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Puxa, fulano tem uma baita sorte, hein!?

Saudações a todos!

Vejo constantemente pessoas reclamando da sorte dos outros. “Puxa, fulano tem uma sorte de outro planeta, tudo o que ele faz dá certo”. Mas será que é só sorte? Tenho certeza de que não.

Mesmo quem ganha na loteria não teve apenas sorte – teve ao menos o trabalho de ir à casa lotérica e de fazer uma aposta. Tenho uma história bem interessante para ilustrar um caso assim:

“Um senhor vivia reclamando da sorte dos outros para Deus. Ia todas as semanas na igreja e falava para Deus: ‘puxa, fulano ganhou na loteria e eu não ganhei nada’. Na semana seguinte voltava à igreja e falava: ‘puxa, 12 ganhadores e eu nada’. E fez assim por 30 anos seguidos. Deus tem muita paciência, como sabemos, mas depois de 30 anos ele mesmo não aguentou e quando o homem, na semana seguinte voltou à igreja e repetiu a reclamação, Deus respondeu em voz alta: ‘meu filho, ouço seus pedidos há mais de 30 anos e faço um grande esforço para te ajudar, mas por favor, faço a sua parte, aposte pelo menos uma vez na vida na loteria e prometo que você ganha!'”.

É claro que se trata de um conto, mas mostra com muita clareza como as pessoas encaram os acontecimentos do dia a dia. Seja nas empresas, nos clubes ou mesmo no convívio familiar, todos querem ter sorte, mas poucos criam alternativas, comandam seus objetivos e principalmente trabalham para tê-la e conquistá-la. Sinto que é mais energia gasta para reclamar da sorte dos outros.

Além do caso que contei, tenho outros exemplos mais próximos da nossa realidade e, ao lerem, vocês com certeza se recordarão de outros vivenciados em suas rotinas. Vejam alguns deles:

Em um de meus negócios – uma de nossas empresas é um site de empregos – e sou constantemente procurado por profissionais de idades, cidades, níveis hierárquicos diversos, como uma pergunta em comum: “tenho meu currículo cadastrado em seu site há X meses e nunca arrumei um emprego, mas meu primo, meu vizinho ou meu amigo arrumou emprego rápido. Ele tem muita sorte, né?”.

Eu escuto e esclareço algumas questões para a pessoa ter uma dimensão de onde está inserida e em seguida volto a fazer algumas perguntas. O esclarecimento é simples: nosso sistema tem mais de 11 milhões de candidatos cadastrados e os mais de quatro mil clientes oferecem mais de 25.000 vagas para profissionais de todos os níveis em todo o Brasil e até no exterior.

Então, vejamos:

1.Será que seu primo tem só sorte ou fez algo a mais?

2.O que você tem feito para se destacar dos outros candidatos?

Passada a etapa do não sei e não sei!

Agora que esta pessoa tem ideia de em qual contexto está inserida, e a consciência de que está deixando de fazer algo, eu faço as seguintes perguntas (todas as ações abaixo podem ser feitas no sistema gratuitamente):

1.Seu currículo está completo e sem erros gramaticais?

2.Você fez uma carta de apresentação específica para as empresas que deseja trabalhar?

3.Gravou um vídeo currículo?

4.Pediu referências pelo sistema aos seus conhecidos e ex-empregadores?

5.Tem visto as vagas dentro do seu perfil e se inscreveu nas de seu interesse?

Acreditem, as respostas são sempre “não, não fiz nada disso” e invariavelmente a justificativa é a de que “não tive tempo”. E em seguida, após esse choque de realidade, eu peço que faça uma atualização do currículo com base no que falamos, separe as vagas que deseja participar e me mande o currículo pelo site, para eu avaliar e dar dicas específicas, focadas no perfil. E mais uma vez, acreditem, de cada 100 pedidos, eu recebo um de volta, e esse um que seguiu as dicas, atualizou o currículo e está mandando para eu avaliar. Os outros 99 que não me enviaram os currículos continuarão a achar que são só seus os primos, amigos ou vizinho que têm sorte, eles não!

Vocês já devem ter ouvido que o Michael Schumacher é um cara de muita sorte. Essa expressão é muito comum aqui no Brasil. Gostamos de falar dele, que ele tem sorte, pois foi sete vezes campeão da principal categoria do automobilismo. Além disso, Schumacher tem um acordo com o site oficial da Fórmula 1, e é estatisticamente o maior piloto de todos os tempos, que detém inúmeros recordes, incluindo voltas mais rápidas, maior número de campeonatos, vitórias, Pole Position, pontos marcados e o maior número de corridas ganhas em uma única temporada. É ainda o único piloto na história da F-1 a terminar entre os três primeiros em cada corrida de que participou. Muita sorte mesmo, né?

Mas o que ninguém fala, e o que nem se contabiliza, é o número de voltas que ele já deu em treinos, o número de horas em academias para manter a forma física, o tempo longe da família, as restrições alimentares, etc. Todos continuam achando, inclusive muitos companheiros de grid, que Schumacher é um sortudo e que os demais não têm a mesma sorte.

Sorte é necessária. Tenho certeza de que os primos, amigos e vizinhos dos candidatos que reclamam a falta emprego, tiveram sorte também. Não tenho dúvidas de que o Schumacher é um cara de sorte, mas acima de tudo tenho absoluta certeza de que em ambas as situações houve muito trabalho. Sorte, como diz Milton Neves, é o encontro da competência, com a oportunidade. E acrescento que além de competência para ter sorte, é necessário trabalhar como um Escravo.

É isso, pessoal!

Reflitam sobre isso e façam a sua sorte: ela pode estar bem mais perto do que vocês imaginam. Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos na próxima.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br