipar-se aos problemas.

Ou só agora o quadro de falta de infraestrutura no país é evidente? Problemas de segurança, transporte, educação, capacitação profissional jamais existiram fora do contexto da Copa do Mundo?

E os órgãos de fiscalização e controle, onde andavam antes e ao longo das obras – incluindo estádios – para que cumprissem seu dever legal e não deixassem haver desperdício e descaminho de dinheiro público?

O problema do Brasil é a transferência de responsabilidade. Como país, parecemos um filhinho mimado que não recolhe e lava a louça do almoço porque sabe que a mãe vai fazer, porque sempre foi assim na casa dele…

Logo, na conjunção de eleições e Copa do Mundo, toda sorte de argumento enviesado pode sofrer apropriação indébita pelos espertalhões.

E os há na política e no futebol aqui no Brasil. Porque ambas as instituições fazem parte da nossa sociedade.

Se você não quer que o Brasil sedie mais uma Copa do Mundo daqui a 50 anos, comece desde já a assumir sua parcela de responsabilidade na decisão e vote bem em outubro.

Se você quer, o caminho é o mesmo.

Mas, sugiro se antecipar a esse momento e começar, desde já, a avaliar o cenário.

Não tem salvação divina ou extraterrena.