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O cozinheiro da seleção da Arábia Saudita

Minha experiência no futebol como preparador físico, coordenador, diretor executivo e mais recentemente como consultor técnico independente, em clubes do Brasil e no exterior, tem me permitido vivenciar algumas situações bastante interessantes.

Recentemente, por exemplo, estive na Alemanha assessorando a Federação de Futebol da Arábia Saudita que se prepara para participar pela quarta vez de uma Copa do Mundo e pude observar uma dessas curiosidades.

Acostumados que somos ao contato com as estrelas principais do futebol, na maioria das vezes representadas por jogadores, treinadores e alguns dirigentes, não imaginamos que nos bastidores existam outras estrelas. São estrelas que não reluzem nem para a imprensa e nem para o grande público que aprecia esta modalidade esportiva, mas que têm papel fundamental para o brilho das equipes dentro de campo.

Um desses personagens é o cozinheiro. Muitos times e seleções têm o seu próprio cozinheiro, profundo conhecedor do tipo de culinária que agrada aos jogadores. Numa análise mais psicológica, poderíamos concluir que o cozinheiro, talvez, substitua de alguma forma, a figura da mãe, que por motivos óbvios, sempre está ausente das concentrações dos jogadores pelo mundo afora.

É interessante perceber a relação que normalmente se estabelece entre os jogadores e o responsável pelas iguarias presentes no sagrado momento das refeições.

Uma das grandes dificuldades quando se está organizando a infra-estrutura para uma seleção jogar em um outro país, é convencer os gerentes dos grandes hotéis, onde normalmente se hospedam as delegações, em permitir a presença e interferência do cozinheiro da seleção no preparo das refeições dos atletas. 

Há hotéis que contratam seus “chefs” de cozinha, como alguns clubes contratam seus treinadores. Alguns deles são considerados como verdadeiros “cartões de visita” do próprio hotel.

Imaginem, portanto, a minha dificuldade, como responsável pela adequada organização de uma concentração, tentando convencer o gerente que não queremos a comida feita pelo famoso “chef” do seu hotel, às vezes contratado a peso de ouro, mas sim aquela comida caseira, feita pelo velho egípcio Ahmed Al Fatah que há 25 anos cozinha para os jogadores da seleção da Arábia Saudita.

Confesso que não é uma das tarefas que mais me agrada fazer no meu trabalho. 

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br