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O treinador de futebol vs o jogo de futebol: quem vence essa disputa?

Não vou entrar em muitos detalhes, mas existem no jogo de futebol “forças” (não, não é nada sobrenatural! – são forças inerentes ao jogo, presentes em suas dinâmicas) que levam jogadores e equipes a configurar a ocupação dos espaços e as suas movimentações, de acordo com cada circunstância e problema emergentes nele (no jogo).

São essas forças que, mesmo sem treinamentos adequados, ou boas estruturas táticas, somadas à compreensão que o jogador tem do jogo, fazem com que equipes de futebol ainda sim apresentem aparente organização.

Elas, mais a inteligência de jogo dos jogadores e equipe, é que garantem o emprego de muitos treinadores Brasil afora.

Dia desses, por exemplo, assistindo a um jogo de futebol profissional conjuntamente com uma equipe especializada em análises de jogo, pude observar a glória de um treinador, mesmo com a manifestação real de sua incompetência.

Ao fim do primeiro tempo de jogo, o grupo que o analisava concluiu que certas regras de ação precisavam ser intensificadas por uma das equipes para aproveitar melhor as fragilidades do jogo da sua adversária no segundo tempo. Quase todas as sugestões giraram em torno de deixar o jogo mais rápido, vertical, com constante progressão ao campo de ataque, sem a preocupação com a circulação horizontal da bola.

Antes de começar o segundo tempo, tivemos acesso às instruções do treinador no vestiário, que dentre outras pérolas proclamou: “vamos ficar com a bola, temos que valorizar a posse dela, gastar o tempo e fazer o adversário cansar”.

Por incrível que pareça, totalmente o contrário do que havíamos concluído!

Mas as “forças” do jogo são realmente muito “fortes”! O que o jogo pedia era diferente do que o treinador queria.

Depois do seu reinício, cinco minutos de certa confusão. Claro, o jogo pedia um coisa, o treinador outra. Pobre treinador, sem aparente ascendência sobre seu grupo, foi vencido pelo jogo, e ficou se “esgoelando” na beira do gramado tentando fazer com que seus jogadores executassem aquilo que ele havia pedido no vestiário.

E os jogadores? Nada de jogo de posse de bola, com passes horizontais. Foi progressão ao alvo. Rápida e constante!

E sabem o que aconteceu? O óbvio. A equipe fez o que tinha que ser feito (o que infelizmente, não era o que queria o treinador; “sorte” dele), e goleou sua adversária.

No final, o básico: “glórias ao treinador”.

Por essas e por outras, concordo com alguns formadores de opinião da crônica esportiva futebolística: tem treinador que mais atrapalha do que ajuda…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutefol.com.br