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José Mourinho e o método da complexidade

José Mourinho é já um nome marcante da história do futebol. Ainda ele não tinha vencido qualquer competição internacional já eu escrevia sem receio que ele seria, para o treino, o que o Pelé e o Maradona tinham sido para a prática do futebol.

Hoje, sinto-me mais afoito para adiantar que o José Mourinho não tem par como treinador – como o Pelé e o Maradona e ainda Cristiano Ronaldo e Leo Messi não têm par, no meu modesto entender, como jogadores de futebol. Acrescento ainda: ele é e será uma das principais referências para uma compreensão do futebol atual. E por quê? Porque foi o primeiro treinador a utilizar (e com indiscutível sucesso) o método da complexidade! Já escrevi inúmeras vezes: "É o homem que se é que triunfa no treinador que se pode ser".

Quero eu dizer na minha que, sem capacidade de liderança, sem eloquência natural, sem uma sábia leitura de jogo, sem uma comunicação que permita uma constante motivação – não é possível exercer-se a profissão de treinador de futebol. Mas, para o nosso tempo, no futebol, como em qualquer outra área do saber, há necessidade que o treinador seja um "trabalhador do conhecimento", liderando uma equipa técnica de "trabalhadores do conhecimento". E qual é o tipo de conhecimento em que deve especializar-se um treinador? Numa nova ciência hermenêutico-humana…

Em 1982, frequentava o José Mourinho o primeiro ano da universidade e era eu o seu professor de Filosofia. Perguntei-lhe um dia o que pretendia ser ele, depois de licenciado. Respondeu-me, no seu estilo breve e lapidar: "Quero ser treinador de futebol!".

Diante da sua firme convicção (que me enterneceu, pois que se tratava do sonho de um jovem) respondi-lhe: "Mas nunca se esqueça de que, para saber de futebol, é preciso saber mais do que futebol!". Há mais de 40 anos que venho insistindo: "Para saber de desporto, é preciso saber mais do que desporto". E por quê? Porque o desporto (e, portanto, o futebol também) não é só uma atividade física, é verdadeiramente uma atividade humana!

O que está em jogo no futebol é a complexidade humana. No tempo em que José Mourinho era universitário, ainda o saber científico dominante era disjuntivo e analítico: separava, isolava para conhecer. A dispersão era a sua marca mais evidente. Hoje, é preciso dizer "não" a Descartes e unir… para conhecer!

E, quando no futebol (como o José Mourinho o faz de modo incomparável) se junta, na mesma totalidade, o físico, o biológico, o emocional, o intelectual, o espiritual, o moral – o simples é aparência, o fundo do ser é complexo e, portanto, onde tudo está em rede, onde tudo tem a ver com tudo! Enganam-se os que pensam que o futebol é uma coisa simples. Porque é uma atividade humana, é indubitavelmente complexa. No futebol (como no desporto) não há saltos, mas pessoas que saltam; não há chutes, mas pessoas que chutam. Se não conhecer as pessoas que saltam e chutam, jamais conhecerei os saltos e os chutos.

O doutor José Mourinho (ele é doutor pela Universidade Técnica de Lisboa) viu, antes de qualquer outro treinador, que o futebol deveria estudar-se, analisar-se, investigar-se, à luz das ciências humanas e o método a utilizar-se seria o da complexidade. E foi porque descobriu a complexidade, no futebol, antes dos seus colegas de ofício, que ele começou por mostrar a sua genialidade.

A grande revolução que é preciso, imperioso e urgente realizar no futebol foi a que ele fez e vem fazendo: numa equipe de futebol, o jogador é mais importante do que a tática porque, sem o jogador, não há tática. Já não basta uma periodização tática, é necessária, e com urgência, uma periodização antropológica e tática. É isto o que nos exige o método da complexidade de que o doutor José Mourinho é um magnífico cultor.

Um ponto a salientar: quanto mais complexos são os processos, maior é a zona de indeterminação. Mas é precisamente nos momentos de indeterminação que deverão surgir a lucidez e a serenidade do líder que há de ser, acima do mais, um grande "mestre da vida". Engana-se o homem que, por ser violento, julga que é forte. A violência, doença da força, só conduz aos triunfos efémeros. As grandes vitórias pertencem às naturezas calmas, aos heróis tranquilos que, antes de pretenderem dominar os outros, aprenderam a dominar-se a si mesmos.

O futebol é o fenômeno cultural de maior magia, no mundo atual. E, por isso, problemático, excessivo de sentidos e uma inesgotável rede de significações. Pensar é dialogar com o mundo convulso que nos rodeia e transformar a anarquia dos sinais no princípio de um mundo diferente. Um futebol absolutamente ordenado não existe (ao nível do mundo todo, antes de nós, já o compreenderam Aristóteles e Hegel).

Mas, existe o meu querido amigo José Mourinho que, no meio de um futebol anárquico, soube encontrar o sentido de um futebol novo. Daí, a sua genialidade. Não, o José Mourinho não é um gênio porque aparece, esplendoroso, na comunicação social e no mundo digital. Por lá, saltita muita gente que o tempo apagará depressa. Ele é, de fato, um gênio, porque viu o novo, antes dos outros.

As grandes revoluções científicas não nascem da subordinação ao que está estabelecido – nascem da recusa do que está estabelecido! Com José Mourinho nasceu um novo tempo no futebol, porque ele disse "não" ao saber dominante. Furtando-se à simples linearidade na história, recusando uma evolução que não passa de repetição, assumindo um corte epistemológico – José Mourinho aparece em toda a sua grandeza de fazedor de um corte epistemológico na história do futebol. E, portanto, de um novo logos, de um novo método, de um novo sentido, que um sem número de vitórias inolvidáveis assinalam e confirmam.

Não me interessa falar de um José Mourinho efêmero, sujeito às contingências da opinião pública, mas do José Mourinho eterno, criador de ciência e de conhecimento. Para um homem da sua estatura intelectual e com o seu currículo desportivo, importa esquecer o que não há interesse em ser lembrado e lembrar o que seria injusto que ficasse esquecido.

Como treinador de futebol, José Mourinho, pelo seu currículo, é o melhor treinador da história do futebol. Os adeptos do Real Madrid vão concluir isto mesmo, no dia em que ele abandonar os "merengues". É que o treinador que vier, depois dele, não faz melhor, nem se aproxima sequer do seu desempenho.

Enquanto não entendermos que o José Mourinho é um treinador genial, ficaremos sempre muito aquém de uma explicação (e compreensão) científica do atual treina
dor do Real Madrid. Científica? Sim, científica. No futebol (repito-me) encontramo-nos na área das ciências humanas, onde o método é o que decorre do pensamento complexo. Coisas que o José Mourinho sabe, há trinta anos!

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

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Novos estádios, velhos hábitos

Assistimos no último final de semana o clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG na reabertura do belíssimo Mineirão, lotado, em uma arena concebida com todas as características exigidas pela Fifa. Até aqui, tudo ótimo.

Os problemas começaram a aparecer na operação do equipamento, que foram amplamente relatados e mostrados pelos meios de comunicação e que culminou com a punição ao consórcio gestor pelo poder público.

O breve relato e contextualização não deve ser novidade para o leitor. A reflexão sobre o ocorrido deve ser norteada para um ponto que temos debatido há algum tempo: como transformar a frequência do torcedor em um movimento mais contínuo, permanente, sem os altos e baixos dos resultados esportivos?

A resposta clara e lógica está aí: tratar bem o torcedor, nos mínimos detalhes. Portanto, se queremos que a taxa de ocupação nos novos estádios seja elevada precisamos fazer o simples, que qualquer manual de atendimento ao consumidor nos recomenda, como reduzir o tempo de espera para atendimento em quiosques e restaurantes (equipando o local para um número proporcional de pessoas), ter água no banheiro, ter um local amplo e de fácil locomoção interna e externa e assim por diante.

Se, após a correção da qualidade dos serviços nos estádios for feita, a adaptação de preços de mercado para os ingressos e a continuidade de investimento no espetáculo em si não tivermos resultados concretos sobre o aumento nas taxas de ocupação, é que poderemos recomeçar o debate sobre os horários dos jogos, a violência, o transporte público e por aí vai. Por enquanto, precisamos resolver nossos problemas internos…

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Problemas daqui e problemas de lá

Tudo aconteceu no último fim de semana: na Europa, a Europol desmantelou um esquema de manipulação de resultados em diferentes competições de futebol; nos Estados Unidos, uma queda de energia paralisou durante mais de 30 minutos o Super Bowl, jogo que decide a liga profissional de futebol americano (NFL); no Brasil, falta de água corroborou uma extensa lista de defeitos do reformado Mineirão, reinaugurado no domingo. Independentemente de lugar, perfil ou proporção, todo evento é suscetível a contratempos.

O que diferencia as realidades (e as consequências delas, obviamente) é como os responsáveis se comportam. Problemas acontecem, mas uma comunicação eficiente pode evitar que eles reverberem.

No Super Bowl, por exemplo, o serviço de comunicação do estádio em Nova Orleans deu constantes satisfações sobre a queda de energia. Foram 36 minutos de paralisação, mas ninguém que estava no local ficou abandonado ou desinformado.

O público em casa, que via pela TV o duelo entre San Francisco 49ers e Baltimore Ravens, também recebeu constantes informações sobre o prazo até o jogo ser retomado. Ainda assim, houve vaias no estádio e críticas fora dele.

Na manhã de segunda-feira, Eric Grubman,vice-presidente de negócios e operações da NFL, concedeu entrevista coletiva para falar sobre o Super Bowl. E o apagão, é claro, foi um dos principais temas. "Nós fomos rápidos para determinar que não era algo definitivo e que seria possível arrumar o problema em pouco tempo", minimizou o dirigente.

O roteiro no Brasil foi bem diferente. Atlético-MG e Cruzeiro disputaram clássico no Mineirão, estádio que foi reaberto depois de reforma para receber a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. Houve enorme confusão na venda de ingressos, e o equipamento estava claramente inacabado. Além dos problemas comuns em um primeiro evento, houve um aspecto mais grave: faltou água em banheiros e bebedouros.

A reação imediata foi uma multa à concessionária Minas Arena, empresa criada para gerir o novo Mineirão. Mas não houve, antes, durante ou depois do jogo, uma comunicação voltada a minimizar as críticas. Não houve sequer um pedido de desculpas aos torcedores que foram maltratados no estádio reformado.

O caminho na Europa é ainda mais moroso. A Europol desmontou um esquema de manipulação de resultados em jogos oficiais de futebol, mas isso ainda não gerou comoção. A investigação já citou mais de 300 jogos, mas há uma crença de que a crise pode ser maior e mais abrangente.

Não há nada mais importante para comunicação do que planejamento. É importante que os responsáveis por um evento tentem prever problemas, falhas e erros. É importante que eles estejam preparados para isso. Mas quando as coisas fogem do script é que o talento desses profissionais é realmente testado.

Isso não vale apenas para o esporte, evidentemente. No entanto, o esporte tem um componente diferente de outras searas. Por ser mais emocional e mais passional, o segmento acompanha reações bem mais exacerbadas. A repercussão é maior.

Os exemplos do último fim de semana são extremos, mas não é preciso chegar a isso. Qualquer crise ou sequência de resultados negativos oferece no esporte a chance de uma comunicação que contenha crises. Para isso, é fundamental seguir o roteiro do Super Bowl: blindagem, informações com perfil oficial, satisfação ao cliente e respostas contemporizadoras.

E por falar de futebol americano, um jogador da NFL deu uma aula de como usar a mídia para consolidar idolatrias. A história foi protagonizada por JJ Watt, que defende o Houston Texans.

Tudo começou com uma garotinha, em um vídeo que os pais dela publicaram no Youtube. A menina diz que gostaria de ter 25 anos, e a mãe pergunta por quê. Ela responde que quer se casar com Watt.

O vídeo repercutiu e chegou ao jogador dos Texans, que resolveu responder. Watt pediu ajuda nas redes sociais para localizar a garota. Na última semana, encontrou-se com ela e a pediu em casamento "de mentirinha", com direito a flores e anel.

Nos maus e nos bons momentos, a comunicação eficiente depende de uma dose alta de preocupação com quem está do outro lado. Watt não seria menos ídolo da garotinha se tivesse ficado calado, mas tornou-se ainda mais importante para ela por ter respondido de forma tão carinhosa.

Oportunidades aparecem constantemente para quem trabalha em comunicação. Para quem tem capacidade de improviso e competência, até uma crise pode ser motivo para se aproximar do público.

Afinal, quando manifesta amor ou quando vaia uma queda de energia, o público é a verdadeira razão de o esporte existir.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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Futebol e dialética

Leio, ainda, sem tê-lo finalizado, a biografia “The King of the World”, sobre Muhammad Ali.

Em português, encontra-se a versão “O Rei do Mundo”.

Escrito pelo ganhador do Prêmio Pulitzer nos EUA, David Remnick, o livro busca abordar a importância de Ali como grande ícone social, cultural, político e, obviamente, esportivo, no país.

Mais do que se preocupar com situações comezinhas da vida do lutador, conhecido como The Greatest (“O Maior”), a narrativa desconstrói o papel dos boxeadores na sociedade, o racismo, luta pelos direitos civis, suas relações com a máfia que controlava o esporte, e o protagonismo de Ali, como representante de transformações a partir de sua carreira profissional vitoriosa.

E o autor adotou um caminho muito interessante para alcançar esse desafio.

Inicia o livro descrevendo os dois grandes lutadores que antecederam Ali como número dos Pesos-Pesados do boxe mundial: Sonny Liston e Floy Patterson.

Sonny cumpria o papel de o “Negro Bom”. Essencialmente, isso significava que era tido como bom moço pela opinião pública; que ascendera socialmente através do esporte; que não se envolvia em polêmicas dentro ou fora dos ringues; que não contestava esse papel, pois com ele se conformava.

Já Patterson era o “Negro Mau”. Infância e juventude turbulentas; problemas e desajustes familiares; delitos como agressão, porte ilegal de armas; perfil agressivo com a imprensa; revoltado com a sociedade que lhe criara dessa maneira; envolvimento umbilical com a máfia que controlava o esporte.

Um deles poderia ser a tese do que se deveria esperar de um boxeador na teia social. O outro, a antítese, não apenas no aspecto moral, mas como grande diferença que havia em comparação ao seu par.

E Ali surge para ser a síntese dos dois lutadores, transcendendo a figura de cada um deles para se tornar o maior.

Consciente de sua influência, ele foi contestador das desigualdades e dificuldades sociais, raciais e religiosas nos EUA; combativo politicamente, particularmente ao defender a luta pelos direitos civis; provocador dos seus adversários; domador da imprensa enlatada que cobria o esporte à época; desafiador do Estado que lhe queria impor o serviço militar no Vietnã; insurreto junto à máfia.

Jamais se curvou perante alguém. Defendeu ativamente seus pontos de vista, suas decisões e suas ações.

Esse foi seu grande e inspirador legado, já há algum tempo muito bem administrado e compartilhado pelo Ali Center, fundação em Louisville, Kentucky.

Resumidamente, a transcendência representada por Ali, em sua trajetória, pode ser bem compreendida pelos “seis princípios básicos para inspirar jovens e adultos para alcançar a grandeza em suas vidas, comunidades e países”:

1. Confiança: acreditar em si, em suas habilidades e em seu futuro;

2. Convicção
: firme crença que lhe dá coragem para sustentá-la, apesar da pressão para fazer o contrário;

3. Dedicação
: o ato de devotar toda energia, esforço e habilidade para determinada tarefa;

4. Doação
: agir voluntariamente sem esperar nada em troca;

5. Respeito
: estima, ou senso de valor e excelência, por si e pelos outros;

6. Espiritualidade
: senso de veneração, reverência e paz interior, inspirado por uma ligação com toda a criação e/ou com aquilo que é maior que a si mesmo.

Convido a uma reflexão a respeito do que poderíamos extrair como exemplo, ou, até mesmo, criar, construir, em nosso futebol.

Penso que o ponto de partida seria seguir tentando chamar a atenção, criticamente, para o importante papel do futebol como meio de transformação social no Brasil e no mundo.

A partir disso, construir teses que, por sua vez, provocariam o surgimento de antíteses, sintetizando a evolução social. Que se converteriam em novas teses.

Num contínuo processo dialético em que o futebol seria protagonista.

Já passamos por períodos “bons” e períodos “maus”.

Podemos começar a imaginar um cenário que os transcenda.
 

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

 

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A formação, o futsal e a especificidade

Dia após dia, a discussão sobre a formação de atletas no Brasil vem ganhando força. Do viés administrativo, relacionado à necessidade de investimentos de infraestrutura e aperfeiçoamento gerencial, ao técnico, correspondente à qualificação do corpo técnico e consequente evolução dos métodos de treino, é nítida a movimentação de pessoas, clubes e instituições que buscam e aplicam novos processos no futebol de base.

Diante deste cenário (que não será modificado mesmo com exemplos recentes de incompetência), dentre os inúmeros temas, um sempre gera calorosas discussões: a importância do futsal na formação de atletas.

A corrente de profissionais que defende a prática deste esporte nas idades iniciais da formação, entre 11 e 15 anos, é vasta. Como argumentos a favor da modalidade, referem-se à grande quantidade de ações com bola devido ao menor número de jogadores que o futebol de campo, a necessidade da tomada de decisão mais rápida e o ambiente propício ao surgimento de jogadores habilidosos em função das resoluções de problemas em espaços reduzidos.

Os argumentos utilizados seriam inquestionáveis se não estabelecessem comparativos com o futebol de campo. Ou seja, praticar futsal pode proporcionar um bom número de ações com bola, melhorar a tomada de decisão e favorecer o aparecimento de jogadores habilidosos, porém, comparar o efeito da prática desta modalidade com o futebol significa desconsiderar o princípio básico do treinamento esportivo: a especificidade.

As competências exigidas para jogar bem futsal são distintas das exigidas para jogar bem futebol de campo. Para exemplificar, a frequente pisada na bola para recepcionar um passe e a ausência da regra do impedimento são dois dos elementos que diferenciam, significativamente, um jogo do outro.

Sabemos que um dos objetivos das categorias de base é aumentar o nível de inteligência de jogo dos praticantes de acordo com as tendências do futebol moderno, para que, concluído o período formativo, o atleta esteja apto a jogar em alto nível no futebol profissional. Se, durante o referido período de formação um atleta concorre à aprendizagem do futebol de campo com a prática do futsal, horas preciosas para a expertise serão perdidas.

Então, se o futsal é prejudicial (ou menos benéfico) na formação de atletas, qual é a solução?

A solução consiste em adaptar o futebol formal (alterando regras, número de jogadores, espaço, forma de pontuar, etc) criando jogos que favoreçam a aquisição de competências específicas do futebol. E isso é bem diferente de jogar futsal…

Dos 11 aos 15 anos, os atletas devem aprender sobre o funcionamento da unidade complexa (equipe) progressivamente, se aproximando do 11×11. Sendo assim, quanto melhor a compreensão do jogo coletivo, melhor a manifestação das competências essenciais (relação com a bola, estruturação do espaço e comunicação na ação). E tal manifestação deve compreender elementos incomuns no futsal; eis alguns deles: reposição do goleiro com os pés; sair jogando com goleiro, linha de defesa e volantes; circular a bola com volantes, meias e atacantes; defender e atacar em bolas paradas; variação das plataformas de jogo com três linhas de jogadores, além do goleiro; realização de ações táticas de ultrapassagem, penetração e tabelas; organização ofensiva e defensiva em cruzamentos; cumprimento de uma posição no campo de jogo (que não é fixo, ala ou pivô).

O processo de ensino-aprendizagem-treinamento é maximizado se os atletas são submetidos a estímulos adequados. A aplicação destes estímulos exige um profundo conhecimento teórico-prático de quem assume o compromisso pedagógico de, como afirma João Batista Freire, ensinar bem futebol a todos.

Para os críticos que defendem que o surgimento de inúmeros craques brasileiros advém do futsal, não esqueçam que durante a iniciação esportiva (até os 10 anos de idade), todo e qualquer ambiente que seja possível brincar de bola com os pés é enriquecedor para o aprendizado do futuro esportista e, passada esta faixa etária, na transição da iniciação para a especialização, para formarmos grandes jogadores de futebol, precisamos de praticantes de futebol. Se muitos craques vieram do futsal, imaginem quantos mais não teríamos na atualidade se ensinássemos melhor o próprio futebol de campo?

A mínima fração de tempo que envolve a precisa tomada de decisão do craque aliada à capacidade de resolver problemas imprevisíveis circunstancialmente deve ser muito estimulada. No futsal, os estímulos são de outro jogo, que exige outras competências e, acima de tudo, tem outra lógica! Que façamos como muitos clubes, pessoas e instituições e não desperdicemos o precioso tempo da formação!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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A tragédia em Santa Maria e as lições para os eventos esportivos

A semana começou nebulosa com a morte de quase três centenas de jovens em razão de um incêndio ocorrido em casa noturna da cidade universitária de Santa Maria, Rio Grande do Sul. As autoridades ainda estão no início das investigações, mas, algumas causas são bem evidentes e relacionam-se com a falta de medidas de segurança adequadas.

Sabe-se que o Brasil está na iminência de organizar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 e, para tanto, está construindo novos cenários esportivos e reformando os antigos.

Um grande evento esportivo é capaz de reunir em um curto espaço mais de dez vezes mais pessoas que havia na boate de Santa Maria e, uma tragédia poderia ser ainda maior. Por essa razão, os cenários esportivos devem seguir padrões internacionais de segurança, atentando-se com medidas anti-incêndio, anti-violência, dentre outros.

As construções devem permitir que um estádio de futebol ou um ginásio seja esvaziado em, no máximo, oito minutos em caso de alguma necessidade. Ademais, deve haver acesso aos gramados/quadras, razão pela qual as fossas devem ser extirpadas.

Considerando que as escadas e corredores constituem vias de acesso e, portanto, devem ficar desobstruídas para que, em caso, de tumulto ou necessidade de escoamento, os caminhos estejam livres.

Os portões dos cenários desportivos devem abrir para o exterior e ser passíveis de serem abertos sempre por dentro, a fim de se minimizarem os riscos de emperramento.

Finalmente, as escadas devem ser rodeadas de corrimãos e de com mecanismos anti-fogo, como extintores e canos de água acionáveis por calor.

Para que tudo seja cumprido é imprescindível que o poder público, ao contrário do lamentável caso de Santa Maria, exerça a sua função constitucional de poder de polícia administrativa, fiscalizando todos os cenários esportivos e aplicando-se as penalidades cabíveis àqueles inadequados para que tragédias como as do Rio Grande do Sul, ou as de São Januário (2000) e da Fonte Nova (2007) sejam extirpadas eternamente de nosso país.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Para atender a demanda

Estádios vazios, jogos ruins e atletas de pouca expressão. Não, não estamos falando de alguns dos famigerados campeonatos regionais pelo Brasil. O caso é o da Copa Africana de Nações, que está sendo realizada na África do Sul, servindo como alerta para o futuro país da Copa do Mundo.

A projeção de estádios que atendem demandas pontuais não costumam ser balizadores para as demandas futuras. A sustentabilidade de arenas não significa apenas construir estádios “verdes”, com captação de água da chuva, energia solar ou coleta seletiva de lixo.

Pensar estrategicamente e conceber arenas implica em projetar uma demanda modulada, que permita flexibilizar o espaço para suportar pequenos, médios e grandes eventos, conforme o calendário, o crescimento da torcida e da população de abrangência, a qualificação do espetáculo etc.

E chegamos novamente ao caso africano: se o tamanho dos estádios de 2010 para a Copa do Mundo estava adequado, o mínimo seria imaginar a redução de sua capacidade para atendimento dos eventos de futebol daquele país e de outras competições internacionais de menor expressão.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

 

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O futebol precisa de antagonismos

Como negócio, o esporte ainda precisa evoluir em vários aspectos. Poucos são tão latentes, contudo, quanto o respeito à rivalidade. O segmento ainda tem parcos exemplos de uso eficiente das dicotomias que ele mesmo cria.

Compare com a ficção, por exemplo: no cinema, no teatro ou na literatura, o desenvolvimento de um bom antagonista é trecho intrínseco na criação de qualquer personagem. Um herói é tão grande quanto os desafios que supera ou as reações que suscita.

A provocação no bar pode ser mais saborosa quando o time rival fracassa, mas até para que isso exista é fundamental que o adversário seja relevante. Não há rivalidade que sobreviva a um abismo.

É isso que acontece na Espanha. O rival local do Barcelona é o Espanyol, mas não há como sustentar um embate entre os dois catalães. A distância entre os faturamentos colocou as duas equipes em mundos absolutamente diferentes.

Hoje em dia, o adversário do Barcelona na Espanha é o Real Madrid. “Os dois disputam um campeonato à parte”, é o que se costuma dizer sobre o cenário de uma das principais ligas de futebol do planeta.

O patamar criado por Barcelona e Real Madrid tem uma série de explicações. Os dois faturam mais porque têm penetração em mais mercados e porque vendem mais, por exemplo. Mas nada desequilibra mais a conta do que a mídia.

Os direitos de mídia do Campeonato Espanhol são comercializados individualmente. Cada time é dono das partidas que faz como mandante, e também é responsável por vender essas imagens dentro e fora do país.

O resultado mais óbvio desse modelo é que os jogos de Barcelona e Real Madrid, times que têm mais relevância internacional, são mais interessantes e vendem mais – os dois respondem por mais de 50% do faturamento nacional com mídia. No curto prazo, isso não causa diferença relevante. Com o passar do tempo, contudo, há uma acentuação contundente no abismo financeiro entre os gigantes e os outros.

Os direitos de mídia incluem negociações com TV, internet e uma série de outras plataformas. Se um time ganha muito mais em cada uma dessas searas, sempre vai poder contratar os melhores atletas. E se contratar os melhores atletas, sempre vai ser tecnicamente mais forte. E se for tecnicamente mais forte, sempre vai gerar mais interesse. E se gerar mais interesse, sempre vai vender mídia por valores maiores. É um ciclo que limita muito as rivalidades.

Parece uma lógica muito simples, mas o esporte nem sempre se preocupa com o que é simples. Em vez de fortalecer a cadeia econômica, o importante é superar o rival. O que vale é ter assunto para a provocação no bar.

Na Espanha, Barcelona e Real Madrid polarizam títulos nacionais desde 2005. O campeonato nacional não é tão ruim quanto alguns insistem em dizer, mas os dois estão muito acima do restante da tabela. Isso cria uma indelével sensação de que não há competição.

O abismo entre os gigantes e o resto tem sido ainda mais problemático nos últimos anos. A economia espanhola enfrentou problemas, e os times locais precisaram buscar dinheiro em outros locais. Barcelona e Real Madrid venderam mídia e cotas comerciais em outros países, mas equipes menores não conseguem seguir esse caminho. E a distância só aumenta.

Na outra ponta está a Premier League. O torneio nacional da Inglaterra vende mídia coletivamente. Metade do montante amealhado é repartida igualmente, e a outra fatia é dividida de acordo com desempenho em campo (25%) e aparições na TV (25%).

A venda de mídia é apenas um aspecto em que a Premier League foi buscar inspiração no esporte dos Estados Unidos. As principais ligas norte-americanas vendem mídia em negociações coletivas. O dinheiro é dividido em porções parecidas, sempre priorizando a competitividade.

Até o draft, instituição tão presente no esporte norte-americano, é voltado à manutenção do equilíbrio. Os piores times de uma temporada são os primeiros a escolher atletas para o ano seguinte. Na teoria, isso faz com que todos tenham condições técnicas parecidas e que exista alternância de forças no torneio.

Com mais equilíbrio, qualquer jogo passa a ser mais interessante. Resultados são mais imprevisíveis, e rivalidades acabam acentuadas.

Na América do Sul, o futebol brasileiro é a Espanha. O país pentacampeão mundial adotou um modelo individual de negociação de mídia. Cada clube tem direito de fechar com a emissora que julgar mais conveniente.

Em primeiro lugar, isso esbarra em um absurdo legal. No Brasil, as duas equipes envolvidas em um jogo são donas da imagem. Portanto, se uma tiver acordo com a emissora X e outra fechar com o canal Y, o jogo depende de um acordo entre todas as partes para poder ser exibido.

Esse cenário bizarro só não aconteceu no Brasil porque todos fecharam com a Globo. A proposta da emissora carioca inclui qualidade técnica das transmissões, alcance nacional e índices de audiência.

Mas também incluiu, a partir da adoção da venda individual, uma enorme valorização do produto. O valor pago por mídia no futebol brasileiro disparou nos últimos anos, mas a evolução não foi igual para todas as equipes. Aliás, aconteceu exatamente o contrário.

Se os times souberem equacionar dívidas e trabalhar ativos locais (categorias de base, por exemplo), a tendência é que o futebol brasileiro comece a acompanhar um processo semelhante ao da Espanha. Quem fatura menos pode equilibrar as coisas em um ano ou dois, mas quem ganha mais sempre tem estabilidade no topo.

O que torna esse cenário ainda mais enfático é a comparação com o principal mercado concorrente. A Argentina mudou em 2009 o modelo de venda de mídia do futebol. A TV estatal pagou 600 milhões de pesos (cerca de R$ 300 milhões) por um contrato de dez anos com o campeonato nacional, e esse total foi distribuído entre as equipes.

Não é por acaso que o Campeonato Argentino se tornou imprevisível e equilibrado. Não é por acaso que as equipes nacionais rapidamente perderam força em disputas com os brasileiros.

A discussão em torno de venda de mídia não é nova, mas serve como gancho para analisar duas novas gestões em dois dos maiores clubes do futebol brasileiro. Flamengo e Palmeiras iniciaram em 2013 com presidentes neófitos, esperanças renovadas e discursos bem diferentes.

Flamengo e Palmeiras estão entre os maiores contratos de mídia do futebol brasileiro. Por consequência, faturam muito mais do que os rivais. Ainda assim, não frequentam o tal panteão dos ricos.

É claro que o equilíbrio no futebol mundial também pode ser explicado por fatores externos. Times como Chelsea, Manchester City e Paris Saint-Germain não estavam entre os maiores faturamentos da Europa, mas receberam injeções de mecenas e se tornaram fortes.

No entanto, o mais comum é a r
ealidade do dinheiro prevalecer em médio e longo prazo. Se eu ganho muito mais do que você, sempre vou ter condições de desequilibrar a competição entre nós.

O prazo para a criação desse cenário depende apenas de organização. Não adianta um clube faturar mais se o dinheiro estiver totalmente comprometido com contas e contratos de períodos anteriores.

O desafio de Flamengo e Palmeiras, portanto, é arrumar a casa. Se os dois forem bem geridos, a tendência é que o mercado os empurre. Ambos têm potencial para muito mais do que fizeram nas últimas temporadas.

O problema é que não há um modelo a ser seguido. O Corinthians, exemplo mais recente de evolução no futebol brasileiro, saiu do limpo com um planejamento baseado no varejo. Além do impulso da TV, a equipe do Parque São Jorge fatura mais porque vende mais produtos.

Flamengo e Palmeiras até poderiam tentar o mesmo caminho, mas teriam um risco enorme causado pela desaceleração da economia. O Brasil pode não entrar em crise nos próximos anos, mas não dá sinais de que manterá o ritmo de ascensão.

O grande mérito do Corinthians foi montar um modelo que era perfeito para o momento econômico do Brasil. O time alvinegro aproveitou o cavalo que passava encilhado. Flamengo e Palmeiras ainda precisam de muitos ajustes internos antes de pensarem em oportunidades. Mas quando estiverem prontos, a dúvida é qual mercado eles encontrarão.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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As “linhas de 5”

Relatórios e imagens das últimas oito Copas do Mundo Fifa de Futebol mostram que a preferência por uma linha de defesa de 4 jogadores (linha de 4) está presente em todas elas. Relatos sobre Copas anteriores apontam para o mesmo.

Ainda que tenham surgido e ainda sujam por vezes, em uma ou outra seleção nacional uma opção diferente (linha de três zagueiros, por exemplo), é fato o predomínio das “linhas de 4”.

Nos principais campeonatos nacionais na Europa e América do Sul, equipes espalhadas por diversos países também mantêm a tendência pela composição da linha defensiva com quatro jogadores.

Claro, também há exceções, como por exemplo a Juventus, de Turim, na Itália, que vem nos últimos quase dois anos (com bons resultados), jogando em um 1-3-5-2 zonal que transforma sua defesa em “linha de 4” quando atacada pelos adversários.

O Brasil segue a tendência.

Uma tendência que vem ganhando força nos últimos três anos, que também diz respeito a linha de defesa, e que tem como representantes, principalmente equipes da Espanha, Portugal e Alemanha (além de algumas inglesas) é a estruturação de “linhas de 5”.

As “linhas de 5” no geral são circunstanciais, mas com padrões bem definidos de organização e composição. Sua formação normalmente está associada a presença da bola, em posse do adversário, entre a linha de fundo defensiva e a linha cinco do campo de jogo, nas faixas laterais (conforme a figura).

São diversos os motivos que têm levado as equipes a optar por formação de linhas de cinco jogadores em circunstâncias como a descrita. Porém, as mais marcantes e comuns delas dizem respeito a:

a)possibilidade de ter mais jogadores fazendo coberturas uns dos outros em jogadas de linha de fundo do adversário, sem precisar ficar tirando os zagueiros de perto da pequena área defensiva;

b)ter uma linha mais comprida nos cruzamentos, alinhada com a bola, otimizando a gestão do espaço, e especialmente em bolas de 2ª trave.

Na última Copa do Mundo de Futebol, a seleção da Suíça, com uma equipe de pouca expressão, conseguiu sofrer apenas um gol na competição (mesmo tendo em seu grupo a seleção da Espanha, que foi a campeã do Mundial) – utilizando-se do expediente da “linha de 5”.

E é no campeonato nacional espanhol que mais equipes têm essa prática no seu desenho tático.

No geral, os times que adotam a “linha de 5” acabam precisando resolver um problema que surge em decorrência da sua formação.
Para se ter um jogador a mais na linha de defesa, é preciso perder um jogador que poderia fechar a circulação de bola adversária pelo meio (normalmente é o volante que entra na “linha de 4” para transformá-la em “linha de 5”).

Isso quer dizer que, se pensarmos em coberturas, dobras de marcação e fechamento de circulação da bola pela faixa central do campo, é plausível aceitarmos a idéia de que com um jogador a mais na linha de defesa, ou diminuímos a eficiência das dobras, ou do fechamento da circulação central da bola.

E se nenhuma dessas ocorrências for uma opção aceitável, será necessário trazer jogadores da linha de ataque para auxiliar na estruturação defensiva do espaço.

Mas, aí, outro problema emerge: o balanço ofensivo para organizar contra-ataques ou desafogar a defesa ficará numericamente prejudicado.

A tendência às linhas de cinco jogadores nasce, então, de uma dificuldade defensiva, principalmente para enfrentar equipes tecnicamente bem qualificadas, em campos de largura considerável, que para ser eficiente no que se propõe, pode desencadear sérias dificuldades para se chegar ao gol de ataque (dificuldades ofensivas para quem se defende com ela) – ou ao menos, maior gasto energético para isso.

Por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

 

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Banco de Jogos – jogo 7

Se a comissão técnica não estiver atenta, facilmente os atletas podem diminuir o nível de concentração numa sessão de treino de bolas paradas.

Com a excessiva repetição das ações num ambiente que simula o jogo, mas não tem suas principais características, elementos importantes como as organizações de balanço defensivo e ofensivo, comportamentos coletivos de transição ofensiva e defensiva, o interesse dos atletas em cumprir as ações com eficácia e a própria competição, inerente ao jogo, são desconsiderados (ou deixados em segundo plano) e refletem negativamente nos jogos oficiais.

Então, com o objetivo de proporcionar maior competitividade à sessão de treino e consequentemente aproximá-la das situações reais de jogo, a coluna desta semana propõe uma atividade para aperfeiçoar o Modelo de Jogo do treinador no que tange as cobranças de bolas paradas, afinal, as mesmas têm definido muitas partidas do futebol mundial.

Jogo Conceitual em Ambiente Específico de Bolas Paradas

– Dimensões do campo oficial. ~ 100m x 70m;
– Campo dividido em 5 setores em torno da grande área;

 

Regras do Jogo

1.Cada equipe tem direito a 5 bolas por setor, além de 5 escanteios de cada lado, totalizando 35 bolas por equipe;
2.As mudanças de equipe que ataca ou defende são feitas a cada série de 5 bolas;
3.Cada bola é jogada por, no máximo, 20 segundos;
4.Após cada bola, pausa de 40 segundos;
5.Se na cobrança a bola for desperdiçada pela equipe que ataca, o treinador repõe a bola em jogo para a equipe que defende;
6.Se na cobrança a bola for desviada pra fora pela equipe que defende, o treinador repõe a bola em jogo para a equipe que ataca;
7.Gol = 6 pontos
8.Ultrapassar o meio campo em transição ofensiva = 2 pontos
9.Ultrapassar o meio campo após reposição do treinador = 1 ponto
10.Gol após reposição do treinador = 3 pontos
11.Gol de transição ofensiva = 10 pontos

Assista aos vídeos com os exemplos de algumas regras:

Regra 7


 

O jogador número 10 da equipe listrada faz a cobrança de uma falta lateral e o jogador número 8 faz o gol. Esta ação vale 6 pontos para a equipe listrada.

Regra 8


 

O jogador número 10 da equipe listrada faz a cobrança de uma falta lateral e o jogador número 7 da equipe verde intercepta o cruzamento. Em um contra ataque, a equipe verde ultrapassa o meio campo com o jogador número 10. Esta ação vale 2 pontos para a equipe verde.

Regra 10


 

O jogador número 8 da equipe verde faz a cobrança de um escanteio e o jogador número 6 da equipe listrada desvia para fora. Após a reposição feita pelo treinador o jogador número 8 da equipe verde cruza e o jogador número 4 faz o gol. Esta ação vale 3 pontos para a equipe verde.

Aguardo dúvidas, críticas e sugestões. Abraços e bons treinos!

 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Banco de jogos – jogo 1
Banco de jogos – jogo 2
Banco de jogos – jogo 3
Banco de jogos – jogo 4
Banco de jogos – jogo 5
Banco de jogos – jogo 6