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Mudanças consolidadas

Fabio, Rafael, Rodrigo e Vitor. Esses são os nomes que simbolizam o estado atual mercado de transferências de jogadores brasileiros.
 

Foram, possivelmente, as mais importantes transferências internacionais do futebol brasileiro no ano. Os três primeiros para o Manchester United, e o último para o Liverpool. Saíram, respectivamente, do Fluminense (os dois primeiros), do Internacional e do Botafogo-SP.
 

Talvez você nem saiba quem são. E talvez por isso mesmo você ache que eles não são muito importantes.
 

Ok, talvez eles nem sejam realmente importantes, até porque os gêmeos Fábio e Rafael não chegaram a jogar uma partida pelo Fluminense, o Rodrigo Possebon também pouco apareceu no Internacional e ninguém jamais tinha ouvido falar do Vítor Flora do Botafogo de Ribeirão Preto. E é justamente por isso, pelo fato de eles serem muito jovens e jamais terem aparecido antes pro grande mundo da bola, é que a transferência deles é tão simbólica.
 

O Liverpool e, principalmente, o Manchester United, não são burros. Muito menos quando se fala de contratar jogadores. E, seguramente, os quatro não foram contratados a esmo. Todos eles têm talento. Uma pesquisa rápida na internet faz você mesmo perceber isso. E, aparentemente, não precisam estourar em um grande time profissional para comprovar isso.
 

Os grandes clubes de futebol do país sempre se fortaleceram com o mercado de transferências por serem uma vitrine para o mundo. Os jogadores que disputam partidas com as camisas desses times aparecem em diversos canais e massificam a exposição para diversos mercados. Um jogador do Palmeiras, por exemplo, vale mais do que um jogador do Guarani, mesmo que tenham exatamente o mesmo talento, porque a) ele é visto por mais compradores e b) porque o fato de ele jogar pelo Palmeiras dá uma espécie de certificado de qualidade que hoje o Guarani infelizmente não pode oferecer.
 

Entretanto, a qualidade desses dois jogadores, nesse caso, é a mesma. Mas o preço de uma marca infla, e muito, o valor de um deles. Atentos a isso, os grandes clubes começam a buscar o talento antes que o impacto da marca valorize o atleta. Com a evolução dos métodos de reconhecimento de talento, essa é uma prática cada vez mais comum, o que significa na evasão de atletas do mercado brasileiro antes que eles tenham que passar pelas categorias profissionais.

Anteriormente, isso acontecia de uma forma por vezes acidental, como é o caso do Eduardo da Silva, do Arsenal, e do Cribari, da Lazio. Agora, porém, há indícios de que seja um processo planejado. E isso é temeroso, porque é uma tendência que tem tudo para se consolidar, porque ela envolve um processo racional focado, principalmente, na redução de custos de um mercado super-inflacionado. E quando você descobre a solução para obter o mesmo produto por um preço menor, você também descobre um jeito de alterar o mercado.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br