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Atlético-MG, Cruzeiro e a violência no futebol

Entra ano e sai ano, o tema da violência nos estádios de futebol brasileiros permanece atual. Desta vez, os tristes e lamentáveis fatos se deram no clássico mineiro entre Atlético-MG e Cruzeiro.

Logo, antes da partida, quatro torcedores atleticanos foram baleados na Região Leste de Belo Horizonte, enquanto esperavam por um ônibus com destino ao estádio para acompanhar o clássico. Este ponto é um tradicional local de embarque de atleticanos durante os clássicos contra o Cruzeiro.

Dentro do estádio também houve violência, com invasão e saque de um dos bares do Mineirão, quebra de cadeiras e disparo de bombas e rojões no gramado. A partida chegou a ser interrompida pelo árbitro.

Os atos de violência dentro do estádio levaram a Procuradoria do STJD a instaurar denúncia contra Cruzeiro e Atlético, na qual os clubes responderão por desordens e lançamentos de objetos, e podem ser multadas em até R$ 200 mil e perder até 20 mandos de campo por infração, nos termos do art. 213, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

Novamente, o jogo ficou em segundo plano e todos os debates tem se concentrado nos incidentes de violência. Mais uma vez há um jogo de empurra-empurra e, provavelmente, ninguém assumirá a culpa e medidas efetivas não serão tomadas.

Tenho estudado a relação dos clube-torcedores e a violência nos estádios de futebol há cerca de dez anos e durante uma década de estudos, percebemos pouquíssimo avanço prático e um crescimento assustador da violência.

A Espanha, por exemplo, na década de 90 criou normas para conter a violência e conseguiu em um curto período de tempo se tornar vitrine mundial nesse aspecto. Medidas de segurança adotadas pela Comissão Nacional contra a Violência nos Espetáculos Esportivos fizeram com que o corpo de segurança do Estado tivesse plena fiscalização e controle dos torcedores dentro dos estádios e em suas imediações, por meio de câmeras de vídeo e um trabalho sincronizado entre os diferentes corpos de segurança que trabalham durante o evento esportivo.

Infelizmente, nossa sociedade está em uma situação onde a violência nos acompanha desde a infância . A perda sistemática de valores, as oportunidades frustradas, as privações e as diferenças sociais cada vez mais marcantes, dentre outros fatores, tem cultivado a violência nos estádios como uma válvula de escape. Dessa forma, o Estado tem que atuar de forma efetiva e com verdadeira repreensão e prevenção. Todo o demais é tapar o Sol com a peneira.

Para tanto propõe-se as seguintes medidas:

Incentivo à pesquisas sobre o tema, bem como investimentos em treinamento e formação de polícias especializadas na prevenção da violência nos eventos de massa.

Criação de uma unidade policial autônoma especializada em eventos esportivos de massa.

Investimento em programas sociais que gerem emprego e diminuam as desigualdades sociais. sociales.

Criar leis que estabeleçam infraestrutura nos estádios de futebol e os direitos dos consumidores de eventos esportivos, bem como fiscalizar seu cumprimento.
Acabar com a sensação de impunidade.

Punir dirigentes, técnicos, jogadores, policiais, membros da imprensa e torcedores que provoquem tumulto o deem declaracões que possa incentivar a violência e a rivalidade exarcebada entre os torcedores.

Coibir los excessos dos agentes de segurança pública e estabelecer um constante sistema de avaliação de sua atuação.

Implantar canais de denúncias anônimas sobre abusos cometidos em eventos esportivos.

Implantar disciplinas atinentes educação esportiva nas escolas e criar campanhas de conscientização anti-violência.

Não se tratam de medidas inventadas, mas extraídas de experiências positivas em países como Inglaterra, Espanha, EUA e Alemanha e podem, de fato, extirpar a violência dos estádios brasileiros.

Portanto, meios para se combater a violência nos estádios de futebol, existem, para tanto, é imprescindível uma atuação estatal mais efetiva, eis que a fórmula atual está flagrantemente ineficiente.