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O valor de um ambiente positivo

Neste momento pré-copa do mundo da FIFA é comum escutarmos sobre como é importante termos uma atmosfera positiva nas concentrações das seleções que irão disputar o mundial aqui no Brasil. Todos comentam que isso ajuda a manter o bom astral e que isso contribui para a união das equipes.

Mas será que sabemos realmente o que está por trás do famoso ambiente positivo e de que forma ele pode contribuir para a melhor performance das equipes de futebol?

O psicólogo Martin Seligman comenta que “Um estado de espírito positivo induz as pessoas a um modo de pensar completamente diferente de um estado de espírito negativo”. No caso do futebol, este estado de espírito positivo pode levar os atletas a um modo de pensar mais criativo, tolerante, construtivo, generoso e desarmado. Com isso, este modo de pensar contribui na detecção não do que está errado num ambiente, mas do que está certo; podendo contribuir no aperfeiçoamento das virtudes da confiança.

E quanto à relação do estado positivo com a capacidade física do atleta, existe alguma relação?

A resposta é sim! Ainda conforme estudo realizado por Seligman, as emoções positivas de alta energia, como a alegria, por exemplo, tornam as pessoas mais divertidas e este saudável ambiente de brincadeira leve está ligado à geração de recursos físicos. Existem evidências que a emoção positiva funciona como prevenção de saúde e longevidade, o que demonstra sua capacidade de promover reservas físicas para as pessoas, sendo que no caso dos atletas isso acontece da mesma forma.

Apesar de não existirem fatos comprovados sobre se a maior satisfação na sua atividade profissional torna uma pessoa mais feliz ou se a disposição de ser feliz gera algum tipo de satisfação na profissão, não é surpresa para nós que as pessoas mais felizes demonstrem de maneira mais nítida maior satisfação na sua atividade profissional. Além disso, podemos considerar o importante fato de que as pessoas num estado de espírito mais positivo definem metas mais ousadas e possuem um desempenho melhor.

Com isso, agora podemos compreender um pouco melhor o que existe por trás da busca pelo ambiente positivo nas equipes de futebol, afinal de contas descobrimos que ele contribui para a saúde física do atleta, bem como para o seu melhor desempenho em sua atividade profissional.

Cabe a nós, profissionais do esporte, buscar aprofundar mais nessa questão e refletir de que forma é possível se contribuir neste processo de gerar emoções positivas de uma maneira efetiva, inclusive buscando utilizar formas comprovadas para apuração da pontuação de uma escala geral de felicidade de uma equipe e com isso gerar novas reflexões e planos sustentáveis de metas que contribuam para o aumento geral da felicidade. Afinal de contas, já entendemos que o tal ambiente positivo ajuda certo?

Até a próxima! 

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Alguém ainda questiona a necessidade de mudança no calendário?

Falar em mundo globalizado nos dias de hoje é quase um pleonasmo. Para o ambiente do esporte, é cada dia mais evidente o crescimento de marcas de clubes europeus ou franquias de ligas americanas no gosto dos brasileiros, o que é um indicador importante deste olhar mais amplo. No entretenimento, a popularização da TV por Assinatura permitiu um maior acesso ao que ocorre mundo afora.

O fato é que o futebol brasileiro está se apequenando diante de todo este processo. E a soma entre uma visão míope de quem decide os rumos estratégicos com as entregas que os clubes fazem ao torcedor e aos investidores só pode conduzir a um resultado de estagnação ou, quando muito, crescimento moderado.

E neste período, como resultado das más decisões estratégicas, o que salta os olhos é a insistência em um calendário que não respeita as diretrizes globais. Enquanto os principais clubes no mundo terminaram suas temporadas há quase um mês, os clubes nacionais terão uma Copa do Mundo para se preparar para a “segunda metade do Campeonato Brasileiro”, em uma espécie de inter-temporada.

Será que um dia teremos que escolher jogar apenas quando não há jogos lá fora para não competir diretamente com o gosto das pessoas que preferem o futebol europeu, tal e qual fazem competições que se consideram de fato menores?

A Copa está chegando para mostrar e meramente ilustrar como o nosso calendário está defasado e distante de um projeto de globalização para o futebol daqui. Esta e outras adequações são fundamentais para que, no médio-longo prazo, o Campeonato Brasileiro não pareça simplesmente o “Torneio do Bairro” perto do tamanho, alcance e proporção das principais competições do mundo. 

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Marinho Chagas

Não foi o melhor lateral-esquerdo do Botafogo.

Ou foi – que Nilton Santos é Enciclopédia.

Não foi o melhor lateral de uma seleção que, além de Nilton, teve Roberto Carlos e Júnior, por exemplo.

Não foi o melhor destro a atuar na esquerda, como muito bem sabem Nilton e Júnior.

Certamente não era o lateral que melhor marcava, como mal soube Leão, em 1974.

Mas, com a bola aos pés, partindo em velocidade pela esquerda, driblando como se fosse mais um ponta que um lateral, foi um dos melhores da posição em 1974 – e numa Copa com Breitner, que era craque, Krol, que era ótimo, e Facchetti, que foi eliminado na primeira fase.

Cobrando falta era impressionante. Como outros também foram. E mais que ele.

No futebol potiguar, não houve jogador igual.

Na lateral, insisto, outros foram melhores, mais completos, mais laterais.

Mas poucos divertiram e se divertiram tanto.

Poucos fizeram as magias e truques da Bruxa de General Severiano.

Um jogador que tinha de ser ídolo do Botafogo, pelas características peculiares do clube e do jogador.

Um cara diferente. Extremo. Exaltado. Externo. Exalava espírito indomável.

A chaga de Marinho pela vida pós-bola cobrou preço. Viveu como jogou. Jogando-se. Desafiando. Não ficando preso. Soltando-se.

Espírito livre, futebol libertário.

Podia não ser o mais confiável dos jogadores. Mas o jogador, por definição, vive no risco. No limite. No riso. No choro.

Marinho viveu para isso.

Morreu por isso.

Mas segue vivo em quem viu. 

 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

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Uma mentalidade para ser vencedor

É difícil falar no estilo que o Barcelona imprimiu na última década sem falar de Xavi Hernández. O dono da camisa 6 da equipe catalã é um meio-campista com raro talento para organizar e “ler” o jogo, e por isso consegue ser ao mesmo tempo um armador prolífico e uma opção constante para receber a bola. Xavi pode ter desenvolvido tudo isso nas categorias de base ou em treinamentos, mas essas são características inatas. Um perfil do atleta publicado pelo jornal “El País” diz que ele já mostrava isso quando brincava com amigos na rua – orientava, identificava espaços nos times adversários e planejava movimentações, por exemplo.

Mas este não é um texto sobre Xavi. Aliás, o foco aqui é um ex-jogador que é quase uma antítese de tudo que o meio-campista espanhol simboliza: Filipo Inzaghi, que vai assumir na próxima temporada o comando do Milan.

Inzaghi era um centroavante com muito poder de definição, mas não demonstrava como atleta um nível refinado de conhecimento sobre o que acontecia no restante do campo. Não tinha uma leitura fantástica sobre defesas adversárias e tampouco exercia papel fundamental para dar ritmo ao time ou abrir espaços.

Quando foi contratado pelo Milan, em 2001, Inzaghi estava perto de completar 28 anos. Já havia passado por Piacenza, Verona, Parma, Atalanta e Juventus. Também já tinha conquistado em 1997 o título de melhor jogador jovem do Campeonato Italiano.

No Milan, Inzaghi conheceu o auge. Transformou-se em centroavante decisivo e foi fundamental para a equipe em várias conquistas, incluindo duas edições da Liga dos Campeões da Uefa. Foi convocado pela Itália e integrou a seleção que venceu a Copa do Mundo em 2006.

É difícil explicar o que fez de Inzaghi um jogador especial. Sorte, talvez. Capacidade técnica, física e mental, certamente. Difícil é imaginar um jogador assim, com participação pequena no todo e uma leitura de jogo que muitas vezes foi motivo de piadas – sobretudo pela altíssima quantidade de vezes em que ele se precipitava e recebia passes em impedimento – como alguém que entende sistemicamente o andamento de uma partida.

Esse é o primeiro estereótipo que Inzaghi derrubou no trabalho “Uma mentalidade para ser vencedor”, que ele usou para concluir o curso de treinador da Federação Italiana de Futebol (FIGC, na sigla em italiano). O texto é de alguém que entende, sim, o que acontece em um campo de futebol.

O que mais chama atenção é que Inzaghi não teve tempo para estudar depois da aposentadoria e planejar a transição. Ao contrário: encerrou a carreira como atleta em 2012, com direito a um gol e muitas lágrimas no jogo de despedida, e meses depois começou a treinar equipes de base do Milan.

Inzaghi pode ter evoluído nos dois anos em que comandou equipes jovens do clube italiano, é verdade, mas ainda assim é surpreendente ver o nível de entendimento que ele tem sobre o jogo. Isso não quer dizer que ele vai ser um grande treinador no futuro ou que ele tenha enorme preparação para o novo ofício. Entender o jogo é como entender a vida, mas conhecer a totalidade do quadro não é necessariamente suficiente para desenvolver as melhores soluções.

Na última semana, depois de o Milan ter anunciado que Inzaghi será o novo treinador da equipe principal, o site “Soccer Translator” publicou o trabalho de conclusão de curso que o ex-jogador apresentou à FIGC (veja aqui, ó: http://www.soccertranslator.com/2014/03/thesis-review-mentality-to-be-winners.html). O arquivo original está em italiano, seguido de uma resenha escrita em inglês.

O trabalho de Inzaghi tem 60 páginas divididas em dois blocos. O primeiro tem seis capítulos, e o segundo é composto por quatro. O ex-jogador fala sobre o ofício de um treinador, abordagens psicológicas, trabalhos mentais e como todas essas coisas podem convergir para o sucesso no futebol.

“Você pode definir o sucesso como um resultado favorável ou vantajoso no fim de cada ação tomada”, definiu Inzaghi. “E somando conceitos de vários autores você pode dizer que há uma relação entre psicologia e sucesso”, completou treinador neófito.

Ler o trabalho de Inzaghi é muito bom para entender a linha de pensamento do técnico. A começar pela relação com a sorte: apesar de sempre ter sido considerado um jogador “iluminado”, o italiano defende que não há sorte no futebol. Em vez disso, ele acredita numa combinação entre eficiência e força psicológica.

“Na realidade, hoje, com o conhecimento para iniciar uma nova viagem que não tem nada a ver com o que eu fiz como jogador, que é a primeira experiência como treinador, eu levo em conta quantas coisas são necessárias para um bom técnico. Liderar um grupo, saber como relacionar os aspectos individuais, encarar críticas, programar e delegar, manejar sucesso e fracasso, mediar conflitos, tomar cuidado da comunicação interna e externa e lidar com as competências técnicas”, enumerou o técnico.

O Inzaghi jogador era um definidor simples e eficiente. O Inzaghi treinador ainda não mostrou uma cara entre os profissionais, mas o Inzaghi estudioso de futebol mostra um perfil que está muito mais para Xavi: detalhista, sistêmico, preocupado com meandros.

O maior desafio que ele vai ter agora será incutir nos outros jogadores os conceitos que ele defendeu no trabalho. Inzaghi vai precisar priorizar a comunicação e as relações institucionais. Ele já mostrou que sabe ler o jogo, mas ainda precisa dizer se sabe como transformar isso em proposta e como transmitir essas ideias.

O desafio dele hoje é muito maior do que apenas anotar gols. Inzaghi mudou de posição. Hoje, como todo técnico, precisa ser mais organizador e mais líder. Mas, tomando o trabalho de conclusão de curso como base, o novo comandante do Milan sai muito na frente da maioria nesse sentido.

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Transferência e Condição de Jogo no Campeonato Brasileiro

Causou repercussão a atitude do atacante Fernandinho, então atleta do Atlético/MG, que negou-se a disputar partida contra o Criciúma pelo Campeonato Brasileiro de Futebol.

Isto se deu pelo fato do contrato do atleta estar na iminência de terminar e caso ele disputasse a sétima partida pelo clube mineiro não poderia atuar por outro clube brasileiro este ano.

O Campeonato Brasileiro de futebol rege-se pelo Regulamento Geral das Competições (RGC) e pelo Regulamento Específico da Competição (REC).

O RGC estabelece que somente possam participar das competições os atletas que tenham os seus contratos registrados na Diretoria de Registros e Transferências (DRT), observados os prazos e condições de registro definidos no REC.

Vale destacar que a DRT publica o Boletim Informativo Diário-eletrônico (BID-e), disponível na internet, no qual constam os nomes dos atletas cujos contratos registrados pelo clube contratante, sendo que os atletas somente terão condição de jogo após essa publicação.

O REC, por sua vez, determina que um atleta poderá ser transferido de um clube para outro durante o Campeonato Brasileiro da Série A, desde que tenha atuado em um número máximo de seis partidas pelo clube de origem, sendo permitido que cada atleta mude de clube apenas uma vez.

No momento em que o país se prepara para organizar a Copa do Mundo, o ato do atleta demonstra conhecimento da legislação e preocupação com a sua carreira.

Ora, se o atleta atuasse pela sétima vez o clube não optasse pela renovação, o jogador seria impedido de exercer sua atividade laboral por outra equipe do Brasil por, pelo menos, seis meses, deixando o clube empregador em situação privilegiada para renovar o contrato de trabalho de forma prejudicial ao empregado.

Diante disso, não se deve entender a atitude do atleta Fernandinho como uma afronta ao clube, à sua diretoria ou à sua torcida, mas como uma forma de assegurar o seu direito de exercer o labor e manter o seu sustento. 

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Líderes, cuidado com as armadilhas no caminho

Estamos cada vez mais próximos da Copa do Mundo de 2014. Os atletas vão sendo convocados, as delegações começam a chegar no Brasil e todo o planejamento outrora realizado pelas confederações estão sendo colocados em prática.

Planejamentos estes que são extremamente importantes para aumentar as chances de sucesso de uma seleção na maior competição de futebol no mundo. O planejamento é importante e compensa ser elaborado, pois a prática de examinar e debater cada elemento-chave do plano para disputar em alto nível uma Copa do Mundo é extremamente importante para toda e qualquer seleção, por isso um grande especialista em gerenciamento do tempo afirmou: “Agir sem planejar é a causa de todos os fracassos”.

Se por um lado, o planejamento pode ser visto como a fórmula que pode levar ao sucesso, uma outra questão pode levar ao baixo rendimento e uma consequente eliminação de uma Copa do Mundo: as síndromes executivas!

Estas síndromes são alguns males que muitas vezes impedem grandes líderes de ir além em suas carreiras, podendo levar a uma situação de fracasso em competições de grande importância e curto prazo de execução, como a Copa. São alguns comportamentos inadequados que podem estar presentes no treinador ou em outro membro da comissão técnica, refletindo inevitavelmente no relacionamento com pares e principalmente com os atletas, o que torna difícil o progresso coletivo rumo ao sucesso.

As síndromes que compartilho com vocês e que podem assolar o comportamento dos treinadores das seleções durante uma Copa do Mundo são:

• Vaidade – Muitos treinadores gestores podem externar uma vaidade exagerada durante a competição e com isso tornam-se incapazes de reconhecer seus pontos de melhoria;

• Orgulho – Treinadores ou gestores orgulhosos até reconhecem sua necessidade de melhoria ou mudança de comportamento em certos aspectos, mas não conseguem mudar efetivamente;

• Arrogância – É o mal mais comum entre alguns profissionais que ocupam função de liderança, como treinadores ou gestores; no geral este comportamento evidencia uma incapacidade instalada de ouvir os atletas e demais pessoas no seu convívio.

Imaginem, todo um planejamento de qualidade e execução focada serem impactados em plena Copa do Mundo por uma das síndromes acima citadas?

Este é o ponto de atenção destas armadilhas para os treinadores das seleções que disputarão a Copa do Mundo e também para os demais treinadores: talvez de nada adiante ótimos planejamentos e execução de planos se os nossos líderes no futebol vivam envolvidos pelas armadilhas da vaidade, orgulho e arrogância! Os atletas não seguirão esta liderança e ficará praticamente impossível trabalhar objetivos comuns numa equipe de futebol.

Até a próxima! 

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Paixão e intensidade: o que isso tem a ver com os megaeventos?

Não sou antropólogo, mas vou me reservar o direito de fazer uma breve análise sobre duas características comuns que identifico na maioria dos brasileiros: a paixão e a intensidade no sentido de querer evidenciar suas inúmeras emoções. Esta combinação gera um comportamento muito peculiar: o exagero de felicidade quando tudo vai muito bem e o extremo oposto quando acredita que muita coisa vai mal.

Conversando com o amigo Bruno Teixeira, também gestor do esporte, a frase que pareceu ser consenso em uma breve análise sobre o que se tem falado pela opinião pública e a sociedade em geral sobre os gastos (ou investimentos) na Copa e nos Jogos Rio 2016 é esta: “não há equilíbrio nos comentários sobre o assunto”.

E é verdade. São poucos os textos ou depoimentos que abordam claramente os prós e contras. Tudo parece, agora, que cada brasileiro deve defender de que lado está: se do Governo, deve colocar os megaeventos em um pedestal das genialidades de tomada de decisão do poder público em benefício do seu povo; se da Oposição, com o discurso de que o dinheiro dos megaeventos resolveria, de uma vez só, todos os problemas da saúde, segurança e educação.

Ambos são vazios e não encontram respaldo no campo real. Existem sim coisas boas em se realizar megaeventos, com impactos tangíveis e intangíveis que são interdependentes aos objetivos que um determinado local ou país tem com ele. Por exemplo, o Brasil pretende, há algum tempo, se apresentar como um importante destino turístico internacional (hoje, a soma de visitantes por ano em São Paulo e Rio de Janeiro é idêntica ao que Buenos Aires recebe – http://blog.euromonitor.com/2014/01/euromonitor-internationals-top-city-destinations-ranking.html

Copa e Olimpíadas são, principalmente, uma grande plataforma de comunicação global que atinge, durante 15 ou 30 dias, mais da metade da população mundial. Estes megaeventos poderiam contribuir em muito para um melhor posicionamento do turismo brasileiro em âmbito internacional. Contudo, a soma de projetos frágeis com a onda de pessimismo da população, que vem paulatinamente incentivando uma “anti-promoção” do país, tem impedido a construção de um legado mais positivo neste sentido.

Por sua vez, é verdade que muita coisa poderia ter sido feita de maneira diferente. É fato que poderíamos ter investido de forma mais inteligente os recursos públicos nos megaeventos. Mas antes de ter um olhar míope sobre o que tem sido feito com o esporte, é preciso debater objetivamente soluções visando a melhoria da aplicação de recursos públicos em todas as esferas. O esporte é tão vítima da ineficiência e da falta de clareza das políticas públicas quanto outras áreas.

Entre desvios, corrupção e, principalmente, má gestão, perdemos muito em eficiência. E é sabido que este é um mal que não “privilegia” o poder público, mas sim a população como um todo, que coaduna com este sistema nefasto.

Está claro que não falta dinheiro para investir no Brasil. E dentro deste espectro de investimentos, é também papel do poder público dispender recursos com a promoção de lazer da população (está, inclusive, na nossa Constituição Federal – artigos 6º, 217 e 227). Tenho plena convicção de que todos os cidadãos já usufruíram desta benesse, seja no Carnaval de Salvador, no show do Roberto Carlos gratuito na praia, na Luta do UFC disputada em um ginásio público, na Oktoberfest realizada anualmente em Blumenau ou tantas outras plataformas de entretenimento.

Debater e lutar por um país melhor é direito e dever de todos os brasileiros. Que o façamos de maneira ponderada, com sabedoria, analisando prós e contras e, acima de tudo, utilizando dos meios mais adequados para tais reivindicações, pensando no todo e não apenas no próprio umbigo. Afinal, ser feliz é saudável, seguro e gera aprendizados!!! 

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Complexidade

Dona dos direitos de personagens como Capitão América, Homem de Ferro e Hulk, a editora Marvel conseguiu um feito neste ano: após o lançamento de “Capitão América: o Soldado Invernal”, a franquia de super-heróis ultrapassou a saga do bruxo Harry Potter e se tornou a série mais rentável da história do cinema. E o que isso tem a ver com esporte? O sucesso dos filmes que forjaram o recorde é baseado num conceito que ainda precisa ser assimilado em searas como o futebol. Até nos principais eventos.

O novo filme do Capitão América é o nono que a Marvel contabiliza como parte de sua franquia cinematográfica – houve outras incursões de heróis da empresa no cinema, mas quase todas tiveram resultados aquém do esperado. Na soma, as obras com chancela da “Casa das Ideias” estão próximas de US$ 2,5 bilhões em faturamento.

O que mais impressiona é exatamente isso: as experiências anteriores dos super-heróis da Marvel na tela grande não haviam obtido resultados relevantes – essa análise exclui personagens como Homem Aranha e X-Men, cujos direitos cinematográficos são explorados por outras empresas. De repente, houve uma virada.

Essa mudança de panorama começou quando a Marvel decidiu construir um universo cinematográfico. Todos os filmes recentes da empresa estão conectados, e até produtos como séries de TV têm repercussão nesse mundo complexo.

As pessoas não precisam ver um filme do Homem de Ferro para entender o que se passa numa obra com o Hulk, mas os eventos de um influenciam diretamente os rumos do outro. Isso aumentou o interesse dos fãs mais assíduos, ávidos por referências cruzadas nos longas da empresa, mas também fez com que o público “comum” tivesse uma noção maior de complexidade dos personagens.

No esporte, um exemplo bem próximo disso foi criado pelo circuito de artes marciais mistas (MMA) UFC. Disposto a se aproximar de um contingente maior de pessoas, o evento tentou humanizar seus lutadores. Para isso, a organização suavizou regras e buscou personagens com perfis diferentes. A grande sacada, no entanto, foi a criação de um reality show para selecionar novos atletas. Com emoções e dramas expostos na TV, as estrelas mostraram ao público que eram mais do que os golpes desferidos no octógono.

Os exemplos da Marvel e do UFC só funcionaram porque as empresas que os criaram tinham em mente um cenário mais amplo. Nem todos os filmes foram produzidos, dirigidos ou escritos pelas mesmas pessoas. Da mesma forma, profissionais com diferentes ideias sobre o MMA comandaram cada uma das áreas em que o circuito decidiu atuar.

Isso nos leva a uma reportagem publicada na edição de 30 de abril da revista “Exame”. O texto de capa da publicação é focado nas cidades brasileiras, com uma análise focada no potencial de negócios. Em um trecho, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, usa uma experiência pessoal para falar sobre a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016: “Quando eu fui a Barcelona pela primeira vez, em 1990, tive uma péssima impressão da cidade, que estava com obras por todo lado. Talvez as pessoas pensem o mesmo do Rio durante a Copa do Mundo. Paciência. Minha prioridade é a Olimpíada”.

A declaração de Paes é seguida por uma constatação de Jaime Lerner, urbanista e ex-prefeito que mudou a mobilidade de Curitiba na década de 1970: “Toda cidade precisa ter um sonho. A maioria das cidades brasileiras não tem”.

O que a Marvel (em maior escala) e o UFC nos mostram é que essa não é uma regra válida apenas para as cidades. Todo empreendimento, independentemente da seara, precisa ter um sonho.

O Brasil vai sediar a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. São os dois maiores eventos esportivos do planeta, com audiências gigantescas e investimentos vultosos. Mas qual é o sonho do país com essas competições?

Se não descobrir a resposta para isso, o Brasil viverá de ações pontuais. A comunicação pode até ser eficiente nos dois eventos, mas perderá grande parte do potencial se não for colocada a serviço de um objetivo maior e mais complexo.

O exemplo do que o futebol brasileiro pode fazer está posto: basta acompanhar o que foi realizado pela Uefa para a decisão da Liga dos Campeões, no último sábado, em Lisboa. Após empate por 1 a 1 no tempo normal, o Real Madrid bateu o Atlético de Madri por 4 a 1 na prorrogação e ficou com o título continental pela décima vez na história.

O jogo não foi tratado como um evento qualquer. Isso pode parecer óbvio, mas uma comparação com uma decisão de Copa do Brasil ou de Copa Libertadores é suficiente para mostrar que a Liga dos Campeões da Uefa vive em outro mundo no futebol atual.

O projeto de comunicação da Uefa para a disputa do título envolveu ações nas ruas e uma série de iniciativas para fazer da decisão um evento para mobilizar Lisboa – a partida final da Liga dos Campeões é sempre disputada em campo neutro. Mas também contou com um enorme esforço de mídia.

A venda de pacotes da Uefa inclui produtos voltados à valorização do campeonato. Quem compra direitos de transmissão da Liga dos Campeões, por exemplo, inclui no contrato uma presença do evento no restante da programação. Isso pode ser feito com gols, melhores momentos, reportagens ou outros tipos de formatos, desde que o evento esteja ali.

A Globo, por exemplo, precisou de uma autorização para falar Liga dos Campeões da Uefa em vez de Uefa Champions League. A ideia de brigar pelo uso da nomenclatura em inglês faz parte de uma estratégia da Uefa para internacionalizar o evento.

A Uefa também vende internacionalmente a Liga dos Campeões como o maior torneio de futebol depois da Copa do Mundo. Quantas vezes você ouviu que “são os mesmos jogadores, mas dispostos em times em vez dos países de origem”?

Com isso, a Uefa acaba valorizando o próprio futebol europeu. Ter uma competição forte é uma forma de vender muito mais do que isso. É uma forma de mostrar ao mundo o potencial que o esporte tem no Velho Continente.

É impossível medir o potencial de negócios contido nessa mensagem. Contudo, basta ver o quanto a Liga dos Campeões fatura. Em graus diferentes, outras competições podem atingir esse sucesso. Para isso, porém, é preciso que elas tenham um sonho. 

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Banco de Jogos – Jogo 10

As reposições de bola em jogo por tiro de meta e arremessos laterais, muitas vezes, são negligenciadas pelos treinadores. Para evitarem a perda da posse de bola em regiões próximas à própria meta ou quaisquer outras situações de contra-ataque que possam se tornar perigosas, optam por desfazer-se da bola através de chutões ou cobranças de arremessos laterais sem movimentações grupais.

Como perder a posse de bola menos vezes que o adversário tem relação com o cumprimento da Lógica do Jogo é importante que estas situações sejam bem treinadas para potencializar as chances de finalização. Além disso, momentos como estes devem ser aproveitados para que a organização do próprio sistema (equipe) supere a organização do sistema adversário (logo, o desorganize). No confronto de sistemas que é o jogo de futebol, estes momentos durante o jogo facilitam a organização uma vez que a bola, referência do jogo em constante mudança de região do campo, encontra-se parada.

A coluna desta semana traz uma possibilidade de aplicação de um jogo para estimular estes elementos em que quem melhor aplicá-los terá maior chance de vencer.

Jogo Conceitual em ambiente específico de Reposição de bola em jogo

– Dimensões do campo oficial. ~ 100m x 70m;

– Campo dividido na intermediária ofensiva, conforme ilustra a figura:


– Número de Jogadores: Gr + 10 x Gr + 10
– Sugestão do tempo de jogo por série: 10 minutos;

Regras do Jogo

1. As equipes jogam com 3 toques no campo de defesa e toques liberados no campo de ataque;

2. Cobrar tiro de meta com lançamento para o campo de ataque e perder a 1ª bola = 1 ponto para adversário;

3. Cobrar tiro de meta com lançamento para o campo de ataque e perder a 2ª bola = 1 ponto para adversário;

4. Cobrar tiro de meta com passe ou lançamento no campo de defesa e passar o meio campo com a bola dominada = 1 ponto;

5. Cobrar tiro de meta com passe ou lançamento no campo de defesa e passar a intermediária ofensiva com a bola dominada = 1 ponto

6. Cobrar tiro de meta com passe ou lançamento no campo de defesa e terminar a jogada com finalização certa = 1 ponto

7. Cobrar arremesso lateral no campo de defesa e passar intermediária ofensiva com a bola dominada = 1 ponto

8. Cobrar arremesso lateral no campo de defesa e terminar a jogada com finalização certa = 1 ponto

9. Cobrar arremesso lateral para frente, no campo de ataque, e manter a posse de bola = 1 ponto

10. Cobrar arremesso lateral no campo de ataque e terminar a jogada com finalização certa = 1 ponto

11. Gol = 10 pontos

12. Gol a partir de jogadas iniciadas em reposição por tiro de meta ou arremesso lateral = 20 pontos

Assista aos vídeos com os exemplos de algumas regras:

Regras 2 e 3

https://www.youtube.com/watch?v=CWjpEhVfo0A&feature=youtu.be

O goleiro da equipe preta cobra o tiro de meta e a equipe azul ganha as disputas da primeira e segunda bola. Esta ação vale 2 pontos para a equipe azul.

Regra 5

https://www.youtube.com/watch?v=-tfKQ_GoRhQ&feature=youtu.be

A equipe preta sai jogando na reposição do tiro de meta e consegue ultrapassar a intermediária ofensiva com a bola dominada. Como também passou o meio campo com a posse de bola, estas ações valem 2 pontos para a equipe.

Regra 10

https://www.youtube.com/watch?v=2ZDESO268kU&feature=youtu.be

A equipe preta cobra arremesso lateral e a jogada termina com uma finalização certa do jogador número 11. Esta ação vale 1 ponto para a equipe preta.

Aguardo críticas, comentários e sugestões. Abraços e bons treinos!

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Ainda há sim, muito de novo a se propor no futebol: em busca dos saltos quânticos…

Gosto muito de assistir a jogos de futebol.

Ao vivo nos estádios, ou pela TV (mais comumente), gosto de apreciá-los como se estivesse estudando um bom livro, uma nova tese, uma nova ideia…

Campeonatos europeus (alemão, italiano, espanhol, português, francês, inglês), sul-americanos (incluindo aí, é claro, jogos do futebol brasileiro), jogos de equipes profissionais, seleções e/ou categorias de base.

Penso que cada jogo é uma oportunidade para testar uma hipótese, aprender um novo conteúdo, debater um diferente conceito.

É claro, que ao ler o parágrafo anterior, muitas pessoas poderão discordar, afinal “no futebol não há nada de novo a se apresentar ou criar”.

Não me importo.

Acreditar que “não há nada de novo a se propor no futebol” é uma forma de pensar, que sob meu viés corre o risco de ser limitadora, já que ele (o futebol) é algo tão belo, complexo, artístico, sistêmico…

Além do mais, quando algo aparentemente novo começa a ganhar espaço, logo surgem as teorias das “releituras do passado”, das “cópias adaptadas”, do “isso já existia antes”.

Então o reforço de que o novo é “simplesmente” o velho renovado, acaba quase sempre sacramentando e difundindo a ideia, de que tudo que deveríamos ver e saber sobre o jogo de futebol já se foi visto e sabido.

Talvez sim, seja verdade que o jogo de futebol propriamente dito e jogado, com fim nele mesmo, já tenha apresentado ao longo de sua história tudo o que ele poderia mostrar a respeito de si, em sua essência.

Isso não significa que já fizemos a ele (ao jogo) todas as perguntas certas para decifrá-lo.

Então ainda que ele se revele a cada partida entre duas equipes,
é provável e aceitável a ideia de que tenhamos ainda muito para desvendar e enxergar.

Mas para isso, é claro, precisamos fazer perguntas novas, diferentes, certas, e porque não, vestir novos óculos!

Em termos de velocidade complexa de jogo, por exemplo, os índices e marcadores propostos para medi-la mostram que o futebol da década de 1970 é diferente daquele jogado na década de 1990, e também daquele jogado na década atual.

E se a velocidade é diferente, a maneira de ocupar os espaços também é, as tomadas de decisão também são – assim como todas as outras coisas que envolverão a organização coletiva e as ações individuais dos jogadores.

E se a velocidade complexa é apenas uma, de tantas variáveis que estão tornando o jogo mais impressionante e exigente (para jogadores e comissões técnicas), então é quase óbvio que o jogo de futebol está em evolução (ainda!), e que as soluções tático-estratégicas e organizacionais estão condicionadas a um processo criativo, que está a disposição de todos que acreditam que ainda há muito espaço para a inovação!