Categorias
Sem categoria

Vai dar liga

Na última semana iniciou-se mais uma edição da NBB (Novo Basquete Brasil), liga de clubes de basquete que equivale ao Campeonato Nacional da categoria.

As ligas, nos termos do art.13, da Lei 9615/98, conhecida como Lei Pelé, fazem parte do Sistema Nacional do Desporto e, conforme o artigo 16, são pessoas jurídicas de direito privado, com organização e funcionamento autônomo, e terão as competências definidas em seus estatutos, podendo filiar-se ou vincular-se a entidades nacionais de administração do desporto, vedado a estas, sob qualquer pretexto, exigir tal filiação ou vinculação. Ou seja, a Lei Pelé autoriza a criação de ligas independentes.

A NBB nasceu de forma independente em 2005, com o nome de NLB (Nossa Liga de Basquetebol), eis que não possuía o reconhecimento da Confederação Brasileira de Basquete tendo, inclusive, coexistido com o Campeonato Nacional. A partir de 2008 a Liga se filiou à CBB com o nome de NBB (Novo Basquete Brasil).

Ressalte-se que, conforme estabelece o artigo 20, da Lei Pelé, as entidades de prática desportiva participantes de competições do Sistema Nacional do Desporto poderão organizar ligas regionais ou nacionais, comunicando-se a sua criação às entidades nacionais de administração do desporto das respectivas modalidades.

Estas ligas integrarão os sistemas das entidades nacionais de administração do desporto que incluírem suas competições nos respectivos calendários anuais de eventos oficiais, outrossim, é vedada qualquer intervenção das entidades de administração do desporto nas ligas que se mantiverem independentes.

Destarte, as ligas em que se organizarem, independentemente da forma jurídica adotada, sujeitam os bens particulares de seus dirigentes ao disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, além das sanções e responsabilidades previstas no caput do art. 1.017 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, na hipótese de aplicarem créditos ou bens sociais da entidade desportiva em proveito próprio ou de terceiros, ou seja, pode haver a desconsideração da pessoa jurídica e eventual execução afetar o patrimônio pessoal dos dirigentes.

No que concerne às questões disciplinares, as ligas poderão instituir sua própria Justiça Desportiva para julgamentos atinentes às suas competições.

Ante o exposto, percebe-se a possibilidade legalmente reconhecida de os clubes buscarem competições alternativas por meio de ligas independentes que podem, inclusive, auxiliar no desenvolvimento da modalidade esportiva, como ocorreu no basquete brasileiro que, após a criação da liga independente, conseguiu maior receita e visibilidade (este ano a final da NBB será transmitida pela Rede Globo).

Tais fatos, certamente, contribuíram para que o basquete brasileiro retornasse aos Jogos Olímpicos.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Colunas

O individual e o coletivo: pequena reflexão filosófica

Todos sabem e o repetem: uma equipa de futebol não são onze jogadores. E é verdade: onze jogadores, com o mesmo treinador e as mesmas camisolas não constituem automaticamente um “team” de futebol. Para haver um coletivo, é preciso haver uma determinada qualidade, no relacionamento entre todos os elementos que constituem um departamento de futebol, incluindo os atletas superdotados e supertreinados. E ainda uma determinada quantidade onde a qualidade se concretize e realize.

Uma equipa não é um dado imediato. É o resultado concreto de um trabalho que se realizou em conjunto e deliberadamente. A mera aglomeração de jogadores, mesmo que discutindo problemas e tomando decisões, não faz imediatamente uma equipa. Porque o coletivo não nasce de um instante, é obra permanente de constituição e de exercício. Ele faz-se porque se vai fazendo…

Não pode exigir-se aos “torcedores” uma profunda capacidade reflexiva e crítica. Eles vão aos jogos, acima do mais, para aplaudirem as vitórias dos seus clubes. Dificilmente compreenderão (e aceitarão) que uma equipa recém-formada, mesmo com atletas de reconhecido valor, só pela conjunção de fatores favoráveis poderá render tudo o que está ao seu alcance. E os dirigentes, pressionados pelos sócios, assumem por vezes posicionamentos, onde a paixão obnubila a razão, onde a sensatez mal se vislumbra.

Ouçamos, a propósito, José Barata-Moura: “O característico de uma visão imediata do real é precisamente esta permanência do disperso, no separado, no isolamento dos diferentes elementos que a experiência nos fornece ou impõe. Neste sentido, poderemos verdadeiramente dizer que uma visão imediata da realidade objetiva constitui, no fundo, uma visão abstrata, isto é, uma visão do mundo onde aspetos essenciais foram deixados ou postos de parte, não apenas em virtude de uma legítima e necessária delimitaçãio (.), mas com o intuito, deliberado ou não, de (.) proceder a uma certa absolutização do parcelar, do momentâneo, do finito” (Totalidade e Contradição, Livros Horizonte, p. 121).

Hão-de ser os investigadores, os estudiosos (despidos da máscara rude dos que se julgam donos da verdade, teorizando só e sem relação interdisciplinar com a prática), a propor: não é com onze jogadores que se faz uma equipa, mas com onze jogadores que se relacionam e se subordinam às exigências do todo. O Marx dos Grundisse pode aqui ser invocado: “A sociedade não consiste em indivíduos, mas expressa a soma das ligações e relações que esses indivíduos têm entre si”. E assim uma equipa coesa não nasce de um dia para o outro. Faz-se e… demora tempo!

Quando se tem em conta as contradições de que o todo se compõe, percebe-se o processo moroso onde a unidade não exclui, antes exige, a estrutura dialética dos contrários… internos e externos à própria equipa. Aliás, são as contradições que permitem o desenvolvimento do todo. E assim um grande jogador só o é, em função do seu vínculo às necessidades da equipa.

Não existem praticantes de invulgar capacidade individual, desinseridos da equipa. Também o praticante está situado num espaço e num tempo e é daí que ele surge como atleta de eleição. Efetivamente, cada atleta, em plena competição, é um dos momentos de uma totalidade em devir, é o imediato que, para compreender-se, há-de saber integrar-se num mais amplo e complexo sistema de relações.

Com isto, não se defende que um Messi, ou um Cristiano Ronaldo, ou um Neymar, devam morrer, na férrea prisão de uma tática castradora, mas que nela se devem criar condições para que o atleta se realize. Ser um atleta genial é sem dúvida distinguir-se pelos primores técnicos, pela inteligência tática e pelo alto rendimento, em relação aos demais colegas de equipa, mas é também estar essencialmente em relação com todos eles.

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Como treinar pliometria no futebol?

Antes de iniciar um treino pliométrico é importante que seja feito um período de adaptação. Isso porque esse tipo de treino exige grande componente neuromuscular que ao ser desprezado aumenta a chance de ocorrência de lesão.

Embora a pliometria possa ser realizada por homens e mulheres de diferentes idades e categorias, alguns cuidados precisam ser tomados.

O ponto mais crítico do treinamento pliométrico é a técnica e, por esse motivo, realizar trabalhos educativos desde as categorias de base é fundamental. Entre os exercícios educativos que podem ser realizados com esse intuito encontram-se saltitos ou saltos com uma das pernas; com as duas pernas de forma alternada ou simultanea; com ou sem flexão de joelhos; somente com flexão e extensão de tornozelos; em terrenos de aclive ou declive; sem ou com obstáculos (plintos, cones, barreiras, bancos, etc.); com ou sem mudança de direção; com deslocamento frontal ou lateral; com ou sem carga externa.

A Figura 01 representa de forma esquemática de alguns tipos de saltos pliométricos.

Figura 01 – Exemplos de saltos pliométricos.

Esses exercícios podem ser usados como parte de aquecimento do treino ou também podem compor uma parte específica da sessão.

Para atletas mais avançados que já dominam a técnica do salto em profundidade, o desafio será encontrar a altura ideal de cada salto. É importante lembrar que o foco desse treino é fazer com que o atleta geralmente passe por quatro fases: i – queda rápida; ii – amortecimento breve; iii – restituição de energia elástica de forma rápida, e; iv – novo salto no menor tempo possível e o mais alto possível.

Quando se tem plataformas de contato que estimam a altura do salto, determinar cada uma dessas fases fica mais simples. Para aqueles que não as possuem, a solução é encontrar a altura ideal de salto pelo método de tentativa e erro. Se esse é o seu caso, faça a observação minuciosa da técnica e verifique o que está ocorrendo com a altura do salto. Se a mesma estiver aumentando, então a altura desejada ainda não foi alcançada e mais algumas tentativas precisam ser realizadas até que você encontre a altura ótima. Se a altura do salto estiver diminuindo, então você deve cessar as tentativas e escolher o salto em que o atleta alcançou a maior altura.

Lembre-se que o contato com o solo também é importante. Mas como a olho nu este tempo de contato é imperceptível, crie condições para que seu atleta saia do chão no menor tempo que ele conseguir. Você pode pedir para ele imaginar que está saltando sobre brasas ou melhor ainda será colocá-lo para saltar em declive.

O treino deve ser breve e nos primeiros sinais de fadiga os exercícios devem ser imediatamente interrompidos. Caso isso não ocorra, a efetividade do treino será perdida e o atleta estará mais propenso a se lesionar.

Quanto ao número de vezes na semana que a pliometria deve ser praticada, alguns estudos demonstram que apenas um estímulo por semana já é capaz de melhorar algumas variáveis de performance. No geral, realizar esse tipo de treino duas vezes por semana já é mais do que suficiente. No entanto, essa quantidade irá depender das condições e dos objetivos que se tem para cada jogador.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Para saber mais.

Chu, D.A. Jumping Into Plyometrics. 2nd ed. Champaign,IL: Human Kinetics, 1998

Radcliffe, J. High-Powered Plyometrics. Champaign,IL: Human Kinetics, 2005

Ronnestad BR, Kvamme NH, Sunde A, Raastad T. Short-term effects of strength and plyometric training on sprint and jump performance in professional soccer players. J Strength Cond Res. 2008 May;22(3):773-80.

Rubley MD, Haase AC, Holcomb WR, Girouard TJ, Tandy RD. The effect of plyometric training on power and kicking distance in female adolescent soccer players. J Strength Cond Res. 2011 Jan;25(1):129-34.

Sedano S, Matheu A, Redondo JC, Cuadrado G. Effects of plyometric training on explosive strength, acceleration capacity and kicking speed in young elite soccer players. J Sports Med Phys Fitness. 2011 Mar;51(1):50-8.

Thomas K, French D, Hayes PR. The effect of two plyometric training techniques on muscular power and agility in youth soccer players. J Strength Cond Res. 2009 Jan;23(1):332-5.

Categorias
Sem categoria

Especialidades

A coluna desta quarta-feira é inspirada em uma frase marcante do filme “O Palhaço”, de Selton Mello – o qual recomendo que todos assistam pelo enredo e qualidade da produção nacional. O personagem principal, estrelado pelo próprio Selton, tenta se descobrir profissionalmente como um palhaço de circo e seu estalo é marcado em síntese pela mensagem: “o rato come o queijo, o gato bebe leite e eu… sou palhaço”.

Por vocação, o dicionário define como a “tendência ou inclinação para um estado, uma profissão etc.”. O despertar desta vocação em termos profissionais se dá pela formação em uma determinada área, de um professor de história até um médico, passando por inúmeras ciências do conhecimento. Desta formação, somada a habilidade e o interesse por fazer algo é que vem o bom profissional.

Na indústria do futebol tal premissa não é diferente. Vem desde a vocação por se tornar um jogador da modalidade, passando por todas as etapas de formação, até chegar no alto escalão administrativo de um clube.

A gama de conhecimentos multidisciplinares abrange áreas que abraçam a medicina no tratamento dos atletas, da arquitetura e engenharia na construção e manutenção dos equipamentos esportivos, do marketing na hora de fazer uma campanha de sócios e até de um designer para propor um novo modelo de camiseta de jogo que seja agradável tanto para os jogadores quanto para o consumo dos torcedores.

Essa linha de discussão foi feita ainda em algumas palestras do 4º Congresso Brasileiro de Gestão do Esporte realizado pela Associação Brasileira de Gestão do Esporte na última semana em Brasília. E abordava justamente os desafios da gestão do esporte em abraçar diferentes áreas sobre o seu guarda-chuva dentro de uma entidade esportiva.

A conclusão óbvia foi da necessidade de se formar gestores do esporte para atender a crescente demanda como fator preponderante para o desenvolvimento do segmento no Brasil. O despreparo dos dirigentes tem culminado com aberrações que vão desde a contratação de jogadores lesionados até a construção de uma loja temática em local inapropriado, causando desperdício de recursos e desacelerando o crescimento da economia do esporte como um todo.

Portanto, “o rato come o queijo, o gato bebe leite e gestor do esporte… gere entidades esportivas!!!”

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Quem vai ganhar o Campeonato Brasileiro?

Quem trabalha com análise de desempenho e informações no futebol, nesta época do ano, é questionado sobre quem irá ganhar o campeonato. Com certeza se análise de desempenho fosse bola de cristal, projetaríamos e mentalizaríamos uma série de possibilidades e conspirações astrais e esotéricas para elencar uma resposta.

Pois bem, amigos, o campeão brasileiro de 2011 será…

…ou Corinthians, ou Vasco ou Fluminense.

Exatamente. Não fique bravo. Análise de desempenho não é bola de cristal. Análise de desempenho, o próprio nome já diz, analisa o desempenho. E como tal só pode ser feito se este já ocorreu.

Então, diriam alguns, isso tudo é uma grande enganação? Lógico que não. Já dizia o pensamento de Maquiavel, que observar o passado e seus métodos ajuda a compreender e traçar o futuro.

Eis o ponto de confusão de quem espera que a análise, o scout, enfim, as ferramentais utilizadas, possam prever o que acontecerá. O correto é fixar no pensamento de Maquiavel e detalhar o que quer dizer.

Estudar o passado não é prever o futuro, e sim analisar, diagnosticar elementos significativos que possam ser utilizados no presente e no futuro, fazendo, assim, percorrer um caminho diferente, baseado em informações prévias, informações baseadas nos fatos e que indicam tendências ou necessidades de mudanças para que o que acontece agora ou no futuro possa se adequar a metas e desejos traçados.

Isso evidencia a relação que se deve estabelecer entre tecnologia, análise e expectativas. Infelizmente, muitos clubes e profissionais rejeitam e discriminam, pelo simples fato de não compreender no que realmente tais recursos possam ajudar. Assim, quando eu crio uma expectativa e ela não é atendida, a frustação gera criticas, já que o desejo e a meta projetados em cima do recurso não foram atendidos.

É preciso que se entenda o real papel dos recursos de análise como complemento a preparação e análise da equipe: só assim deixaremos de perguntar quem vai ser o campeão e passaremos a questionar o que precisamos mudar e ajustar para que possamos ser os vencedores de fato.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Ocupem a Fifa e a CBF

O vilão a ser combatido está personificado no centro financeiro de New York, que movimenta boa parte do capital econômico mundial.

Essa personificação se fez necessária, já que a Mão Invisível dos mercados é invisível…

Os jovens estavam havia um tempo sem bandeira ideológica para empunhar.

A diferença entre essa e as gerações anteriores é que os jovens ficam até 40 anos sob a custódia social e financeira da família. Não só no Brasil, como na Europa também.

Agora, como não há muito emprego por lá, sobra tempo, e bastante, pra reclamar de tudo e de todos.

Sim, é um movimento de classe média. Pobre não tem tempo para protestar. No mais das vezes, está trabalhando.

Eis que a classe média volta a ter uma válvula de escape para se posicionar político-ideologicamente. Pra não ser tachada de omissa, vai às ruas, nem que seja por pouco tempo.

É o flash mob – traduzindo, “mobilização relâmpago”.

Segundo a Wikipédia, Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, estas se dispersando tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou meios de comunicação social.

Um dos melhores exemplos:
 


 

Como o meio favorece o resultado dessas mobilizações – via Internet – sugiro alguns flash mobs para o futebol brasileiro acordar e melhorar:

1.Na frente da sede da CBF
2.Na frente do COL da Copa 2014
3.Na frente do Ministério do Esporte
4.Na frente do STJD da CBF
5.Em todos os estádios com obras atrasadas para 2014
6.Nos canteiros de obras do PAC, em especial dos aeroportos
7.Na concentração do adversário do seu time no Campeonato Brasileiro, pra salvá-lo do rebaixamento ou classificá-lo pra Libertadores
8.Na frente da sede do seu clube – após o rebaixamento.

Se o movimento criado por você e seus amigos ganhar corpo, você pode até sonhar com a expansão internacional dos tentáculos: ocupar a frente da sede da Fifa em Zurique, pedindo a saída de Blatter.

Afinal, é rápido e fácil de articular.

Basta entrar no Facebook, criar um evento e pedir as confirmações dos convidados.

E você se sente útil. Ainda que desempregado ou sem perspectiva de vida.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

A equipe no divã: a análise de jogo

“O conhecimento acerca da proficiência com que os jogadores e as equipas realizam as diferentes tarefas tem-se revelado fundamental para aferir a congruência da sua prestação em relação aos modelos de jogo e de treino preconizados”

Júlio Garganta
 

Em um jogo de futebol, os acontecimentos são aleatórios e ocorrem em um ambiente altamente complexo.

Como esse esporte se tornou ao longo de sua história um fenômeno social altamente difundido e com um caráter altamente mercadológico, seu entendimento se tornou fundamental para o êxito na modalidade.

Nos últimos anos, o estudo do comportamento dos jogadores e das equipes dentro do jogo vem ganhando cada vez mais espaço.

Segundo Garganta (2001) o volume de estudos sobre o jogo a partir da observação do comportamento de equipes e jogadores aumentou consideravelmente nos últimos 30 anos e os mesmos vêm se aperfeiçoando ao longo do tempo. Os profissionais envolvidos com tal modalidade procuram analisar o jogo em busca de benefícios para incrementar seu entendimento sobre o jogo e, assim, desenvolverem a prestação esportiva de seus jogadores e equipes.

Para Hughes e Franks (1997) as informações advindas da análise dos comportamentos de jogadores e equipes são fundamentais no aprendizado e na performance esportiva por parte dos profissionais envolvidos com o futebol.

Os treinadores e investigadores estão buscando esclarecimentos acerca da performance dos jogadores e das equipes, com o intuito de identificarem padrões que elucidem o rendimento desportivo e de como os conteúdos dos modelos de jogo e treino induzem ou não a eficácia e a eficiência das equipes e dos jogadores de futebol.

Pois bem.

As definições dadas acima sobre a análise de jogo nos levam para outra esfera da observação e análise de jogo. Esses autores defendem a utilização de ferramentas de análise que nos tragam informações sobre comportamentos, padrões e modelos, e não apenas informações se “fulano” fez 40 passes com um aproveitamento de 70%.

Não é possível mais utilizar apenas tabelas com números destituídos de sentido e fragmentados do jogo para análise de uma equipe.

Para Garganta (2001) a tendência da análise desportiva é de configurar modelos de jogo a partir de análise de base de dados quantitativos e qualitativos que permitam definir táticas eficazes para a vitória.

Sendo o jogo um ambiente de elevada complexidade e aleatoriedade, faz-se necessário uma definição adequada de seus procedimentos e propósitos.

Com as informações “certas” é possível criar um ambiente de treino adequado a fim de adequar a complexidade das atividades aos níveis de conhecimento e desempenho dos atletas.

Vejam que a análise de jogo transcende os números e deve nos trazer informações sobre o jogo para que possamos potencializar nosso treino e trazer bases precisas sobre nossa equipe e os adversários.

Pensem sobre seus próprios modelos de observação e busquem entender o comportamento de suas equipes, coloquem-na no divã e façam as perguntas certas!

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br 

Bibliografia

GARGANTA, J. M. Modelação tática do jogo de Futebol: estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. Tese (Doutorado)-Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade do Porto, Porto, 1997.

GARGANTA, J. M., A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise de jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, vol. 1, nº 1, 57-64, 2001.

HUGHES, M.; Notational analysis in T. Reilly. Science and Soccer. Londres: E and F. N. Spon. 1996

HUGHES, M.D. FRANKS, I.M. Notational Analysis of Sport. Science and Soccer London: E. & F.N. Spon. 1997

Categorias
Sem categoria

Para fazer mais gols!

Joga-se futebol para fazer mais gols que o oponente! Na busca desse objetivo, cada treinador operacionaliza o processo de treinamento de sua equipe de modo que a mesma seja mais eficaz em sua fase ofensiva. Ser eficaz no momento ofensivo do jogo significa transformar em gol a maior quantidade de ações possíveis em que houve invasão da zona de risco do adversário.

Para invadir a zona de risco do adversário, alguns preferem as bolas paradas; muitos, as jogadas pelas laterais que resultam em cruzamentos; outros, as jogadas individuais e ainda há os que preferem as jogadas pelo meio (aquelas que muitos “especialistas” afirmam nunca ser uma boa opção).

Para quaisquer das opções escolhidas, uma gama de competências táticas individuais e coletivas serão necessárias para ser cumprida a ideia do treinador.

E, analisando diferentes treinadores, o que é possível observar em algumas equipes de alto nível do futebol mundial no tocante à invasão da zona de risco do oponente?

A penetração na linha de defesa.

A penetração é uma ação tática individual que tem como conceito a ocupação do espaço, feita por algum jogador que esteja à frente da linha da bola, nas costas do defensor e que pode ser realizada em qualquer região do campo.

Como a coluna aborda a aproximação da zona de risco, a penetração em questão refere-se à ocupação do espaço atrás da última linha de defensores e que ocorrerá predominantemente através dos meias e atacantes.

No plano individual, para o atleta que executa a penetração, é preciso que tenha desenvolvido o conjunto de habilidades a seguir:

Antecipação da ação do passe em profundidade;
Leitura do posicionamento do penúltimo defensor para não se movimentar em impedimento;
Movimentações em diagonal nas costas dos defensores.

No plano coletivo, o atleta em posse da bola, que fará o passe para a ação de penetração do companheiro, deverá desenvolver:

Observação de espaços vazios importantes atrás da linha de defensores;
Percepção das características do jogador para quem faz o passe;
O timing da ação para não fazer passe para companheiro em impedimento;
Qualidade de passe para o ponto futuro.

Ainda no plano coletivo, além do jogador anteriormente mencionado, a leitura de outros companheiros da equipe para a ocupação do espaço deixado pelo atleta que realizou a penetração pode gerar desequilíbrios na organização defensiva adversária que, neste tipo de situação, precisa de comportamentos defensivos muito bem estabelecidos para não serem superados. Nas incertezas da interceptação do passe, no adiantamento da linha para deixar o atacante em impedimento ou na recomposição para evitar o recebimento da bola após penetração, ter mais um jogador nesta ação (devidamente posicionado) será um complicador para a ação defensiva.

Abaixo, alguns lances de penetração retirados de Barcelona, Manchester United e Real Madrid, válidos pela fase de grupos da Uefa Champions League 2011/2012.
 


 

Desenvolver essas habilidades nos jogadores demanda tempo, treinamento e conhecimento. É importante mencionar que esta não é a maneira exclusiva de chegar com qualidade à zona de risco do adversário.

É fato, porém, que chegar com qualidade nesta região privilegia os ávidos pelo bom futebol, pelo espetáculo e pelo alto nível competitivo.

E, após chegar com qualidade, talvez o número de finalizações perigosas da equipe aumente, ao contrário de simplesmente se treinar finalização.

Somente finalização, não!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

O investimento no torcedor

Na última terça-feira, participei de um programa de rádio em Belo Horizonte cujo nome é “Só dá Galo” e que trata exclusivamente do Clube Atlético Mineiro. Por alguns minutos, falamos acerca da importância da aplicação do Estatuto do Torcedor e da necessidade de se tratar o torcedor como um consumidor e até mesmo como patrimônio do clube.

Trata-se de debate que sempre instigo em minhas palestras, pois a única razão de existir de um time de futebol é a sua torcida. De nada adianta ganhar títulos e formar belas equipes se não existir o torcedor. Ocorre que, infelizmente, a maioria dos clubes brasileiros ainda não se deu conta disto e insiste em ignorar seus torcedores.

O fato é que o investimento no bem estar e no contentamento do torcedor traz como consequência retorno financeiro e também esportivo. Se, por um lado, o torcedor é capaz de distorcer a realidade em prol de seu clube do coração, por outro, ao ser continuamente mal tratado, acaba afastando-se dos estádios e não adquirindo produtos de seus clubes.

Se no final da década de 80, o futebol inglês era símbolo de violência, hoje é exemplo de organização e sucesso. A Liga Inglesa de Futebol (Premier League), junto com as ligas americanas de beisebol, futebol americano, hóckey e basquete, é uma das cinco mais valiosas do mundo. A grande razão desse sucesso foi a repaginação estabelecida no trato com o torcedor por meio de melhora na estrutura dos estádios e no tratamento dos torcedores.

No Brasil, o Internacional, de Porto Alegre, em meados da década passada, iniciou profunda mudança na forma de tratar seu torcedor e, após ser o primeiro clube brasileiro a se certificar com o ISO 9001, passou a conquistar vários títulos e é, atualmente, a instituição esportiva, fora de Europa, com o maior número de sócio-torcedores.

O sistema de gestão implantado pelo Inter foca a melhoria da interface com o torcedor objetivando superar as expectativas deles e dos sócios através da melhoria contínua de seu processo de recepção e atendimento ao público, fundamentado pela valorização de seus colaboradores e pela busca permanente em atingir as metas de qualidade estabelecidas.

Neste sentido, o Estatuto do Torcedor constitui importante ferramenta – eis que sua adequada utilização trará aos Clubes retorno em visibilidade, venda de ingressos e até em títulos. Ademais, o desrespeito ao torcedor pode ocasionar uma série de demandas contra os clubes, tal como ocorreu após a edição do Código de Defesa do Consumidor.

Dessa forma, a cada dia cresce a necessidade dos clubes de futebol adotarem medidas de excelência no atendimento aos seus torcedores; eis que com a profissionalização do esporte, não há outro caminho e os clubes que não se adequarem podem estar fadadas ao ostracismo.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

Categorias
Sem categoria

Pliometria para o desenvolvimento de força no futebol

Entre as capacidades motoras necessárias para a prática do futebol estão a força rápida, também chamada de força explosiva e a velocidade. Das diferentes estratégias utilizadas para o desenvolvimento dessas capacidades, sem dúvida, a pliometria é uma das mais importantes.

Ao contrário do que muitos imaginam, pliometria não significa simplesmente saltar. O termo plio significa “maior” e o termo metric se refere a “média”. Ambos são oriundos do vocabulário grego pleytein que também significa “aumentar” e, portanto, pliometria significa aumentar o tamanho da musculatura.

Nesse tipo de exercício o músculo esquelético deve ser “aumentado” como se estivesse alongando ao mesmo tempo que se contrai e por mais paradoxo que isso possa parecer, do ponto de vista mecânico é perfeitamente possível.

Esse tipo de ação muscular que gera estiramento mesmo contraindo é chamado de ação excêntrica e é um dos requisitos essenciais do treino pliométrico.

Nesse tipo de ação o ciclo alongamento-encurtamento do músculo esquelético deve ser aproveitado ao máximo e essas ações excêntricas agirão como freios à medida que são acionadas a favor da ação gravitacional, por exemplo.

Do ponto de vista neural, a vantagem dessas ações é que a via motora do Sistema Nervoso Central consegue recrutar mais rapidamente as fibras musculares do Tipo IIX (que são mais rápidas e mais potentes do que as outras fibras musculares), as quais possibilitarão ao músculo gerar mais força o mais rápido possível.

Do ponto de vista metabólico essa ação é vantajosa pelo fato de o estiramento das estruturas contráteis (filamentos fino e espesso) gerar contração sem gasto de energia (contração passiva), ao passo que as estruturas elásticas (tendão, epimísio, perimísio, endomísio e titina) “acumulam” energia elástica. Essas duas respostas otimizam a transformação de energia química (ATP) em energia mecânica (ação concêntrica – ativa) fazendo com que o trabalho muscular seja mais eficiente na ação muscular concêntrica subsequente.

Para que a transferência de energia elástica em energia mecânica seja feita de forma ótima a mesma deverá ocorrer o mais breve possível (normalmente abaixo de 200ms). Caso isso não corra, a energia elástica será dissipada em forma de calor e ao invés de otimizar o trabalho muscular irá prejudicá-lo.

Apesar de extremamente vantajoso para o ganho de impulsão e de velocidade, na prática, para que o trabalho de pliometria seja efetivo, torna-se imprescindível:

i)adaptar a musculatura do atleta a esse tipo de treino;
ii)determinar a altura ideal dos saltos a serem realizados;
iii)minimizar o tempo de contato com o solo;
iv)realizar as ações motoras sem sinais de fadiga.

Caso esses itens sejam negligenciados, ao invés de melhora da força rápida, o atleta poderá ficar mais lento, menos econômico, menos eficiente e aumentar suas chances de lesão muscular.

Na próxima semana daremos exemplos de exercícios para o desenvolvimento desse tipo de trabalho.

Até lá!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br