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Facetas do rebaixamento

Fora do circuito de glamour do futebol, os rebaixamentos ocorridos na Série C do Campeonato Brasileiro no último fim de semana estão cercados por alguns fatos inusitados, mas que refletem muito bem a forma de gestão da grande maioria dos clubes no pais.

Todos os rebaixamentos, com exceção ao do Grupo C, que decretou a queda do Marília/SP no confronto direto com o Macaé/RJ, vencido pelo clube fluminense por 6 a 4 fora de casa, apresentam algo diferente para contar – aliás, inclusive o citado neste parágrafo parece bem inusitado pelos 10 gols da partida…

Enfim, vamos aos fatos:

Grupo A: nem a pífia campanha do glorioso Araguaína/TO, que somou apenas um ponto em oito jogos, pode ser suficiente para rebaixá-lo. O líder da chave, o Rio Branco/AC, infringiu o CBJD ao entrar na Justiça Comum antes de esgotadas as instâncias desportivas e foi punido em primeira instância pela Justiça Desportiva. No entanto, o clube acreano conseguiu na terça-feira (20) um efeito suspensivo para voltar à competição, o que deve tumultuar em alguma medida a segunda fase da competição (ou parte dela, uma vez que os clubes agora estão divididos em dois grupos, sem um cruzamento direto entre si, que ocorrerá apenas na final da competição).

Grupo B: tem relação com o último jogo entre o já classificado CRB/AL com o tradicional Fortaleza/CE – este último lutando contra o rebaixamento. Após saberem do resultado do outro jogo do grupo (Guarany/CE x Campinense/PB), jogadores do Fortaleza supostamente pediram aos colegas do CRB para que deixassem fazer mais um gol para livrar o clube do descenso. E foi o que ocorreu – com os 4 a 0 no estádio Presidente Vargas, o Fortaleza conseguiu se manter na Série C do próximo ano, mandando o Campinense (que venceu por apenas um gol) para a Série D.


 

Grupo D: no sul do país, Caxias/RS, Santo André/SP e Brasil/RS terminaram a primeira fase empatados com oito pontos ganhos cada um. Pelos critérios de desempate, o Santo André/SP deveria ser rebaixado, uma vez que terminou com saldo de -5 gols (contra -4 do Brasil e -3 do Caxias). No entanto, na primeira rodada da competição, o Brasil escalou o jogador Claudio, que havia sido expulso na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2010 quando atuava pelo Ituiutaba/MG pela Série C. O mesmo deveria ter cumprido a suspensão em competição nacional, fato que só foi ocorrer no segundo semestre de 2011. Com isto, o Brasil acabou punido pelo STJD com a perda de seis pontos e, consequentemente, rebaixado para a Série D em 2012.

Alguns destes casos explicitam o limiar da ética, tão defendida em nossa sociedade. Outros refletem um pouco a desorganização, tanto de clubes quanto da própria entidade que administra o futebol – que já poderia ter desenvolvido um sistema fidedigno de registro de atletas e monitoramento contínuo dos mesmos quanto a contratos e condições de jogo.

Enfim, a coluna desta semana serve apenas para algumas reflexões mais evasivas do que é o futebol brasileiro nas suas entrelinhas. E casos semelhantes só não estão mais ocorrendo com tanta frequência nas séries A e B por conta da mídia e a exposição mais flagrante de dirigentes e executivos que tendem a se moldar conforme regras pré-estabelecidas pelos veículos de comunicação…

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Do Circo Di Napoli ao Cirque du Soleil: por uma evolução tecnológica no futebol

Aconteceu há alguns anos, e o leitor amigo lembrará do famoso gol de Ricardinho, então jogador do Corinthians, sobre o Santos, nos minutos finais do jogo que decidiu a classificação da equipe da capital à final do Campeonato Paulista de 2001.

Um ponto, literalmente o ponto eletrônico de Ricardinho, chamou a atenção e trouxe à tona a discussão dos benefícios e prejuízos da tecnologia colocada no atleta.

Dez anos depois, retomo o assunto para despertar um debate a respeito de recursos que poderiam ser autorizado pela Fifa para melhoria dos processos de treinos e jogo.

É fato para quem estuda e trabalha com o futebol que os treinos devem ser fiéis ao jogo, ou pelo menos tentar criar o máximo de similaridades com as situações reais de uma partida. Já é um discurso superado a questão de que analises e intervenções baseadas no jogo são mais incisivas.

Assim, reflito sobre que recursos poderíamos pensar para auxiliar na busca de informações mais precisa sobre desempenho e dados fidedignos ao jogo.

Hoje existem no Brasil e pelo mundo algumas tecnologias baseadas em câmeras que filtram informações diferenciadas de um atleta como, por exemplo, seu deslocamento e faixas de velocidade em uma partida oficial.

No geral, esses métodos são indiretos, no sentido de não estarem os recursos implantados no atleta. Já existem alguns recursos que conseguem coletar informações significativas com base em tecnologia que utilizam algum item vinculado ao atleta, como, por exemplo, frequencímetros, GPS ou mesmo sistema de rastreamento via RFID.

 

A utilização do GPS na prática de treinamentos e jogos de futebol

 

Ë nesse ponto que gostaria de levantar uma discussão para os próximos anos. Provocando os dois lados envolvidos.

Para quem analisa e investe no futebol, tais recursos podem ser importantes na melhoria do espetáculo, e sob o ponto de vista dos custos, o amigo mais interessado vai perceber que sai relativamente mais em conta análises diretas do que indiretas, porém os trâmites legais e proibições da Fifa impedem que sejam compatíveis com a realidade do futebol.

A entidade máxima do futebol deve, sim, preservar a segurança do atleta e garantir condições humanas ao jogo, porém poderia fiscalizar e definir parâmetros sem, no entanto, vetar por completo tais melhorias. Ao invés de vetar o ponto eletrônico como em 2001, poderia incentivar com vistas à melhoria do espetáculo (imaginem ouvirmos dentro do possível a conversa de um técnico com o jogador nos moldes do que acontece hoje com o rádio entre equipe e piloto na Formula 1?) – isso seria fantástico, embora alguns técnicos com certeza contestariam.

Por outro lado, com tal intervenção e fiscalização regulamentada pela Fifa, as empresas teriam mais certezas e motivações para investir cada vez mais em recursos que não agredissem. Se hoje a justificativa pela falta de inovação esbarra na limitação imposta, seria proveitoso e estimulante desenvolver com base na nanotecnologia aparatos seguros, leves e confortáveis capazes coletar informações valiosas sobre desempenho em jogo, cada vez mais aperfeiçoando o treinamento esportivo.

Informações de aceleração em curto espaço de tempo, deslocamentos, movimentação da equipe em função do centro de jogo, para vincular, por exemplo, com os princípios táticos fundamentais do futebol.
 

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Tornaria a ciência mais rica e consequentemente o espetáculo mais grandioso. O que difere o Circo di Napoli tradicional e mágico nas nossas memórias em comparação ao Cirque du Soleil, senão a modernização e “tecnologização” das emoções circenses?

O espetáculo só tem a ganhar com a tecnologia, a ciência também, mas são precisos critérios bem estabelecidos. Talvez por isso seja mais fácil para a Fifa vetar do que estabelecê-los.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Devo ou não treinar em função do adversário?

O jogo de futebol é composto por dois subsistemas chamados equipes, que se enfrentam em busca do melhor resultado possível dentro da partida, que nem sempre é o placar final.

Neste cenário, podemos entrar no jogo “às cegas”, ou seja, sem saber nada sobre o adversário (isso pode acontecer na base ou até mesmo no profissional), ou “às claras”, onde sabemos quem estamos enfrentando, em relação ao seu Modelo de Jogo com seus pontos fortes e fracos.

Tendo a possibilidade de conhecer a equipe adversária e fazer uma análise de seu jogo, podemos preparar a equipe para os problemas contextuais ao adversário.

Contudo, isso significa mudar minha forma de jogar em função do adversário, processo em que vou me adequar ao Modelo de Jogo rival, ou potencializar minha forma de jogar, preparando meus jogadores para os problemas que podem aparecer no jogo em função do modelo do adversário.

Saber os pontos fortes e fracos não significa que minha equipe deva mudar sua forma de jogar em função do adversário!

Conhecendo a equipe que vou enfrentar, devo preparar meus jogadores para os problemas que podem aparecer no jogo em função do modelo adversário.

Além de preparar minha equipe, posso manipular a equipe adversária para fazer aquilo que eu espero, contudo, para que isso ocorra, não posso pensar apenas no adversário e em suas características, mas no jogo propriamente dito (será que posso manipular o jogo?).

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A fim de preparar minha equipe para os problemas do jogo em função do adversário, posso trazer informações para os jogadores e criar atividades contextuais para submeter os mesmos a uma realidade de treino similar ao jogo do fim de semana ou meio de semana.

Ser similar ao jogo significa que os problemas emergentes no treino serão, primeiro, condicionados ao jogo e, segundo, ao adversário que a equipe enfrentará.

As atividades contextuais trazem para a sessão de treino um ambiente onde os jogadores irão ser submetidos aos problemas referentes ao modelo de jogo do adversário.

Essas atividades têm seu volume aumentado ao longo das categorias e no profissional atingem seu maior volume dentro da semana, porém não deve ser a única forma de treinamento.

Bom, vamos ao exemplo prático:

Se souber que a equipe que enfrentarei tem um balanço ofensivo com três jogadores dispostos em linha no meio-campo, com um contra-ataque extremamente veloz e eficiente, posso criar uma atividade em que essa situação seja um problema do treino.

A atividade abaixo ilustra como isso pode ser feito:

Descrição
– Atividade de 11 X 11. Sempre que a bola sair no campo defensivo da equipe amarela, os coringas devem repor a bola em jogo rápido para os três atacantes.

Regras e Pontuação
– Gol vale 1 ponto. E se for realizado de contra-ataque pela equipe amarela, vale 3.

Com essa atividade, os jogadores serão estimulados durante a semana a resolverem esse problema e, no jogo, isso não será uma novidade.

Além disso, posso adotar estratégias para anular esse ponto especifico do adversário de forma organizacional, em que o adversário será direcionado a jogar de uma forma diferente da que ele acostumado.

Perceba que o objetivo não deve ser mudar a forma de jogar da minha equipe em função do adversário, mas prepará-la para agir melhor no jogo.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br

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O centro do jogo e a organização defensiva

Em uma das minhas primeiras colunas, apresentei indicadores de qualidade ofensiva de uma equipe a partir dos comportamentos realizados em função do centro do jogo. Naquele texto, foram descritos os mecanismos individuais e coletivos que favorecem a recusa da inferioridade numérica com consequente busca pela superioridade numérica.


 

Uma vez que para a organização ofensiva as ações coletivas que permitem a obtenção de êxito devem ocorrer possivelmente com maior número de jogadores que o adversário, para as ações defensivas não é diferente. Em oposição à cobertura ofensiva e movimentações para dentro ou fora do centro do jogo, a organização defensiva de uma equipe deve realizar contenção, cobertura defensiva e equilíbrio defensivo, com o objetivo de impedir uma ação ofensiva de qualidade feita pelo oponente.
 

 

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Na coluna desta semana, será feita a discussão destes três mecanismos e, em seguida, algumas identificações de centros do jogo em uma partida do Campeonato Brasileiro 2011.

A contenção é feita pelo oponente direto ao portador da posse de bola e tem como finalidades diminuir em espaço e tempo e ação do adversário, permitindo a recuperação da posse, o atraso da ação ofensiva ou a mudança do centro do jogo para locais de menores riscos.

Como somente a contenção não promove a desejável superioridade numérica, a cobertura é indispensável para manutenção de uma boa organização defensiva, com ação indireta no centro do jogo, que passará a ser direta caso o responsável pela contenção seja ultrapassado.

Quanto mais próximo da zona de risco, mais próxima deve ser a cobertura defensiva.

Já o equilíbrio defensivo, que também deve assegurar a superioridade numérica setorial, é feito pelo(s) atleta(s) responsável(is) pela interpretação da ação de movimentação dentro ou fora do centro do jogo pela equipe que detém a posse de bola. A correta aplicação deste mecanismo defensivo faz com que o adversário não tenha espaços para progressão, que dificulte o recebimento da bola pelos atacantes que executam movimentação em setores livres e de perigo e que a estabilidade no centro do jogo seja
alcançada.


 

A análise do comportamento defensivo de uma equipe em função do centro do jogo possibilita a compreensão de quais são os princípios defensivos da ideia de jogo de um treinador. Nas trocas de passes do adversário, é possível perceber a (re)organização da equipe nos comportamentos funcionais de recuperação/impedir progressão/proteção do alvo. E nessas trocas, pode-se observar quais jogadores fazem contenção, qual a qualidade dessa ação e até a partir de qual região ela se inicia.

Essa análise também pode ser feita em relação à eficácia da obtenção da superioridade numérica no centro do jogo, que, por sua vez, decorre de adequadas coberturas e equilíbrios defensivos ou até mesmo por meio de ataques desordenados à bola, que resultam em espaços vazios para serem explorados pelos adversários.

Durante todo o jogo, ter os jogadores preparados (técnica-tática-física-emocionalmente) para agir no centro do jogo é a chave da vitória.

Há momentos que o centro do jogo está distante de determinado jogador e uma simples flutuação é suficiente para se executar a melhor decisão para a emergência do jogo, porém, há várias situações que o centro do jogo muda tão rapidamente que o milésimo de segundo separa o vencedor do perdedor.

E, nos últimos dias, uma equipe que é soberana nas decisões acertadas no centro do jogo em organização ofensiva e defensiva, não esteve preparada para agir durante os 90 minutos. Num escanteio cedido à equipe adversária, a concentração mental do líder da equipe para uma das últimas ações do jogo, ao invés de centrar-se na proteção coletiva do alvo e possível participação no centro do jogo, foi direcionada para a reclamação com o assistente. O placar do jogo penso que vocês já sabem. A bola não perdoa e os bons também não!

Se o placar do jogo teria sido diferente caso não houvesse a reclamação? Não saberemos nunca! Deve ser por isso que gostamos tanto de futebol…

Para encerrar, acompanhe o comportamento do Santos em função do centro do jogo e faça uma breve análise sobre o processo defensivo desta equipe em algumas ações do jogo contra o Corinthians.
 


 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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1.000 jogos, títulos, reconhecimento e sucesso

Saudações a todos!

Havia pensado em outro tema para a coluna desta semana, mas após ver uma coletiva de imprensa que o Rogério Ceni, goleiro do São Paulo Futebol Clube, realizou no último dia 7 de setembro, após a partida vitoriosa contra o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro de 2011, em comemoração ao seu jogo de número 1.000 com a camisa do clube, acabei mudando de ideia – o que eu tinha pensando para esta semana, ficará para a próxima.

Todos sabem que não sou um torcedor do São Paulo, no entanto, admiro e valorizo pessoas esforçadas, e o Rogério Ceni é um exemplo a ser seguido. Independentemente do time do coração, para quem quer atuar no futebol, no campo profissional, este fator deve estar sempre em segundo plano.

Mesmo versando sobre liderança, sucesso, reconhecimento e o esforço para atingir um objetivo, citar exemplos da área em que atuam, é sempre mais fácil de assimilar.

Farei aqui um paralelo do que Ceni fala em sua entrevista versus o que acontece nas empresas ou nos clubes. E verão que são realidades idênticas. Para começar, assistam ao vídeo da coletiva.
 


 

Peço que analisem os primeiros 21min, pois depois a entrevista se foca no jogo que acabou de acontecer, propriamente dito. Outra dica importante à compreensão total do vídeo, é deixar seu lado torcedor de lado, e ter o olhar de um líder, de quem quer ter sucesso e reconhecimento, e percebam o esforço necessário para se chegar lá.

Um exercício que sempre procuro fazer ao ver um filme ou uma entrevista, que considero de alguém importante, é o de ver com olhar empresarial, e desta forma entender como posso aplicar o que está sendo dito ou mostrado no dia a dia das empresas. Acredito que neste caso, vários trechos da entrevista podem ser aproveitados por vocês, por conter muitas lições a serem aprendidas.

Vale lembrar, ao passo que assistem ao vídeo, que esse ídolo do São Paulo nunca fez cursos para ser um líder, mas tem essa virtude em seu DNA, além, é claro, de muita atitude. Vejo que muitos profissionais que ministram cursos para a formação de lideranças transcorrem sobre conceitos e ensinamentos, e depois, na prática, não fazem nada do que pregam. O caso do Rogério é diferente: é possível comprovar que ele faz o que fala.

Pontos de atenção:

– Cobrar internamente e ressaltar as qualidades publicamente: sabemos que o Rogério Ceni cobra sempre os resultados do grupo, marca forte. Mas suas cobranças são feitas a portas fechadas, só o grupo sabe. Em contrapartida, ele sempre elogia as conquistas, valoriza o grupo, como fez nessa entrevista, elogiando o esforço de cada um, ressaltando os gols, o comprometimento com o resultado, etc.

Nas empresas de sucesso, os líderes e as equipes que apresentam os melhores resultados agem exatamente assim. Internamente, existem as cobranças pela qualidade, e fora, para o público externo, como os clientes, por exemplo, os membros dessas equipes são sempre muito valorizados, e ninguém nunca é apontado como único responsável por um erro. Quando algo de bom acontece, os elogios são externados e enaltecidos.

– Valorizar a estrutura que o clube proporciona: Ceni fala que o clube oferece uma estrutura técnica. Na empresa é a mesma coisa: um bom líder e as pessoas de sucesso devem valorizar tudo o que é oferecido e que possa agregar no seu desenvolvimento. Um ótimo talento sem bons recursos não consegue render o que poderia, e o profissional de sucesso sabe disso, e valoriza muito esses pontos.

– Exemplificar com atitudes e não apenas com palavras: mesmo estando cansado, com a idade que tem, com as contusões sofridas, com as dores que certamente sente como resultado desses anos de muito esforço, Ceni treina diariamente. Poderia não treinar em alguns dias, principalmente quando está com mais dores, mais exausto, ninguém falaria nada, mas ele se preocupa em ser o exemplo, em mostrar com suas atitudes o que deve ser feito – é o primeiro a chegar e o último a ir embora dos treinos, e o recado que fica para os demais, principalmente para os mais jovens é: “você quer ter sucesso, ser referência? Então faça o que eu faço!”. E olha ele faz isso há 21 anos. E tem gente que acha que fazer isso um dia, uma semana, um mês, um ano, já é garantia de sucesso eterno. Puro engano!

Com certeza, em seu trabalho, existem exemplos parecidos. Acredite que os grandes líderes, mesmo em “férias”, estão sempre atentos ao que está acontecendo com sua equipe. Trabalham com dedicação ímpar, e procuram fazer de todos os dias como fizeram no primeiro. Não é fácil, mas se você quer ter sucesso, siga o exemplo dessas pessoas.

– Pensar antes de falar: como o líder é referência para os outros, todas as suas atitudes são avaliadas. Nos jogos que o time não vai bem, onde as coisas não saíram como ele queria, seu papel é pensar sobre o ocorrido e só depois falar com a impressa. Na saída do campo, não se pode falar nada. Se não tomar cuidado, o que era algo simples, pode virar um problemão.

– Focar no resultado e nos objetivos: a entrevista citada acima têm dois exemplos ótimos. O primeiro é o que ele relata sobre estar tão concentrado no jogo, no trabalho, mesmo sendo um dia de festa (festa para a torcida, para ele a festa foi apenas após o jogo), esqueceu as filhas no vestiário, uma vez que as filhas entrariam com ele em campo, e minutos depois, alguém lembrou esse fato e tudo certo.

O segundo é quando cita o que aconteceu 20 minutos depois do jogo, tendo em mãos todos os resultados da rodada, a posição do time no campeonato, as chances teóricas, os próximos jogos, etc., e notem que após o jogo ele ainda foi fazer antidoping, ou seja, saiu do campo direto para entrevista e já sabia tudo o que era importante para o time na tabela, foco total nos objetivos.

Na empresa, esse foco em resultados, objetivos, são dois dos principais atributos de um líder. Digo sempre que as pessoas têm duas opções: uma é focar nos objetivos, nas soluções, ser parte dessa solução, e a outra é só se preocupar com os problemas, com o que deu errado. Agindo assim, você se transforma em parte do problema. Pensem e escolham em que direção deve seguir.

– Lembrar dos sucessos, das conquistas e do dever para ser um campeão sempre: Ceni ilustra esse cenário de realizações aos mais jovens do grupo e mostra também qual o esforço necessário para que isso seja possível. E isso é motivador para qualquer um. Em ambiente corporativo é fundamental lembrar a todos das glórias, das grandes contas conquistadas, dos elogios nos atendimentos, relembrar esses fatos aos que participaram e mostrar para os mais novos o que é possível ser feito e qual é o esforço necessário. Paralelamente, o líder deve sempre mostrar também o que deu errado, o que não deve ser feito e seus impactos.

Claro que os erros sempre devem ser bem menores que os acertos, caso contrário, a empresa não será uma empresa de sucesso ou o clube não terá conquistas, mas é importante lembrar e principalmente aprender com os erros.

– O jogo mais importante é o próximo: Ceni diz em pegar os bons exemplos e dos grandes feitos, mas o que passou e não poder ser mudado. Então, aproveite e se prepare, pois o mais importante é o próximo jogo. Quando se aposentar, aí sim, será hora de lembrar-se do jogo mais importante, das taças, etc. Na empresa é exatamente igual, e o importante neste caso é saber o que pode ser melhorado para o próximo cliente, na próxima venda. O amanhã é dia tão importante quanto o hoje.

– Lembrar como começou e quem o ajudou: mesmo sendo um ídolo hoje, Ceni
se lembra de quem o ajudou no inicio de sua carreira, e é grato. Fala também da primeira final que jogou, ainda no juvenil, na qual estava com uma luva do Gilmar e com a camisa do Zetti, e até hoje é grato aos dois. E fala inda dos momentos especiais, quando os holofotes estavam todos voltados para ele, se lembra de coisas boas e ruins e de como foi sua estrada. Muitos profissionais já querem começar como diretores – não querem ter um passado em cargos menores -, mas na empresa, o líder nato não começa em posição de liderança, não começa em cargos na alta hierarquia.

Com certeza ele tem no DNA a liderança, mas antes de subir ao topo, terá que jogar mais um tempo, e suas atitudes, inclusive estas de lembrar como, onde e quem o ajudou no inicio, são determinantes para se chegar lá. Depois, no cume, o desafio maior será o de continuar lá em cima.

Resumindo, assistir a este vídeo é poder ver na prática algumas dicas fundamentais, pois são momentos especiais, que não podem ser desprezados por quem deseja ser um bom líder. Aproveitem!

Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos próxima semana.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br

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Análise do lactato sanguíneo aplicado ao futebol: aspectos históricos

Na última quinta-feira (08/09), terminei a coluna afirmando que a medida de lactato sanguíneo poderia ser inútil caso fosse realizada sem critério. Após essa afirmativa, para minha grata satisfação, recebi muitos e-mails solicitando mais esclarecimentos sobre esse fenômeno e, por esse motivo, na(s) próxima(s) semana(s), abordarei aspectos conceituais e metodológicos da análise do lactato aplicado ao futebol. Antes, porém se faz necessário descrever os aspectos históricos dessa análise o qual é o tema específico dessa semana.

Segundo Owles (1930) o aumento da produção de ácido lático muscular foi identificado desde o início do século XIX. O primeiro a ver esse aumento parece ter sido Berzelius por volta de 1808, quando verificou aumento do lactato em veados abatidos por caçadas. Anos mais tarde, Fletcher e Hopkins (1906) e Hill (1924) demonstraram que até uma intensidade crítica de exercício não havia aumento de lactato, porém, em intensidades maiores, havia interrupção da tarefa por fadiga provocada pelo aumento do lactato.

Os mecanismos que explicam o fenômeno entre produção e remoção do lactato durante exercício têm sido discutidos em diversas publicações (Billat 2003; Bertuzzi et. al. 2009, Brooks 2009), mas, resumidamente, a produção de lactato se dá por duas vias. Uma quando a NADH+ e o H+ não podem ser re-oxidados rapidamente pela membrana mitocondrial e os prótons são lançados para fora da célula por lançadeiras (MCT1 e MCT4) com o objetivo de manter o citosol em estado redox; e a outra quando a taxa glicolítica ultrapassa a capacidade do ácido tricarboxílico a aceitar piruvato levando ao aumento da produção de lactato e piruvato sem causar mudança na relação lactato/piruvato (Wasserman et. al., 1986; Brooks, 2002).

Como o equilíbrio entre a produção e remoção de lactato (turnover) é dependente da intensidade do exercício, e os ajustes do treinamento físico também dependem do controle apurado dessa intensidade, a determinação de zonas metabólicas indicadoras do metabolismo de cada atividade se tornou muito importante para avaliação e prescrição de treinamento.

O surgimento dos chamados limiares metabólicos ocorreu na década de 60 com dois grupos de investigação. O de Wasserman (1964), que analisou respostas respiratórias de indivíduos cardiopatas, e o de Hollmann (1957), que analisou, entre outras coisas, o lactato sanguíneo em indivíduos treinados e destreinados.

Após a determinação desses limiares, suspeitou-se de que eles fossem causa e efeito um do outro, mas atualmente a ideia de que eles fazem parte do mesmo fenômeno, sem, no entanto apresentar necessariamente uma relação de causa e efeito é mais bem aceita.

Além de ventilação e lactato, surgiram outras formas de identificação desses limiares (catecolaminas, eletromiografia, amônia, frequência cardíaca), mas por razões óbvias não entrarão no foco de nossa discussão no momento.

A partir da identificação desses limiares, a aplicação prática dessa metodologia ocorreu principalmente para avaliação e prescrição de atividades de média e longa duração, especialmente, as de característica aeróbia.

Nas últimas duas décadas, o interesse pela aplicação do limiar de lactato em atividades intervaladas foi intensificado e muitos estudos passaram a analisar a resposta da lactacidemia em diferentes quantidades, intensidades e durações de estímulos e de recuperações.

Em estudos que analisam as respostas de lactato com estímulo/recuperação pré-determinados, é possível verificar a cinética de lactato com maior precisão do que se vê em modalidades como o futebol, que é praticado com esforços máximos de curta duração (aproximadamente 6s), mas com variados tipos, intensidades e tempos de recuperação.

Por este motivo, a concentração de lactato que se vê nos diversos jogadores de uma mesma equipe corresponde à ações que foram executadas por cada jogador nos minutos que antecederam a coleta e, assim, o dado obtido é absoluta e definitivamente incapaz de expressar o esforço realizado por toda equipe.

Pelo exposto, antes de analisar o metabolismo das ações específicas do futebol, se torna importante, antes de tudo, definir quando, como, por que e para que utilizar o lactato e para isso deve-se considerar seus aspectos metodológicos.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Referências bibliográficas

Bertuzzi RCM, Lima Silva AE, Abad CCC, Pires FO. Metabolismo do lactato: uma revisão sobre a bioenergética e a fadiga muscular. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2009;11(2): 226-34.

Billat VL, Sirvent P, Py G, Koralsztein JP, Mercier J. The concept of maximal lactate steady state: a bridge between biochemistry, physiology and sport science. Sports Med. 2003;33(6):407-26.

Brooks GA. Cell-cell and intracellular lactate shuttles. J Physiol. 2009 Dec 1;587(Pt 23):5591-600.

Brooks GA. Lactate shuttles in nature. Biochem Soc Trans. 2002 Apr;30(2):258-64.

Fletcher WM, Hopkins FG. Lactic acid in amphibian muscle. J Physiol 1907;35:247-309.

Hill AV. Muscular activity and carbohydrate metabolism. Science 1924;60:505-14.

Hollmann W. The relationship between pH, lactic acid, potassium in the arterial and venous blood, the ventilation, PoW and pulse frequency during increasing spiroergometric workin endurance trained and untrained persons. 3. Pan-American Congress for Sports Medicine; 1959 Nov 29; Chicago.

Owles WH. Alterations in the lactic acid content of the blood as a result of light exercise, and associated changes in the co(2)-combining power of the blood and in the alveolar co(2) pressure. J Physiol. 1930 Apr 14;69(2):214-37.

Wasserman K, Beaver WL, Whipp BJ. Mechanisms and patterns of blood lactate increase during exercise in man. Med Sci Sports Exerc. 1986 Jun;18(3):344-52.

Wasserman K, McIlroy MB. Detecting the threshold of anaerobic metabolism in cardiac patients during exercise. Am JCardiol 1964; 14: 844-52.

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Isso ainda vai ser grande…

Impossível passar despercebido pela ampla campanha feita pela Topper para promover o rugby no Brasil, com um posicionamento de marca que praticamente abraçou a modalidade e tem sido um dos pontos centrais do desenvolvimento da modalidade.

Pesquisa recente da Deloitte mostrou que as pessoas reconhecem o rugby como o esporte que mais rapidamente deve crescer nos próximos anos no Brasil. Isso tudo é fruto desta campanha feita pela Topper, uma vez que nem clubes/equipes e nem seleção nacional ganharam repercussão a ponto de despertar interesse pelo esporte por grande parte da população.

Em tempos de Copa do Mundo de Rugby, a modalidade que se originou do futebol serve como um exemplo e ao mesmo tempo sinaliza um alerta para o esporte mais popular do planeta. Não só o rugby, mas todas as novas plataformas de entretenimento que estão surgindo, incluindo aí uma gama enorme de jogos eletrônicos, novos esportes e atividades de lazer sendo criados e adaptados às preferências do público jovem, esportes ligados à inteligência e à mente, etc.

A referência a isto serve apenas para lembrar a necessidade de reinvenção constante de qualquer ramo de atividade humana e o futebol não foge disso. A história nos mostra a queda de impérios e empresas tidas como soberanas em seus mercados que, por conta de um “apagão” de ideias, conceitos ou mesmo sendo displicente ante o crescimento de concorrentes – e aqui incluímos todas as modalidades de esporte, existentes ou por ser criada, a televisão, a internet, o cinema, o teatro, a praia e por aí vai.

Quer isto dizer que, para alicerçar o crescimento contínuo da indústria do futebol, é preciso que todos os agentes pensem como um produto único e global, conforme já comentamos em outras colunas aqui na Universidade do Futebol.

Preocupa-me muito ver e ouvir o insistente discurso retrógrado que muitos líderes do esporte sustentam há décadas. Pensar e projetar a inovação, olhando de fato para o futuro e não para o retrovisor, atingindo sobretudo o público jovem (futuros consumidores) deve ser o conceito-base de estratégias do futebol nos próximos anos, sob pena de perder sistematicamente seus até então fiéis consumidores.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Clube sustentável: utilizando energia dos atletas e do ambiente

Olá, amigos!

No texto desta semana, aproveito o lançamento da empresa Silverback Labs, ainda que não seja algo tão inédito, já que temos visto por aí inovações com este teor, é sem dúvida inspiração para a reflexão que fazemos neste momento.

A empresa divulgou o lançamento de uma bicicleta que produz energia para recarregar diversos aparelhos com o esforço do próprio usuário.

Em outros momentos já discutimos um pouco a respeito de sustentabilidade e responsabilidade ambiental no meio do futebol. Eis aí mais um fator que pode surgir em pouco tempo.

Sabemos como na preparação física dos atletas o uso de diversos tipos de equipamentos são importantes, desde cargas resistidas a ergômetros de diferentes funções, faz parte desse contexto.

Agora, imaginem se tal tecnologia incorporada pela Silverback chegasse aos departamentos de futebol dos clubes? Quantos atletas e quantas vezes cada um deles não utiliza instrumentos que podem gerar energia?

Ainda que para pequenas utilidades, como celular, ipad, GPS, entre outras, seria uma forma de incentivar o público, de criar uma mentalidade responsável e sustentável para as pessoas e empresas parceiras.

Além disso, sabemos que esse ramo tecnológico possui alta velocidade de modernização, que provavelmente em pouco tempo podemos pensar em cargas de energia mais altas para uso em recursos mais pesados do que um simples aparelho de celular.

Sei que muitos dirão que o custo disso hoje pode ser inviável para os clubes, apenas para investir em imagem de “sustentável”. Porém, aí que mora o engano. Primeiro: apenas uma imagem sustentável não deveria ter tão pouco significado, e sim o contrário, já que isso é valor agregado cada vez mais no cenário mundial.

E ainda, como todo recurso e inovação, o impacto de custo inicial é elevado, porém, se comparado com o benefício em longo prazo, pode apresentar resultados impressionantes.

Num exercício de imaginação, convido o amigo a especular como seria um departamento de futebol de um clube com equipamentos deste tipo aliados ainda a placas de energia solar. Teríamos a junção da energia solar com a energia gerada pelos equipamentos utilizados pelos atletas para, quem sabe, atender as necessidades do consumo de energia de todo laboratório de fisiologia, da sala de musculação, etc.

Se o exercício pode parecer utópico e distante, alerto que com certeza temos cientistas pensando nesse tipo de tecnologia, e sempre quem é pioneiro acaba gastando menos de quem precisa copiar ou licenciar o uso posteriormente.

E por outro aspecto, trazendo isso para números, estudos apontam que o uso de energia solar pode chegar a 70% de economia nos valores gastos com energia elétrica. Se pensarmos que a combinação entre energia solar e energia produzida pelos atletas em atividades cotidianas garantam esses 70%, imaginem quanto isso não representa para o clube.

Exemplo retirado com base na reportagem do portal Globoesporte.com de dezembro de 2010, quando da falta de pagamento da conta de luz pelo Corinthians, temos que a fatura daquele mês no clube foi de 170 mil reais aproximadamente. Numa análise simples (simples porque precisaríamos de um especialista para validar e analisar a situação), uma economia de 120 mil reais por mês, trazendo isso ao longo do ano, teríamos algo aproximado a 1,5 milhões de reais economizados com o advento de recursos sustentáveis.

Agora é colocar na ponta do lápis qual seria o gasto para adotar tais recursos e em quanto tempo isso se amortizaria.

Sem dúvida, é possível e interessante ser moderno, ser tecnológico, ser responsável e ser sustentável.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Caderno de treino criado pelos leitores: atividades para se marcar à zona

Na coluna “A marcação por zona” do último dia 4, apresentei os conceitos teóricos referentes a esse tipo específico de marcação que dá título ao texto.

No final da mesma, fiz a sugestão de que vocês me enviassem atividades práticas para o desenvolvimento desse conteúdo e neste domingo publicarei algumas dessas situações criadas por vocês!

Gostaria de primeiramente agradecer a todos! Recebi muitos e-mails, consegui trocar informações valiosas e fiquei muito satisfeito com o retorno que me deram.

Como não houve a possibilidade de publicar todas as atividades, peço desculpas aos leitores que não terão suas ideias apresentadas neste momento, mas vi que muitas delas serão úteis em outras oportunidades. Além disso, fechei a coluna na quinta-feira pela manhã, e as atividades enviadas posteriormente não puderam ser verificadas a tempo.

Abaixo, compartilho as cinco atividades selecionadas para o desenvolvimento da marcação à zona:

Atividade 1

Rafael de Oliveira – Estudante – Brasil

Descrição

– Atividade de 4 X 4, em que o objetivo é a proteção do espaço demarcado e dos cones.
Regras e Pontuação
– Se a equipe derrubar os cones, marca 1 ponto.
– Se algum jogador da equipe conseguir entrar na área demarcada (atrás da linha tracejada vermelha) com a bola dominada, marca 1 ponto e o jogo não para.

Atividade 2

Aparecido Terrazan – Coordenador de Escola de Futebol – Brasil

Descrição

– Atividade de 4×2, em que o objetivo da equipe com inferioridade numérica é proteger o espaço demarcado; já a equipe com superioridade numérica deve receber um passe dentro do mesmo.

Regras e Pontuação

A equipe de dois jogadores deve proteger o espaço demarcado (losango demarcado pelas linhas tracejadas vermelhas) e marca ponto quando recuperar a posse de bola dentro do mesmo.
– A equipe de quatro jogadores marca ponto quando um jogador receber um passe dentro do espaço demarcado (losango demarcado pelas linhas tracejadas vermelhas).


 

Atividade 3

Claudio Lobo – Treinador – Brasil

Descrição

Atividade de 6×6, em que o objetivo das equipes é proteger os golzinhos e os cones nas laterais.

Regras e Pontuação

– Se equipe fizer gol no golzinho adversário, marca 1 ponto.
– Se equipe derrubar o cone nas laterais do campo, marca 1 ponto.

 

Atividade 4

Pedro Bacelar – Treinador – Portugal

Descrição

– Atividade de 7 + Goleiro X 7 + Goleiro, em que o objetivo é proteger os gols (pequenos nas laterais e o oficial com a presença de goleiros) e criar superioridade numérica na região onde se encontra a bola para poder recuperá-la.

Regras e Pontuação

– Nas faixas laterais, a equipe que estiver sem a posse de bola só pode tentar recuperá-la se houver 2 ou mais jogadores dentro desta área.
– Se equipe que estiver com posse de bola fizer um passe completo por dentro dos golzinhos para um companheiro da equipe, marca 1 ponto e o jogo continua.
– Se equipe fizer o gol no gol oficial protegido pelo goleiro, marca 2 pontos.


Atividade 5

Felipe Neves – Preparador Físico – Brasil

Descrição

– Atividade de 7 X 5 + Goleiro, em que o objetivo da equipe com desvantagem numérica é realizar uma marcação zonal impedindo que o adversário chegue até a área demarcada. Já a equipe com superioridade numérica deve proteger os golzinhos e buscar chegar até a área demarcada para realizar a finalização.

Regras e Pontuação

– Defesa não pode entrar na área demarcada. Se algum jogador da equipe com superioridade numérica receber um passe em profundidade dentro do espaço demarcado, ele poderá enfrentar o goleiro em uma disputa 1X1 sem o auxílio de outros jogadores.
– Equipe com inferioridade numérica marca ponto se fizer o gol nos “golzinhos” adversários.
– Equipe com superioridade numérica marca ponto se fizer o gol no gol oficial protegido pelo goleiro.

 
 

Obrigado pela contribuição e até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br

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Perfil FC Barcelona: características individuais de cada posição

Para finalizar o conteúdo da palestra do gerente de prospecção da equipe espanhola, Jordi Busquets, no II Seminário de Futebol realizado em Porto Alegre, a coluna desta semana irá descrever as características individuais de cada posição. Tais características servem tanto para os jogadores que atuam no clube como para os que são captados pelos observadores. As descrições estão divididas em situações com e sem posse de bola.

Arquero/Goleiro

Com a bola: A primeira opção a jogar com passe curto. Capacidade de ler o jogo e encontrar a melhor opção possível. Colocação adequada para dar linha de passe ao companheiro que tem a bola, sem precipitação, oferecendo segurança. Boa técnica de domínio e chute. Boa reposição de bola com as mãos.

Sem a bola: Boa colocação em relação à bola e o gol. Liderança, caráter, capacidade de decisão e antecipação às possíveis ocasiões do jogo. Capacidade de salto e bom jogo aéreo. Bom bloqueio da bola. Agilidade, velocidade de reação e elasticidade. Bom no 1×1.

Centrales/Centrais

Com a bola: Adotar uma posição aberta na fase de início de jogo, com personalidade e sem medo. Boa técnica de domínio e passe. Oferecer segurança. Passe longo em diagonal e em profundidade aos atacantes. Superar linhas de pressão rival com passes verticais. Subir ao ataque quando houver espaço e criar situações de 2×1. Voltar rápido.

Sem a bola: Contundente e com personalidade. Capacidade de marcação. Não ir ao solo, nem bater. O primeiro, é defender. Jogadores ágeis. Quando a bola for à faixa lateral, bascular em sua direção e realizar coberturas. Não perder de vista o outro central e o atacante adversário. Nunca perder o conceito de marcação. Jogador de costas com a bola não gira nunca e o obriga a jogar de primeira. Não fazer faltas. Não permitir que corram em suas costas.

Laterales/Laterais

Com a bola: Abrem o campo na fase de início de jogo para dar saída. Recebem de lado e bem posicionados. Capacidade para incorporar ao ataque pela faixa ocupando o espaço que o atacante deixou livre. Sempre atento à formação de triângulos. Boa técnica de domínio e passe. Boa técnica de cruzamento.

Sem a bola: Com jogador de costas, não fazer falta. Fechar a defesa quando o lateral do lado contrário apoiou o ataque. Controle do jogador adversário que caiu pela faixa lateral. Evitar os cruzamentos do rival. Não permitir que corram em suas costas.

Mediocentro/Volantes

Com a bola: Ler as situações de jogo para posicionamento em relação à bola. Saída rápida, passes e conduções curtas. Evitar riscos de perda da bola quando recebe de costas ao gol adversário, jogar de primeira. Movimentos laterais para facilitar a ação dos meias na fase de criação. Capacidade de mudar a orientação do jogo com passes curtos ou em profundidade. Boa técnica de domínio e passe.

Sem a bola: Capacidade de comunicação e liderança. Pressão para recuperação da bola. Cobertura dos meias. Fechar espaços e linhas de passe pra o adversário. Diminuir o espaço entre linhas.

Interiores/Meias

Com a bola: Visão de jogo e alta qualidade técnica. Muita segurança. Fundamentais em gerar situações de gol. Assistências e chegadas ao gol. Boa finalização de fora da área. Chegada com triangulações ou jogadas individuais. Receber de lado e jogar de primeira. Mover-se entre linhas e oferecer-se constantemente.

Sem a bola: Pressão para recuperação da bola. Comunicação com o volante. Defender dentro e junto. Ajudas constantes. Fechar espaços e linhas de passe.

Extremos/Atacantes

Com a bola: Muita profundidade. Bom 1×1 por velocidade e qualidade. 1×1 perto da área, nunca no meio do campo. Normalmente se vão pelas faixas e passam bem. Se cruzam a bola do lado oposto, devem chegar dentro da área para alcançar as bolas que passarem. Jogadores rápidos e ágeis. Inteligentes na tomada de decisão.

Sem a bola: É o primeiro defensor. Não tem que recuperar a bola. Frear o ataque e fechar linhas de passe é suficiente. Não lhes podem passar com facilidade. Não bater. Quando um companheiro perde a bola do lado oposto, recuperar muito rápido em diagonal para as posições 8 e 10 (meias).

Delantero centro/Centroavante

Com a bola: Deve entrar no primeiro poste nas ações pelas faixas laterais. Buscar finalização. Tem que ser goleador. Bom de cabeça, rápido e explosivo. Ter muita visão de jogo. Dominar jogo de costas, favorecendo paredes e entradas. Jogar de primeira, proteger a bola e profundidade.

Sem a bola: Posicionamento entre os dois centrais. Saber o momento correto de apertar o adversário. É o primeiro defensor.

Quem é leitor assíduo da Universidade do Futebol saberá que o produto final da equipe espanhola é muito maior que o somatório das características individuais de cada posição. Antes da plataforma de jogo e das regras de ação, a filosofia do clube catalão permite o desenvolvimento de uma equipe que da base ao profissional privilegia as técnicas de domínio e passe para controlar o jogo.

Segundo o palestrante, o segredo (que não é segredo para ninguém) do sucesso do clube catalão deve-se a La Masía, ao Sistema de Treinamento e ao update feito pelo treinador Pep Guardiola.

Para finalizar, em relação a La Masía em dados publicados em 2008, dos 422 jogadores que residiram no centro de formação espanhol, 10% debutaram com a equipe principal, 18% ainda estavam em alguma das categorias inferiores, 9% jogaram a primeira divisão espanhola ou estrangeira, 27% jogaram a segunda divisão e 36% jogaram amador ou abandonaram o futebol.

Gostaria de saber se os gestores e dirigentes brasileiros têm estes números em mãos. Os percentuais poderiam lhes traduzir se os trabalhos de formação que estão realizando vêm ou não sendo bem executados.

No clube espanhol, a produção já está maior que a demanda. Bojan, Romeo e Oriol não tiveram espaço na equipe principal. No Brasil, formar melhor os jogadores poderia acabar com o problema de muitos treinadores que culpam o excesso de rodadas dos campeonatos para o baixo nível do espetáculo e excesso de lesões nas competições nacionais.

Um clube grande no Brasil não conseguir ter 30 atletas de alto nível para competir a primeira divisão nacional, sinceramente, é difícil de compreender.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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