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Novo capítulo: agora, o Imperador.

Caros amigos da Universidade do Futebol,

Novamente poderemos ter a oportunidade de ver um grande jogador do nosso futebol retornar aos gramados. Pelo noticiário na imprensa, o Imperador estaria com um pé no Parque São Jorge.

Já comentamos esse assunto por diversas oportunidades, mas sempre é bom destacar a cada novo episódio desse movimento de retorno. Os jogadores de futebol do Brasil já fizeram sua fama como os melhores do mundo. Agora precisamos nos esforçar para tornar o nosso campeonato local também atrativo aos olhos dos investidores, mídia, clubes, etc. vindos do exterior.

O retorno de craques aos nossos campeonatos é muito positivo, via de regra. O conceito é bom. O problema é o gerenciamento e o planejamento que envolve essa estratégia. Se todos estiverem em boa forma, é claro que seria mais fácil vender direitos de televisão para o exterior quando temos Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Rivaldo, entre outros jogadores conhecidos mundo a fora.

Esse movimento também é importante para lotar nossos estádios, aumentando a atmosfera eletrizante das torcidas, e valorizando ao final do dia o nosso produto para ser comercializado no exterior (e no Brasil também!).

Mas, tudo tem o seu lado não tão positivo. O retorno desses craques pode criar problemas para o nosso futebol.

Em primeiro lugar, é necessário saber se o jogador ainda está em condições de atuar com a costumeira excelência, ou se de fato ele já não tem mais condições de atuar como profissional e está forçando a barra para prolongar sua carreira. E, sendo a segunda opção, o tiro pode sair pela culatra.

Além disso, é preciso atentar para os salários desproporcionais que a eles são oferecidos. Isso pode causar um rombo financeiro no clube, além de provocar uma desunião no grupo se a contratação não for bem gerenciada.

Enfim, é um verdadeiro jogo de xadrez.

O importante é a valorização do futebol nacional que tanto precisamos. Mas não à qualquer custo.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Responsabilidade social e gestão dos stakeholders

A íntima relação entre a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e a gestão dos stakeholders é discutida no artigo de Walters & Tacon (2010), que investiga essa relação com os olhos sobre a indústria do futebol no Reino Unido.

A proposta passou por identificar os processos em torno da gestão dos stakeholders em diferentes organismos a partir da aplicação de 15 entrevistas semi-estruturadas com representantes de diferentes grupos e organizações ligadas ao futebol, vindo desde entidades e associações de torcedores, passando pela liga de futebol até clubes de pequeno, médio e grande porte.

Assim, falando sinteticamente, a conclusão do estudo remeteu para a constatação célebre de que o grande motor da indústria do futebol são os torcedores, sendo que a grande maioria dos entrevistados apontou estes como sendo seus principais stakeholders.

É o conjunto de torcedores o grupo de pessoas com o qual mais possuem sinergias, e portanto, onde as organizações pesquisadas mais destinam preocupação e importância. A boa relação com essas pessoas é um imperativo que contribui para uma gestão sustentável no longo prazo. Conclui-se, por fim, que há uma forte correlação entre a gestão dos stakeholders e a RSC, além de afirmar que o futuro de ambas está em franca expansão.

Essas “brilhantes” constatações servem apenas para lembrar o dirigismo esportivo do país, os clubes, os patrocinadores e os veículos de mídia tupiniquins a quem devem se reportar.

No ambiente corporativo, a grande maioria das empresas adapta produtos e formas de venda em função das tendências e modo de vida de seus consumidores, motivo pelo qual conseguem expandir negócios e aferir maiores lucros. Entendem que o simples fato de não ouvir os anseios básicos dos consumidores é ruim para seus negócios e também passa a ser uma prática socialmente irresponsável, por não colocar no mercado os produtos e serviços que as pessoas necessitam.

Na “indústria do futebol”, seria como não entender, por exemplo, que fazer um torcedor chegar em casa às 02h00 da manhã porque o jogo começou às 22h00 do dia anterior e o mesmo precisará sair de casa às 06h00 novamente para ir trabalhar (sem entrar no mérito do conforto do transporte público ou dos estádios) é apenas o princípio de um processo que culminará na opção futura por melhores serviços oferecidos pelo concorrente.

Referência

Walters, Geoff; & Tacon, Richard. (2010). Corporate social responsibility in sport: Stakeholder management in the UK football industry. Journal of Management & Organization, Vol. 16, Issue 4, September 2010.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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O técnico de futebol no processo de desenvolvimento tecnológico

Olá, amigos!

No texto da semana passada elencamos alguns pontos que devem ser investigados para traçar as necessidades tecnológicas de um técnico:

 

  • ferramentas de avaliação de desempenho coletivo
  • ferramentas de avaliação de desempenho individual
  • ferramentas de elaboração de planejamento da temporada
  • ferramentas de acompanhamento e controle do planejamento
  • ferramentas de tomadas de decisão e mudanças de rumos e metas.

Em comum, esses pontos levantam, computam e armazenam dados.

Nesse aspecto é importante que o profissional de futebol esteja tanto à frente como nos bastidores dessas ferramentas. Não adianta se colocar apenas como usuário dessas ferramentas, é necessário que se torne um usuário avançado, integrado e hábil para transformar os dados em informação e depois em intervenção.

Por outro lado, é importante também estar nos bastidores, ou seja, por trás do desenvolvimento dessas ferramentas, afinal, não adianta termos recursos tecnológicos de última geração se o que eles fazem não acrescenta ou não contribui em nada para o técnico de futebol. 

Assim, quando criticamos a resistência do futebol temos que entender esse segundo aspecto. Ao cobrar a participação dos profissionais na montagem dessas ferramentas entramos numa questão pessoal que é grande foco de resistência.

À medida que o profissional tem de dispor de seus conhecimentos para desenvolver uma ferramenta padrão ele pode criar uma resistência por dois caminhos diferentes.

O primeiro por realmente não conhecer de futebol de forma tão aprofundada que não quer se expor e deixar evidente sua superficialidade, e segundo por acreditar que ao fazer isso estaria revelando seus segredos e a chave de seu sucesso (embora muitos dos que fazem isso nunca tenham tido tal sucesso).

Tanto uma como outra postura de resistência adotada não justificam-se pela essência e pela real função do profissional nos bastidores e desenvolvimento dessas ferramentas. A falta de conhecimento pode, na medida em que tem de re-estruturar seus saberes para transmitir para a construção do software, auxiliar na atualização do profissional.

Enquanto isso o receio de ter seus segredos revelados se extingue, porque a grande diferença está não na lógica ou padrões que as ferramentas podem adquirir, mas sim no que o usuário final pode fazer com ela.

É nesse aspecto que o profissional moderno deve se diferenciar. Usando uma frase de Edgar Morin que diz “que toda e qualquer informação tem apenas um sentido em relação à uma situação, à um contexto” conseguimos ilustrar essa necessidade de termos a experiência dos profissionais nas montagens das ferramentas, pois eles estão no contexto. Ainda completando com Morin: “não podemos isolar uma palavra, uma informação; é necessário ligá-la a um contexto e mobilizar o nosso saber, a nossa cultura, para chegar a um conhecimento apropriado e oportuno da mesma.”

É possível entendermos porque esse compartilhamento não revela segredos, afinal é o uso que se faz da informação com base na atuação de cada um que teremos a diferenciação (ou os segredos) do profissional.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Meninos do Brasil

Pelé dedicou seu milésimo gol às crianças do Brasil há mais de 40 anos.

De lá pra cá, muitas crianças se tornaram jogadores profissionais de futebol.

Alguns deles, diz-se, atuaram na época errada, pois, se jogassem hoje em dia, seriam astros muito mais reluzentes do que na década de 1970 e 1980.

A verdadeira internacionalização do futebol foi catapultada pelo mercado de transferências de jogadores, que teve como pano de fundo o Caso Bosman.

Como peça essencial à existência do futebol por si só e, hoje, ao marketing que movimenta milhões de reais, busca-se sempre o próximo ídolo para ocupar as fileiras dos principais clubes da Europa e movimentar toda a engrenagem da indústria do futebol.

E uma consequência direta e natural deste processo é a assinatura de grandes contratos – não só nas cifras envolvidas, mas também nos direitos e obrigações tomados em caráter recíproco.

O problema é que, no Brasil, existe uma grave e triste tendência a se “socializar” a culpa de muita coisa.

Dentre as quais, a de que os jogadores de futebol são explorados por um sistema perverso de abuso, enganação e escravidão, que lhes impende a sujeição às piores condições de trabalho.

Estamos rumando para quase 15 anos de vigência da Lei Pelé que, somada aos Estatutos e Regulamentos da Fifa, ampara as melhores práticas na relação entre jogadores, clubes, agentes e demais autores.

Sem obrigar ao jogador contratos de trabalho ou de representação como se dava à época da Lei do Passe.

Adriano, o Imperador, que conta com Gilmar Rinaldi como seu agente licenciado pela Fifa desde o início da carreira, não vem cumprindo seus últimos contratos até o fim – e já vê, com isso, o fim da carreira se aproximando.

Rescindiu o contrato com a Roma, e logo desembarca mais uma vez no Brasil.

Robinho também sempre esteve envolvido em rescisões antecipadas de contrato.

A mais recente briga é com a Nike, empresa que o patrocina desde os primeiros anos de carreira. Alega que a empresa o enganou, ao vincular a renovação de contrato automática à incompreensão do texto do contrato em inglês, prevalente sobre o português.

Não queremos entrar nos detalhes da contenda judicial – e não devemos – uma vez que a abordagem, aqui, não é essencialmente judicial, é sobre a (in)capacidade de cumprimento de contratos no futebol brasileiro.

Costuma-se tratar tais assuntos com simplismo ou paixão.

Quando surgem com belas jogadas, os jogadores são chamados de “meninos”, e se corre para protegê-los dos zagueiros violentos, além de rasgar elogios pela “irresponsabilidade tática” e talento dentro de campo.

Quando não cumprem os contratos, a “irresponsabilidade contratual” não tem recebido a mesma atenção e cobrança.

Tá na hora de “puxar a orelha” dos meninos do Brasil.

Pois, como dito na frase atribuída a Adriano, o Imperador, quem tem alguns milhões na conta bancária, tem que se preocupar em sentir prazer de jogar futebol, e não com o dinheiro que lhe oferecem.

Também deveria se preocupar em investir na contratação de bons advogados para assessorar as negociações que envolvem milhões com clubes e patrocinadores.

E cumprir estes contratos também…

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Pesquisa e desenvolvimento

A interface entre a inovação e a proposição de novos produtos para o mercado envolve uma linha que vai da pesquisa (ao público consumidor, aos potenciais consumidores, às análises laboratoriais etc.), passando pelos testes de campo, in loco, até chegar ao varejo.

No esporte, o mais emblemático dos casos é proveniente da Fórmula 1, em que as grandes montadoras e demais empresas fabricantes de peças e acessórios automobilísticos, implementam, criam e propõem novos produtos, que são testados nas principais pistas do mundo pelos pilotos das escuderias. Freio ABS, aerodinâmica, itens de segurança e outros foram testados e aprovados nas pistas até chegarem aos carros de passeio que consumimos.

A Gatorade surgiu na década de 1960 a partir do futebol americano, de uma necessidade de reposição hídrica em virtude do forte calor registrado ao longo da temporada e que fazia com que a equipe do técnico Ray Graves, da Universidade da Flórida, procurasse soluções de especialistas, culminando anos mais tarde com o lançamento da famosa bebida energética.

Quanto ao futebol, o Philips Stadion, em Eindhoven, do PSV, em uma parceria entre clube e empresa que completará 100 anos em 2013, utiliza as lâmpadas de melhor qualidade da companhia, como mote para ser considerado o estádio mais bem iluminado do mundo. Naturalmente que os principais lançamentos e produtos relacionados à marca são lá colocados em primeira mão, servindo como importante estratégia de marketing.

Bolas, chuteiras, camisetas que ajudam na transpiração dos atletas, entre outros artigos são comumente testados no futebol para posteriormente serem ofertados ao mercado consumidor, trabalhando, assim, a ponte entre aquilo que os ídolos do esporte utilizam para os desejos das pessoas em realizar uma prática esportiva com mais conforto e qualidade.

A pergunta que fica é: os clubes de futebol no Brasil estão preparados culturalmente para receber investimentos de grandes empresas que visam o lançamento e aprimoramento de produtos para o mercado?

Não seria essa uma boa oportunidade de diversificar receitas, utilizando todo o potencial de consumo existente na indústria do futebol nacional?

A impressão que se tem é que as ferramentas utilizadas neste sentido no Brasil operam em escala pontual, ou seja, quando marcas patrocinam atletas e, contratualmente, se colocam à disposição para testes e lançamento de produtos.

O fato é que as variáveis podem transcender o campo de jogo, passando pelo controle e logística em eventos, com a utilização de softwares e monitoramento do público – com posterior impacto para empresas de segurança, por exemplo; pela limpeza e conservação de estádios – servindo como cartão de visitas para a comercialização de serviços do gênero para espaços públicos, eventos ao ar livre e ambientes comerciais; entre outros.

Assim, deve passar por uma questão estratégica da instituição com a finalidade de obter novas e diversificadas parcerias (e receitas), além daquelas comumente utilizadas.

Parcerias entre clubes e empresas dentro deste escopo podem ser capazes, portanto, de gerar dividendos importantes, tanto naquilo que se refere a exposição de marcas, pelo interesse corporativo, como para o alcance de mais valias econômicas a partir da inovação, tendo o esporte como o ponto de apoio para tais iniciativas.

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Quais as necessidades tecnológicas de um técnico de futebol?

Na última semana, numa palestra de marketing, esporte e tecnologia, um convidado me fez a pergunta acima, que adotei como titulo desse texto.

A discussão foi fomentada quando tratávamos dos interesses do marketing com as questões internas de um clube. Em uma análise macro e breve sobre os objetivos que poderiam fazer parte desse escopo, listamos a melhora dos resultados através de planejamento, comunicação e estratégia. É perfeitamente plausível que o técnico, grande interessado e responsável pelos resultados, tenha sua importância quando são discutidos esses elementos. Desta forma, focando nos aspectos tecnológicos, pensamos em como esses recursos podem auxiliar na atuação do treinador.

Mais uma vez tive que iniciar a resposta com uma ressalva, isto porque é impossível pensarmos, sob a ótica do marketing, as necessidades tecnológicas do técnico de futebol, sem pensarmos numa mudança ou na consolidação de um profissional moderno que consiga transitar entre os conhecimentos técnicos e específicos do esporte com as competências gerenciais e empreendedoras.

Sim, o técnico é hoje um gestor e precisa ter isso em sua formação, seja ela acadêmica, ou ainda, complementada com a vivência prática no meio. Assim fica viável fazer tal analogia traçando as necessidades do técnico com a perspectiva do marketing.

O técnico dentre as suas competências e habilidades, deve gerir pessoas, planejar, tomar decisões, avaliar desempenho e resultados, gerir informações e trabalhar com comunicação estratégica (nem tudo pode ser visto e falado para todos em todos os meios, como bem exemplifica a famosa frase “roupa suja se lava em casa”).

Assim como qualquer outra área e seguimento, a vivência prática permite grandes possibilidades e diferenciação do profissional, porém, pode sem dúvida nenhuma ser ampliada com a construção de elementos concisos e fundamentados.

Portanto, nesta perspectiva de um profissional moderno que já é figura comum no futebol internacional, haja visto a alcunha de Diretor Técnico atribuída ao cargo de treinador, é que conseguiremos inserir as necessidades tecnológicas relacionando-as com os princípios de marketing.

Todo técnico tem um perfil e conjunto de características que definem sua “filosofia de trabalho”. Mas de forma geral é possível listar alguns pontos que auxiliam a pensar as necessidades tecnológicas comuns as todos:

  • ferramentas de avaliação de desempenho coletivo (física, técnica, tática, mental, fidedigna ao jogo…)
  • ferramentas de avaliação de desempenho individual
  • ferramentas de elaboração de planejamento da temporada
  • ferramentas de acompanhamento e controle do planejamento
  • ferramentas de tomadas de decisão e mudanças de rumos e metas.

Enfim, poderíamos enumerar outros tantos recursos, porém, como manda a cartilha de pesquisas e avaliação em marketing é necessário compreender as expectativas e reais necessidades dos técnicos para não ficarmos criando equipamentos modernos para “ferraris” para quem sempre vai dirigir “fusquinhas”. Nada contra esse carro tão amado por muitos.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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O cara?

Há quatro anos, todas as projeções indicavam que o Brasil poderia ficar tranquilo em relação ao futuro do time nacional. Havíamos descoberto mais uma daquelas joias raras que teimam em aparecer de tempos em tempos em terras tupiniquins. O maior celeiro de pé-de-obra do mundo havia descoberto Alexandre Pato, jogador que em apenas três partidas pelo time de profissionais do Internacional de Porto Alegre já era campeão do mundo e, melhor que isso, sendo um dos protagonistas da conquista inédita do Colorado.

Há um ano, a projeção sobre Pato não era tão esperançosa assim, mas da mesma forma ele continuava a ser apontado como sendo o próximo “cara” da seleção brasileira. Durante o naufrágio do time de Dunga em terras africanas, a ausência de Pato era lembrada em rodas de jornalistas sedentos pela cabeça do treinador e por mais craques no time nacional. Pato foi apontado como o possível camisa 9 da seleção em 2014 e, muito provavelmente, como o grande nome da equipe para a Copa que será no Brasil.

Só que o Ganso afogou o Pato.

Um jogador que consegue, em 30 segundos, mudar o panorama de uma partida que estava começando a se tornar complicada para o Santos e, poucos minutos depois marca o seu gol, não pode ser considerado apenas “mais um”. Ainda mais quando tudo isso acontece logo em seus primeiros movimentos depois de sete meses sem jogar, afastado por uma lesão.

Paulo Henrique Ganso é, hoje, a bola da vez. Mais do que Neymar, mais do que Pato, mais do que qualquer outro jovem jogador brasileiro, o camisa 10 do Santos provou em seu retorno que tem tudo para ser o camisa 10 do Brasil por muitos anos. Sim, pode parecer absurda tal previsão, ainda mais vinda de alguém que sempre critica qualquer euforia sobre um ou dois jogos e com bons resultados.

Mas Ganso mostra, a cada toque na bola, que é um daqueles raros talentos que aparece de vez em quando, geralmente (e felizmente) em terras brasileiras. Assim como Messi, Ganso é um daqueles atletas que não contam histórias de grandes evoluções ou que precise de muito esforço para alcançar grandes resultados. Tudo parece natural, fácil, perfeito.

Pelo menos para os próximos anos, Ganso é o cara. Quem sabe, nos próximos anos, surja alguém para destroná-lo. Mas, sinceramente, parece cada vez mais difícil isso acontecer.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Vigiar e punir, mas educar

Juízes federais têm se queixado bastante das ameaças que têm sofrido por parte de criminosos em todo o Brasil.

Especialmente em estados cuja atividade ilícita é praticada num cenário de fronteira e zonas de passagem de pessoas, drogas, armas.

Além disso, não só a falta de intervenção estatal positiva – melhorando serviços públicos essenciais, incluída a segurança – como a corrupção dos agentes públicos, favorece a equação ideal para o ambiente de terror.

Os juízes federais fazem parte de atividade essencial à Justiça, e não podem temer exercer suas funções. Relatam uma rotina de medo, que envolve a família e desestabiliza o cotidiano profissional.

Casos assim também têm ocorrido em São Paulo e Rio de Janeiro.

A arbitragem também é atividade essencial ao futebol, e deve ter todas as prerrogativas para o exercício de suas funções asseguradas por quem organiza as competições.

Nisso devemos incluir a autonomia administrativa, a remuneração qualificada e treinamento contínuo, dentre outros aspectos.

A Uefa lançou, no ano passado, a campanha “Agora vemos mais”, estrelada pelo famoso Pierluigi Colina, em que afirma, na comunicação, que as partidas possuem cinco atentos árbitros, e afirmações que dizem “mais informação, mais visão, mais comunicação”.
 


 

Ainda, prega o respeito aos árbitros e ao jogo – mensagens vinculadas ao lema “Respect” da entidade.

Assistindo ao documentário “Os Árbitros”, no canal Sportv, alguns destes aspectos de tensão profissional, mas de amparo institucional, ambos no seio da Uefa, percebemos quão avançada está a organização e importância de se qualificar a arbitragem no futebol do continente.

Não se quer com isso dizer que lá a arbitragem não cometa erros, por vezes de grave repercussão.

Trata-se de evidenciar que os processos de gestão têm mais importância lá do que aqui.

Porque a Uefa sabe que isso também valoriza economicamente o futebol continental (UCL e Europa League) visto como espetáculo em todas as TVs que compram os direitos de transmissão mundo afora.

Ou seja, a “geladeira” a que os árbitros são submetidos no Brasil, como punição, não levarão a um aperfeiçoamento sistêmico de nossa arbitragem.

Precisamos de qualificação e treinamento. E de boa remuneração, valorizando a atividade e lhe dando a pretensa isenção no desempenho das funções, submetida à fiscalização permanente e transparente.

Isso vai diminuir a margem de surgimento de novos casos como os da “Máfia do Apito”, pois, segundo Edilson Pereira de Carvalho, ele tinha muitas contas pra pagar depois que entrou no esquema e se acostumou a ganhar com a manipulação de resultados.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Banco de jogos: transições em retração e em expansão

Descrevo hoje o exemplo de uma atividade que pode, se bem conduzida e bem inserida dentro do processo, contribuir para o desenvolvimento do comportamento de ataque à bola com preocupação também na proteção de zona de importância, bem como para a expansão e retração da ocupação dos espaços de jogo nas transições.

Novamente, não é uma atividade inicial dentro do processo.

Ela requer que alguns conceitos já estejam bem estabelecidos entre jogadores e equipe.

As dimensões do campo e o número de jogadores devem variar de acordo com o nível de desenvolvimento dos atletas, objetivos e momento do processo.

Descrição:

a) A atividade é composta por duas equipes de 8 jogadores, mais 2 coringas.

b) Os coringas jogam sempre dentro das zonas “B” e “C”, e participarão como jogadores da equipe que estiver com a posse da bola.

c) Uma das equipes (no caso a amarela), ao retomar a posse da bola, poderá ter seus jogadores ocupando apenas o espaço delimitado pela região “A” (não podendo receber a bola nas zonas “B” e “C”).

d) A outra equipe (no caso a branca), ao possuir a bola, poderá ocupar as zonas “B” e “C”.

Pontuação:

A equipe branca pontua de duas formas:

a) 1 ponto para cada 8 passes que conseguir realizar sem interrupção do adversário.

b) 3 pontos se para cada jogador de sua equipe que receber passes dentro da zona “C”.

A equipe amarela pontua (2 pontos), para cada 8 passes sem interrupção adversária, que fizer, com seus jogadores fazendo passes dentro da zona “A” (podendo utilizar os coringas como apoio – sem ônus para a contagem dos passes – que estarão posicionados dentro das zonas “B” e “C”.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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O futebol e o dinheiro

Alguém disse um dia que o futebol é um grande negócio. Um monte de gente acreditou. Esse alguém e esse monte de gente, infelizmente, estão errados. Futebol não é um grande negócio. É um negócio mediano. Energia, alimentação, automóveis, extração, jogos de azar e construção são grandes negócios. Futebol não. Não chega nem perto. Nem aqui, nem na Europa e muito menos na China.

Mas no fundo, isso pouco importa, afinal o futebol independe do dinheiro que ele gera. Não é isso que faz a máquina funcionar. Se o futebol gera 10 milhões ou 10 bilhões de reais, a diferença, especialmente pro mercado brasileiro, é muito pequena.

Isso acontece porque a cadeia de valores do futebol funciona de uma maneira bastante peculiar. Diferente de cadeias normais, onde o processo de produção é baseado essencialmente no processo financeiro, o futebol se baseia no processo esportivo, independente do financeiro. Basicamente, a idéia da cadeia é a seguinte: times existem para ganhar partidas; times com jogadores mais talentosos ganham mais partidas; existem muito mais demanda do que oferta de jogadores talentosos; jogadores talentosos tendem a escolher o clube por conta da proposta financeira; quanto mais dinheiro um clube tem, mais chance de contratar jogadores talentosos ele possui e, portanto, ele terá mais chances de obter vitórias.

Só que o valor de um jogador talentoso não é baseado em uma tabela fixa, mas sim no preço atribuído por outros clubes que competem pelo mesmo talento, independente do quanto for isso.

Clubes de futebol do mundo inteiro tendem a gastar em média uns 80% daquilo que arrecadam com salários e transferências e apenas 20% com outros custos, como estrutura de estádio e centro de treinamento. Esses últimos, porém, são gastos com valores determinados pelo mercado em geral, o que faz com que apenas essa parcela represente um ganho real de receita. Para esses valores, mais dinheiro de fato significa algo positivo. O resto, porém, é uma draga: quanto mais você ganha, mais você gasta.

Ou seja, não interessa quanto de dinheiro um clube ganha. Porque quanto mais ele ganha, mais ele gasta. O que interessa é que ele ganhe mais dinheiro do que os outros clubes. Se você analisar os números, na verdade você chega à conclusão que isso acontece de verdade: apesar das receitas dos clubes brasileiros terem aumentado significativamente ao longo da última década, os gastos aumentaram muito mais. Isso porque a competitividade por talento é quase que uma disputa bélica, e o único jeito de acabar com isso é justamente o jeito com que EUA e Rússia conseguiram frear o espiral de gastos da guerra fria: chegaram a um acordo de corte de gastos conjunto.

Clubes não deveriam se unir para descobrir um jeito de ganhar mais dinheiro. Deveriam se unir para descobrir um jeito de gastar menos.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br