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É ruim mas é bom

O jogo de ontem, e eu escrevo essa coluna antes dele, foi uma lição para a Copa de 2014. Quer dizer, não o jogo em si, mas sim o palco da partida, o novo estádio Bezerrão.

Muita gente reclama do novo estádio. Afinal, foram gastos 50 milhões dos cofres públicos em um estádio para 20 mil pessoas, no meio do nada, para um time da 3ª divisão. Eu também reclamaria, principalmente se eu morasse no Distrito Federal.

Como esse não é o caso, eu posso também elogiar o estádio. Nem que seja em partes.

Ninguém é muito fã de estádios financiados pelo poder público, mas a verdade é que o poder público sempre financia o estádio, direta ou indiretamente, em qualquer lugar do mundo, seja nos Estados Unidos, França, Alemanha ou na Inglaterra. Considerando que ainda vivemos em um país em desenvolvimento, é ainda mais normal que um estádio seja construído pelo Estado, uma vez que ou é assim, ou não tem estádio. Ainda mais em uma região não pertencente ao eixo Sul-Sudeste.

Outra coisa que não dá pra reclamar muito é do valor. Tudo bem que com 50 milhões você faz um monte de coisa, mas o preço de 2,5 mil reais por lugar do novo estádio do Gama está possivelmente entre os mais baixos do mundo. Para se ter uma idéia, o Wembley custou algo em torno de 17 mil dólares por lugar, o que gira perto de 40 mil reais por cadeira. Logicamente que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas não dá pra dizer que o Bezerrão ficou muito caro, pelo menos não pelos parâmetros de um novo estádio. Ou pelo menos pelos parâmetros do que ele poderia de fato ter custado, e de qual seria o seu tamanho, se ele tivesse sido construído na década de 60 ou 70.

Até porque, com 20 mil lugares, ele é do tamanho certo para o futebol brasileiro. Aliás, o Bezerrão bem que poderia ser um modelo a ser adotado de estádio para a Copa. Os 20 mil lugares aliados ao baixo custo o tornam um modelo de certa forma sensato e sustentável para o país. Apenas 05 equipes da Primeira Divisão possuem média de público superior à capacidade do estádio. Não faz, portanto, sentido algum que o modelo ideal se torne os estádios de 40 mil pessoas, principalmente em locais com pouca tradição futebolística, como é o caso do Distrito Federal.

Tudo bem que meia dúzia de banheiras hidromassagem e mais uma piscina também com hidromassagem não são lá um exemplo de sustentabilidade, tampouco a localização e a arquitetura interna. O Bezerrão é novo, mas está longe de ser um estádio de primeira linha.

Mas sejamos sinceros. As chances de a iniciativa privada arcar com os maiores custos da Copa do Mundo é muito pequena e deve ficar restrita aos pólos econômicos mais desenvolvidos. A grande maioria dos estádios será pago pelo poder público. O Bezerrão, pelo menos, custou pouco.

Poderia ser pior.

Bem pior.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br