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Negocião

Futebol é negócio. E dos bons! A expressão está cada vez mais popularizada, e tem começado a fazer parte do cotidiano da bola no Brasil. Mas talvez não tenha um torneio que mais expresse esse conceito do que a Copa São Paulo de Juniores, que se encerra nesta segunda-feira, dia 25 de janeiro.

Essa é a única tradição mantida pela Copinha no século 21. A decisão do campeonato continua a ser no dia do aniversário da cidade de São Paulo. Tirando isso, a competição é a essência do “negocião” em que se transformou o futebol no Brasil.

Segunda-feira, 10h da manhã, transmissão pela TV aberta, clássico decisivo inédito entre Santos e São Paulo. Até chegar a essa final, outros 90 clubes ficaram pelo caminho, numa maratona de jogos que começou no segundo dia do mês. E para por aí o interesse da mídia na Copinha.

Se, anteriormente, o foco de cobertura da imprensa era quase todo para a Copa, única competição do mês de janeiro no país, agora a mídia já dividiu suas atenções entre contratações, novos patrocinadores, reapresentações, pré-temporadas e velhas novelas de transferências. Se fosse só isso, tudo bem, até que ainda haveria espaço para a Copinha.

Mas, já há uma semana, o noticiário esportivo é ocupado pelas rodadas dos campeonatos estaduais dos times profissionais. Desde que o Brasileirão por pontos corridos foi instaurado, com mais 23 absurdas datas para os Estaduais, que o calendário do futebol nacional foi espremido. Para dar conta de tanta data, só terminando no início de dezembro o Nacional para, já na metade de janeiro, começar os Estaduais.

Foi a partir daí que teve início, na Copinha, o processo de transformação do campeonato numa imensa e interessante vitrine para a atuação de clubes e empresários do futebol. O maior negocião da bola, em que as maiores quantias e maiores rentabilidades de grana estão envolvidas.

A mídia não ter interesse na competição é um prato cheio para tirar o torcedor do estádio e levar o empresário para as pelejas, o olheiro, aquele cara que vai ficar ali, vendo mais de mil jogadores em ação para então começar a delinear um projeto para as suas carreiras.

A Copinha é hoje uma espécie de megaloja do futebol brasileiro. E o desinteresse da mídia pelo campeonato é a melhor mostra dessa mudança de comportamento.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br