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Futebol vai mudar quando o Brasil mudar

Todo final de ano somos estimulados a fazer previsões.
 
Nós que curtimos o futebol ficamos torcendo, além das possibilidades de nossos times serem campeões, para que possamos no ano que vem, ou num futuro próximo, irmos ao estádio com certo conforto e segurança, para que possamos ver bons espetáculos na maioria dos jogos, ao vivo ou pela televisão, ou para que consigamos manter no Brasil ao menos alguns dos nossos principais craques ao invés de, cada vez mais prematuramente, vê-los transferidos para outros países.
 
Todo final de ano as nossas esperanças tendem a se renovar.
 
E mesmo aos menos otimistas fica sempre aquela pergunta se o ano que vem será melhor do que este ano.
 
Evidentemente que enquanto nós brasileiros acreditarmos que o nosso papel é o de apenas torcer muito pouca coisa significativa irá mudar. E este raciocínio vale tanto para o futebol como para a saúde, a educação, a cultura, o transporte, as condições de trabalho e a política.
 
É preciso que cada vez mais assumamos nosso papel de cidadão ativo e dinâmico, preocupado com as transformações sociais. Só assim nossas esperanças podem se transformar em conquistas e realidade.
 
Não se pode ter um futebol forte, bonito, organizado, lucrativo e verdadeiramente popular enquanto tivermos uma sociedade tão injusta, com gente carente, analfabeta, miserável e excluída de um lado e gente conservadora, insensível e egoísta de outro.
 
Sem mudanças sociais expressivas, nos próximos tempos poderemos até continuar conquistando mais campeonatos mundiais entre seleções e clubes, além dos inúmeros que já conquistamos, mas tais fatos serão sempre exceções, favorecidas por condições isoladas especiais.
 
O que importa é desenvolvermos nossas estruturas e infra-estruturas institucionais de forma sólida, consistente e sustentada, garantindo melhores oportunidades e condições de vida para todos e, por conseqüência, melhores condições para o nosso futebol.
 
De que adianta, por exemplo, sermos campeões mundiais de futebol outras vezes se continuarmos com o título de vice-campeões mundiais em má distribuição de renda?

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br