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O investimento no torcedor

Na última terça-feira, participei de um programa de rádio em Belo Horizonte cujo nome é “Só dá Galo” e que trata exclusivamente do Clube Atlético Mineiro. Por alguns minutos, falamos acerca da importância da aplicação do Estatuto do Torcedor e da necessidade de se tratar o torcedor como um consumidor e até mesmo como patrimônio do clube.

Trata-se de debate que sempre instigo em minhas palestras, pois a única razão de existir de um time de futebol é a sua torcida. De nada adianta ganhar títulos e formar belas equipes se não existir o torcedor. Ocorre que, infelizmente, a maioria dos clubes brasileiros ainda não se deu conta disto e insiste em ignorar seus torcedores.

O fato é que o investimento no bem estar e no contentamento do torcedor traz como consequência retorno financeiro e também esportivo. Se, por um lado, o torcedor é capaz de distorcer a realidade em prol de seu clube do coração, por outro, ao ser continuamente mal tratado, acaba afastando-se dos estádios e não adquirindo produtos de seus clubes.

Se no final da década de 80, o futebol inglês era símbolo de violência, hoje é exemplo de organização e sucesso. A Liga Inglesa de Futebol (Premier League), junto com as ligas americanas de beisebol, futebol americano, hóckey e basquete, é uma das cinco mais valiosas do mundo. A grande razão desse sucesso foi a repaginação estabelecida no trato com o torcedor por meio de melhora na estrutura dos estádios e no tratamento dos torcedores.

No Brasil, o Internacional, de Porto Alegre, em meados da década passada, iniciou profunda mudança na forma de tratar seu torcedor e, após ser o primeiro clube brasileiro a se certificar com o ISO 9001, passou a conquistar vários títulos e é, atualmente, a instituição esportiva, fora de Europa, com o maior número de sócio-torcedores.

O sistema de gestão implantado pelo Inter foca a melhoria da interface com o torcedor objetivando superar as expectativas deles e dos sócios através da melhoria contínua de seu processo de recepção e atendimento ao público, fundamentado pela valorização de seus colaboradores e pela busca permanente em atingir as metas de qualidade estabelecidas.

Neste sentido, o Estatuto do Torcedor constitui importante ferramenta – eis que sua adequada utilização trará aos Clubes retorno em visibilidade, venda de ingressos e até em títulos. Ademais, o desrespeito ao torcedor pode ocasionar uma série de demandas contra os clubes, tal como ocorreu após a edição do Código de Defesa do Consumidor.

Dessa forma, a cada dia cresce a necessidade dos clubes de futebol adotarem medidas de excelência no atendimento aos seus torcedores; eis que com a profissionalização do esporte, não há outro caminho e os clubes que não se adequarem podem estar fadadas ao ostracismo.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br