O superclássico entre Atlético-MG e Cruzeiro começou quente fora das quatro linhas. A equipe celeste, detentora do mando de campo, vetou a entrada de instrumentos de bateria e de bandeiras na torcida do Atlético, no Mineirão, bem como a entrada do mascote. Ademais, o mandante estuda vetar a entrada das crianças com a equipe do alvinegro.
Natural que a rivalidade acirre os ânimos, no entanto, os clubes não podem esquecer que existe uma norma de interesse público e coletivo que regula os direitos e deveres dos torcedores: O Estatuto do Torcedor.
O art. 17 do referido Estatuto determina que a Federação e os clubes devam elaborar planos de ação referentes à segurança, transporte e contingência durante a partida. Ou seja, não cabe ao mandante, mas a ambos, clubes e a Federação, conjuntamente estabelecerem eventuais vedações justificando-as.
Em outras palavras, eventuais restrições aos direitos dos torcedores devem encontrar amparo legal e/ou fundamentar-se na segurança.
Nesse sentido, não há justificativa legal para conceder tratamento diferenciado entre as torcidas, ora, se é seguro a torcida do Cruzeiro adentrar com instrumentos de bateria e bandeiras, o mesmo se aplica à torcida adversária.
A questão do mascote e até mesmo da entrada das crianças, como não interfere diretamente nos direitos dos torcedores, ocorrem dentro do campo de jogo e dizem respeito às questões mais mercadológicas (marketing, por exemplo) do que práticas, é natural que o clube mandante queira divulgar sua marca e seus símbolos no jogo que realiza em sua casa, portanto, não existe vedação legal.
Importante acrescer que o art. 13-A do Estatuto do Torcedor estabelece expressamente as proibições, veja-se:
Art. 13-A. São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei:
I- estar na posse de ingresso válido;
II- não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência;
III- consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança;
IV- não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;
V- não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;
VI- não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto esportivo;
VII- não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos;
VIII- não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer que seja a sua natureza; e
IX- não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores.
X- não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável.
Por mais tradicional que possa ser a rivalidade, ela deve se ater aos torcedores e as quatro linhas. Nesse momento em que o combate à violência nos estádios do futebol é uma necessidade, determinadas medidas além de nada contribuírem para a paz, acabam por acirrar ainda mais os ânimos e estabelecem um verdadeiro clima de guerra entre as torcidas.
Enquanto a dupla Grenal realiza partidas com torcida mista (isso mesmo, misturada!) Atlético-MG e Cruzeiro, que haviam dado um belo exemplo com o fim da torcida única, dão um passo atrás ao permitir que questões menores, pautadas em uma rivalidade extracampo que não devia existir, tomem corpo.
Os clubes precisam dar exemplo aos seus torcedores demonstrando tratamento recíproco e cordial a fim de que toda essa hostilidade não prejudique o espetáculo e faça mais vítimas.
Em conversas rotineiras com meu amigo Lewis Maté Weschenfelder Heineck, treinador de Futsal, profundo conhecedor do jogo e das variadas possibilidades do jogar, dentre muitas temáticas, abordamos uma questão sobre as “variações do corredor e troca da faixa do jogo”. Desse diálogo surgiu essa coluna e possíveis ideias que podem balizar os processos de treinamento para o desenvolvimento dessas conjunturas funcionais.
Para uma equipe que quer usar a tríade bola-espaço-tempo como fomento das ações ofensivas, um dos seus objetivos é manipular a defesa adversária, explorando suas zonas mais desprovidas de proteção com o objetivo de chegar mais próximo a baliza e criar chances ótimas de gol, e isso, devido à organização/estruturação defensiva do adversário pode ser um processo lento, sistematizado e de muita paciência.
As conjunturas funcionais “variação do corredor” e “troca de faixa do jogo” são de vital importância para o ganho de espaço e a progressão do ataque. Elas procuram mudar constantemente o lado e a direção do ataque tanto horizontalmente quanto verticalmente, visando utilizar as costas verticalmente, o ponto cego (costas diagonal) e o lado contrário da defesa adversária, movendo e gerando desequilíbrios-fissuras posicionais utilizando-se de bola curtas, médias ou longas.
Para que essas conjunturas funcionais laborem realmente e ganhem vida dentro de um processo estabelecido, não se pode deixar de associá-las com a interação de microideias que nada mais são que a intenção-execução de passes. Esses podem conter várias distâncias (passe curtos, médios e longos) e várias superfícies (passes no chão, meia altura ou no alto). Abaixo as microideias:
Interação das microideias para a consolidação das conjunturas funcionais
Passes quebra-linhas
Passes que produzem progressão no espaço defensivo adversário dentro de sua estrutura ou atrás dela, tendo por objetivo submeter cada vez mais verticalmente o adversário, permitindo um ganho de espaço e fazendo o ataque se aproximar cada vez mais nas proximidades da área adversária.
Passes de recomeço
Passes que reiniciam o ataque voltando para trás e visam escolher os melhores instantes para reverticalizar e procuram pegar a defesa do adversário no processo de basculação vertical ou descompactação (saindo) ou desequilibrada do lado oposto.
Passes laterais ou diagonais
Passes que procuram pontos cegos que procuram induzir os marcadores a trocarem constantemente o campo de visão, gerando desconforto/descontrole no gerenciamento de espaço defensivo.
Entendendo isso, o contexto e os jogadores disponíveis para a construção do jogar, pode-se utilizar 3 perfis de “jogo ofensivo” para explorar o desenvolvimento das questões acima:
Jogo posicional – Ocupação dos jogadores em distâncias-espaços relacionais com o objetivo de dominar e ganhar espaço/tempo. Visa transformar a equipe em uma homogeneidade/individual com inteligência e criatividade posicional. Utiliza-se das três microideias acima em interação, tendo em conta a natureza interativa dos jogadores para originar superioridade posicional, fluidez na variação do corredor e troca de faixa do jogo, sempre com os jogadores dispostos em determinadas alturas no campo todo.
Jogo de sobre-carga – Criação de zonas de superioridade numérica que procura a atração com pequenos e médios passes diagonais, laterais e de recomeço. Busca após essa atração, rapidamente com um passe longo, a variação do corredor e troca de faixa do jogo, para assim pegar uma situação de igualdade numérica ou superioridade do lado contrário.
Jogo de contra-pressão – Forma de enviar passes quebra-linhas de uma maneira “forçada-organizada” para uma zona determinada com densidade numérica. Essa zona considerada “zona articulada de segunda bola” pretende explorar um passe lateral ou diagonal (médio ou longo) para o lado contrário da defesa e buscar zonas de igualdade ou superioridade numérica.
Vendo cada vez mais a evolução do jogo, algumas novas tendências do jogar nos diversos cantos do mundo, e o aperfeiçoamento das metodologias de treinamento para desenvolver o jogar pretendido, percebe-se cada vez mais a importância de se trabalhar conteúdos por muitas vezes negligenciados por suas particularidades mais detalhistas.
Esses conteúdos desenvolvem relações e interações menores que solidificam o corpo do jogar. Vários profissionais enxergam e comentam, mas por hora do treinamento, o desenho colocado em prática por vezes não abarca uma relação minuciosa e propensa para o aparecimento rotineiro das situações. E essa é uma das facetas mais sensíveis do treinamento: delinear potenciais exercícios meticulosos que realmente estimulem o jogar pretendido respeitando a interação dos jogadores dentro da ideia.
O futebol sul-americano busca a sua reconstrução, mesmo que em passos lentos, após os escândalos ocorridos no mundo da bola com as denúncias de corrupção que levaram a prisões e exclusões envolvendo diversos dirigentes dos mais altos escalões. Apesar da investigação ter tido como alvo central a FIFA, houve um impacto gigantesco em federações regionais como a CONMEBOL, que controla o futebol na América do Sul, e também em federações nacionais de países como Brasil, Argentina e Uruguai.
Pela fragilidade, amadorismo, desorganização e falta de transparência existente no futebol de nosso continente, a necessidade de transformação tornou-se mais evidente e urgente. O ponto a favor nesse cenário caótico é ter países com seleções e clubes com enorme tradição no futebol mundial. São 9 títulos das seleções sul-americanas em Copa do Mundo, contra 11 das seleções europeias. Entre os clubes, contabilizando a soma dos campeões da Copa Intercontinental e do Mundial de Clubes, são 26 títulos para clubes sul-americanos e 30 para clubes europeus.
Porém, é preciso ter atenção também para esses dados. Como há um enorme desequilíbrio fora de campo entre o futebol da América do Sul e da Europa, especialmente na área de gestão e marketing, é nítido perceber que isso começa a ser traduzido para os resultados dentro de campo. A Europa obteve um maior destaque técnico nesse início de século. As últimas 3 Copas do Mundo da FIFA foram vencidas por seleções europeias e, entre as disputas do Mundial de Clubes da FIFA, os europeus sagraram-se campeões em 9 edições, contra 4 conquistas sul-americanas.
Os dois principais produtos da CONMBEBOL são a Copa América (seleções) e a Libertadores (clubes). Apesar de tradicionais, são conhecidos por sua desorganização e baixa lucratividade, ainda mais se compararmos com o fenômeno Champions League, na Europa.
Na semana passada, a CONMEBOL anunciou que a Copa América passará a ser disputada no mesmo período da Eurocopa. Ainda haverá a disputa do torneio em 2019 no Brasil e, em 2020, a competição será realizada nos Estados Unidos, após o sucesso comercial obtido com o evento no país em 2016. A partir daí, ocorrerá a cada 4 anos.
O ideal, tanto como forma de fortalecer a qualidade técnica do torneio, como transformar o evento em um produto mais rentável, é a junção plena entre a CONMEBOL e a CONCACAF, responsável pelo futebol na região América do Norte, Central e Caribe. Com a entrada de países como Estados Unidos e México, o apelo comercial torna-se muito maior, especialmente se olharmos para o crescimento da MLS, liga de futebol dos EUA.
A Libertadores também passou por mudanças para a temporada de 2017, especialmente no formato de seu calendário que passou a ser disputado em 42 semanas, não mais em 27. Com isso, ao invés da final ser realizada na metade do ano, passa ocorrer no fim de novembro. Essa extensão torna-se interessante, mas também pode gerar prejuízos. Primeiramente, os clubes mexicanos abriram mão de participar por incompatibilidade de calendário e também há discussões pelo fato da final ser disputada muito próxima da data do Mundial de Clubes da FIFA, que terá início nos Emirados Árabes no dia 6 de dezembro. Sem sombra de dúvidas, a tabela precisará ser melhor planejada para as próximas edições.
Assim como a Copa América, na minha opinião, a Libertadores deveria ocorrer com a participação dos clubes filiados à CONCACAF. O impacto sobre as receitas de patrocínio e direitos de transmissão seriam imediatos, aumentando a qualidade do evento e atingindo um público muito maior para os potenciais patrocinadores.
Hoje a diferença entre os números da Champions League e da Libertadores é assombrosa. Enquanto a Champions League arrecada com a venda de direitos de transmissão para todo mundo o total de US$ 2,5 bilhões, a Libertadores gera o total de US$ 175 milhões. São mais de 14 vezes a menos de receita.
Em relação as premiações aos clubes participantes e vencedores, a diferença também é muito grande. Enquanto a Champions League distribui € 57,2 milhões ao campeão, a Libertadores paga € 6,5 milhões. São quase 9 vezes a menos.
Como não poderia ser de outra forma, as receitas de patrocínio também são incomparáveis. A Champions League possui 8 grandes marcas como patrocinadoras oficiais que investem valores elevados. A Heineken, a grande expoente entre as marcas por realizar um trabalho de comunicação e ativação adicional ao patrocínio por todo o mundo, investe cerca de US$ 70 milhões por ano em sua cota. Enquanto isso, a Bridgestone, detentora da cota principal de Title Sponsor da Libertadores, investe cerca de US$ 16 milhões para ser a marca que dá o nome ao evento.
Faça um teste e entre no site da UEFA. Facilmente encontrará o acesso para o hotsite da Champions League, com navegação simples sobre a competição e a presença de seus patrocinadores de forma clara. Depois entre no site da CONMEBOL. Você encontrará também facilmente o link para a Libertadores, porém não encontrará nada muito além das tabelas de jogos. Nem mesmo a lista de patrocinadores da competição pode ser encontrada.
O produto Champions League é a grande referência de organização e sucesso. Desde a entrada em campo com o hino aclamado do evento, passando pela qualidade do espetáculo dentro de campo com os melhores jogadores do planeta e estádios lotados, até chegar as ações realizadas pelos patrocinadores, tudo entrega excelente resultado. Obviamente, que o mercado europeu possui um potencial de investimento muito mais sólido, além de já estar plenamente consolidado. Porém, a diferença para o futebol sul-americano não pode e não deve ser tão estarrecedora.
Vimos alguns jogos onde a confiança dos atletas em si e no seu treinador, podem ter sido elemento fundamental para o elevado desempenho e dos resultados obtidos. Estou citando como exemplo, entre outros jogos, o jogo do Brasil com Uruguai realizado no último dia 23/03 e no qual o Brasil estava num contexto adverso como visitante e atrás no placar da partida.
Mas quais elementos relacionados ao tema confiança podem ser realmente considerados e como isso pode impactar o desempenho dentro de campo?
Rapidamente conceituando, a confiança é um ingrediente especial para guiar a busca pela excelência, esta cresce ou diminui dependendo da qualidade do preparo, da concentração e do quanto o atleta acredita na sua capacidade. Falando em desempenho elevado, na prática, a confiança do atleta crescerá quando seu foco estiver centrado em confiar ou acreditar:
Em seu próprio potencial;
Em sua capacidade de superar obstáculos e alcançar seus objetivos;
Em seu treinamento ou preparo mental;
Em sua concentração;
Em suas escolhas;
No significado de sua missão;
Naqueles com quem você trabalha.
Adicionalmente, podemos compreender que a confiança é uma relação de aceitação voluntária e antecipada de investimento pessoal de risco, no qual se espera que a outra parte não haja de forma oportunista dentro do relacionamento interpessoal, pois este comportamento geralmente causa danos aos envolvidos na relação. Ela traz naturalmente essa ideia de assumir riscos, pois confiar em alguém significa colocar-se de maneira voluntária, vulnerável e dependente do outro, seja num relacionamento profissional ou pessoal.
Assim, quando um treinador entra em cena, com todo arsenal técnico e tático junto à uma equipe de futebol, sabemos que o elemento confiança pode ser fundamental para que os atletas consigam reproduzir em campo tudo que foi treinado e pensado. Isso é tão verdadeiro, que nos jogos inicialmente citados, pudemos perceber que o elemento foi a base para que as equipes pudessem atuar em elevado nível de desempenho em campo, que acabou culminando em resultados positivos.
Acredito que a relação de confiança estabelecida pode contribuir para um ambiente de alto desempenho no grupo. E sabe na prática como um treinador pode estabelecer essa relação?
Criando uma genuína e autentica relação um-para-um com os atletas;
Conseguindo a empatia através de um olhar incondicional sobre a realidade do time e dos atletas.
Bom, que sejamos cada vez mais confiantes e confiáveis em nossos relacionamentos e com nossas obrigações profissionais dentro do futebol atual.
Goleiro, uma posição particular e diferente do restante das outras posições. Uma posição com estética, arte singular e com lendas cimentadas em cima de sua atuação. Uma posição que historicamente, desde as brincadeiras de rua, até propriamente os treinos organizados em realidades desprivilegiadas, credenciava os jogadores com menos habilidades com os pés a defender a baliza, obrigando-os a exercitar suas capacidades motoras sem instrução exclusiva. Muitos goleiros surgiram assim. Esse espírito ainda existe hoje, mas muito pouco, pois as exigências são outras.
Hoje há muitas alternativas, oportunidades e os jogadores iniciam sua vida precoce como goleiros em idades iniciais, por demonstrarem certas aptidões e também por optarem. Muitos com 4,5 anos já possuem ídolos, se espelham, e vivem por anos nessa posição.
A grande questão do tema entra em como operacionalizar essa relação, a formação e o treinamento, primeiramente do iniciante, ao crescimento processual, até chegar ao profissional, e a manutenção por longos anos. Será apenas individualizando os trabalhos? Relacionando com outros aspectos? Entendendo as demandas do jogo? Enquadrando o treinamento dentro da organização coletiva?
Em qualquer nível, até pouco tempo atrás, o futebol parecia 1 + 10 jogadores e não 11 jogadores interagindo que originavam uma organização coletiva. A equipe consistia em 10 jogadores e o goleiro fazia parte de outro cenário isolado por conta das características peculiares de sua posição.
Esse aspecto ao longo dos anos foi evoluindo e ganhando novos traços, tanto na interação do goleiro com a equipe no desenvolvimento da forma de jogar, na construção de treinos mais específicos para a posição por mais contraditório que pareça, na evolução do entendimento bioenergético posicional, na busca pela melhora do uso dos pés para facilitar o jogo ofensivo, e no timing de cobertura defensiva para jogar também com os pés, especialmente para as equipes que jogam com defesa alta.
Nesse contexto, o treinador de goleiro, começou entender que além da atuação funcional-específica da posição, que nunca deve ser negligenciada, pois o goleiro antes de qualquer questão deve defender a baliza, também todas as relações possíveis mais direcionadas do goleiro com os outros jogadores nos 5 momentos do jogo são de vital importância para o planejamento semanal dos exercícios. Isso exige aprofundamento diário.
Nada melhor que solicitar a opinião com dois treinadores de goleiros para clarificar esse panorama:
O treinador de goleiros da equipe profissional do Desportivo Brasil, Luis Henrique de Moraes, ex Estoril/Praia de Portugal e Corinthians/SP, aborda com propriedade o papel do goleiro, seu treinamento e sua forma de pensar o processo:
“Nos últimos tempos o goleiro vem ganhando importância dentro do modelo de jogo, principalmente no aspecto ofensivo. Atualmente as defesas jogam em linha alta, proporcionando um espaço maior entre o goleiro e a última linha defensiva. É responsabilidade do goleiro posicionar-se para antecipar o ataque e especialmente ao contra-ataque adversário, ou ter o domínio do espaço posicional ofensivo, fazendo a circulação da bola com qualidade, gerando ações ofensivas pontuais em busca do gol adversário, variando as superfícies de passe. Por exigência do futebol moderno é necessário saber jogar com os pés, e jogar bem com os pés, porém não podemos esquecer que a essência do goleiro é defensiva, e sua responsabilidade maior é a proteção da sua baliza. Também penso muito que a exigência física é grande, principalmente nas sessões de treinamentos, onde ações intensas e de curta duração formam o alicerce da construção de um goleiro de alto nível. Para treinar e se preparar em alta intensidade, é importante a estruturação física do atleta durante o período de sua formação. Durante esse período, as etapas de desenvolvimento neuromotor terão que ser respeitadas impecavelmente. Então, num processo formativo, as informações e orientações alinhadas aos estímulos físicos não poderão se chocar nas transições entre as categorias.”
Divido em 3 vertentes minha rotina de trabalho:
1- Geral
2- Especial
3- Específica
Geral: Estruturação física (Ganho de massa magra e recrutamento de força) e trabalhos de profilaxia (preventivos).
Especial: Ações orientadas (fundamentos técnicos, estímulos de potência, velocidade de reação e agilidade).
Específica: Ações orientadas pelo treinador principal (aspectos técnicos e táticos). Inserção do goleiro no modelo de jogo.
“Dessa forma, na construção de um padrão semanal de trabalho, embaso meus treinamentos em cima dessas ideias acima, tendo em conta o período competitivo do processo, mas especialmente a análise do jogo passado e a construção semanal dos trabalhos do treinador principal”.
O treinador de goleiros da equipe Sub 15 da Chapecoense, Vinícius Ziegler Bandeira, ex – Novo Horizonte de Santa Maria/RS e Riograndense Futebol Clube/RS, também com propriedade, opina sobre a demanda do goleiro atual, e traz uma estruturação semanal do seu trabalho voltada para uma divisão sistemática de conteúdos:
“Penso que o goleiro deve estar em total sintonia com o modelo de jogo da equipe. Acredito e tento trabalhar dessa maneira, mesmo sabendo das particularidades que ainda a cultura do futebol proporciona, para que o goleiro não seja uma peça isolada no contexto do jogo. Por isso trabalho para que o goleiro seja o mais equilibrado e consistente possível, sem “pontos fortes e fracos”, por mais que cada um tenha sua particularidade e suas características. O goleiro tem que ser o mais completo possível, para suprir todas as necessidades que envolvem o jogo e se adaptar às diferentes estruturas de jogo, formas de jogar e os instantes do jogo, como por exemplo, saber fazer cobertura jogando em linha alta ou ter uma reposição rápida para transições ofensivas. Consequentemente, o preparador de goleiros deve estar inserido no planejamento e estruturação diária de todos os treinamentos da equipe junto da comissão técnica. Penso que no planejamento semanal dos goleiros deve estar incluído 4 partes fundamentais: jogos com os pés, trabalhos técnicos específicos da posição, trabalho com conteúdo voltado para o que será trabalhado com a equipe (cobertura, manutenção da posse de bola, confronto 1×1, etc) e o trabalho com a equipe.
Assim, especificamente para a categoria Sub 15, divido um cronograma semanal visando o jogo de sábado:
Segunda-Feira:
Trabalho 1: Passes rasteiros
Trabalho 2: Chutes frontais e diagonais
Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*
Trabalho 4: Trabalho com a equipe
Terça-Feira:
Trabalho 1: Passes rasteiros com mudança de direção
Chutes frontais e diagonais
Trabalho 2: Chutes frontais e diagonais
Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*
Trabalho 4: Trabalho com a equipe
Quarta-Feira:
Trabalho 1: Passes rasteiros com criação de linha de passe (circulação de bola)
Trabalho 2: Confronto 1×1
Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*
Trabalho 4: Trabalho com a equipe
Quinta-Feira:
Trabalho 1: Circulação de bola com saída de pressão
Trabalho 2: Bola aérea
Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*
Trabalho 4: Trabalho com a equipe
Sexta-Feira:
Trabalho 1: Reposição de bola
Trabalho 2: Bola aérea
Trabalho 3: De acordo com o conteúdo que irá trabalhar com a equipe*
Trabalho 4: Trabalho com a equipe
Ficou nítido que a ideia do goleiro ser o primeiro atacante e o último defensor está cada vez mais em voga. Também que as informações e conteúdos de treinamento vêm mudando. Claro que sua especialização posicional não pode ser negligenciada, porém, de uma forma intensa e curta, evitando excessivas repetições muitas vezes sem contexto a sua verdadeira atuação. Além disso, a relação constante com o modelo de jogo também ficou clara.
Mais que isso, as novas demandas não tiram a magia eterna da posição ingrata após sofrer um gol defensável e da posição milagrosa que faz todos acreditarem que até o último instante existe sempre a possibilidade de fazer algo que salve a situação.
Que os goleiros sejam cada vez mais completos, melhores jogadores, bons líderes, bons passadores, mas que não percam sua essência defensiva.
O anúncio da contratação do goleiro Bruno realizada no dia 10 de março pelo Boa Esporte gerou uma repercussão imensamente negativa ao clube do interior de Minas Gerais. A reação do público em geral nas redes sociais, torcedores ou não do time, foi de completa indignação.
Bruno foi condenado há 22 anos de prisão em 2010 por assassinato, porém obteve a liberdade provisória em decisão do STF no mês passado. Logo após a sua saída da prisão, o goleiro fez uma declaração que gerou enorme rejeição social ao afirmar que mesmo se ficasse em prisão perpétua, isso não traria a vítima de volta.
O impacto negativo foi tão grande que o clube perdeu cinco patrocinadores nesse intervalo de tempo. As empresas Kanxa, Grupo Gois & Silva, Nutrends Nutrition, Magsul e a Clínica CardioCenter anunciaram o rompimento de contrato no início da semana passada.
Estão inclusos nessa lista os dois principais patrocinadores do clube, sendo a Kanxa responsável pelo fornecimento de material esportivo e o Grupo Gois & Silva pelo patrocínio máster, que possuía o direito de exposição das marcas Dengue Control e Fazendo Ouro Velho no uniforme de jogo. Inicialmente, o Grupo Gois & Silva chegou a apoiar a contratação de Bruno, porém mudou de posição ao ver a repercussão negativa que isso acarretaria para a reputação de suas marcas.
A diretoria do clube argumenta que a contratação de Bruno é, além de uma contratação de um atleta com passagem de sucesso por grandes clubes do futebol brasileiro, também uma forma de ajudar um ser humano que cumpriu pena e que pretende recuperar o seu direito de trabalhar.
Porém, a opinião pública entendeu essa atitude de forma totalmente diferente, enxergando que o Boa Esporte foi oportunista com o objetivo claro de obter visibilidade para o clube. A decisão tomada de forma sem planejamento mostrou-se, até o momento, algo bastante prejudicial e desastrosa para a imagem de todas as partes.
Muitas vezes nos perguntamos sobre quais seriam as diferenças entre os atletas profissionais que possuem melhores desempenhos, para aqueles que possuem desempenhos dentro da faixa mínima do aceitável, dentro do futebol.
Será que existe alguma relação com o dom para a modalidade esportiva ou algo mais pode compor essa equação da alta performance?
Napoelon Hill, em seu livro A Lei do Triunfo, comenta que uma das lições para se triunfar na carreira e na vida é termos o hábito de fazer mais do que a obrigação.
Isto exposto, acredito que esta lição se aplica também aos atletas profissionais de futebol. Ora, quem não se recorda de entrevistas com alguns dos grandes batedores de faltas do país e eles, quando questionados sobre o seu sucesso em cobranças de faltas, relatarem que treinavam incansavelmente cobranças, após os treinos regulares?
Isso reflete uma reflexão de Hill, onde ele aborda que a resistência de um homem depende em grande parte da satisfação, insatisfação ou prazer que sente no que está fazendo. Ou seja, todo homem é mais eficiente, mais rápido e obtém melhores êxitos quando empenhado num trabalho pelo qual sente amor pelo que faz.
Desta forma, podemos começar a reconhecer que, para todo atleta de futebol profissional ser bem-sucedido na carreira, este necessitará de um empenho superior ao que é feito pelos demais atletas. Necessitará ainda realizar escolhas pessoais que o possibilitarão ir além do seu desempenho habitual, fazendo com que conscientemente ele treine e se dedique mais e melhor, cotidianamente.
Uma vez certo de que precisa dar passos maiores em sua carreira, ele buscará extrapolar as cargas habituais de dedicação, tornando-se um atleta capaz de desempenhar profissionalmente sua carreira num patamar superior ao reconhecido no mercado.
E para quem acha que ir além do mínimo gera percepção de apenas sacrifício, estes podem estar numa armadilha do real valor de ir além, pois existem dois grandes benefícios, de médio e longo prazos, em ir além: primeiro, geralmente o atleta encontra no seu trabalho a maior de todas as recompensas, a felicidade sem preço, refletida pela sua própria satisfação pessoal em ter um ótimo desempenho profissional e, em seguida, a sua recompensa monetária e de carreira, que quando comparada com o esforço de uma vida inteira, é sempre muito maior, pela simples razão de que o trabalho realizado com satisfação e empenho é, na maioria das vezes, em quantidade maior e de melhor qualidade do que o trabalho que se faz unicamente por dinheiro.
Então amigo leitor, quando um atleta se perguntar por que motivos ele deve se empenhar mais, treinar mais e se dedicar mais do que os demais atletas, o exposto acima pode auxiliá-lo na reflexão dos reais motivos que o farão bem-sucedido. Lembremos, o amor pela profissão e a satisfação sem preço pelo que se faz, podem trazer todos os benefícios da carreira que um atleta de futebol pode esperar para sua vida.
Olá, caros leitores! Antes de iniciarmos a discussão, é preciso que entendam que o objetivo deste texto não é conceituar o que é a lógica do jogo, tal assunto já foi abordado por outros autores nesta casa (como no texto de Rafael Ferreira mais recentemente) e amplamente discutido e conceituado no meio acadêmico por autores como Scaglia, Leitão, Garganta e Castelo. Partindo destas discussões e estudos, e aliado à minhas experiências de vida com o jogo, entendo como mais adequada a definição de lógica do jogo, no futebol, como sendo: marcar mais gols que o adversário.
Sendo assim, é coerente que meus treinos e jogos sejam pautados no intuito do cumprimento desta lógica, pois é isto o que, no meu entendimento, irá nos aproximar das vitórias. E claro, digo aqui sobre a lógica do jogo, e não a de minha atuação profissional como educador e formador de jogadores de futebol. A minha lógica profissional, moral e ética, não me permite buscar a vitória a qualquer custo, em detrimento da formação humana e atlética de meus jogadores.
Dados estes apontamentos, e sobre também a sua concepção de lógica do jogo, retomo a pergunta que dá o título ao texto: O quanto sua equipe tem se aproximado de cumprir a lógica do jogo?
Como já apontei meu entendimento de lógica do jogo, um dos parâmetros determinantes na construção dos meus treinos é o incremento da competição, da disputa pela vitória. Seja qual for a atividade que eu vá realizar, busco sempre criar uma competição entre os atletas, seja ela individual ou coletiva. Vejamos o exemplo da seguinte atividade.
Uma atividade simples, que muitos de vocês realizam ou já realizaram. Porém, dada a minha preocupação em sempre estimular os atletas a vivenciarem a lógica do jogo nos treinos, faço um pequeno incremento nesta atividade, além da descrição e dinâmica que estão apresentados no vídeo (basta clicar na imagem que possui um link para o vídeo), digo a eles que estão divididos em grupos de 5 atletas, cada grupo em um quadrado e que aquele grupo que conseguir trocar uma maior sequência de passes sem erros, vencerá a disputa.
Com este pequeno aditivo de regra na atividade, busco catalisar o caráter competitivo do jogo e de cada atleta. Nenhum deles vai querer perder o jogo, todos querem sair vitoriosos e irão se esforçar para isso. Fazendo isso, busco elevar os atletas a entrarem em estado de jogo (aspecto importante e tema para outra coluna), a terem concentração e foco total naquilo que estão realizando, e a buscar fazer mais pontos que o grupo adversário, ou seja, buscar empenhar-se ao máximo para cumprir a lógica do jogo! E ainda estarei trabalhando os fundamentos técnicos de passe e domínio.
Agora, transpondo esta atividade para o jogo de futebol, onde simplesmente realizar uma grande sequência de passes não irá se traduzir nos gols necessários para vencer a partida, preciso através de minha didática e dentro de uma sequência pedagógica, mostrar que a ferramenta do passe, irá contribuir para que cumpramos a lógica do jogo. Vejamos mais um exemplo.
Nesta outra atividade o fundamento do passe, trabalhado na atividade anterior, será fundamental para vencer a partida, pois através dele a equipe tem a oportunidade de qualificar ainda mais o seu gol e, porém, diferente da atividade anterior, somente através da troca de passes, não é possível vencer o jogo. E por isso é preciso se atentar a progressão pedagógica dos treinos, nesta atividade as equipes precisam progredir ao gol adversário, finalizar e marcar gols, somente assim irão se aproximar da vitória.
Nesta atividade o passe se torna ferramenta para o cumprimento da lógica do jogo e não um fim em si mesmo. Por isso a regra de pontuação a cada finalização com defesa incompleta do goleiro (que irá caracterizar uma finalização de risco ao adversário e/ou falta de concentração do goleiro em suas ações) visa estimular os atletas a buscar o cumprimento da lógica do jogo, marcar mais gols que o adversário. Do contrário, uma equipe poderia adotar como estratégia, somente ficar trocando passes sem objetividade ou intencionalidade de progredir e atacar o alvo adversário, isso poderia acontecer neste jogo se, além de dar pontos para gols e finalizações, eu também desse pontos para as trocas de passes. Mas como os passes dão a chance de aumentar a pontuação quando a equipe fizer um gol, busco estimular os jogadores a terem a finalidade de sempre buscar o gol como objetivo principal.
Todas as atividades são pensadas e estruturadas a partir da lógica do jogo, respeitando os objetivos principais da categoria, das ideias de jogo do clube e o nível de desenvolvimento dos jogadores, seguindo uma evolução de complexidade e uma progressão pedagógica das atividades.
E como dito, não é buscar a vitória a qualquer custo, os feedbacks e as reflexões junto aos atletas sobre cada treino são valorizar o empenho, caráter, a justiça e honradez na busca da vitória, além, claro, de levar ao entendimento das atividades e ideias de jogo que proponho. Sou adepto da crença de que melhores pessoas serão melhores jogadores.
Caro leitor, busquei trazer estes exemplos e refletir sobre o assunto da lógica do jogo mostrando como nossas ações podem nos aproximar ou distanciar dos objetivos a que nos propomos. Longe de querer trazer a fórmula mágica para as vitórias, mas, através deste texto, instigar para que você reflita se suas atitudes têm aproximado sua equipe do cumprimento da lógica do jogo a que se propõe, se estão condizentes com os seus objetivos. Aguardo seus comentários para que possamos debater mais sobre o assunto!
Os constantes incidentes indicam uma crescente violência nos estádios de futebol eis que, segue-se vendo, a cada semana, em algum lugar do mundo, especialmente na América do Sul, cenas dantescas de alguma tragédia que poderia ter sido evitada.
Estes incidentes levam à reflexão de que as causas da violência nos estádios de futebol não têm sido atacadas em sua raiz. É fato que cada vez há mais prevenção e evitam-se atos de vandalismos dos torcedores mediante medidas preventivas, dispositivos de segurança e leis. Entretanto, há muito que se fazer.
Ao redor do globo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos há experiências de êxito no combate à violência.
A relação entre violência e esporte é bastante complexa com maior visibilidade ao futebol em razão de sua dimensão e importância como um dos principias fenômenos socioculturais do século XXI. Em razão desta complexidade não há um consenso quanto às causas e soluções para a violência nos estádios de futebol.
Analisando-se casos de sucesso no combate à violência destaca-se a aplicação da Teoria das Janelas Quebradas, tendo-se como referência verdadeira a revolução na cidade de Nova Iorque que em três anos reduziu pela metade o número de delitos.
Dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, publicaram a teoria das “janelas quebradas” em The Atlantic, em março de 1982.
A teoria baseia-se em experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia). Durante a primeira semana de teste, o carro não foi danificado.
Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e roubado por grupos vândalos, em poucas horas.
De acordo com os autores, caso se quebre uma janela de um edifício e não haja imediato conserto, logo todas as outras serão quebradas. Algo semelhante ocorre com a delinquência.
Neste contexto, naturalmente, com adaptações a Broken Windows Theory, pode ser bastante útil e efetiva na redução dos índices de criminalidade e violência nos estádios de futebol.
Cresci assistindo futebol. Desde aos jogos dos amigos nas quadras das escolas, até aos do time do coração, pela TV. Às vezes, na infância, até arriscava chutar a bola na rua… o esporte, considerado “de menino” sempre me agradou… cresci com ele no coração. “Mas você sabe o que é impedimento?” e “Me fala então a escalação do seu time” estão entre as frases mais ouvidas quando assumia o gosto pelo futebol e aposto que você, mulher que está lendo esse texto, também já ouviu essas ou outras tantas frases que parecem diminuir nosso amor por um esporte tão lindo… mas tão masculinizado.
Hoje, para participar da Libertadores e da Copa Sul-Americana, os times são obrigados a ter ou a se associar a alguma equipe que tenha, também, uma equipe feminina. A notícia parecia boa aos olhos de quem lia as manchetes no jornal e imaginava que era a inclusão que o futebol feminino merecia, mas não. Não é inclusão, é obrigatoriedade. As equipes femininas estarão lá impostas, obrigadas, como na política que, muitas vezes, apenas ocupamos cadeiras para bater a cota de 30% de mulheres candidatas. A mulher, no futebol, sempre foi vista com objetivação, não como componente.
Cresci explicando o que era escanteio, berrando a escalação do meu time e me infiltrando nesse meio, muitas vezes, tendo que arrombar portas do machismo que, infelizmente, domina o futebol. Mulher é bonito no estádio, nos pôsteres de musa dos times, mas ainda restam dúvidas quanto à sua eficiência em campo e nos demais trabalhos que englobam o futebol… Teimosa que sou escolhi o Jornalismo Esportivo para a vida.
Teimosa que somos quebramos, a cada dia, barreiras e muros que insistem em dizer que o futebol é coisa de menino. Marta Vieira da Silva, a nossa Marta camisa 10, já foi eleita por cinco vezes como a melhor jogadora do mundo; nos gramados espalhados pelo país, vemos cada vez mais mulheres torcendo pelos seus times e não apenas como objeto de decoração; repórteres femininas repassando informações com eficiência e, claro, mulheres calçando a chuteira e fazendo bonito, jogando como mulheres.
Hoje, já não explico mais o que é escanteio, pois já não me perguntam… Futebol é coisa de menino, de menina, de homens e de mulheres. Futebol é coisa de gente feliz, que ri e vibra ao ver a rede balançar. Futebol é isso que trazemos no coração e que não distingue se o grito é masculino ou feminino… Mas e o nosso grito, como tem sido? Como temos enxergado a mulher no futebol? Futebol não é obrigatoriedade, é amor. Assim, que a obrigatoriedade da equipe feminina nos clubes se torne o amor pelas mulheres nos gramados e que floresça, como grama verde após a chuva. Futebol é reciprocidade, homem e mulher.