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O importante é faturar

Criada no final dos anos 60, a Copa São Paulo de Juniores tinha como função, no passado, ser um torneio de abertura da temporada do futebol brasileiro. Com os times profissionais em recesso, o espaço era aberto para os juniores, que desfilavam seu talento pelos campos do estado paulista com o intuito de mostrar aos treinadores do profissional que tinham chance de vestir a camisa principal durante a temporada.
 
A mercantilização do futebol fez com que, nos últimos tempos, a Copinha deixasse de ter um sentido tão romântico para se tornar a essência da exploração do pé-de-obra brasileiro. Hoje, o calendário não permite mais a ela o luxo de ser o único campeonato do futebol tupiniquim no mês de janeiro.
 
Para piorar, nos últimos anos, a Federação Paulista de Futebol conseguiu dar mais força ao substantivo “vitrine” que geralmente é usado pela imprensa para falar sobre a Copinha. O inchaço da competição, que passou a ter 88 clubes, geralmente a maioria equipes sem qualquer tradição no futebol. O fim da exclusividade do torneio (ok, a CBF também tem culpa nessa parte), que no ano passado teve, no dia da decisão, o feriado de 25 de janeiro paulistano, rodada cheia do Campeonato Paulista. A pulverização das sedes, dificultando o acesso das emissoras de televisão. Todos esses são motivos para a Copinha perder o interesse do público e só ser atrativo para os profissionais da bola.
 
Hoje a Copa São Paulo de Juniores é um dos maiores eventos com chancela de uma federação do mundo. Mas, ao permitir a entrada de tantas equipes na competição, a Copinha passa a ser um torneio menos atrativo para a televisão, mais cansativo para o torcedor e muito mais mercantilizado.
 
O maior interesse dos clubes na Copinha atualmente não é o título, mas sim observar jogadores para reforçar seus quadros. Da mesma forma, empresários vão atrás de talentos dos clubes dos grotões da bola, firmam com esses atletas acordos para representá-los e, então, passam a lucrar com atividades que muitas vezes são nocivas ao atleta.
 
Logicamente não existe nada de errado nessas atitudes. Para os jogadores, aumentam as chances de conseguir levar a vida como jogador de futebol. Para os clubes, a receita de um ano pode ser garantida numa boa negociação. Mas a Copinha conseguiu perder a essência de qualquer competição esportiva, que é a conquista do título.
 

Prova disso é que, na edição de 2007, o Flamengo abriu mão de participar. A justificativa do Rubro Negro é de que não quer perder seus jogadores para empresários que usariam o torneio para observar talentos. Sinceramente duvido de tanta pureza do clube carioca. Com tanto time e tantos atletas em ação, é muito mais fácil ir aos jogos para observar novos talentos do que gastar dinheiro para disputar um torneio em que o importante não é nem mesmo competir…
 

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Ausência

Caro leitor,
 
Por problemas pessoais, o colunista Oliver Seitz não poderá publicar nesta quinta-feira o texto semanal.
 
Pedimos desculpas e garantimos que tudo voltará ao normal na próxima semana.
 
Sem mais,
 
Equipe Cidade do Futebol
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Transformando esperanças em realidades

Entra ano, sai ano e nós, otimistas de plantão, sempre renovamos nossas esperanças de melhores tempos. Um mundo mais saudável e humano. Um Brasil com menos injustiça social e mais igualdade de oportunidades para todos. E para o futebol grandes conquistas e o constante reconhecimento de que continuaremos sendo admirados por nossa arte e criatividade.
 
Como alguém já disse, “o sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano”. Mas passado o primeiro estágio desses sentimentos, na seqüência, sonho e esperança têm que se transformar em motivações para a ação e para a luta.
 
Com esta disposição talvez entremos em 2007 um pouco mais preparados para superarmos os obstáculos em qualquer que seja nossa área de atuação.
 
Particularmente no futebol quem sabe neste ano possamos vislumbrar não só melhorias naquilo que conseguimos produzir dentro de campo, mas também, e principalmente, fora de campo, pois todos sabemos que com planejamento, organização, boas idéias e ações efetivas, nosso futebol poderá ser ainda melhor.
 
E nesse sentido todos que estão interessados em nosso desenvolvimento podem ajudar um pouco.
 
Os dirigentes sérios e competentes tendo coragem de enfrentar o “status quo” determinado pelos dirigentes retrógrados e conservadores.
 
Os treinadores e especialistas conscientes e estudiosos entendendo que o mundo e o futebol mudam numa velocidade crescente e que o espaço é cada vez menor para aqueles que se baseiam apenas no empirismo, obviedades e discursos vazios.
 
Os torcedores de bem e saudáveis podem contribuir protestando e não deixando que vândalos continuem dando o tom nos estádios e nas ruas.
 
Os jornalistas esportivos íntegros e verdadeiramente profissionais não permitindo que as aparências, as superficialidades e conveniências do momento sejam as únicas pautas dos noticiários do jornal, da revista, do rádio e da televisão.
 
O mundo e a vida são dialéticos. E é justamente do confronto entre esses opostos que poderão surgir as luzes que transformarão as velhas esperanças em novas realidades.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

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O futebol-show

No último dia 30 de dezembro, o Campeonato Inglês não parou. Rodada cheia pela Premier League, com direito a craques como Cristiano Ronaldo, Drogba e Shevchenko em campo pelos seus clubes. Hoje, dia 1º de janeiro, esses astros da bola voltam a trabalhar pelos times mais ricos do mundo, em mais uma rodada do campeonato na terra da rainha.
 
Há 20 anos, os ingleses, inventores do futebol, revolucionavam a maneira de se pensar o esporte. Pelo menos fora das quatro linhas. A revolução comercial que a Inglaterra provocou no futebol tem, atualmente, seus maiores reflexos no próprio Campeonato Inglês.
 
Aquele que era considerado um dos mais chatos campeonatos do mundo é, hoje, um dos mais dinâmicos e velozes que existe. Não existe mais essa de bola levantada na área a partir da linha intermediária. Passes curtos e rápidos, jogadas de efeitos e muitos chutes potentes de fora da área.
 
Foi nisso que se transformou o futebol na Inglaterra. De um campeonato modorrento, amarrado, com torcedores violentos, os ingleses conseguiram sair para uma competição veloz, de alto nível, com torcedores comportados e estádios lotados.
 
Ao mesmo tempo, o futebol inglês se transformou em algo tão comercial que atrai investidores de todos os cantos do mundo. Tão mercantilista que faz os jogadores atuarem nos dias 30 de dezembro e 2 de janeiro em nome do entretenimento, do show, do faturamento.
 
Mas que, em toda essa busca pela arrecadação cada vez maior por parte dos clubes, conseguiu uma proeza. Hoje, assistir a um jogo do Campeonato Inglês é muitas vezes mais interessante do que assistir a uma partida de qualquer outro campeonato da Europa.
 

A qualidade desfila nos gramados britânicos, sim! Mas, em termos de marketing, os reis continuam a ser os americanos. Afinal, só lá mesmo que é possível fazer um jogo de futebol americano começando à 1h do dia 1º de janeiro. Chamado de “Jogo do Ano Novo”, a partida lota o estádio e atrai a atenção da mídia. Enquanto isso, a São Silvestre, criada para celebrar a virada do ano, definha às 17h do dia 31…
 

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br