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O currículo de formação do atleta de futebol – parte IV

Na parte II do currículo de formação do atleta, foi possível observar os oito grandes conteúdos que compõem o material. Naquela oportunidade, foram identificados os temas que derivam de cada conteúdo e sinalizado que em outro momento seriam apresentados os sub-temas.

Nem todos os temas se dividem em sub-temas. Por exemplo, o conteúdo “Lógica do Jogo”, que se subdivide nos temas aplicação e abordagem da Lógica do Jogo Formal, já se encerra neste desdobramento. Deste modo, alguns conteúdos e temas não serão identificados no presente texto.

O tema Relação com a Bola, derivado do conteúdo Competências Essenciais, subdivide-se em:

Vivência de todos os fundamentos técnicos do futebol;
Utilização de membro não dominante;
Descentrar-se da bola ofensivamente;
Descentrar-se da bola defensivamente.

Para o tema Estruturação do Espaço, que também é derivado do mesmo conteúdo, os sub-temas são os seguintes:

Estruturação racional do espaço em diferentes tamanhos de campo (?, ¼,½, campo todo etc);
Estruturação do espaço ofensivo;
Estruturação do espaço defensivo;
Estruturação de acordo com Referências do Jogo (alvo, bola, adversário, companheiro e região).

Já o tema Comunicação na Ação, último que deriva das Competências Essenciais, compreende os sub-temas:

Tomada de decisão;
Antecipação da ação;
Na ação ofensiva, todos participam;
Na ação defensiva, todos participam;
Nas transições, todos participam.

O próximo tema se refere às Plataformas de Jogo, que compõem o Conteúdo Referências do Jogo de Futebol. Os sub-temas das Plataformas são:

As plataformas de jogo básicas (1-4-4-2 – quadrado; 1-3-5-2 e 1-4-3-3);
Variações das plataformas de jogo;
Utilização da plataforma de jogo em Jogos Conceituais e Conceituais em Ambiente específico.

Do tema seguinte, denominado Referências Operacionais, desdobram-se os sub-temas:

Referências Operacionais de Ataque – manutenção da posse de bola, progressão ao alvo e ataque ao alvo;
Referencias Operacionais de Defesa – proteção do alvo, impedir progressão ao alvo e recuperação da posse de bola;
Referências Operacionais de Transição Ofensiva – manutenção da posse na zona de recuperação, retirada horizontal da zona de recuperação e retirada vertical da zona de recuperação;
Referências Operacionais de Transição Defensiva – recuperação imediata da posse de bola e recuperação a partir de outras referências do jogo.

O terceiro e penúltimo tema deste conteúdo são as Referências Espaciais que se subdividem em:

As linhas do campo – Linhas 1,2,3,4 e 5;
As faixas do campo – laterais e central;
As zonas de risco – altíssimo, alto, médio e baixo risco.

E, o último tema, classificado como Referências Atitudinais, apresenta os sub-temas abaixo:

Referências Atitudinais a partir do adversário;
Referências Atitudinais a partir da própria equipe.

Dentro de poucas semanas, será dada continuidade na apresentação dos sub-temas restantes, derivados do conteúdo Estratégico-Tático do Jogo. A separação foi feita devido à extensão de cada um deles e à reflexão que se pretende dos sub-temas já apresentados.

Em relação às reflexões, comece a perceber as inter-relações existentes entre cada grande conteúdo e as implicações que as mesmas geram em sua sessão de treinamento.

Exemplificando, pensar um jogo que estimule a Referência Operacional Ofensiva de manutenção da posse de bola significa que algumas habilidades da equipe oriundas de outros conteúdos serão necessárias para que a esperada posse aconteça. Dentre as habilidades esperadas, pode-se mencionar uma boa relação com a bola no fundamento passe, uma eficaz descentralização ofensiva, uma boa estruturação de espaço ofensivo no tamanho do campo em questão (posicionar bem em 40m x 20m não significa posicionar bem em 100m x 70m) e até nas regras de ação a serem executadas de acordo com a função exercida na plataforma de jogo utilizada.

Outra reflexão se refere a determinados sub-temas que nunca serão o único macro-objetivo de uma atividade. Por exemplo, não se criará um jogo em que a única preocupação será com o sub-tema tomada de decisão.

Sabemos que decisões são tomadas a todo o momento (acertadas ou não), por todos os jogadores, em cada um dos quatro Momentos do Jogo e em cada emergência que ocorre no Jogo. Melhorar a tomada de decisão só ganha significado se alinhada ao aperfeiçoamento de novos comportamentos da equipe em relação a habilidades, como: setores de recuperação da posse de bola, ação técnica e operacional principal de transição ofensiva ou quaisquer outros conteúdos e suas derivações que se pretenda trabalhar.

E, para o que se pretende trabalhar, o seguinte questionamento é fundamental: em que nível sua equipe se encontra e qual nível se espera alcançar?

Esteja seguro que ter a resposta mais assertiva possível para este questionamento e dominar o modo mais eficaz de evoluir o jogar de uma equipe te aproximará (mas não te garantirá) das vitórias, afinal, o desempenho no futebol é multifatorial.

Já começou as reflexões? Para aperfeiçoar a Relação com a Bola da equipe no fundamento cabeceio defensivo, de quais habilidades ela precisa?

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Planejamento pessoal e profissional em três fases – fase II de III

Saudações a todos!

A pré-temporada é uma fase de reflexões, testes e planejamento sobre o que será feito no ano. No futebol, o período é utilizado para verificar o que foi realizado durante o ano anterior. Neste momento, são revisados os acertos, os erros, quais os pontos podem ser melhorados, qual o esquema tático que será utilizado na próxima temporada, quais competições serão priorizadas, qual será o time titular, os reservas imediatos, como será a evolução da preparação física, em quanto tempo a equipe deverá estar tinindo, etc.

Já na Fórmula 1, a pré-temporada é o período em que são testadas as partes aerodinâmicas do carro projetado, quais os pneus que funcionam melhor, quais os ajustes básicos para os principais circuitos, se o carro anda melhor com pouca ou com muita gasolina, etc.

Como acontece em todo processo de planejamento, e até mesmo no esporte, a exemplo do futebol ou da Fórmula 1, para realizarmos um bom planejamento, precisamos de uma pré-temporada, e foi isso o que vimos na semana passada: iniciamos a nossa pré-temporada. O momento é realmente para refletir sobre o passado, pensar em erros, em acertos, no que deve ser continuado, no que pode ser melhorado e em seguida iniciar um planejamento, com a definição de objetivos e prioridades.

Agora, iniciaremos a fase II do nosso exercício, uma fase de muita reflexão e investimento para termos um alicerce sólido. Darei uma semana a mais para vocês refletirem e traçarem seus planos.

Que tal relembrar o que foi proposto na fase I (se ainda não realizou, ainda há tempo de começar)? Clique aqui e veja o artigo anterior.

Após a conclusão da fase I (saiba que sempre que achar necessário, acrescente, detalhe ou retire conteúdo das etapas que já completou), gostaria que você escrevesse de forma resumida, mas não muito, a história de sua vida até hoje, seguindo esta ordem:

1) O que fez e o que não fez;

2) O que gosta e o que não gosta; e

3) O que gostaria que tivesse acontecido ou mudado em sua vida profissional/ pessoal.

Nesta fase, aprofunde-se em seus sentimentos (VOCÊ). Essa reflexão vai enriquecer o trabalho e trazer mais elementos para VOCÊ pensar e desenvolver o seu projeto pessoal de planejamento profissional e de vida (tempo estimado – três dias).

Fase II – 12 dias

Passos para realização de planejamento profissional/pessoal

1) Planejar “a vida” profissional/pessoal no espaço e no tempo (tempo – 12 dias)

Pensar em termos de tempo e desejos (objetivos), ou seja, procure planejar no prazo de um, três e cinco anos (após o primeiro ano da realização deste trabalho, será possível ampliar o planejamento em termos de 10 anos).

Modelo (sugestão) para desenvolver o trabalho. Procure descrever de forma detalhada e objetiva todos os itens acima:

– Item: 1

– Projetos: fazer uma MBA – Internacional

– Data limite: 01/12/2012

– Objetivos: estar apto a assumir novas responsabilidades em [determinar prazo]

– Observações: faz parte de minha iniciativa para aprimorar meus conhecimentos em gestão e…

Neste trabalho, procure analisar as informações da fase anterior como os conhecimentos (habilidades) que tem; caso defina algum ítem que necessite de um conhecimento (habilidade) que você não tenha, significa que deverá desenvolver este conhecimento (habilidade).

Nota: lembre-se que o planejamento é algo que sempre precisa ser revisto e reprogramado, pois os objetivos/desejos podem mudar assim como o ambiente a sua volta.

Procure durante a realização de seu planejamento identificar quais treinamentos ou outros meios podem auxiliá-lo a desenvolver os conhecimentos (habilidades) necessários para a realização de seus projetos.

Após realizar seu planejamento de um, três e cinco anos, procure analisar o material para identificar e listar suas necessidades, ou seja, a partir desta análise você terá condições de elaborar seu Plano de Ação de Desenvolvimento.

Esta etapa é muito importante, pois você pode identificar a necessidade de desenvolver algum conhecimento por meio de curso (como por exemplo, um MBA, um curso de línguas e outros) ou por outros meios (como um estágio em uma determinada área, conversar com profissionais que atuam utilizando tal conhecimento, etc.).

Para o Plano de Ação de Desenvolvimento, sugerimos o modelo abaixo, que deverá ser preenchido de forma detalhada.

– Ação: pesquisar junto aos meios de comunicação e na Internet sobre os cursos de MBA – Internacional. Verificar preço, qualidade de ensino entre outras informações que julgar importante.

– Data Pretendida: 01/03/2012

– Data da Conclusão: __/__/____

– Status: ( ) em andamento/ ( ) mudei de prioridade/ ( ) realizado

– Comentários: Preciso executar esta ação para poder programar a realização do curso em…

Esta etapa do trabalho faz com que os desejos sejam priorizados e programados, não restando dívidas ou desculpas de esquecimento por VOCÊ. Ao final do trabalho acima procure escrever uma conclusão final. Isso ajuda a fortalecer SEU compromisso consigo mesmo.

Importante: esse planejamento sugere que você seja acompanhado por um “tutor”, que terá a função de te orientar (uma pessoa de sua confiança e isenta de opinião), ou seja, tem que ser uma pessoa que tenha credibilidade para analisar o material que VOCÊ está produzindo em cada etapa, deve te dar dicas ou sugestões para que o trabalho seja realizado com a maior independência possível e com a comprovação de quem VOCÊ realmente é.

Entre as características exigidas para um tutor, está te conhecer com um maior detalhamento possível, para assim saber te nortear em seus próximos anos e no seu dia-a-dia.

Lembre-se que costumamos planejar uma viagem ou um encontro, mas em geral não damos a mesma atenção ao planejamento de nossa vida.

Em suma, este material tem a função de tornar a trajetória da pessoa, seja na vida profissional ou pessoal, mais objetiva e clara. Isso não significa que não se deva mudar ou modificar uma ação ou pensamento; ao contrário, este material convém ser consultado exatamente nestas ocasiões, quando pensamos em mudar ou rever caminhos em nossa vida. O poder de decisão está com você!

Agora, intervalo, vamos aos vestiários! O objetivo é que entre 19/08 e 01/09, vocês concluam esta etapa e voltemos a nos ver aqui no dia 02/09, para as instruções da fase III, última etapa do nosso planejamento.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br  

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A importância de se quantificar variáveis fisiológicas em conjunto com aspectos técnicos e táticos nos jogos reduzidos

Muito já se discutiu nesse portal a utilização dos jogos reduzidos para melhora de diversos aspectos relacionados às especificidades do jogo. Mas, como escolher o tamanho certo do campo e o número de jogadores de acordo com o que se pretende desenvolver?

Um estudo realizado por Owen et. al. (2011) demonstra que jogadores de elite trabalham fundamentos técnico-táticos diferentes conforme o tamanho do campo.

No estudo, os autores compararam aspectos fisiológicos (frequência cardíaca) e técnicos (choque, dribles, cabeceios, interceptação, passe, recepção, chute, condução de bola e roubada de bola) em jogos reduzidos (3×3 vs 9×9) que constaram de três estímulos de cinco minutos e intervalos de recuperação passiva de quatro minutos.

Os resultados mostraram que o 3×3 apresentou menor número de choques, cabeceios, interceptações, passes, dribles e recepções de bola do que no 9×9. Além disso, a quantidade total de contato com a bola também foi menor no jogo 3×3; porém, em termos relativos, cada indivíduo teve mais contato com a bola no 3×3 do que no 9×9 (p<0,05). O número de chutes a gol também foi maior no 3x3 do que no 9x9 (p<0,05).

A tabela abaixo demonstra os valores encontrados em cada variável analisada:

*Diferente de 9×9 (p<0,05).

A frequência cardíaca apresentou valores médios superiores durante o jogo 3×3 do que 9×9 (90±2.4 vs 81±5.5% FCmáx, respectivamente, p<0,05). O jogo 3x3 também apresentou maior frequência cardíaca de pico (94±2.7 vs 89±4.8% FCmáx, p<0.05.
 

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Em relação ao tempo de manutenção da frequência cardíaca, no jogo 3×3 os jogadores permaneceram menos tempo (0.9±0.5 vs 8.3±1.3 minutes, p<0,05) na zona de frequência cardíaca moderada (71 a 84% da FCmáx) do que na zona de frequência cardíaca máxima (>85% da FCmáx) (13,4±0,64 vs 4,8±1,5 minutes, p<0,05) em relação ao 9x9.

Com esses achados, fica evidente a importância de se quantificar as variáveis fisiológicas durante as sessões de treinamento – não de forma isolada, mas juntamente com os aspectos técnico-táticos. Além disso, de acordo com as capacidades e os fundamentos específicos do futebol que se pretende trabalhar, conclui-se que é imprescindível acertar no tamanho do campo, na quantidade de jogadores e nas regras que vão nortear os trabalhos de jogos reduzidos.

Referências bibliográficas

Owen AL, Wong del P, McKenna M, Dellal A. Heart Rate Responses and Technical Comparison Between Small- vs. Large-Sided Games in Elite Professional Soccer. J Strength Cond Res. 2011 Aug;25(8):2104-10.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

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A educação do Fair Play

As incongruências entre discurso e prática são observados constantemente no mundo de uma maneira geral e de forma evidente, pelo nosso convívio, no ambiente do esporte/futebol. A educação para o Fair Play e tudo que tem a ver com comentários sobre o tema estão, em muitas situações, em posições diametralmente opostas.

Vamos esclarecer os fatos citando cinco exemplos distintos para que os leitores tirem posteriormente suas próprias conclusões.

Caso 01 – Fair Play do Kléber, Palmeiras: no fim de julho deste ano, em disputa pelo Campeonato Brasileiro entre Flamengo e Palmeiras, o polêmico centroavante Kléber lançou discussão para mais uma polêmica, não respeitando um lance que se convencionou como uma devolução de bola para o adversário, tentando marcar um gol. Vale a pena rever o lance e depois os comentários do jogador na entrevista coletiva para guardarmos o conteúdo para os exemplos subsequentes.
 


 

Caso 02 – Gol de mão de Henry, da França: em jogo decisivo das Eliminatórias para a Copa de 2010 entre França e Irlanda, com a ajuda da mão de Henry os franceses tiraram os irlandeses do Mundial, causando enorme discussão mundo afora. O mesmo Henry, em 2006, sugeriu que os brasileiros jogavam bem futebol porque não estudavam – com os dois lances podemos rechaçar que, na verdade, foi Henry quem não aprendeu boas lições de educação na escola (ou na base). E fica mais um fato para fazermos um apanhado geral e final posteriormente.
 


 

Caso 03 – Túlio Maravilha pelo Brasil contra a Argentina: aqui, em mais um gol ilegal, a prática e o discurso se confundem de maneira complicada. De um lado a mídia defende o viés de esporte e educação, fala em ter ações sociais com comunidades carentes e que o esporte ajuda a transformar a sociedade (e blá blá blá). De outro, em telejornais, ensina os jovens a trapacear por meio do esporte, como se isso fosse uma vantagem competitiva.

Aqui podemos voltar para os caso 01 e 02: qual a diferença destes três fatos? Apenas o discurso midiático que se desenvolveu entre eles, sendo que Kléber foi um verdadeiro tirano e Túlio e Henry os atacantes mais espertos do planeta.
 


 

Caso 04 – Goleiro Gustavo do Sport: na Taça BH de Futebol Júnior, em jogo entre Sport e Vasco neste ano, o jovem goleiro da equipe pernambucana aplica um golpe digno de UFC (e nada precisamos comentar pois as imagens dizem tudo). O atleta, semanas após o episódio, é reintegrado ao clube. Até aí tudo bem. Questiona-se a educação aplicada pelo clube antes do fato para culminar com uma agressão àquele nível, pois se espera, após o ocorrido, que se apliquem medidas preventivas para que não aconteça novamente com ele e outros atletas do clube algo semelhante em situações vindouras. Este fato fica para ser rememorado no próximo…
 


 

Caso 05 – Professor de Handebol, Ricardo Paula (Jogos Escolares): e é aqui que encontramos a explicação para todos os anteriores. O Prof. Ricardo infelizmente (ou felizmente) foi pego para “Cristo”, transformando-se em símbolo daquilo que é comum nos centros de formação de atletas, de praticamente todas as modalidades e especialmente no futebol. Aquele linguajar, de chamar o atleta de “burro”, é dos “menores problemas” que existem. E é deste tipo de trato que saem todas as atitudes anteriormente comentadas.
 


 

Não queiramos que os nossos atletas respeitem o adversário, devolvendo a bola para ele, se na base tratamos jogadores como commodities. Não queiramos que jogadores não deem voadoras se o cenário que é criado fora de campo é quase que de uma guerra. Não queiramos que os atletas ensinem educação aos mais jovens se a mídia prega a hipocrisia nela própria.

Como mudar discurso e prática envolve um viés cultural muito forte por estarmos em uma sociedade extremamente individualista, cabe a lamentação para dizer que muitos outros casos a este nível ou pior se repetirão enquanto não se trabalhar de forma séria na educação das pessoas de uma maneira ampla e na formação dos atletas em uma visão específica, com resultados positivos apenas no longuíssimo prazo.

O texto serve como reflexão e como alerta para, talvez na próxima semana ou próximo mês, não precisarmos nos descabelar ou arregalar os olhos para fatos que hão de vir dentro de um contexto muito próximo aos exemplos supra citados.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br  

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A montagem de um elenco II

Em um texto anterior sobre montagem de elenco, começamos a discutir alguns aspectos que norteiam ou pelo menos deveriam estar presentes nas decisões sobre esse processo. Fizemos o seguinte questionamento: “montar um elenco de uma equipe profissional de futebol não é uma das tarefas mais simples. Mas o que deve servir de parâmetro e quem são as pessoas que precisam gerir e tomar decisões neste processo?”.

À ocasião, o abordamos a questão do compartilhamento de funções e da importância que isso tem em diminuir responsabilidades e dependência de pessoas específicas.

Assim, quem são os profissionais que devem ser ouvidos? A seguir, indico e descrevo brevemente alguns que entendo que deveriam fazer parte do processo, sem ainda distribuir pesos e hierarquia de importância entre eles, mas ainda que tenham poder de decisões diferenciado.

Acredito que todos tenham importante contribuição no processo:

Técnico

É o responsável direto pela montagem, a partir de sua “filosofia de trabalho” – ou o que seria mais adequado, de acordo com a mentalidade de jogo do clube, vai definir prioridades com base nas temporadas passadas para ajustar e melhorar o elenco;

Preparador físico

Importante no papel, pois compreende as carências de capacidades físicas no elenco e pode fazer uma análise prévia das condições e do encaixe do novo reforço de acordo com a filosofia de jogo e carências apresentadas;

Médico

É comum no futebol se fazer o exame médico antes de assinar o contrato. Já vimos casos de jogadores praticamente anunciados não fecharem acordo por não serem aprovados em tais exames. O médico poderia antecipar com um banco de dados, com um acompanhamento em grande escala, o que facilitaria o inicio ou não das negociações. Uma previsão realista do médico, sem interesses obscuros por trás, poderia informar se o atleta suporta 50 jogos na temporada ou se o limite são 20 jogos. Assim, cabe ao grupo decidir se esses 20 jogos limites são significativos ou não; não que isso invalidaria, mas que deixaria claro como deve ser utilizado tal atleta;

Analista de desempenho

Responsável pela rede de olheiros (scouts) e quem organiza o banco de informações. Em sintonia com o restante da comissão técnica, identifica carências no elenco e oportunidades no mercado. Vide o exemplo citado por Soriano, no livro “A bola não entra por acaso”. Na ocasião da contratação de Deco pelo Barcelona, um meia criativo que possuía um numero elevados de desarmes;

Diretor de futebol

O diretor de futebol para funcionar nesse processo deve deixar de ser uma figura política e se tornar parte do planejamento do grupo. O presidente só deve entrar nas negociações em última instância, pois não vive o dia-a-dia de treino da equipe, ao passo que o diretor deve ter proximidade com a comissão técnica e desenvolver ações para escolha de acordo com a mentalidade do treinador, mas também sem ficar refém deste. Deve pensar no clube caso o treinador não permaneça por muito tempo: as contratações devem servir ao clube, e não a uma única pessoa;

Diretor financeiro

O departamento financeiro deve estar ciente e por dentro das opções de mercado, porem não pode apenas focar nos valores. Pode e deve colocar limites e evitar extravagâncias por mais que sejam justificáveis do ponto de vista técnico, porém o clube deve ter em mente sua segurança financeira.

Esse papel de freio é importante, mas não pode ser feito apenas com o olhar tradicional – devem-se ter alternativas para situações especificas, como contusões inesperadas que demandam trazer atletas de nível ou ainda oportunidades que podem se encaixar na filosofia de trabalho do clube;

Diretor de marketing

Ainda com muita resistência no meio, o marketing deve, sim, participar, pois é ele quem pode viabilizar recursos para a vinda de um jogador de ponta ou ainda, por outro lado, identificar potencial de imagem em atletas até então desconhecidos e sem grande apelo, gerando assim visibilidade da marca do clube

São algumas posições e funções que imagino podem estar presentes nas decisões, desde que se tenha elaborado um peso e uma hierarquia de decisão. Quando tiramos a responsabilidade e dependência das mãos de uma única pessoa, conseguimos abrir mais a mente a outras possibilidades. Alternativas, sejam pelo viés financeiro (veja o Santos quando lançou Robinho e Diego em 2002), seja por marketing e oportunidade (Ronaldo no Corinthians), ou ainda pelo aspecto técnico (Jucilei, Ralf e Paulinho no próprio clube paulistano) contribuem muito para a montagem de um elenco forte e competitivo.

Sendo ainda que, quanto mais pessoas estão envolvidas, a gente consegue filtrar emoções e opiniões com argumentos sólidos e consistentes antes de abrir uma frente de negociação, entendendo que o ato de negociar gasta tempo e dinheiro. Evitaríamos abrir frentes cujas variáveis surgiriam e não permitiriam uma concretização como, por exemplo, o estado médico de um atleta, um “rolo jurídico” de outro.

Em síntese, poderíamos tornar mais certeiras as negociações, pois teriam sido pensadas por um grupo de pessoas capacitadas, analisadas com precisão e rigor antes de serem iniciadas.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Carta ao Pai

Pai,

você é o culpado por tudo.

Você levará consigo, por toda sua vida, a culpa por ter inoculado em mim o veneno do futebol.

Confesso que nem lembro, nas reminiscências infantis, quando foi que isso aconteceu pela primeira, única e eterna vez.

De tão cedo e remoto episódio, nem me dei conta se gostava ou não gostava. Se queria ou não vivenciar a montanha-russa de emoções e experiências que o futebol me proporcionaria, na vida e na profissão.

O livre-arbítrio, nesses casos, não se aplicava.

Menos ainda se se tratasse de escolher o time para o qual se sonharia torcer. Caso de desonra, cuja pena, no mínimo, seria a deserdação. É, tá até no Código Civil. Seria indigno de sua herança.

Sua culpa vai além, pois não cansava de ver as partidas ao meu lado, e ensinar, na base dos comentários, o que um jogador devia ou não devia fazer, na técnica, na tática, na conduta.

Ainda, por haver ensinado a torcer com paixão. A torcer sem paixão, mas com razão. A torcer contra o rival, “secar”.

Como não bastasse, fui testemunha ocular dos seus melhores jogos. Mas o maior prazer já teria sido vê-lo jogar.

Porém, para minha surpresa, chegamos a praticar o delito conjuntamente. Eu e você, jogando no mesmo time, lembra?

Acima de tudo, sua culpa é indefensável e irretratável, na medida em que me tornei um espelho seu, no caráter.

E como o futebol é um espelho de nossas vidas, nossa imagem refletida nesse espelho carrega aquilo que somos.

Carrego o seu nome nas costas.

Essa é a pena que teremos que cumprir juntos, pro resto de nossas vidas.

Definitivamente, amo o futebol graças ao meu pai.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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A competição no processo de treinamento: o jogo é treino?

Caros leitores, esta coluna não vem para discutir o papel pedagógico (ou não…!) da competição ao longo do processo de treino da equipe. Nosso colunista especial Alcides Scaglia traz essa discussão em “As escolas de esportes e a competição“, disponível na própria Universidade do Futebol.

O que vou abordar com vocês nesta semana é o real papel da competição como um estímulo fundamental para o desenvolvimento de jovens atletas e de equipes profissionais.

Ao longo dos últimos textos, afirmei que o treino deve ser jogo. Mas e o jogo formal: será que é treino?

Em minhas experiências ao longo dos anos em competições de base, notei que inúmeras equipes se baseiam em um jogo de bolas longas, para não chamar de chutões, em que os únicos atletas que participam efetivamente do jogo são os zagueiros que “quebram” (não os jogadores adversários, mas a bola…coitada…) e os atacantes que disputam esse “lançamento” e tentam chegar ao gol adversário.

Observando tal fato descrito no parágrafo acima, imaginei por algum tempo como seriam os treinos para chegar a esse “Modelo de Jogo”.

Certo dia, tive a oportunidade de acompanhar um treino de uma equipe que jogava “à base do chutão”. O que notei foi que o treino não condizia com o jogo!

No treino, os jogadores foram submetidos a três jogos. Em ambos o objetivo principal era a manutenção da posse de bola. Fiquei curioso e perguntei se as atividades eram sempre daquela forma ou se aconteceram ocasionalmente. A resposta foi que todos os treinos obedeciam à mesma dinâmica e que a manutenção da posse de bola era um objetivo que perpassava o processo ao longo das categorias.

Perguntei sobre a discrepância entre o “Modelo de Jogo” do treino (manutenção da posse de bola como princípio operacional de ataque predominante) e do observado nas competições (“chutão”). A resposta foi que no jogo o objetivo era ganhar, enquanto no treino o objetivo era formar. E esse é um grande mito e um grande problema no processo de treino.

Uma orquestra ensaia a sinfonia que vai tocar no espetáculo e não as que não vai tocar. Se for tocar a “Sinfonia Nº 9 de Beethoven”, não vai ensaiar a “Sinfonia Nº 40 de Mozart”. Assim deve ocorrer no futebol: se treino a manutenção da posse de bola, espero que no jogo este seja o princípio que norteará minha equipe nos momentos de ataque.

Tanto o espetáculo para a orquestra, como a competição para a equipe são grandes treinamentos específicos em que as demandas física/técnica/tática/mental são exigidas ao máximo.

Em suma, a competição é o treino mais específico que se pode ter!

Além disso, o jogo formal é um grande teste qualitativo para a equipe e traz inúmeras situações problemas que farão com que os jogadores estejam em uma constante busca pela organização em meio a um ambiente caótico. Nele podemos observar se os jogadores estão evoluindo e solucionando melhor os problemas específicos da modalidade.

O treino e o jogo devem caminhar juntos.

Nesse processo, a vitória não pode ser excluída, pois ela faz parte da cultura do futebol. Contudo mudar a forma de jogar para ganhar pode significar que o Modelo de Jogo que vem sendo desenvolvido nos treinos está voltado para o adversário, e não para o jogo propriamente dito. A equipe deve ser preparada para jogar o jogo – segundo Van Gaal, a equipe precisa agir em ação e não em reação ao adversário, modificando sua forma de jogar em função do mesmo. Acrescido a isso, deve haver uma cultura de jogo do clube que não se modifica jogo a jogo.

O Barcelona é o maior exemplo de uma equipe que possui uma cultura de jogo, um Modelo de Jogo, joga em ação e vence suas partidas sem modificar esses aspectos. Joseph Guardiola, logo após vencer um dos clássicos contra o Real Madrid, afirmou que não foi a vitória de uma equipe, mas de uma filosofia de jogo que não se altera independentemente do adversário.

Acredito que é essa filosofia aliado ao fato de que devo jogar o jogo e não contra o adversário que deve unir os treino e jogos! O treino é jogo e o jogo é o treino mais específico que se pode ter se for bem orientado. Ganhar com um modelo que não condiz com seus treinamentos pode ocorrer ocasionalmente, mas treinar como se pretende jogar levando a vitória em consideração é fundamental para a manutenção do rendimento dos atletas e da equipe.

Principalmente na base, quando a formação deve ser tanto no treino como no jogo! Ganhar no chutão na base não se justifica e prejudica o sonho de muitos pequenos atletas. Então, cuidado!

Para finalizar, cito nossa seleção que jogou contra a Alemanha nesta semana. Durante todo o jogo, a equipe alemã teve uma maior posse de bola, criou as melhores chances e apresentou um futebol mais vistoso (até algum tempo eles eram os ditos “táticos”, “duros”, que só jogavam na “força” e no “lançamento”), enquanto a seleção brasileira esperou a equipe adversária e jogou no contra-ataque.

A partir do jogo tive as seguintes dúvidas que compartilho com vocês: será que nossa forma de jogar foi modificada para enfrentar a Alemanha? Será que essa mudança faz parte do processo? Será que temos uma cultura de jogo? Será que os treinos foram de uma forma e o jogo foi de outra?

Inúmeras perguntas surgiram mas não cheguei a nenhuma afirmação concreta, pois não acompanho o dia-a-dia de treino de nossa seleção. Se alguém tiver essas respostas, me avise.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br  

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A corrente “futebolística” do bem

Quarta-feira, 10/08/2011, 19h e assunto da coluna semanal definido. Porém, antes de redigi-la, uma rápida leitura sobre os acontecimentos esportivos do dia (especialmente futebolísticos) para acompanhar o mercado faz com que o tema pensado para esta semana continue arquivado.

Com a derrota da seleção brasileira por 3 a 2, fora de casa, para a Alemanha e as duras (e injustas) críticas feitas pela imprensa nacional ao treinador Mano Menezes, algum texto deveria ser publicado com o intuito de poupá-lo e propor uma discussão mais abrangente além das pressões, desconfianças e questionamentos da competência exercidos sobre o treinador.

Como somente um texto é insignificante para combater as já conhecidas análises imediatistas, que se reproduzem exponencialmente e que se baseiam somente em resultados, será proposto um desafio a você, leitor, inspirado no filme dirigido por Mimi Leder, denominado A Corrente do Bem (2000).

Neste filme, indispensável para quem quer aprender sobre a vida, quer dizer, sobre o futebol, Trevor é um menino cursando a sétima série, que tem como trabalho escolar na disciplina de Estudos Sociais a tarefa de pensar uma maneira de transformar o mundo e tentar colocá-la em prática.

A ideia do jovem, que inclusive intitula o filme, tem três premissas: fazer algo por alguém em que este não pode fazer por si mesmo, fazer isso para três pessoas e solicitar que a pessoa ajudada faça o mesmo para outras três. Como objetivo final, com a aceitação e participação das pessoas, as boas atitudes evoluirão em progressão geométrica. Idealismo, é claro!


 

Transferindo para o desafio em questão, a missão de cada um é, em sua próxima discussão sobre futebol em que o trabalho de Mano Menezes seja posto em xeque, argumentar a favor do projeto comandado pelo treinador visando à Copa de 2014.

Bons argumentos não faltam para contrapor àqueles que já afirmam que um ano de trabalho e 13 jogos (6 vitórias, 4 empates e 3 derrotas) é tempo suficiente para a seleção convencer:

– Robinho e Ganso, sozinhos, não conseguem trazer as vitórias ao Brasil, assim como Messi, o melhor jogador do mundo, não foi suficiente para levar a Argentina ao título. Não entrem em detalhes, mas sabemos que o todo é maior do que a soma das partes;

– Se existe um período em que o Mano deve observar outros jogadores na seleção brasileira (conduta, comportamento em equipe, performance de campo), este período é agora e não quando faltar um ano para o início da Copa do Mundo, onde os ajustes nos elementos da equipe deverão ser mínimos;

– O Modelo de Jogo apresentado no Mundial 2010 agradou a pouquíssimos brasileiros. Está claro que Mano Menezes pretende aplicar um jogar com a cara do Brasil, mas que acompanhe as evoluções do futebol moderno. Para isso, tempo, que ele ainda não teve, é fundamental.

– Exemplos recentes, como a Espanha e o Uruguai, no profissional e na base, têm mostrado que a solidificação e sustentabilidade de um projeto somente serão estabelecidas se os resultados estiverem planejados, pelo menos, para o médio prazo;

– Se as cobranças, desconfianças e pressões permitirem, o trabalho de base da seleção brasileira terá continuidade e poderá proporcionar à nação o espetáculo que ela espera ver, aperfeiçoado em anos de formação com a camisa amarela.

– E, para encerrar os argumentos, qual treinador está preparado para substituir Mano Menezes e aplicar, imediatamente, um belo futebol, recheado de vitórias e com grande probabilidade de conquista do hexa em 2014? Peça para justificar a resposta!

Assim como no filme, não espere convencer a todos; no entanto, não deixe de fazer a sua parte, pois lembre-se que eles não podem fazer por si mesmos. Se três pessoas com as quais você conversa sobre futebol mudarem o discurso e essas três pessoas conseguirem, cada uma, mudar o discurso de outras três e assim sucessivamente, logo será observada uma progressão geométrica a favor do projeto de renovação da seleção brasileira.

Se for considerada a visibilidade do portal Universidade do Futebol e o público-alvo, a possibilidade da mencionada progressão chegar ao conhecimento dos formadores de opiniões, ou seja, da mídia, é grande.

E, se por ventura, algum dia, a opinião dos formadores de opinião se modificar, as consequências positivas ao futebol brasileiro serão significativas, porque o discurso comum do resultado imediato, da vitória a qualquer custo, dos gastos exorbitantes, da valorização individual, das matérias sensacionalistas e da troca de treinadores como solução dos problemas de gestão será substituído.

E entrará em campo o discurso do resultado planejado, com gastos condizentes às realidades de cada clube, da valorização do coletivo, das matérias com críticas construtivas e da permanência e projeção de bons treinadores como produtos de uma boa gestão.

Aproveite a corrente “futebolística” do bem e a progressão geométrica por ela proporcionada para ajudar as pessoas quanto às tendências de ensino do futebol e a metodologia de treinamento. Assim como a atitude iniciada por Trevor se espalhou por diferentes lugares dos EUA, o iniciado por você pode alcançar diferentes lugares e pessoas em todo o Brasil.

Idealismo, é claro!

Ps: Quarta-feira, 10/08/2011, 22h45m. Em nota publicada no site da entidade esportiva brasileira (às 19h38m), Ricardo Teixeira afirma: “O trabalho segue com toda a confiança da CBF.”
Ufa…

Para interagir com o autor: eduardo@149.28.100.147  

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A corrente "futebolística" do bem

Quarta-feira, 10/08/2011, 19h e assunto da coluna semanal definido. Porém, antes de redigi-la, uma rápida leitura sobre os acontecimentos esportivos do dia (especialmente futebolísticos) para acompanhar o mercado faz com que o tema pensado para esta semana continue arquivado.

Com a derrota da seleção brasileira por 3 a 2, fora de casa, para a Alemanha e as duras (e injustas) críticas feitas pela imprensa nacional ao treinador Mano Menezes, algum texto deveria ser publicado com o intuito de poupá-lo e propor uma discussão mais abrangente além das pressões, desconfianças e questionamentos da competência exercidos sobre o treinador.

Como somente um texto é insignificante para combater as já conhecidas análises imediatistas, que se reproduzem exponencialmente e que se baseiam somente em resultados, será proposto um desafio a você, leitor, inspirado no filme dirigido por Mimi Leder, denominado A Corrente do Bem (2000).

Neste filme, indispensável para quem quer aprender sobre a vida, quer dizer, sobre o futebol, Trevor é um menino cursando a sétima série, que tem como trabalho escolar na disciplina de Estudos Sociais a tarefa de pensar uma maneira de transformar o mundo e tentar colocá-la em prática.

A ideia do jovem, que inclusive intitula o filme, tem três premissas: fazer algo por alguém em que este não pode fazer por si mesmo, fazer isso para três pessoas e solicitar que a pessoa ajudada faça o mesmo para outras três. Como objetivo final, com a aceitação e participação das pessoas, as boas atitudes evoluirão em progressão geométrica. Idealismo, é claro!


 

Transferindo para o desafio em questão, a missão de cada um é, em sua próxima discussão sobre futebol em que o trabalho de Mano Menezes seja posto em xeque, argumentar a favor do projeto comandado pelo treinador visando à Copa de 2014.

Bons argumentos não faltam para contrapor àqueles que já afirmam que um ano de trabalho e 13 jogos (6 vitórias, 4 empates e 3 derrotas) é tempo suficiente para a seleção convencer:

– Robinho e Ganso, sozinhos, não conseguem trazer as vitórias ao Brasil, assim como Messi, o melhor jogador do mundo, não foi suficiente para levar a Argentina ao título. Não entrem em detalhes, mas sabemos que o todo é maior do que a soma das partes;

– Se existe um período em que o Mano deve observar outros jogadores na seleção brasileira (conduta, comportamento em equipe, performance de campo), este período é agora e não quando faltar um ano para o início da Copa do Mundo, onde os ajustes nos elementos da equipe deverão ser mínimos;

– O Modelo de Jogo apresentado no Mundial 2010 agradou a pouquíssimos brasileiros. Está claro que Mano Menezes pretende aplicar um jogar com a cara do Brasil, mas que acompanhe as evoluções do futebol moderno. Para isso, tempo, que ele ainda não teve, é fundamental.

– Exemplos recentes, como a Espanha e o Uruguai, no profissional e na base, têm mostrado que a solidificação e sustentabilidade de um projeto somente serão estabelecidas se os resultados estiverem planejados, pelo menos, para o médio prazo;

– Se as cobranças, desconfianças e pressões permitirem, o trabalho de base da seleção brasileira terá continuidade e poderá proporcionar à nação o espetáculo que ela espera ver, aperfeiçoado em anos de formação com a camisa amarela.

– E, para encerrar os argumentos, qual treinador está preparado para substituir Mano Menezes e aplicar, imediatamente, um belo futebol, recheado de vitórias e com grande probabilidade de conquista do hexa em 2014? Peça para justificar a resposta!

Assim como no filme, não espere convencer a todos; no entanto, não deixe de fazer a sua parte, pois lembre-se que eles não podem fazer por si mesmos. Se três pessoas com as quais você conversa sobre futebol mudarem o discurso e essas três pessoas conseguirem, cada uma, mudar o discurso de outras três e assim sucessivamente, logo será observada uma progressão geométrica a favor do projeto de renovação da seleção brasileira.

Se for considerada a visibilidade do portal Universidade do Futebol e o público-alvo, a possibilidade da mencionada progressão chegar ao conhecimento dos formadores de opiniões, ou seja, da mídia, é grande.

E, se por ventura, algum dia, a opinião dos formadores de opinião se modificar, as consequências positivas ao futebol brasileiro serão significativas, porque o discurso comum do resultado imediato, da vitória a qualquer custo, dos gastos exorbitantes, da valorização individual, das matérias sensacionalistas e da troca de treinadores como solução dos problemas de gestão será substituído.

E entrará em campo o discurso do resultado planejado, com gastos condizentes às realidades de cada clube, da valorização do coletivo, das matérias com críticas construtivas e da permanência e projeção de bons treinadores como produtos de uma boa gestão.

Aproveite a corrente “futebolística” do bem e a progressão geométrica por ela proporcionada para ajudar as pessoas quanto às tendências de ensino do futebol e a metodologia de treinamento. Assim como a atitude iniciada por Trevor se espalhou por diferentes lugares dos EUA, o iniciado por você pode alcançar diferentes lugares e pessoas em todo o Brasil.

Idealismo, é claro!

Ps: Quarta-feira, 10/08/2011, 22h45m. Em nota publicada no site da entidade esportiva brasileira (às 19h38m), Ricardo Teixeira afirma: “O trabalho segue com toda a confiança da CBF.”
Ufa…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br  

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Planejamento pessoal e profissional em três fases

Saudações a todos!

Na semana passada, não estive por aqui, pois estava em miniférias. Todos os anos, saio fisicamente do escritório por três vezes – somando os períodos, fico entre 25 e 30 dias em férias. Mas apenas fisicamente, pois estou ligado, pelo menos uma vez por dia nos e-mails e nos acontecimentos do dia a dia. Portanto, virtualmente, passo todos os dias no escritório. Alguns até podem dizer que isso não é saudável, no entanto, considero que dar esta passadinha é viável, sim, já que me sinto mais tranquilo vendo que os negócios estão caminhando.

As férias anuais, além de proporcionarem um período de descontração e de intenso convívio familiar, permitem que eu – distante fisicamente do dia a dia dos negócios, e vivenciando novas experiências – possa refletir sobre o que estou fazendo, se o que eu estou fazendo está indo bem e o que poderia melhorar, ou seja, as férias são um período de reflexão e planejamento.

Meu planejamento acontece mais ou menos assim: no mês de maio, eu normalmente viajo para o exterior, e fico uns 15 dias vivendo em um ambiente e com uma cultura diferente da nossa. Neste período, analiso o que fazem por lá, quais são as novas tendências, o modo como agem, como enfrentam problemas, como aplicam as soluções, e na volta sempre trago ideias novas. Junto com a minha equipe, analisamos os casos e aplicamos em nosso dia a dia.

Em julho, fico uma semana no interior de São Paulo, ou em uma localidade próxima: são as minhas miniférias, menores, no entanto, procuro descansar realmente. E no fim do ano, religiosamente, estou na praia. Passo a virada lá, recarrego minhas energias no mar, e começo a pré-temporada de trabalho, planejando o novo ano.

Bom, as férias acabaram! Portanto, vamos ao trabalho.

Na última vez que conversamos aqui, falei da importância de um plano B e recebi muitos e-mails de leitores que gostariam de ter um plano B, pois já têm um plano A. E de outros que ainda precisam fazer seu plano A e B. E todos me perguntavam como fazer um bom plano.

Por isso dedicarei o espaço da coluna desta sexta e das próximas duas semanas para falarmos sobre planejamento pessoal e profissional. Passarei aos leitores um método para que todos elaborem seus próprios planos A e B.

Esse método é o mesmo que utilizo nas ações de coaching que realizo com alguns executivos – adaptei alguns pontos para se adequar ao perfil da coluna, mas mesmo assim ficou bem próximo do que prático normalmente.

Nesta primeira fase, é necessária uma reflexão sobre o que você já fez até hoje. Liste seus objetivos e prioridades e inicie um planejamento: é exatamente o que faço anualmente, aproveitando minhas férias. Vamos às instruções:

Fase I – Normalmente são dedicados 15 dias a esta fase (pensar nos dias de hoje não é nada fácil), mas faremos em uma semana; assim, conseguimos atender nosso planejamento de realizar o plano em três semanas.

Comece descrevendo o seu objetivo de vida (tempo – 2 dias)
Procure descrever os seus objetivos (profissionais, pessoais, familiares, etc.) da forma mais detalhada possível. Lembres-se que este material é seu e deve ser verdadeiro.

Descreva os conhecimentos (habilidades) que domina (tempo – 3 dias)
Procure listar todos os conhecimentos que tem. Inicie colocando um título de identificação no conhecimento e em seguida descreva o conhecimento usando o seguinte formato:

- Conhecimento/Habilidade (exemplo: escrever bem, trabalho em equipe, entre outros);
- Como adquiriu (como e onde adquiriu o conhecimento/habilidade); e
- Onde utiliza (qual a utilidade do conhecimento/habilidade em seu dia a dia – pessoal ou profissional).

Análise dos conhecimentos (habilidades) descritos na fase anterior e pense em melhorias (tempo – 2 dias).
Analise cada um dos conhecimentos que listou e pense em termos de melhorias/ajustes que possam ser feitas, segundo sua percepção.

Lembrando que muitos de nos já planejamos férias, formaturas, passeios, etc. e pouco fazemos em relação ao planejamento de nossas carreiras!

Mesmo assim, muitos profissionais têm sucesso contando apenas com o fator aptidão e, claro, uma pitada de sorte. Portanto, se investirem tempo e atenção no planejamento de suas carreiras usando esta dica, suas chances de sucesso poderão se ampliar.

Aproveite esta semana para internalizar o método e colocar em prática o que foi apresentado. Na semana quem vem, teremos a fase II. Então, é com vocês. Mãos à obra.

Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos na próxima semana.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br