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Quando o sucesso atrapalha o atleta

Atualmente uma situação ainda se repete com os jovens e promissores atletas, a falsa percepção de que estes atletas já sabem tudo sobre a carreira esportiva e acabam deixando com que o sucesso suba à cabeça. Esse pequeno e muitas vezes imperceptível deslize, pode custar uma carreira promissora no futebol.

Nesse contexto, cabe a nós refletir sobre a importância do atleta, em conjunto com seus agentes ou as pessoas que orientam seu cotidiano, considerar sempre as consequências de suas ações, dos seus atos na prática. Quando um atleta apresenta resultados expressivos dentro de campo, ocasionalmente ele também começa a ser procurado por meios de comunicação e pelos fãs para que conheçam melhor esse atleta. Nesse sentido, se faz necessário uma orientação adequada ao atleta, para que não se deslumbre com o universo em que atua e vive.

Na prática, um atleta, como qualquer outro profissional, necessita desenvolver a habilidade de avaliar a relevância de uma determinada ação. Ações que não condizem com o ambiente profissional, como atrasos frequentes e faltas aos treinamentos, por exemplo, podem demonstrar um problema de comprometimento com seu trabalho e uma falsa percepção da real importância ou do seu papel na equipe.

Resgato um dado de pesquisa, com mais de cinquenta anos realizada pelo Dr. Edward Banfield, da Universidade de Harvard, na qual se chegou à conclusão de que a “perspectiva de longo prazo” acaba sendo algo muito importante para determinar o seu sucesso na vida e na carreira.

Para concluirmos essa reflexão, sem reinventar a roda, vou mencionar aqui uma orientação de Brian Tracy para estimular a consideração das consequências de nossas decisões.

  1. O pensamento em longo prazo melhora a tomada de decisões em curto prazo.
    Possuir uma ideia clara sobre o que você deseja para si mesmo em longo prazo, na sua carreira, torna mais fácil tomar decisões sobre suas prioridades em curto prazo. Sendo assim, antes de realizar alguma ação fora de campo, o atleta pode sempre se perguntar: “Quais são as consequências, em potencial, de fazer ou deixar de fazer essa atividade”?.

Na prática, os atletas ou demais profissionais do esporte podem e devem examinar suas ações constantemente, se possível sempre se questionando sobre: “Qual seria o projeto ou atividade específica que, se eu realizasse eficientemente num bom prazo, produziria o impacto mais positivo sobre minha carreira”? Qualquer que seja este projeto ou atividade, pode-se fazer dele um objetivo, traçando um plano consistente para realiza-lo e executando o plano o quanto antes. Isso auxilia o atleta a se manter no rumo adequado e adicionalmente estimula a reflexão comparativa sobre o impacto das ações destrutivas em relação aos seus objetivos de carreira desejados.

Assim sendo, fica claro que o atleta precisa regularmente refletir sobre suas ações, pois por mais simples que sejam, elas podem aproxima-lo do sucesso ou do fracasso na sua carreira esportiva.

Até a próxima!

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Colher antes de semear

“Uns 80% dos jogadores vivem em uma bolha. Sem dúvidas. Sobretudo os mais jovens, que passam a querer imitar seus ídolos. Estes acreditam que se usarem uma nécessaire de marca debaixo do braço, um sapato de 400 euros e oito tatuagens já serão estrelas e, por isso, serão respeitados. Se esquecem do mundo real. A bolha clássica em que vive um jogador: chegar ao profissional e comprar um ‘carrão’ com o primeiro salário”

Olá leitor!

A coluna desta semana foi, em muito, motivada pela recente declaração acima do jogador brasileiro Filipe Luís, lateral de 32 anos que defende a seleção brasileira e o Atlético de Madrid, numa entrevista ao jornal “El mundo”. A entrevista pode ser lida na integra aqui.

Acredito que grande parte daqueles que, dê alguma forma, tem contato com o futebol no Brasil, seja ele amador ou de rendimento, já se deparou com essa imagem, do “boleiro”, que tem as roupas da moda, a chuteira do craque da UEFA Champions League, a nécessaire de grife e tatuagens pelo corpo. Que fique claro aqui, não sou contra a utilização de nenhum destes adereços, acredito que todos têm o direito, dentro de suas convicções, de ter o estilo que achar conveniente, a questão ao meu ver, é o indivíduo acreditar que o simples fato de ter o estilo de se vestir/portar de determinado grupo, já lhe concede o direito de fazer parte deste grupo. Pertencer a determinado universo custa um preço, será que todos estão dispostos a paga-lo?

“Os caras estão esquecendo de jogar futebol”

Esta frase do ex-jogador Tinga (entrevista completa aqui), que atualmente trabalha no futebol do Cruzeiro, abordando a mesma temática que Filipe Luís, a alienação de muitos jogadores, sejam eles profissionais ou não.

Pesquisas apontam que no Brasil, o percentual dos jogadores das categorias de base que conseguem se tornar atletas profissionais, é muito baixo, e que destes, cerca de 96% recebem até no máximo 5 mil reais mensais, sendo que mais de 80% recebem até 1 mil reais. Isso sem falar no alto índice de desemprego pela falta de calendário anual para a grande maioria dos clubes.

Talvez estes sejam temas “batidos”, mas será que entre os aspirantes a jogadores, tais assuntos são amplamente discutidos?

Dentro da frase de Filipe Luís, a afirmação de que “Uns 80% dos jogadores vivem numa bolha” traz ainda outra questão interessante a se discutir: até que ponto os jogadores sabem usar o caráter simbólico que possuem? Esta semana, o ex-melhor jogador do mundo (1995), George Weah, foi eleito presidente da Libéria na primeira eleição democrática do país em 73 anos, Cristiano Ronaldo rotineiramente divulga em suas redes sociais os momentos em que se dedica a doação de sangue. Ao mesmo tempo, são muitas as imagens de jogadores ainda em atividade, bebendo, fumando, envolvidos em casos de sonegação de impostos. Qual a responsabilidade destes jogadores com seus atos, visto a repercussão e influência que possuem na vida daqueles que os admiram?

Vivemos em uma sociedade onde cada vez mais as aparências contam muito, as pessoas a cada nova situação que vivem, seja a degustação de um prato, ou a leitura de um livro, tem um ímpeto quase que insaciável em divulgar seus atos, nem sempre com o devido critério, relevância e oportunidade para isso. Todos querem reconhecimento, mas nem sempre, possuem atos e condutas que de fato sejam condizentes com esse desejo pelo reconhecimento.

Fatalmente, tal situação, se observa em nossos potenciais jogadores. Desejam reconhecimento simbólico e financeiro dos clubes, mesmo que, em muitos casos, não entreguem o mínimo que os clubes deles esperam: performance esportiva. “Orientados” por empresários, agentes, ex-professores das escolinhas e “amigos”, muitos destes jovens (e até seus pais) criam um mundo de fantasia em torno de si, pensando que por terem conquistado um espaço dentro de uma categoria de base, já percorreram sua jornada, e basta o clube reconhecer sua capacidade, lhes concedendo espaço para jogar e ótimos contratos. Estão querendo colher antes de semear. Se preocupam com a marca da chuteira, em postar fotos nas redes sociais, em ter o estilo do boleiro, mas na mesma proporção, será que estão preocupados em avaliar seu desempenho, evoluir suas deficiências e potencializar suas qualidades? E que ambiente de desenvolvimento integral os clubes têm propiciado a seus jogadores? A que nível de reflexão os tem conduzido?

Notoriamente, estes não são problemas exclusivos do futebol, a raiz deles está em nossa sociedade, em sua construção histórica. É preciso educar melhor, formar melhor, pois nossos jovens, estejam nas categorias de base ou não, estarão mais propensos a mudarem de atitude, a mudarem de perfil, quando lhes for proporcionado um contexto social diferente, quando a educação for realmente valorizada, quando os meios de comunicação/formação de opinião conscientizarem melhor seu público, e sobretudo, no que tange ao futebol, quando as comissões técnicas, também utilizarem o poder simbólico que possuem, não somente no intuito de extrair vitórias de seus jogadores, como se fossem “cavalos de corrida”, mas sim, para também lhes incutir valores e senso crítico, que os permitam sair da bolha onde insistem em os fechar.

“No jogo, as máscaras caem.”  Prof. Dr. Alcides Scaglia.

Até a próxima!

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Confederação Brasileira de futebol de 7 dá o exemplo

As eliminatórias Sul-Americanas para a Copa da Rússia acabaram sendo decididas pelos tribunais desportivos, uma vez que a escalação irregular de um atleta pela Seleção Boliviana acresceu 3 pontos para o Peru e 2 para o Chile na tabela.

Isso se deu porque a Bolívia utilizou jogador de forma irregular em partida que venceu o Peru e em outra que empatou com o Chile.

Esses pontos fizeram toda a diferença, colocaram o Peru na repescagem e eliminaram o Chile. Não fosse a escalação irregular, a situação das equipes seria invertida.

No campeonato brasileiro de futebol, invariavelmente, alguma equipe escala atleta de forma irregular e perde pontos.

A Confederação Brasileira de Futebol de 7, por meio de seu Presidente José Luiz Zouain, resolveu acabar com este risco e, de quebra, tornar transparente e profissional a gestão de seus registros e competições.

Para tanto, a entidade contratou a empresa mineira SporTI que criou uma plataforma que além de tornar pública e clara a condição de jogo de cada atleta, elimina a utilização de papel, torna pública as súmulas das partidas, traz clareza às transferências, atualiza em tempo real as informações e estatísticas das competições, realiza o controle financeiro, dentre outras ferramentas.

Ao acessar o sítio da entidade (www.cbf7.com.br) é impossível não imaginar como seria legal seguir as competições de outras modalidades, especialmente o futebol, em uma plataforma tão interessante.

A sensação é de estar consultando um álbum de figurinhas vivo com fotos, estatísticas e informações dos atletas.

Há, ainda, um estimulante ranking de equipes que se altera a cada rodada.

O mais interessante é que todas essas vantagens não trazem qualquer custo para a CBF7, pois a plataforma é auto-sustentável.

Vale a pena navegar e conferir o site da CBF7 e que essa ideia viaje por outras Confederações e Federações e retire, de vez, as dúvidas quanto à escalação de atletas do nosso bom e velho futebol.

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Um jogo de imposições

Muito o que venho pensando, ultimamente, sobre o futebol está no simples fato de ser um jogo de confrontos, tanto individual como coletivo. E como qualquer enfrentamento, as duas partes querem ganhar, sobressair-se perante o outro, independente de suas vantagens e/ou vulnerabilidades. Um jogo de imposições, no qual o vencedor será aquele que vai se impor sobre o outro, mas não uma imposição momentânea, e sim uma imposição constante ao longo do jogo, em cada ação. Somando a isto, encara-se o jogo, por muitas vezes, como um exemplo de “luta” incessante, onde a concentração e a intensidade tem que ser sempre a máxima (mesmo sendo relativa). Lembrando que este jogo tem uma grande dependência das condições iniciais, uma coisa boa traz uma coisa boa, o gol traz confiança e auto-estima individual e coletiva.

E, o mesmo efeito se dá quando se rouba a bola ou induz o adversário a perde-la. Trazendo confiança para quem rouba a bola, e “dúvida” para quem a perde. Por isso, o pressing alto é fundamental para se defender bem. Defender bem pode ser caracterizado por gerenciar os espaços do campo e de progressão do adversário, induzindo e manipulando o oponente (controlando o jogo). Mas, defender bem também está em conseguir ter a bola mais vezes, conseguir recuperar a bola mais vezes, consequentemente, atacando mais.

Como tudo que envolve o futebol “cientificamente”, é preciso saber realizar o “pressing alto” para se pressionar bem (para se pressionar de qualquer jeito, não). Aliás, a impressão que passa quando se pressiona de qualquer forma, é quase que de “desespero”. Uma equipe que quer muito a bola e não sabe como tê-la, tenta fazer qualquer coisa a qualquer momento. Deixando muitos espaços entre linhas de marcação, vulnerabilizando a estrutura defensiva da equipe. A contrapartida está no fato de que esta “qualquer coisa” se dá de forma intensa. Geralmente, o jogador exprime o máximo de si, o que por um lado é bom. Contudo, neste caso, não há uma sincronização e harmonia entre os “fazeres” dos jogadores. Ou seja, dar o “máximo” não é a solução, podendo até ser prejudicial, caso esse “máximo” não for organizado coletivamente.

Em termos de preceitos científicos e metodológicos, o pressing alto tem em sua referência uma “ligação” mais forte com o posicionamento/movimentação do adversário do que com o espaço e/ou o posicionamento da bola (sendo estas duas últimas referência mais fundamental na marcação zonal). Essas orientações de posicionamento/movimentação do adversário é circunstancial, ou seja, forte dependência da leitura que cada jogador tem do momento em questão. Cabe a cada jogador ler o momento e saber fazer o pressing alto. E cabe ao treinador não atrapalhar muito nesta situação oferecendo um emaranhado de regras (princípios), guiando por inteiro o comportamento do jogador, consequentemente, limitando a leitura de jogo daquele momento. Compete ao treinador oferecer uma gama variada de situações em treinos que possibilitem e capacitem os jogadores a saberem lidar com situações de pressão ou pressing (como bem sabem, “pressão” para mim é uma expressão individual e “pressing” um expressão coletiva).

O mesmo raciocínio pode ser utilizado na iniciação ofensiva sobre pressing alto (quando a equipe tenta sair com posse desde a 1˚ linha defensiva, sobre pressing daqueles que tentam diminuir os espaços ou roubar e/ou recuperar a bola).

O vídeo abaixo pretende exemplificar um pouco deste pensamento:

Alguns falam que é preciso ter “coragem” para poder ter posse sobre pressão. Penso um pouco além disso, ao meu ver é preciso saber corresponder com um satisfatório nível técnico a pressão/pressing do adversário, pois o oponente está diminuindo os espaços de atuação do portador da bola. Somando a isso, se torna imprescindível a constante movimentação e procura de linha de passe daquele que vai receber a bola, advindo do portador da bola que está sobre pressão do adversário. O que tenciona mostrar neste pequeno vídeo de uma equipe que está construindo a posse sobre pressing do adversário e com inferioridade numérica (10×11):


 

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Internacionalizar é preciso

Muito se fala do cenário em que jovens brasileiros optam para torcer por clubes europeus. O que acaba por se tornar grande concorrente dos clubes locais em busca de novos torcedores. A este cenário soma-se a máxima de que antes de buscar internacionalizar a marca de um clube de futebol, é preciso consolidar-se no mercado local.

Como se “Internacionalização” fosse exclusivamente isso.

Sim, é preciso ser mais forte dentro das suas fronteiras. Entretanto, dentro de um ambiente cada vez mais globalizado – como é o futebol – comunicar a instituição vai além da conquista de mercados. É como ela será reconhecida pelo mundo. Dentro do universo da comunicação estratégica do esporte, é a representação fiel e digna dos pilares da organização, da missão, visão e valores que ela possui. Como ela quer ser vista e reconhecida dentro do mercado do esporte, especificamente do futebol.

Foto: AFP PHOTO/Luis Acosta
Foto: AFP PHOTO/Luis Acosta

 

Com o desenvolvimento das comunicações e das redes sociais, o contato com clubes, seleções e ídolos de todo o planeta está diretamente nas palmas das nossas mãos. E nas mãos do mundo inteiro. O nosso idioma está longe de ser o mais falado no planeta e continua sendo grande barreira dentro de um processo de internacionalização. A simples utilização de outros idiomas nas comunicações digitais já confere à instituição uma reputação de agradável e atraente sob a ótica dos seguidores do futebol em outros países. Entretanto, geralmente quando isso acontece no Brasil – da utilização de outros idiomas nas comunicações – é com o objetivo de exportar atletas, não em também comunicar o clube enquanto organização esportiva para fãs do esporte que – em um segundo momento – podem se tornar consumidores.

É importante para uma marca que, para além de ser consumida, ela seja lembrada no mercado. Sobre saber que a marca existe. Entre os exemplos, muito antes de ter expressiva audiência no Brasil ou de contar com vários brasileiros em suas equipes, a NBA (liga norte-americana de basquetebol) já tinha um site em Português-Brasileiro.

Infelizmente iniciativas como estas raramente são levadas a cabo pelos clubes brasileiros e até mesmo pelas seleções de futebol do país. Um jovem daqui que acompanha o esporte saberia citar cinco ou seis clubes de cada potência do futebol mundial. Mas a mesma coisa muito pouco acontece quando os jovens destes outros países são procurados para mencionar clubes brasileiros.

Com tudo isso, dentro de um cenário cada vez mais integrado em escala global, o futebol do Brasil precisa se posicionar para o mercado externo, seus clubes e seleções. Em como querem ser reconhecidos, vistos e lembrados pelos fãs de futebol pelo planeta, tão importantes para uma marca quanto atrair consumidores. Isso é internacionalização.

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A falta de convicção e o drama argentino

Marcelo Bielsa não é apenas um dos treinadores mais badalados do futebol atual, mas um grande influenciador. Nomes como Pep Guardiola costumam salientar a relevância que as ideias de “El Loco” têm em seus trabalhos. Ainda assim, o Lille comandado pelo argentino é apenas o 18º colocado na temporada 2017/2018 do Campeonato Francês – cinco pontos em sete partidas, campanha que insere a equipe na zona de rebaixamento à segunda divisão nacional.

É claro que a temporada ainda está no início e que os resultados ruins do time dirigido por Bielsa não passam de um recorte, mas a campanha é suficiente para uma reflexão: o Lille tem conceitos adequados ao futebol moderno e uma identidade em construção, mas não é simples impingir conceitos ou construir identidade. Tudo isso demanda tempo, paciência e convicção de diferentes estratos (torcida, jogadores, comissão técnica, funcionários e colaboradores da instituição, imprensa e diretoria, por exemplo).

O risco que o Lille corre é escolher o caminho mais fácil: trocar Bielsa por uma solução emergencial, que tenha menos compromisso com as ideias e mais facilidade para o curto prazo. Existe material humano para extrair mais resultados do elenco, mas é resultado que a diretoria persegue, afinal? É melhor seguir flertando com o meio da tabela e depender de uma lista enorme de variáveis para emplacar uma temporada positiva ou construir um perfil que possa caminhar independentemente dos placares favoráveis e que atraia o torcedor para criar um ciclo positivo?

Trocar o treinador nem sempre é um erro; tudo depende, basicamente, do que a diretoria pretende com a mudança. Se a demissão for apenas uma resposta midiática a resultados ruins, sem qualquer convicção ou diretriz, simplesmente não funciona. Se a proposta for buscar outro perfil, pode fazer sentido a despeito da duração do trabalho anterior.

Toda essa reflexão tem a ver com a situação da seleção argentina, que entrará na última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018 dependendo de uma combinação de resultados para obter uma das vagas do continente no torneio. O time de Lionel Messi tem 25 pontos e ocupa atualmente a sexta posição do qualificatório, que distribui quatro vagas diretas e ainda envia uma equipe a uma repescagem.

A Argentina jogará contra o Equador fora de casa na rodada derradeira – no horário de Brasília, o confronto está agendado para 20h30 desta terça-feira (10). Para ir à Copa, precisa vencer e torcer para uma vitória do Brasil sobre o Chile em São Paulo, derrota do Uruguai para a Bolívia em Montevidéu ou empate entre Peru e Colômbia no Peru.

Não é difícil imaginar que ao menos um dos resultados dos outros jogos seja favorável aos argentinos. Hoje em dia, o mais complicado é imaginar que a seleção vença o Equador fora de casa, ainda que eles tenham Lionel Messi e que os mandantes já estejam eliminados.

O drama dos argentinos é o ápice de uma trajetória permeada por resultados irregulares. O time de Messi chegou a não ser mais de Messi – em meio às Eliminatórias, o camisa 10 chegou a anunciar que havia se aposentado da seleção e precisou ser convencido a retornar. Além disso, foram 40 jogadores convocados – o goleiro Romero, com 17 partidas, e o atacante Di María, com 16, são os recordistas.

O que chama mais atenção na trajetória argentina, contudo, é a história das mudanças de comando técnico. A seleção começou as Eliminatórias sob Gerardo Martino, um treinador de estilo ofensivo, defesa com linha alta e pressão sobre a saída de bola. Trocou por Edgardo Bauza, que prefere posicionar suas equipes com duas linhas de quatro, blocos baixos e jogo reativo. Mudou mais uma vez para Jorge Sampaoli, um discípulo de Bielsa.

Sampaoli colecionou três empates nas Eliminatórias. Mudou demais a seleção, testou desenhos diferentes e cometeu erros de escolha que podem ter sido decisivos a essa altura. Na rodada passada, por exemplo, colocou Benedetto, centroavante voluntarioso do Boca Juniors, no comando de ataque. Jogando em casa e diante de uma forte defesa peruana, preteriu talentos como Dybala, Icardi, Higuaín e Palacio – Agüero poderia ter sido utilizado, mas estava fora de combate.

A maior marca da trajetória argentina nas Eliminatórias é a falta de convicção. Faltou convicção na escolha dos treinadores, na definição dos jogadores e até na situação de Messi, grande nome da geração, ainda muito questionado pela falta de títulos com a camisa da seleção nacional.

Dependendo do que acontecer na última rodada das Eliminatórias, as análises sobre a seleção argentina podem ficar concentradas nos técnicos, nos jogadores ou na capacidade de decisão de Messi. Contudo, nada disso forma trabalho; se existe algo a ser questionado na Argentina pré-Copa de 2018, esse elemento é a ausência de certeza no trabalho desenvolvido.

Futebol é um esporte que depende de uma imensa quantidade de variáveis e que é muito maior do que o que acontece nas quatro linhas. É difícil falar em certo e errado ou em qualquer receita para o sucesso num ambiente tão volátil. O exemplo argentino, porém, mostra que há formas bem claras de evitar desvios no caminho. Acreditar é a principal delas.

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Gerindo o futebol como negócio

No futebol brasileiro, ainda convivemos com situações inadequadas de atuação dos gestores e executivos de futebol nos clubes brasileiros: o amadorismo. Seja por qual motivo for, ainda estamos em patamar amador de gestão, no qual decisões passionais e problemas de comunicação levam estes colaboradores a situações complicadas e ainda degradam o ambiente no qual trabalham. Então, qual ou quais seriam alguns pontos importantes para uma boa gestão do futebol, como um negócio, levando em consideração suas características peculiares.

Eu acredito que existem vários pontos importantes para uma boa gestão do futebol e vou destacar dois na coluna de hoje, inclusive já comentei brevemente sobre eles em outra ocasião. Vamos lá.

1 – Conhecer o planejamento estratégico de um clube de futebol

Conhecer o planejamento estratégico, contribuir para a sua elaboração e atuar conforme este planejamento, se faz uma grande responsabilidade do gestor esportivo. Podemos compreender o conceito de planejamento estratégico como sendo um filtro da viabilidade futura, onde os planos estratégicos apresentam as oportunidades do amanhã, pois:

  • Fomenta oportunidades de novos espaços;
  • Extrapola as fronteiras das unidades de negócios;
  • Revela as necessidades dos clientes.

Ainda, num planejamento estratégico devem ser identificados os pontos fortes e fracos, as ameaças e as oportunidades das atividades do negócio futebol, necessárias às decisões que definem os destinos de produtos e serviços e como consequência o sucesso ou o fracasso das organizações. Para elaborar um planejamento estratégico que atenda às necessidades de um clube de futebol, é necessário ter o entendimento abrangente de todo o ambiente interno, a fim de conhecer os elementos de planejamento, ou seja, objetivos do clube, objetivos das áreas funcionais, desafios, necessidades de informações, processos gerenciais, etc.

2 – Estruturar e atuar conforme o modelo de gestão do futebol do clube

Um gestor do negócio futebol, que não conheça e não pratique um modelo de gestão, está caminhando a passos largos ao insucesso de sua gestão. Ter um modelo, acreditar nele e atuar com transparência adequada, traz elevadas chances de se conseguir uma gestão eficaz, na qual os projetos de melhoria e a gestão da rotina são grandes aliados no trabalho em si.

Na minha compreensão, um modelo de gestão tem como objetivo garantir o alinhamento de toda a entidade esportiva em busca dos objetivos estratégicos da organização e fornece suporte à decisão. Este também estimula o trabalho em equipe e a colaboração entre as áreas de uma organização esportiva, reforçando que todos estão com o mesmo alinhamento e compartilham dos mesmos objetivos. Faz parte necessária compreender o conjunto de crenças, valores e princípios que determine a forma como o futebol de um clube e o próprio clube é administrado.

Na prática, o modelo de gestão pode ser definido ainda com um conjunto de métodos, suportado por diversas ferramentas de gestão e aliado a uma atitude adequada das lideranças e dos colaboradores na aplicação destas na organização esportiva. Trata-se de um salto de qualidade na gestão de clubes e entidades esportivas. Ao definir-se um modelo de gestão, estabelecemos uma linguagem comum dentro da organização.

O novo gestor precisa estar atento à aplicação dos conceitos de gestão nas entidades esportivas, conhecer temas como planejamento estratégico e modelo de gestão é premissa obrigatória na competência de gestão dos novos profissionais.

Então, amigo leitor, na prática todo gestor esportivo ligado ao futebol tem por necessidade não só de conhecer, como também de atuar conforme um planejamento estratégico definido e um modelo de gestão eficaz, pois sem eles muito das decisões cotidianas são apenas emocionais, impensadas e remetem apenas a experiências passadas destes profissionais, que eventualmente não se aplicam mais ao cenário atual do esporte.

Até a próxima.

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Arbitragem de vídeo no futebol: entenda

A unificação das regras do futebol foi estabelecida pela International Football Association Board, associação fundada em 1882 pela reunião da The Football Association (Inglaterra), da Scottish Football Association (Escócia), da Football Association of Wales (País de Gales) e da Irish Football Association.

A FIFA, criada em 1904, aderiu às regras da International Board. Em 1913, passou a integrar a Ifab com quatro membros. Assim, a Ifab conta com quatro representantes da Fifa e um representante de cada país britânico.

As alterações nas regras do futebol dependem da aprovação de seis representantes. Portanto, qualquer proposta de mudança apresentada pela Fifa necessita do voto de, pelo menos, dois países do Reino Unido. Diante disso, é comum que, antes de se votar alterações nas regras, façam-se testes.

A crescente repercussão dos erros de arbitragem inflamada pelo, cada vez maior, número de câmeras de televisão nas partidas, tem gerado um grande clamor público pela utilização de árbitros de vídeo.

Assim, foi autorizado em caráter experimental a utilização do “árbitro de vídeo” nas seguintes competições: Campeonato Brasileiro, Campeonato Alemão, Campeonato Australiano, Liga Americana, Taça de Portugal, Taça da Liga de Portugal e Supercopa de Portugal e, ainda, em algum torneio ainda não definido na Holanda.

Além do Brasileirão, a CBF poderá realizar experiências em outros torneios, o que já se deu nas partidas finais do Campeonato Carioca entre Vasco e Botafogo.

A decisão definitiva sobre o uso do árbitro de vídeo e sua inclusão no livro de regras se dará pela International Board, até 2019.

Há um grande debate. De um lado, os “românticos” que defendem o “futebol raiz”, com os erros de arbitragem e os grandes debates polêmicos, alegam que os erros de interpretação (e visão) “temperam” o futebol e promovem o esporte.

Do outro, os “mais modernos” defendem a utilização da tecnologia como meio de minimizar eventuais erros e viabilizar a maior certeza de que o melhor em campo vença e, consequentemente, trazer maior atratividade para patrocinadores.

Historicamente, o futebol é a modalidade que menos alterações realizou em suas regras e, sem dúvidas, a utilização de vídeo traz imensa novidade e tem tudo para acabar com as longas discussões de impedimento, pênalti ou gol anulado.

Os testes serão importantes para avaliar a viabilidade técnica e operacional, bem como permitir que se analise os prós e contras da novidade.

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Uma questão de sinergia entre “vontade” e “organização”

De uma forma geral o futebol tem sofrido grande evolução tanto no aspecto do jogar como, principalmente, no entendimento e compreensão do jogo. A própria participação do jogador nesse processo já não é mais apenas uma participação do “fazer” e sim do “pensar” sobre tudo aquilo que envolve o jogo e o jogar. O jogador quer saber o motivo de estar fazendo certa coisa, a tal ponto, de não se satisfazer em apenas “fazer”, mas de “fazer” o certo. Aliás, todos nós sabemos, o que queremos fazer, ou, pelo menos, o que achamos certo fazer.

Por isso, insisto enfatizar a alta complexidade que se encontra o futebol. O futebol se tornou tão complexo que meios e caminhos tradicionais já não bastam, mas uma necessidade de abordagens de natureza holística (que procure entender o futebol na sua totalidade) ou sistêmica, generalista ou interdisciplinar. Sistemas de muitos níveis exigem controle científico, controle “técnico” e não empírico. Todavia, esse é outro ponto que quero levantar. Sabemos que a maioria das decisões tomadas no futebol, dentro e fora de campo, são de caráter empírico. Sabemos, ao mesmo tempo, que o jogo de futebol praticado outrora não é o “mesmo” jogo de futebol praticado hoje em dia. Não posso falar e refletir sobre o que aconteceu antigamente (algo que não vivi), mas hoje vejo um jogo de futebol mais requisitante da parte tática/cognitiva do que da parte técnica/física. Claro que falo aqui de futebol de alto nível. Se o jogo de futebol praticado anteriormente requeria qualidades diferentes da de hoje, se os problemas a serem solucionados (em campo e fora) são diferentes do de hoje, qual o sentido de basearmos, totalmente, nossas decisões de hoje tendo em vista a “experiência” adquirida em um contexto diferente?

Torna-se essencial atualizarmos constantemente nossas referências de entendimento e compreensão daquilo que está acontecendo. Da mesma forma que a “inteligência” (com suas diversas formas de inteligência) evolui, os problemas também evoluem. A ponto que a cada passo no processo evolutivo, novos obstáculos surgem e novos caminhos necessitam ser trilhados. E precisamos estar constantemente analisando e interpretando o contexto, a fim de tomar a “melhor” decisão possível (melhor entre aspas, pois o melhor é relativo a cada problemática).

Precisamos entender que devido ao grande número de variáveis que interferem no jogo e no jogar, o futebol tem essencialmente problemas de “sistemas”, isto é, problemas de inter-relação de um grande número de variáveis. O que se deve definir e descrever como sistema não é uma questão com uma resposta óbvia e trivial. Se alguém se dispusesse a analisar as noções correntes e os “slogans” em moda, encontraria bem alto na lista a palavra “sistema”. Este conceito invadiu todos os campos da ciência e penetrou no pensamento popular, na gíria e nos meios de comunicação em massa, sem se ter a devida noção do seu entendimento e da sua utilização.

O 1˚ problema é um problema de origem organizacional. Pois o futebol é um jogo coletivo. Quando o nível de organização não é o “mínimo” tolerável a nossa esperança de “algo bom” é reduzida. Ficamos a espera de que o “talento” e/ou “individualismo” se sobressaia as qualidades do adversário e/ou as dificuldades do jogo. Que a vontade de ganhar dos jogadores seja maior que a vontade do adversário. Ficamos a espera de um milagre.

Por outro lado, perante o que tenho observado ao longo da minha prática e observação, o futebol tem em sua dinâmica uma alta requisição do individual. A tomada de decisão individual interfere nos conjuntos de decisões interativas, de uma forma contagiante. Por hora, um esforço de um jogador pode induzir, influenciar, direcionar o comportamento de outro jogador. E, isto é claramente visível quando atletas com alto nível de relevância no grupo guiam o processo de comportamento do coletivo no jogo e no treino. A percepção do jogador com relação a realidade da equipe, a leitura que ele tem da situação e do contexto da equipe deve ser levada em consideração no entendimento do contexto e do ambiente vivido por time.

Quando os jogadores sabem que a organização da equipe não é a das mais “confiáveis”, a prestação “física”, o interesse por “conseguir fazer, o que se tem que fazer, da melhor forma possível”, a “vontade” dos jogadores é maior. Pois sabem que se assim não for a organização fica mais vulnerável (aumentando a possibilidade que o adversário tem de entrar no sistema defensivo e romper a organização defensiva da equipe). O treinador por essência deve encontrar um equilíbrio no nível de organização coletiva capaz de exigir o máximo de prestação comportamental do jogador. Não deixando o sucesso da partida apenas nas “pernas” dos jogadores.

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Ganhar a qualquer custo

No futebol, como treinadores, lidamos diariamente com muitas questões, mas três macro-dimensões nos movimentam: o sonho, o êxito e o fracasso. Não podemos negar, por que lidamos sistematicamente com essa tríade.

Das três, o fracasso, é o que vem mais a tona, advindo dos resultados negativos dos jogos e a impossibilidade de ganhar sempre. Ele é o nosso ponto mais fraco e nosso lado mais vulnerável como treinadores, pois é visível e atingido por todos e de todos os ângulos possíveis. Construir um ponto de equilíbrio para o fracasso não é fácil, especialmente por que a grande maioria das pessoas que estão do nosso lado são resultadistas e não entendem de processos.

Essa linha tênue entre o êxito e o fracasso é uma complexa consequência de fatores e de casualidades que por vezes transcende treinos, planejamentos, talentos e dinheiro. Mas fomos educados para adorar e elogiar o ganhador e criticar o perdedor sem ao menos refletir os mínimos pormenores. Essa falta de profundidade para analisar uma vitória ou uma derrota é que deteriora o futebol. E inicia nos meios de comunicação, até chegar à arquibanca. Esse fluxo tem um DNA tendencioso, promocional e com pouco conteúdo.

Claro, sem dramatização, o futebol -especialmente profissional-, é feito para ganhar e devemos obter a maior quantidade de vitórias para ficarmos empregados. Mas o que me preocupa, é que só ao falarmos do ganhar, do ganhar a qualquer preço, discutimos pouco as interfaces do futebol, a dimensão humana que está em volta e os processos que fazem parte da evolução e aprendizagem de uma comissão técnica, jogadores, gestores e um clube, desconsideramos o como ganhar. Em cima disso, e fazendo algumas leituras semanais, colhi escopos reflexivos de algumas pessoas que problematizam essa tese:

“O futebol está tão adrenalizado e frenético pelo resultado que as pessoas que vão assistir às partidas não vão mais pelo futebol em si, como esporte, mas exclusivamente para ver sua equipe ganhar”. (Jorge Luis Borges)

“O futebol é uma profissão ingrata. Estressa-te mais do que poderia te estressar outro trabalho com semelhante exposição. Somos uma sociedade muito voltada para o êxito e agressiva. Se você ganha é bom, se perde é burro. Não há uma coerência de opinião. Então primeiro tem que ganhar para demonstrar que é bom; mas cuidado, se perder você passa de bom para estar embaixo novamente. Isso é tendencioso. Os que vão bem, o trabalho é reconhecido mas parece que poucos gostam que os treinadores vão bem. Então, esperam para quando você perde para te pegar. E os que vão mal, diretamente o pisam”.  (Marcelo Gallardo)

“Ganhar? E que sentido tem? Por que vai mudar a opinião das pessoas se ganho? Ganha ou perde eu seguirei sendo a mesma pessoa. É por isso que sempre necessito ganhar? Para calar a boca das pessoas? Para satisfazer um punhado de periodista esportivos que não me conhecem? São esses os termos da negociação?” (Andre Agassi)

O esporte está tomado na sociedade quase que por um único paradigma. Há publicidades se é um ganhador e há filmes de pais chamando os filhos e campeões. Por que campeão? Se meu filho não ganhou nada. Meu filho é meu filho não por que é campeão. Tem sempre esse modelo que há que ganhar, em tudo há que ganhar. Se o mais importante é ganhar como seja, eu creio que isso é terrível. Eu vivo disso de ganhar, vou a campo para ganhar, se não entra outra pessoa no meu lugar, mas isso não significa que o ganhar tenha que ser um paradigma, um modelo para tudo. Isso deve ter um filtro, é fundamental que pensamos no outro, façamos a coisa correta, respeitamos as regras fundamentais. Isso é uma mensagem que as pessoas do esporte devem ensinar aos jovens, ainda mais por que o esporte não é lindo só quando se ganha, como dizem muitos. Muitos dizem que o importante é ganhar. Isso é uma estupidez.  Olha numa olimpíada, há muitos atletas que sabem que não vão ganhar, mas se preparam como se fossem ganhar durante anos e no meio da olimpíada, por quê? Por que combatem contra si mesmo. Eu quero baixar um segundo, ou um décimo de segundo, lançar um metro a mais, acertar um passe, isso é parte do ganhar. Ganhar não é somente sair campeão, isso é parte do ganhar, é superar-se, melhorar-se. Eu creio que o esporte ensina isso aos jovens em troca de mandarmos a mensagem somente de quem ganhou a medalha de ouro e os demais são perdedores. Nós passamos uma mensagem que o esporte não se ensina. Eu perdi muitas vezes, mas segui o caminho. (Júlio Velasco

Bem, poderíamos terminar o texto por aqui. Mas não tem como negligenciar a diferença de entendimento que o futebol para alguns é um jogo, um esporte, e para outros é feito apenas para ganhar. Fica evidente dois paradigmas filosóficos totalmente irreconciliáveis, preponderando para o lado mais visível.

No fim, se não ganharmos, seja como for, contra quem for, somos apenas treinadores que mais cedo ou mais tarde seremos descartados. Somos e sempre seremos avaliados pelas vitórias e não pela forma que a conseguimos ou pelos jogadores que evoluímos. Como Jorge Valdano fala: “hoje praticamos um futebol que se torna mais fácil à ação de jogadores medianos e os comentários de periodista acomodados. E, como Rodrigo Zacheo diz: “há muitas formas de ganhar e poucas formas de gostar”. Esse futebol pelo resultado mais que nos desempregar como treinadores, incrível, até mesmo nas categorias de base, está nos fazendo perder a essência do selo de qualidade dos talentos de diversos calibres que sempre tivemos por aqui. Hoje o jogador já nasce com o selo do resultado carimbado na testa.

Abraços a todos e até a próxima quarta!