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Partida final

Caros amigos da Universidade do Futebol,

depois de alguns anos colaborando com este projeto como colunista semanal, termina hoje um importante ciclo de grande troca de experiências e informações, muito aprendizado, e acima de tudo muitas amizades conquistadas. Esta é a última coluna que escrevo neste espaço de toda sexta-feira.

Entretanto, não se trata de um adeus, mas sim de um até breve. Sempre continuarei colaborando com esse projeto que conquistou ao longo dos anos o espaço e o respeito que merece no meio do futebol. Minha partida não é final, mas temporária. Espero encontrar com vocês, leitores e colaboradores da Universidade do Futebol, com muita frequência pelos corredores da nossa profissão.

Portanto, a “partida final” a que me refiro no título desta coluna não é a minha – é a deste sábado, entre Barcelona e Manchester United. Escolhi esse tema justamente porque ele consegue resumir muito do que escrevi neste espaço ao longo desses anos.

O formato de organizar um torneio absolutamente profissional, eficaz e competente em todos os aspectos deve ser o modelo para alavancar os nossos campeonatos nacionais e regionais, fortalecer nossos clubes, e segurar em casa por mais tempo os nossos talentos.

A Uefa conseguiu criar um produto altamente lucrativo, que atrai a atenção de torcedores nos quatro cantos do mundo e, por conseguinte, da mídia, dos patrocinadores, dos jogadores, dos clubes, das ligas, de todos.

O modelo de venda coletiva de direitos televisivos, desigual conforme critérios técnicos, mas respeitando um caráter de solidariedade aos clubes de menor expressão; a forma de vistoriar e preparar os estádios de forma propiciar um grande espetáculo e o conforto necessário aos torcedores. Tudo isso é fundamental para que o futebol como um todo continue mantendo sua viabilidade econômica.

Por outro lado, esse modelo europeu não pode ser encarado como perfeito para o nosso país. Ele deve ser o exemplo, mas deve evidentemente passar por uma “tropicalização”. Temos aqui uma infinidade de clubes do interior, que são os nossos reais formadores. Os nossos campeonatos regionais são fundamentais para o funcionamento de toda a engrenagem do futebol. Os nossos jogadores são tentados a rumar para o exterior cada vez mais cedo. As camadas subalternas da nossa sociedade precisam participar do espetáculo, não podendo apenas ser excluídas dos estádios sob o pretexto de se minimizar a violência (isso é um equívoco!). São várias as especificidades do futebol no Brasil que precisam ser respeitadas.

Enfim, creio que todas as colunas apresentadas neste espaço poderiam receber um título único e coletivo: algo como “Tentativas para a melhora do futebol no Brasil e garantia do cumprimento de sua função soberana de inclusão social”.

Espero que tenham gostado dessas despretensiosas colunas. Ficarei sempre à disposição dos apaixonados pelo tema para as infindáveis e prazerosas discussões!

Finalmente, um agradecimento especial a todos os amigos da Universidade do Futebol, em especial ao querido Gheorge Randsford, pelo extremo profissionalismo, amizade e paciência dedicados para com este colunista.

Obrigado e até breve!

Para interagir com o colunista: megale@universidadedofutebol.com.br